Beethoven Virus escrita por AnneWitter


Capítulo 4
Compasso binário


Notas iniciais do capítulo

- Cap não betado-Desculpem pela demora de autalização!-Espero que gostem desse cap, e obrigada pelos comentários!!!



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‘A música tem que ser uma extensão de você, então viva cada nota como se essa fosse feita de seu sangue.  Encare ela como sendo parte de seu corpo e da sua alma.’

Ichigo abriu os olhos, as palavras do seu professor de artes no tempo que estava na escola, ainda o afrontavam, apesar de que há anos não o via. Aquele homem realmente havia marcado a vida do ruivo, certamente Ichigo seguia agora aquele caminho de música por causa dele. O ruivo nunca se interessaria por aquele mundo se não fosse aquelas palavras e somente por isso que ele queria se tornar o melhor, queria que seu professor onde quer que estivesse o visse e lhe ouvisse. Ichigo queria a fama para conseguir alcançar seu professor, fazer com este percebesse que suas palavras foram válidas.

Claro que ele poderia conseguir isso como violonista, Urahara sempre lhe diz que é excelente, contudo numa orquestra, até mesmo para os leigos, quem brilha mais é sempre o Maestro, e era por isso que naquele momento Ichigo estava estudando partitura sobre a luz fraca e amarelada da biblioteca da escola de arte de Tóquio. 

Para aquele estudo ele escolhera Mozart , Ravel e Bach. Compositores distintos, que eram até mesmo separados por séculos, ou apenas alguns anos, mas que se tornaram ícones no que se diz respeito à música clássica.

Olhando as notas impressas sobre o papel branco, Ichigo fazia movimentos sutis com a mão imaginando-se diante de uma orquestra sinfônica, qual tocava seguindo o ritmo que ele ordenava, tão distinto aquele que normalmente se encontrava em apresentações feitas por maestro que carregava consigo o titulo de clássico. Ichigo nunca foi realmente fã desses tipos de coisas, não que ele odiasse aqueles que seguiam a risca a peça como ela tem que ser, mas isso não queria dizer que ele tinha vontade de seguir o mesmo caminho, para ele quando o maestro pegava algo para reproduzir ele tinha que dar a música a sua própria alma... dar uma verdadeira vida para ela. E Ichigo tinha a plena certeza que conseguiria isso quando conseguisse reger uma orquestra.

E aumentando e diminuindo o ritmo das notas conforme seguia a sua leitura das partituras, esses pensamentos iam e viam em sua mente, ignorando o fato de que ele não era o único dentro da biblioteca. E pouco importava para ele se alguém ficasse o olhando, ele queria apenas ficar daquela forma, lendo a partitura e dando a esta alguma vida, mesmo que superficial, visto que nenhuma música – sem ser aquela de sua mente – estava sendo realmente tocada.

Mas ele nem imaginava que na ampla biblioteca, com diversos alunos estudando, apenas um estava realmente prestando atenção nele, na verdade uma garota. A morena de estatura baixa estava sentada duas mesas a frente da que o ruivo se encontrava, diante dela estava uma pilha de livros sobre músicos, cujas sonatas estavam sendo estudadas em sua aula de regência.

Contudo seu olhar não estava dirigido ao livro aberto sobre a mesa, com minúsculas e entediantes palavras, mas sim no ruivo que parecia extremamente mergulhado em seu mundo de música, onde certamente ele regia a maior e melhor orquestra sinfônica, recebendo entusiasmados aplausos.

Ela cruzou os dedos das mãos e repousou seu queixo ali, mirando o ruivo. Ela já havia visto-o andando pela escola, na maioria das vezes ao lado de uma garota alegre e faladeira, e a morena sempre se perguntou o que ele estudava, o ar de rebelde que exalava dele todas as vezes que ela o olhava parecia não combinar com nenhum instrumento que poderia aprender ali dentro. Ele parecia o oposto de tudo que aquela escola ensinava.

Entretanto vendo-o daquela forma entregue com docemente aquela simples tarefa, dava-lhe ares de um grande e talentoso músico, alguém que poderia fazer até surdo ouvir... E somente uma pessoa a fazia se sentir daquela forma, contagiada, e perceber isso a fez ficar impressionada.

Ela tinha que fazer alguma coisa, afinal pelos movimentos que ele fazia parecia mais de um regente, mas ele não se encontrava na aula de regência, portanto era necessário fazer alguma coisa...

O maestro respirou fundo e o olhou com impaciência, mas o garoto não se abalou com aquela visível demonstração de que sua presença não era bem vinda.

-O que quer aqui, novamente?

