Inocência e Caos os Primeiros Passos no Abismo escrita por Garlock


Capítulo 7
Capítulo 7 – Primeiros acordes de uma marcha fúnebre


Notas iniciais do capítulo

Betado por: Nane_Chan! Adorei^^!



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Eu ainda estava preocupado com o que havia escutado. Então era verdade: Thanatos havia mesmo violentado minha mãe. Eu pensava nisso todos os dias, e naquele não foi diferente. Estava acordado, deitado em minha cama, em minha forma humana; Já me acostumara a usá-la ao dormir. Estava tão preocupado com esse problema, que quando dei por mim, Xenarib estava com a cabeça em meu peito. Me assustei com isso, mas logo sorri. A observei por alguns instantes, acariciando seus cabelos sedosos e platinados. Ela sorria e eu também. Já dormíamos juntos há mais de seis meses. No início foi bem trabalhoso manter essa relação, mas enfrentei Thanatos (em minha primeira briga direta com ele, diga-se de passagem) e pudemos ficar juntos. Ela agora dormia despreocupadamente e eu sentia sua pele roçar na minha por debaixo do cobertor. Sorria e, enquanto acariciava seus cabelos, pensava em tudo que passei até ali. Minhas preocupações me tomavam a cada novo momento. Interiormente eu sabia: Teria de enfrentar Thanatos mais cedo ou mais tarde para reajustar as coisas. Percebi um movimento em meu peito. Xenarib olhava para mim.

- Bom dia meu amor. – disse ela sorrindo

- Bom dia dorminhoca. Como passou a noite?

- Hmm... – disse ela se enroscando em meu pescoço – Foi maravilhosa.

Sorrimos. Um beijo nos uniu ainda mais e assim ficaríamos durante todo o dia se não tivéssemos mais o que fazer. Ela se ergueu primeiro, enrolada no lençol. Eu, da cama, com um sorriso estampado no rosto, a observei cruzar o quarto até o armário de ébano no canto. Ela abriu a porta e me viu a fitando do espelho. Sorriu e olhou para mim.

- Tá olhando o quê?

- Nada. Só apreciando a visão do paraíso.

Ela riu. Se vestiu e, concentrando uma aura negra ao seu redor, fez surgir a armadura negra da harpia. Se virou pra mim e disse:

- Não vai se vestir?

- Já vou, já vou... Me deixa curtir a preguiça um pouco?

Riu um pouco e olhou pra mim.

- Você é meio doido. Nos vemos na hora do Almoço. Tchau, meu lindo.

Ela saiu e jogou um beijo pra mim. Fiquei deitado ainda alguns minutos. Refletia no que devia fazer. Saí logo depois, já vestido com meu coturno e com minha calça jeans, transformado em híbrido e carregando minha lança de prata. Descobri que era a única coisa que feriria Thanatos. Alguns guerreiros me olhavam atravessado. Era quase considerado um traidor, afinal, bati de frente contra nosso supremo general. Todos me olhavam com um misto de medo e apreensão, como se a ira de Thanatos fosse cair sobre mim a qualquer momento. O clima com meus companheiros também não era dos mais agradáveis: Sempre me olhavam atravessado, ou com uma admiração desmedida. Já estava dando no saco tanta atenção. Nesse dia, porém havia algo diferente. O ar parecia mais pesado, um clima de funeral, quase como se algo ruim estivesse prestes a acontecer, ou como se a tão prometida tormenta de Darkoron fosse finalmente desabar. Avancei pelos corredores como se estivesse em território inimigo, com uma cautela desmedida e, praticamente, desnecessária. Quando cheguei ao pátio percebi o porquê daquela atmosfera tão densa.

Um raio negro passou quase três centímetros da minha cabeça, me forçando a abaixar. Saí com a lança em punho e me postei atrás de uma das pilastras. Dali poderia observar tudo. Hades, o segundo maior general das trevas, estava em batalha mortal e ferrenha contra Thanatos. Suas armas se encontravam com tal força que raios negros se desprendiam delas e arrasavam as paredes ao redor. Meu assombro crescia a cada segundo. Nenhum deles parecia ceder e o ódio e o instinto assassino eram tantos que, simplesmente, os que e aproximavam muito, tentando apartar os dois, eram fulminados pela aura massiva de ambos. Thanatos estava muito ferido, seu sangue saía em grandes jorros de vapor negro. Sua aura subia como uma fogueira escura ao seu redor, envolvendo-o em chamas roxas e lúgubres. Em seus olhos brilhava a ânsia e o desejo de matar. Já Hades, permanecia sereno, embora seu desejo fosse tão grande como o de Thanatos. Seus olhos eram a expressão da fúria, em suas mãos a espada parecia apenas um refulgir de um brilho fantasmagórico. Era exatamente como ver a morte e o inferno se digladiando. Uma aura de terror subia do campo a cada golpe.

