As Fantasticas Fantasias Fantasiosas escrita por julian watsuk, x-gilbert


Capítulo 2
Capítulo 1 - Os cartões de visita


Notas iniciais do capítulo

Em que as crianças recebem cartões misteriosos em uma noite na manço



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_Capítulo Um_

Os Cartões de Visita.

       Era uma vez dois meninos e uma menina: Tim, Walter e Luner. Esta pequena aventura nos conta algo que lhes aconteceu durante uma viagem de verão, quando estavam exatamente de férias. Os irmãos Tim e Luner viajaram para casa de sua avó, como sempre faziam, sua maravilhosa casa situava-se longe da cidade perto dos campos de Liz em Oxford, o lugar era todo ladrilhado por pequenos montes, o que fazia lembrar lugares exuberantes de beleza sem fim. Ficava perto de um pequeno e pacato povoado conhecido como Village`s Cat, apesar de ser um povoado antigo, não se dispunha de rodovias, o único acesso era vindo pela grande ferrovia de San-Marinus.

       A avó era viúva, morava sozinha na grande casa de família tradicional aos pés da floresta azul, tão espaçosa era a casa, que muitos achavam que era um enorme castelo aos pés de uma colina. Certamente não podia dizer que a simpática velhinha de andar engraçado morava totalmente sozinha, vários gatos cercavam diariamente a casa à procura de comida fresquinha, coisa que avó dos garotos não deixava faltar, para todos aqueles que passavam em frente se assustavam com tantos bichanos, estes que cercavam desde a sala até os cantos mais extremos da casa, preenchendo assim seus vastos salões. Muitos perguntavam de onde saiam tantos gatos, já que a cidade não era tão grande assim.

       Sempre fora uma velhinha simpática, tinha cabelos volumosos e brancos que sempre lhe encobriam o rosto, revelando uma beleza desconhecida e misteriosa. As crianças gostavam de chamar a senhora carismática de “Nona” que os retribuía imediatamente com um sorriso amarelo e simpático. Sempre exibia seus lindos colares de pedras preciosas quando dançava valsa sozinha no grande salão principal, adorava convidar as crianças da cidade para tomar o chá dás 17 horas, e ainda contar-lhes sobre a floresta encantada e de tudo mais maravilhoso que lá habitava, e no final de cada historia sempre os advertia com um leve sotaque italiano: “A coragem é algo de que precisamos, para que possamos fazer a escolha certa”.

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       As crianças desembarcaram do trem alegres e apesar do cansaço, sentiam-se aliviadas pela chegada da vovó, pois o sol já estava inundado pelos ventos gélidos da noite. E quando a carruagem de Nona chegou à estação, Tim largou sem demora seu enorme malão aos pés de Luner, que deixou escapar um pequeno gritinho de dor. O garoto correu na direção de sua avó abraçando-a com toda força que despunha. A garota sentiu-se irritar um pouquinho com a atitude do irmão, mas logo esqueceu quando suas bochechas receberam um enorme beijo carinhoso de boas vindas.

       - Espero que estejam acomodados meus queridos netinhos. - Disse Nona, tossindo num lenço, dando um pequeno sibilo para os cavalos iniciarem a caminhada. - Esta carruagem é um pouco velha, mal couberam as bagagens. Mas como foram de viagem?

       - Muito bem. Obrigada. - Disse Luner que, com catorze anos, era a mais velha dos irmãos River Sell. Qualquer um que conhecesse Luner podia saber que o pensamento dela na verdade não estava nas palavras de Nona, porque nesse momento a menina trazia em suas mãos alguns exemplares de “Biologia" e "Matemática, minha ciência preferida”. Luner era uma grande estudiosa, sempre passava horas e horas lendo sobre incontáveis ciências, alem de ser muito inteligente era muito sábia, nunca cegava-se pelas coisas não lógicas. Seus cabelos longos e compridos sempre jaziam soltos contrastando com seus grandes e lustrosos olhos castanhos.

       - Da cidade ate aqui é um caminho e tanto não? - Prosseguiu Nona com um ar desanimador - Acho que foi um pouco cansativo. Pronto, esta é a curva onde precisamos virar. Estamos quase chegando.