-Gostaria de saber se o senhor já pensou na minha proposta.

O homem sentou sobre sua mesa, sua sala nunca antes parecia tão quente e inconveniente como naquele instante. Ele estava realmente se controlando para continuar a sorrir, apesar de que aquele sorrisinho falso já não escondia a sua agitação fazia alguns minutos, mas não custava nada tentar.

-Qual foi a minha resposta da ultima vez?

-Não. – disse o outro com indiferença.

-E poderia saber o porquê você achou que agora eu mudaria?

-Não leu a carta do secretário da cultura?

Aizen franziu o cenho.

-Que carta?

Foi a vez do moreno suspirar com impaciência.

-Aquela que lhe entreguei ontem, lembra-se.

Aizen olhou para sua mesa, essa encontrava numa verdadeira desordem, papeis de todo tipo e tamanho estava sobre ela, além de livros e partituras tanto abertas como fechadas, e num movimento rapidamente ele vasculhou entre os papei, encontrando um envelope branco com escritas digitadas.

Encarando o rapaz diante de si a abriu, o conteúdo da carta era formal e direta, a secretaria da cultura queria o maior maestro para reger a mais importante orquestra do país. Ele voltou a olhar o moreno, pálido e com expressão de frieza, que Aizen já visualizara em diversos músicos, principalmente daqueles com talentos monstruosos, tornando o seu dono num verdadeiro anti-social e se achando superior a todos, quando na verdade estão entregando toda sua vida para a música.

-Certamente você deixou claro para o secretário que somente voltaria para a orquestra, caso eu regesse ela, não é?

Ulquiorra fez que sim com a cabeça.

-Por que eu?

-Porque eu tinha que ficar numa  orquestra, qual seria regida por um maestro qualquer, um alguém que não tem talento algum? Fiz parte de diversas orquestras...

-E de todos você foi expulso, apesar do seu talento e sucesso, ninguém quis você. E porque eu iria querer? Saia da minha sala.

O rapaz o mirou por alguns segundos para em seguida fazer uma leve reverencia para ele e então se retirar.

Mal a porta se encontrou com o umbral, esta foi reaberta, dessa vez revelando uma morena de sorriso radiante.

-O senhor dará chance para mais um aluno, certo? – disse ela empolgada.

-Sim, apesar de não aceitar muito isso. Por quê?

-Eu acho que o senhor tem que dar para mais um.

-tenho, e quem?

A morena voltou para a porta e chamou alguém do lado de fora, em seguida um ruivo surgiu sorrindo meio sem jeito.

-Senhor Kurosaki, pedindo ajuda por aí?

Rukia olhou sem entender para o maestro.

-Bem senhor, não tive culpa, ela que chegou em mim quando estava na biblioteca, dizendo que precisava me trazer até aqui.

Aizen olhou para Rukia e depois voltou-se para Ichigo.

-Ok, amanhã você terá a sua preciosa chance. – disse Aizen sem entusiasmo. – Claro dei-me licença, tenho que arrumar algumas coisas.

Sorrindo os dois se retiraram da sala de Aizen.

-Então você já tinha pedido para ele lhe dar uma chance?

-Sim.

-E porque não me contou antes?

-E como eu poderia, você praticamente me arrastou para cá, em que momento você me deu alguma chance para falar? – disse o ruivo em tom rabugento.

-Bem poderia ter tentado de alguma forma, mas isso pouco importa, você tem que se preparar para amanhã.

O ruivo suspirou e passou a mão sobre o rosto, lembrando-se da nova data.

-Amanhã. Antes eu tinha mais duas semanas.

-Não seja bobo, quando mais tempo passasse, mais chance dele não deixar você entrar. Apesar de não conhecer ele muito tempo, eu já sei como ele age, e certamente ele não perderia a oportunidade de alegar que você já havia pedido muitas aulas e por isso não poderia entrar no curso, agora há uma chance maior de você fazer parte da turma de regência.

Ichigo a olhou sem saber ao certo o que falar, ‘Obrigado’ foi o que passou em sua mente. Era realmente estranho aquilo, uma pessoa que somente ele via passando pelos corredores, ou em outro lugar da escola, agora era um alguém para quem ele precisasse agradecer, a vida realmente era engraçada.

-Obrigado. –disse por fim.

-Até mais. – disse ela para logo em seguida sair.

Ichigo ficou a olhando, enquanto ela se distanciara, ele nunca havia realmente reparado na baixinha de cabelos negros que andava com seriedade para cima e para baixo, e agora a vendo melhor, ela lhe parecia mais bonita...


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