Caí à noite na cidade
Vinda de lugar nenhum
E o dia vai embora
Indo para lugar algum

Não sentia fome
Não sentia frio
Sentando num canto
De um quarto vazio

Ele se levantou da cama. Não conseguia dormir, ao contrário, as paredes do quarto pareciam querer fechar-se sobre ele.
Saiu dali procurando ar. Pulou a janela e aterrissou no jardim da casa. Caminhando sobre a grama molhada, deixou que as lembranças a muito passadas retornassem como uma bomba em sua mente conturbada. O medo, a dor, a raiva, a culpa...
Subiu na primeira árvore que encontrou e fitou a lua no céu. Muitas perguntas entravam e saíam de sua mente sem que ele encontrasse as devidas respostas.
“Quem é ela? Como conseguiu me libertar? Por que é tão parecida com a Kikyou? Será que é por isso que o meu coração bate tão rápido quando a vejo?”

Ele ficou muito tempo ali e só se retirou quando recomeçou a chover.
Ao entrar naquela casa estranha, Inu Yasha escutou algo que o deixou bastante alarmado.

Kagome abriu os olhos lentamente e olhou ao seu redor.
“Onde estou?”
Encontrava-se encostada em uma árvore que estava localizada a beira do córrego. E apesar do lugar lhe parecer levemente familiar não o reconhecia.
“Como eu vim parar aqui?”
Um bando de corvos voou assustando-a. uma presença sinistra inundou o ambiente. A jovem se levantou alerta.
- Finalmente a encontrei.
Rapidamente ela se virou e encontrou aqueles olhos que desde pequena aprendera a temer. Não sabia o porquê tinha que fugir, não poderia deixar que ele a alcança-se, sua vida dependia disso.
Correu pela floresta. Galhos e espinhos arranhavam seu corpo e rasgavam suas vestes, mas nada disso importava. Ela só queria correr, precisava correr.
Olhou para trás e não o encontrou, mas ao tornar a olhar para frente deparou-se com um sorriso cruel na face. Sem que tivesse tempo de reagir ele a arremessou contra uma árvore. Kagome se levantou com dificuldade.
- O que... Vai... Fazer? – com dificuldade.
- Acho que já sabe, mas não se preocupe com ele. Não vou matá-lo. Não quero que fiquem juntos.
E avançou para cima dela.
- Não!

Kagome abriu os olhos e então se viu sozinha em seu quarto.
“Foi só um pesadelo.”
Desde criança o mesmo pesadelo vinha atormentá-la, mas há muito tempo não o tinha. Sentia vontade de chorar, mas nunca conseguia.
Neste momento a porta foi escancarada e um afobado Inu Yasha entrou no quarto.
- Kagome você está bem?
Ao vê-lo na sua frente às lágrimas que antes não saíam, rolaram pela face sem consentimento.
-Kagome?
Aproximou-se e se sentou na cama da jovem. Esta se jogou em seus braços e deixou que o pranto guardado desde a infância vazasse.
Quando parou de chorar o soltou e encostou-se no travesseiro.
- Kagome por que você estava chorando?
- Tive um pesadelo, mas isso não tem mais importância agora...
A garota fechou os olhos. Parecia que tinha voltado a dormir. O haion levantou-se e se preparou para deixar o quarto.

- Inu Yasha...
- Sim Kagome?
- Fica comigo essa noite. Sinto-me protegida ao seu lado.
Quando ela abriu os olhos e o fitou ele percebeu que ela precisava dele. Então ele se deitou ao seu lado e a abraçou. Não demorou muito e ela adormeceu.

- Durma tranqüila, pois eu sempre estarei aqui para te proteger.
Ao ver aquele anjo dormindo em seus braços, o seu coração disparou e aqueles sentimentos que julgara mortos começaram a ressuscitar.


Continua...