O sangue de ambos subia aos céus na forma de uma nuvem de fumaça negra. Eu estava paralisado, meus olhos arregalados registravam aquela cena como a mais terrível da minha vida. Suas auras se confundiam, seus olhares eram de fúria e ódio. Suas respirações eram tão fortes que podiam ser ouvida. De repente, eles se separaram, mas continuaram a se encarar, rodeando o pátio. Thanatos gargalhou.

- Ora, ora, ora. O grande Hades finalmente perdeu a compostura! Só por causa de um nome?

- O nome dela não é carniça pra ficar na boca de abutres como você, Thanatos. – disse Hades apontando a espada para o rival.

Thanatos não gostou nada da analogia, rilhava os dentes e a fúria em seus olhos se acentuava tanto que parecia que um vapor negro subia deles. Eles se mediram por mais um tempo e então se atracaram de novo. Mas então o som de várias lâminas foi ouvido. Carrau segurava a lâmina de Hades com a foice e Loki a de Thanatos com sua espada.

- Se querem se matar escolham outro lugar. – disse Loki olhando nos olhos de Thanatos. Eu nunca o tinha visto tão sério antes – Nossos guerreiros não precisam ver isso.

- Eu não me importaria, Loki. – disse Carrau rindo, apesar de suar e ser empurrado gradativamente para trás – Parece que esses dois querem mesmo se matar.

- CALA A BOCA E SEGURA ELE CARRAU!!!! – gritou Loki que também estava sendo empurrado.

Súbito, uma explosão aconteceu. Loki e Carrau foram lançados longe e muita poeira subiu. Eu mesmo fui jogado ao chão. Quando olhei de volta, meus olhos se arregalaram novamente. Thanatos e Hades estavam suspensos no ar pelo pescoço, cada pescoço era seguro por uma graciosa mão branca. No meio dos dois, Zarana, trajando um vestido negro, segurava ambos. Seus olhos estavam tão inexpressivos quanto na primeira vez que os vi e isso me dava medo. Ela estava ereta, seus dedos apertavam tanto a carne de seus pescoços que pareciam querer perfurar os dois. Ela então, olhando pra baixo disse:

- Se querem se matar, ótimo, por mim podem se estripar à vontade. Mas não façam isso aqui, não desonrem meu quartel com suas rusgas e picuinhas. Porque se ousarem fazer isso de novo aqui, eu mesma darei cabo dos dois sem pestanejar.

No outro segundo ambos voaram em direções opostas arrebentando duas paredes. Todos olhavam para ela, inclusive Loki e Carrau. Ela se virou e sumiu num lampejo negro. Foi só então que Loki e eu corremos para ver como estava Hades. Pouco me importava Thanatos, queria mais que estivesse morto, ainda mais depois dessa demonstração gratuita de força. Loki me ajudou a erguer Hades dos escombros da parede. Ajudando-o a levantar, perguntei:

- Hades-Sama! Está bem?

- Sim Garlock. – disse ele se erguendo e espanando o pó – Apenas meu orgulho foi ferido. Mas ainda faço Thanatos pagar pelo que disse!

- E o que foi Hades? – perguntou Loki – Por que ficou tão furioso?

Hades olhou para o chão e depois para mim e para Loki. Carrau ajudava Thanatos a levantar. Ele fez então um movimento com a cabeça nos indicando para irmos com ele. O segui por algum tempo. Ele, sempre de cabeça baixa, sempre com o mesmo olhar de tristeza. Eu pensei em perguntar algo, mas olhei para Loki que me mandou, com um olhar, não dizer nada. Chegamos então à biblioteca do palácio. Hades entrou e nos mandou entrar com um gesto. Eu, como passei por último, fiz questão de trancar a porta para que ninguém nos interrompesse. Loki sorriu aprovando meu gesto quando me sentei, então olhou para Hades.

- Vamos, Hades! Pode nos dizer agora.

Hades suspirou e baixou a cabeça. Era a primeira vez que o via abatido.

- Thanatos quer me destruir e não encontra um jeito para isso... Então me provoca, usando o nome de minha mulher para me irritar.

- Perséfone? – perguntou Loki – Por quê? O que houve com ela?

- Eu não sei Loki. - disse ele quase caindo no choro. Era um choque para mim vê-lo daquela forma tão... tão... parecido comigo... ­– Ela sumiu... Desapareceu sem deixar rastros, a não ser o lenço que envolvia seu pescoço. Para encontrá-la eu me uni a Thanatos que me prometeu ajudar a encontrá-la, mas até agora nada... E agora ele está enciumado, pois eu tenho os mesmos poderes que ele e poso competir de igual pra igual o título de Conselheiro Imperial. E então me irrita para lutarmos na esperança vã de me matar.