       “Já não era sem tempo.” resmungou Tim baixinho. Tim estava bastante entediado, como muitas pessoas costumam ficar durante trajetos de trens seguidos por dolorosos e sufocantes trajetos de carruagem, e triste por não ter trazido sua luneta consigo. Tim adorava à noite admirar as estrelas, ver as nebulosas e ainda as cadentes, e nos seus aproximadamente doze anos de idade adorava desafiar dragões em suas pequenas brincadeiras de faz de conta. Sempre corria com seus cabelos longos ao vento desejando enfrentar um perigo que nunca viria.

       - Acho que vocês vão gostar de minha surpresa. - Disse Nona com um largo sorriso puxando as rédeas ao sopé de uma pequena placa que dizia: “Bem vindos à fazenda Hosfertull”.

       Tim deu um enorme suspiro:

       - Eu sei o que quer dizer Nona! - Exclamou o garoto.

       - Não tenha tanta certeza. - Advertiu Nona. - Olhem, aí está à entrada. Chegamos.

       Nona conduziu a carruagem em um gramado bastante verde indo em direção a uma enorme casa de pedra. A casa tinha uma porta branca de madeira na entrada, com algumas colunas na varanda. De cada lado da porta havia luminárias em forma de lustres, todas acesas, pois a noite já havia caído. Acima da porta da frente, a casa possuía fileiras e mais fileiras de janelas redondas, a maioria aberta permitindo que uma brisa entrasse fazendo os mensageiros do vento em forma de fadas cintilarem um som caloroso e ritmado.

       Várias estatuas dispunham-se decorando o imenso jardim que escorria comprido em direção à floresta azul, agora iluminada pela lua cor de prata. Tim, que ia à frente já levando seus enormes malães para o quarto, nem pareceu notar um pequeno vulto que pulou rapidamente de entre a porta derrubando o garoto no chão.

       - Como vai meu velho amigo? - Disse a voz arrastada do estranho.

       Tim pareceu meio tonto por alguns instantes, mas logo pode perceber e identificar quem era.

       - Há quanto tempo não é mesmo, Walter?

       - Como vai Walter? - Disse Luner com um largo sorriso. Walter sentiu suas bochechas corarem.

       Walter era um grande amigo de Tim. Era um garoto extrovertido, adorava se deliciar com as incontáveis guloseimas que Nona preparava, e apesar de morar um pouco longe sempre vinha visitar a velhinha bondosa. Nutria certa admiração por Luner que por sua vez o dispensava se afogando em livros de diferentes assuntos. O amigo era convidado de honra e juntos passavam suas memoráveis férias de verão.

       - Estou muito feliz por ter vindo. - Disse Tim a Walter. - Será formidável, iremos aproveitar ao Máximo.

       - Espero que não explodam a casa como no último verão. – Advertiu Luner arrumando sua cama para dormir. - Nada vai ser como antes.

       O quarto era um dos mais elegantes de toda casa. As camas se dispunham viradas para as janelas redondas, para que assim no começo da manhã o sol inundasse junto com os cantos dos pássaros todo o aposento. A decoração era toda no estilo colonial da época, pois assim era por toda casa, grandes lustres azuis despencavam do teto formando grandes cascatas de luz, iluminavam simetricamente cada centímetro quadrado, dando um jogo de luz maravilhoso, o que fazia parecer que os quadros mechiam-se.

       - Não exagere. - Retrucou o garoto parecendo exasperado. - Só porque colocamos fogo no sofá velho de trezentos anos sem querer.

       - Tim você é muito egocêntrico, como assim um sofá velho?

       - Como estão meus queridos? - Disse Nona enfiando a cabeça pelo vão da porta semi-aberta.

       - Estamos bem acomodados. - Walter disse.

       - Vovó qual é a surpresa? - Disse Tim ávido.

       - Espere Tim seja paciente, pela manhã lhe direi o que é. Agora vamos todos dormir, já é tarde. - Disse a velhinha indicando um velho relógio ao canto esquerdo que indicava 22 horas.

       Walter pela segunda vez sentiu um ar estranho nas palavras de Nona, notara o mesmo quando a bondosa velhinha fora buscá-lo logo cedo na estação de trem.

       - É melhor irmos dormir, se não a nona ficará chateada conosco. - Disse Luner.

