Finalmente o crápula chega, e quando minha mãe me chamou para almoçar, dei um pulo da cama e desci correndo com as mão preparadas para esganar esse homem. Quando cheguei a sala, vi o ser indesejável acenando para mim – o que é obvio que eu não retribui. Ai, ele fez a questão de se manifestar.

- Oi, Sam ! - disse com um sorriso estampado no rosto.

- Oi, Scott ! - disse com as palavras “te mato” escritas na minha testa.

- Demorei muito ? - perguntou ele

- Claro que não ! Você chegou até cedo ! Da próxima vez chega mais tarde pra eu....

- Ei, ei .. Pense bem no que você vai falar ! - Disse minha mãe interrompendo a melhor parte : a que eu iria o esganar!

- Não se estresse, Marye. Aposto que Sam não ia dizer nada de mais! Não é, Sam ? - perguntou com um olhar de cínico .. Não respondi. O que iria falar? “Eu só estava com vontade de te matar” com certeza, não era uma opção.

Fiz o meu prato e já ia subir para o meu quarto – porque é óbvio que se eu respirar o mesmo ar desse sujeito por mais de 10 minutos, é capaz de eu pegar uma intoxicação – e antes de eu subir a escada, ouço minha mãe .

- Ei, ei, mocinha, onde pensa que vai?

- Vou para o meu quarto ... - respondi – Comer lá... - e ser feliz assim, completei em pensamento.

- Ah ! E você acha que eu fiz esse almoço á toa ? Não, não... tenho uma surpresa para vocês.

- Você vai se separar do Scott ? - perguntei, esperançosa. Recebi um olhar metralhadora de ambas as partes. Mas, quem disse que eu ligo?

- Se eu fosse me separar, isso não seria da sua conta.

- Está bem, me deixe sonhar e ser feliz. Sonho é de graça. - respondi

- Mas mudando de assunto... Recebi uma promoção e nós vamos nos mudar para Atlanta! - disse ela, a espera de um sorriso, mas sem sucesso – O que está esperando, Sam?

- A grande surpresa ! Até agora não recebi nenhuma boa - silêncio – Caramba! Não dá pra você se aquietar em um lugar só? Você sabe muito bem que eu não sou aceita em nenhuma escola e eu não consigo me dar bem com pessoas da minha idade.

A verdade mesmo, é que não me dou bem com as pessoas de qualquer idade. Sou uma perfeita anti-social. Nunca entendem! Não é tão díficil.

- Mas quem sabe você não gosta da escola de lá? - disse minha mãe

- O problema não é eu gostar ou não. O problema todo, é a escola gostar de mim.

- Olha, Sam, você não pode escolher o que vai fazer da sua vida ! Você vai comigo e com o Scott, sim!

- Co...co...como ? Scott? - eu disse, começando a gargalhar. Muiito – Até parece que eu vou morar com ele! Se eu quisesse morar com et's, iria para Marte.

- Você vai, querendo ou não. Enquanto estiver de baixo do meu teto, quem manda sou eu!

- Se assim for melhor para você... Eu não moro mais de baixo do SEU teto. Vou morar com o MEU PAI! - disse isso e logo sai em direção ao meu quarto, ouvindo o belo pudim cair de sua mão e se espartifar no chão. Ai, meu pudim. Ela podia deixar qualquer coisa cair, menos o meu pudim. Por que ela não deixa cair a cabeça do Scott? Ah, essa seria uma ótima ideia. Vou investir nisso.

Chegando ao meu quarto, peguei o celular e disquei o número do meu pai. Coloquei no viva-voz e joguei minha mala em cima da cama. Enquanto o celular chamava, jogava todo o meu armário na mala. Tanto que tive que sentar nela para fechar. Finalmente, meu pai atende. Ele estava com a voz embargada. Será que estava com sono?

- Alô?

- Oi, pai! É a Sam.

- Oi. O que houve?

- Minha mãe está indo para Atlanta e eu NÃO vou com ela... Então, posso morar com você? - perguntei, na cara de pau. Eu sou sincera e objetiva. É fato. Para que enrolar?

- Ahnn... Pode?

- O.k. Estou indo. Chego aí amanhã de manhã. Boa tarde, pai. - dito isso, eu desligo o telefone.

Ainda deu tempo de ouvir ele falar algo que, sinceramente, não entendi uma única palavra. Já não entendo metade do mundo, mas, essa não vai fazer muita diferença no total. Disquei o número do aeroporto e esperei a atendente falar comigo. Para ser sincera, isso demorou umas duas horas. Felizmente, não sou eu que paga a conta do plano do celular.

- Aeroporto São Francisco International. Boa tarde, posso ajudar?

- Sim. Quero uma passagem para o aeroporto mais perto de Fonex, Washington.

- Qual classe?

- Primeira classe, por favor. - bom, é a minha mãe que vai pagar então... Só quero ver quando chegar a fatura do cartão.

- Para quando?

- O mais rápido que puder.

- Temos um para as 15:00 da tarde de hoje.

- Tudo bem.Vou neste mesmo. Quanto tempo demora a viagem ?

- O voo dura 6 horas até Port Angeles. Reservamos um táxi para Fonex?

- Claro.

- Qual forma de pagamento?

- Cartão de Crédito.

- Nome?

- Marye Pappen.

- Tudo bem. Seu voo está marcado.

Olhei o relógio. 14:30. Tenho que correr. Peguei minha mala com todas as minhas coisas dentro e saí. Passei pelo espelho da sala e parei para arrumar o meu cabelo. Antes de abrir a porta disse.

 - Tchau, mãe. Tchau, traste – eu disse. Como me senti bem. É tão bom xingar as pessoas e saber que elas ouviram – Vejo vocês... No dia de São Nunca, tudo bem? Tchau!

Peguei um táxi na esquina de casa e peguei o avião para Fonex.