- Não dê ouvidos a ele General Hades. – disse eu pousando minha mão em seu ombro – Ele também tem me olhado atravessado desde que o enfrentei para ficar com Xenarib... Ele também me prometeu vingança e só por motivo de dívida para com ele é que estou aqui.

Hades e Loki sorriram. Pareciam entender. Parecíamos um trio de amigos conversando e não apenas patentes das trevas. Mas mal sabíamos quanto àquela amizade iria custar...

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Durante boa parte da manhã ficamos conversando na biblioteca. Pelo menos até a hora do almoço, quando nos separamos e voltamos para nossos postos costumeiros. No refeitório, encontrei Xenarib que estava apreensiva. Ao que parece, ela havia ouvido sobre a briga. Quando me viu ela me abraçou forte e parecia que ia chorar. Acariciei sua cabeça. Percebi o quanto estava nervosa e comecei a contar tudo que vira e ouvira. Ela olhava embasbacada para mim.

- Então Thanatos está realmente envolvido em tudo por aqui?

- Pelo que ouvi, sim! – disse desanimado e pensativo. Cabisbaixo, remexia meu prato.

- Deuses! – ela se espantou e então, pareceu ter chegado onde eu queria que ela chegasse olhou para mim e gaguejou - Então... então...

- Ele pode ter planejado o assassinato do meu clã. – eu parei de mexer na comida. Não sentia fome alguma. Olhava para o prato como se fosse algo nojento - Sim...

- Oh... Garlock... – Ela tinha lágrimas nos olhos e não parava de olhar pra mim. Num movimento rápido me abraçou pelo pescoço, mas fez isso de uma maneira tão brusca que acabamos caindo ambos o chão. Meio assustado, meio nervoso, a segurei pelos ombros e a tirei de cima de mim, ainda ouvindo as risadas dos outros guerreiros. Me ergui e a ajudei a levantar. Ela estava corada. – Desculpe.

Não pude deixar de rir um pouco.

- Tudo bem, a gente precisava rir um pouco.

Ela riu e me deu um beijo rápido. Passamos todo o resto do horário de almoço juntos, abraçados. Depois, porém, fui chamado à sala de Thanatos. Estava apreensivo, o que ele queria comigo? Bati na porta.

- Entre Garlock. Eu o esperava.

Entrei e ele me olhou. Parecia querer ler meus pensamentos, e o pior é que eu sabia que ele poderia se quisesse. Me aproximei e me ajoelhei.

- Mandou me chamar senhor?

- Sim, Garlock! Ouvi que viu a luta de hoje?

- Não só eu, mas...

- Apenas responda minha pergunta. – disse ele enfático e com um tom e ameaça na voz. Engoli em seco.

- Sim, senhor!

- E depois saiu do pátio em companhia de Loki e Hades?

- Sim, senhor!

- Então deve saber o motivo da luta. – disse ele num sussurro letal. Isso me fez suar.

- Não, senhor!

- Tem certeza disso Garlock?

- Sim, meu general!

Parece que minha resposta foi suficiente, pois Thanatos sorriu e me dispensou, mas assim que saí e fechei a porta pude ouvir a voz de Carrau e a de Thanatos. Escutei atentamente.

- Ele mentiu.

- Eu sei Carrau! Eu sei. Mas sem um bom motivo não poderemos destruí-lo.

- Meu senhor, se quiser posso fazer isso.

- Não, Carrau... Eu tenho a missão perfeita pra ele, mas é necessário que ele vá para a Terra primeiro... E que nós a localizemos primeiro.

Carrau riu. Então o ouvi novamente.

- Posso então dar continuidade ao plano?

- Sim Carrau... Só mais três anos... Logo, logo eles virão. E, aí, Garlock estará pronto.

Eles quem? E eu estaria pronto para o quê? Carrau falou novamente.

- Sim! E então... Aquele híbrido será destruído assim como destruí a mãe dele.

Thanatos riu. Meus olhos se encheram de lágrimas e de ódio. Fora Carrau então. Aquele desgraçado! Senti vontade de arrombar aquela porta e enterrar minha lança no peito daquele desgraçado. Mas pensei melhor. Havia outros lugares para efetuar essa vingança. E logo eu o faria, além disso, pensei olhando para o chão, não poderia por em risco Xenarib.