       - Não vai não. – retrucou o garoto - Nona sempre deixa a gente se divertir, ainda mais neste tipo de casa em que tudo é novo. Eu lhes asseguro que ninguém está ouvindo, pois daqui ao quarto de nona existem vários salões, escadas e corredores pelo caminho.

       - Que barulho é esse? - Saltou a garota, derrubando seu livro de Biologia. A visão dos corredores desertos chegava-lhes dar arrepios.

       - Deve ser um dos gatos de Nona.

       Foi então que três pequeninas cartas se projetaram por debaixo da porta. Luner soltou um gritinho pensando que a princípio fosse um alvo fantasma.

       - Espere, o que são estas coisas? – Disse Walter pegando os cartões de visita ao sopé da porta e entregando para os amigos como se fossem os legítimos donos.

       - O meu tem um desenho, se parece com um pássaro. Uma coruja talvez. - Mostrou a garota indicando o selo de cera na pequenina carta.

       - Curioso, o meu também tem, é um coelho! – disse Walter – E o seu Tim o que tem?

       - É estranho, não consigo distinguir, espere, está de cabeça para baixo – Disse o garoto virando a carta –, é um Cavalo, sim é isto mesmo.

       Sem demora os garotos romperam o selo quase que ao mesmo tempo, mas para sua surpresa não havia nada escrito. As cartas se encontravam todas em branco, certamente, se havia alguma mensagem esta não poderia ser lida nas atuais circunstâncias.

       - Isto deve ser brincadeira da vovó. – Disse Tim mostrando uma expressão de curiosidade.

       De repente um estampido cortou o silêncio, um som de passos saltitantes vindo dos corredores denunciava o autor da brincadeira. Tim abriu a porta no mesmo momento, Luner espichou o pescoço para ver se percebia algo, mas apenas um ruído manhoso percorreu toda extensão do corredor que agora se encontrava vazio, escuro e deserto.

       - Chega Tim, vamos descansar. Amanhã descobrimos o verdadeiro motivo destes cartões. Tudo indica que seja à vovó.

       - Quem sabe ela queira que achemos um tesouro de chocolates como no verão passado. – Alegrou Walter se lembrando das deliciosas moedas de ouro recheadas de chocolate.

       - Sim é verdade. Talvez esta seja a surpresa de que ela mencionou.

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       O Sol nasceu pálido por entre as colinas banhadas de pingos de chuva, o gramado límpido corria em direção ao bosque desenhando um panorama de um sonho. Os pássaros cantavam enquanto voavam por entre as torres e torrinhas da casa, enquanto um som enorme e escandaloso de miados despertava toda vizinhança. Vários gatos já esperavam à porta da cozinha, ávidos pela refeição matinal.

       - Que dia maravilhoso! – Exclamou Nona com um leve movimento ajeitando os óculos de lua cheia.

       Tinha acabado de se enfartarem com uma mesa recheada de várias guloseimas que Nona fizera questão de preparar, desde trufas, bolos, sonhos, doces, sucos, salgados, frutas e fatias Húngaras decoravam uma enorme mesa ao centro da cozinha. Tim que sempre gostara de doces fez questão de provar todos, já Luner logo advertiu pegando apenas uma maçã: “Não estou com fome hoje!”, Walter por sua vez não fez cerimônia e seguiu o exemplo de Tim.

       - Espero que tenham gostado! - Disse nona servindo agora uma enorme tigela de mingau para 13 gatos que despencavam embolados de cima de uma janela.

       - Obrigado vovó. - Disse Tim.

       - De nada querido, estou muito feliz por tê-los aqui. - Disse Nona. - Tenho um amor tão grande pelos meus netos e fico radiante de poder partilhar meu amor com três crianças tão interessantes como vocês. Bem, vocês dispõem de alguns minutos para brincar e depois vamos ter um grandioso almoço. Até daqui a pouco.

       Deixando para trás suas tigelas cheias pela metade, as crianças puseram-se a andar.

       “Esperem queridos.” Disse a vovó. “Levem isto caso aconteça algum imprevisto e assim atrasem misteriosamente para o almoço.” Completou a velhinha lançando uma leve piscadela aos garotos e entregando uma bolsa cheia de guloseima, o que fez com que Walter deixasse seus pequenos olhinhos saltarem para fora. “Às vezes o tempo nos pede para que terminemos coisas do passado.”

