DAY 153

Summer

“Não há disfarce que possa esconder por muito tempo o amor quando este existe, nem simulá-lo quando este não existe.”

François La Rochefoucauld

http://www.youtube.com/watch?v=ghPcYqn0p4Y

-Como andam as coisas? – minha mãe me perguntou num tom apreensivo;

- Andam bem. Fui numa consulta semana passada, o Dr. Young disse que April está muito saudável, que tenho me alimentado direito, feito tudo direitinho e se continuar assim o parto será tranquilo como a gravidez.

- Querida, fico muito feliz com isso!

- Mãe, confesso que foi um choque pra mim de inicio, mas agora...   April virou tudo para mim!

- Summer... – sua voz mudou para um tom receoso

- Sim?

- Você já pensou em falar para... Tyler, sobre a April?

Minha mão correu para a minha barriga;

- Isso já passou para a minha cabeça... Eu já tentei fazer isso, você sabe, mas a situação está fora de controle.

- Summer, independente do que Tyler fez, ele tem o direito de saber sobre April! Summer ele é o pai dela!

 Aquelas palavras foram de pesar para mim;

- E o que você espera que eu faça? Que eu chegue ai e diga, olha estou grávida e é sua filha?

 - Summer, não é isso que estou dizendo, desde que seu pai soube do que ocorreu entre vocês dois, ele conversou com Ben, ele não ficou nem um pouco feliz com isso. Summer, seu pai quer falar com Tyler sobre a April...

- Não! Eu que devo falar isso!

- Então fale! Ele tem o direito de saber! Faça isso enquanto ainda está grávida!

- Por quê? – eu perguntei com a raiva já tomando meu corpo

- Por que, se esse seu relacionamento com esse Daniel, for à frente, já é bom que April saiba quem é seu pai!

- Mãe foi apenas um almoço e... Um pai é aquele que participa da vida de seu filho, quem o cria! Não quem o põe no mundo!

-E como Tyler pode fazer isso se ele nem sabe que April existe? – sua voz foi para um tom normal.

Eu parei por um momento.

Meus olhos começaram a encher.

Eu não tinha direito de estar fazendo isso com ele.

- Eu só não quero que ele a tire a de mim... Não quero perde-la.

- Summer, meu amor... Se ele a ama, como diz que ama... Ele não seria capaz de fazer isso.

- Eu... Eu não sei...

- Faça o que achar melhor... Mas lembre-se, que vai ter  que lidar com as consequências da suas escolhas depois.

Logo depois disso eu desliguei o telefone.

Eu não estava conseguindo pensar.

Tyler estava noivo, preste a se casar, como eu poderia chegar grávida e contar a todos que tivemos um pequeno caso, mas eu não soube nada sobre ela.

Eu não sabia o que fazer.

Eu estava absorta em meus pensamentos até que a campainha me tirou deles.

Eu me levantei devagar da posição que eu estava no sofá;

Eu andei até a porta e a abri a porta.

- Daniel?

- Croissant? – ele perguntou levantando um saquinho de plástico.

Eu peguei o saquinho.

-Entre.

Ele entrou na minha casa e foi em direção ao sofá;

- O que faz aqui? – eu perguntei me sentando devagar ao seu lado, ele me ajudou.

- Bem, depois que nos vimos naquele dia, confesso que não tiro você da minha cabeça.

- Que exagero! – eu falei num tom de brincadeira

- É... Eu sei. - ele também.

Eu abri o saquinho e retirei um croissant de lá, ele também.

- Hum... São bons! Onde comprou? – eu disse entre minhas mordidas

- Tem uma padaria francesa perto da sua casa se você não sabe! – ele disse entre risos;

- É não sou do tipo que observa muito.

- Mentira! Você percebe muito bem as coisas.

- Não percebeu juro!

- No nosso almoço percebeu que o camarão estava estragado.

- Em questão de comida eu percebo.

Eu ri com essa pequena situação, ele fez o mesmo.

Por um breve momento eu me calei e ele também.

- Tenho que te perguntar uma coisa, mas prometa sinceridade.

- Sim...

- Eu... Não sei se devo... Dizer... Ao... Pai da April sobre ela.

- Ele... Não sabe sobre ela?

- Não... – eu disse balançando minha cabeça olhando para a minha mão – Pode me achar horrível, mas ele não sabe. – assim que terminei levantei meu rosto com as sobrancelhas erguidas.

- Olha... Eu não sou ninguém para falar alguma coisa... Mas... Ele tem o direito de ter algum relacionamento com... A filha.

- E por que eu não consigo contar pra ele? – eu perguntei com minhas lágrimas escorrendo em meu rosto;

- Por que ele magoou você e... Você não quer que ele magoe sua filha também.

Sua mão veio em meu rosto secando as lágrimas que escorriam dele.

- Você é adorável... – ele sorriu torto;

- Acho que devo deixar você pensar um pouco. Se precisar de mim... Você tem o meu número.

- Obrigada. – eu me levantei.

Fomos até a porta.

Aproveitei e fui até a minha caixa de correio.

Peguei umas cinco correspondências.

Depois disso eu voltei para dentro.

Eu fui passando as correspondências, a maior parte era de contas.

A última era um comunicado.

De Luke Hong.  Ele era meu cliente em São Francisco.

Eu abri e comecei a ler.

“Summer Campbell...

Pelo seu sublime trabalho que realizou para divulgação da minha companhia, minhas vendas assumiram o êxtase de vendas em aqui em São Francisco.

Agora com o processo de expansão das lojas e das propagandas que estamos executando em parceria, com a BUILDINGS S&A e com a PUBLISH minha empresa está ao máximo.

Por isso daqui a dois meses, no dia 27, em São Francisco, iremos realizar uma festa para a comemoração para tanto sucesso adquirido de uma só vez.

Conto com sua presença.

Do seu amigo e sócio,

Luke Hong ”

Assim que terminei eu dei um suspiro.

Nada estava ao meu favor naquele momento.

Em questão de dias eu iria ter minha filha.

Eu sei que não estou pronta para contar a Tyler sobre nossa filha.

Mas será que alguém entendia isso?