       Tim sentiu um pequeno calafrio ao escutar as palavras sem pé e sem cabeça de Nona, mas logo deixou que elas se esvaíssem para longe.

       Pelo corredor, tendo cuidado de não tocar em nenhuma das maçanetas ou estátuas pelas quais passavam, eles seguiram, pois não queriam danificar nada como no caso do sofá do verão passado. As crianças rumaram para uma grande sala vazia. Era um aposento esplêndido todo decorado com relíquias antigas, desde quadros do século XVIII até pequenas estatuetas do tempo dos faraós. Grandes vasos de flores negras decoravam uma grade lareira branca, havia vários tapetes que combinavam com as belas cortinas que emolduraram cinco grandes janelas de vidro.

       - Bem o que vamos fazer? – Perguntou Walter o menino de cabelos amarelos empolgado. – Que tal irmos brincar lá fora.

       - Eu acho que não. - Disse Luner com um sorrisinho maléfico. – Indicando as primeiras gotas de chuva que faziam pic-ploc nos vidros. – Seria uma ótima idéia, mas que pena que o tempo mudou, talvez depois de meia hora melhore, que tal enquanto isso lermos livros à vontade?

       - O quê?! - Disse Tim desapontado. – Isso não é nem um pouco emocionante, venha vamos explorar a casa!

      No mesmo instante Luner sentiu suas bochechas corarem de raiva, Tim sempre era assim arrogante, “era lógico que isto seria uma perda de tempo, seria mais interessante ler livros” – Pensou a garota parecendo displicente. Já Walter deu um enorme salto no ar quando ouviu a decisão e Tim.

      Por uma porta dupla eles entraram subindo por um enorme corredor, este tipo de casa parece multiplicar-se a cada passo dado apresentando um local totalmente diferente do anterior. As portas que se entreabriam davam acesso a salas, salões e quartos totalmente habitados por gatos, certamente nona os adoravam chegavam ao um número incontável de bichanos. Havia também lugares surpreendentes entre eles um salão que guardava antigos quadros, e um outro todo revestido de espelhos dos mais diferentes lugares do mundo. Depois de terem decido os enormes degraus de mármore chegaram a um saguão com um enorme umbral que dava para uma imensa biblioteca e ainda para grandes corredores preenchidos por incontáveis prateleiras. A biblioteca não era quadrada nem retangular, como a maioria das salas, mas curva, num formato oval. Uma das paredes dessa sala oval estava dedicada a livros de diferentes assuntos, fileiras e fileiras deles, e não havia um só igual ao outro. Havia uma estátua de um anjo cujas mãos seguravam um pequeno vaso que continha um ramo de orvalho, havia também desenhos no teto que lembravam grandes contos de fantasia medieval e grandes mapas de lugares desconhecidos, curvos para se amoldar à parede. Os livros em sua maioria eram todos antigos, alguns pequenos e outros de tamanhos de pessoas, tinham as mais diferentes capas, assim como seus assuntos. Havia estantes envidraçadas que continham manuais de Herpetologia dispostos como se estivessem à venda na vitrine de uma loja e não na casa de alguém. No meio da sala achavam-se poltronas de aparência muito confortável, cada qual com seu respectivo pufe, de modo a permitir que a pessoa esticasse as pernas, enquanto o piso era negro todo desenhado em dourado e representava grandes planetas circundando uma imensa galáxia. Tim sentiu-se confortável ao ver todas dispostas diante de seus pés. Todos ficaram boquiabertos com a grandiosidade e beleza do lugar e com o fato de nunca ter estado ali antes.

       Mas foi a outra parede, ao fundo da sala oval, que despertou a atenção das crianças, havia um enorme quadro ao centro da prateleira frontal. Era uma pintura entalhada em madeira. Se diferenciava de toda mobília encontrada na casa e representava um leão segurando uma tênue e cálida lua.

   Luner apenas com uma piscadela descobriu que nada mais era do que uma passagem secreta. A garota então sem demora a destrancou, e para a surpresa descobriu uma sala, escura, fria e deserta, e pelo cheiro de mofo podia se dizer que não se abria há anos.

Continua...

A seguir: Capitulo2 - NA PORTA ATRÁS DA BIBLIOTECA, EXISTE UM LIVRO


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