Corri pelo castelo, trombando em outros guerreiros e afastando-os do meu caminho. Saí de lá tão rápido que nem notei que Xenarib me chamou. Corri pelo deserto até o penhasco que ficava perto do castelo. Comecei a escalá-lo para me ver livre dessa pressão, dessa raiva, que com certeza me acusariam e me denunciariam perante Carrau e Thanatos. Quando terminei de subir vi uma ravina. Um desfiladeiro nevoento que parecia me chamar. Engoli seco novamente. Comecei a andar na direção dele. O medo foi tomando conta de meu coração e do meu corpo. Quando estava a poucos metros da ravina parei. Olhei bem dentro daquela névoa que parecia me chamar e me virei, dano-lhe as costas. Dei dois passos, sentindo aquele medo me invadindo e então me lembrei da vez que desafiei meu pai para ficar com Thanatos. Do meu ataque sem temor contra a Manticora e contra o elfo assassino, me lembrei de todas as batalhas que havia passado e me virei novamente para o desfiladeiro. Entrei na névoa e soube, teria que enfrentar a caminhada, não haveria volta. Continuei andando, sentindo o medo invadir meus ossos quase até a paralisia. Eu me arrepiava de medo e frio, pois parecia uma geleira aquele lugar. Meus pés quase não se separavam do chão e se arrastavam pelo caminho. Depois de uma hora me arrastando, cheguei finalmente ao outro lado e vi uma casa abandonada e uma caverna, cercados por uma elevação rochosa tão escarpada que não poderia ser escalada ou sobrevoada. Era impossível chegar ali sem passar pelo desfiladeiro. Me aproximei da caverna. Ela parecia me chamar, mas então uma mulher surgiu na porta da mesma segurando uma lança brilhante. Suas asas negras estavam fechadas em suas costas. Me preparei pra lutar, mas a vi erguer a mão em sinal de paz. Ela me olhou e então o medo me invadiu de tal modo que quase me joguei ao chão implorando misericórdia, mas fiquei firme. Ela então sorriu.

- Oras. Você é o primeiro que não cai de joelhos diante de mim. Deve ser o híbrido não é? O Lupino-Vampiro?

- Sim sou eu. Como sabe? – perguntei desconfiado. Ela sorriu e olhou nos meus olhos sussurrando:

- Sou Nix. A deusa da Noite. Eu guardo essa caverna para o guardião místico dessa geração. E pelo visto é você... Mas ainda não está pronto para entrar. Quando eu lhe chamar venha sem hesitar e lhe darei os poderes de bom grado, mas, se hesitar, terá que ser testado como todos os outros. Agora vá, Garlock Galahad. Em seu quartel já procuram por você.

Ela sumiu em um lampejo prateado e eu fiquei parado tentando absorver tudo que ouvira, mas era demais pra mim. Retornei ao castelo e percebi que a volta foi muito mais rápida que a ida. Parece que voltar não é problema, o problema é chegar à caverna de Nix. Fui direto para o quarto e me deitei. Estava tão cansado que nem reparei quando Xenarib chegou. Apenas ouvi o trinco da porta girando e ela se aproximando da cama. Ela se deitou e se abraçou comigo. Um lágrima escorria em meu rosto. Ela viu e estranhou.

- O que houve meu amor?

- Foi Carrau Xenarib. – disse sem mais conter as lágrimas que caíam uma após a outra, sem diminuir a fúria em minha voz – Carrau alugou os elfos contra minha família com a supervisão de Thanatos. Eles... Eles mataram todos.... aqueles! AQUELES!!! - Minha fúria era tanta que, num impulso gritei, mas logo abafei essa raiva, caindo no choro. – Quero-os mortos. Quero ambos sufocando em minhas mãos. Quero o sangue deles escorrendo no chão Xenarib.

- Meu amor, calma... Assim você fica pior. – Ela acariciava minha cabeça. Eu estava gostando daquilo e fui acalmando lentamente. Minha respiração começou a normalizar e eu fui me aconchegando em seus braços macios. Ela riu e me deu um beijo na testa – Tá melhor ta?

- Hmm. Um pouco. – falei rindo.

- Hmm... – Ela olhou pra mim e falou naquela voz macia que mais parecia um convite ao pecado – E pra melhorar de vez falta o quê?

Apenas sorri. Sabia bem onde isso ia chegar e a beijei. Ela retribuiu o beijo e se deitou sobre mim. Naquela noite, praticamente esqueci-me do que havia ouvido.

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Nos dias que se seguiram, treinei com afinco e desempenhei com louvor todas as missões a mim confiadas. Todos os dias, antes do almoço, me encontrava com Loki, Hades e Rafar na biblioteca. Era quase um clube exclusivo, onde a única exigência era ser você mesmo. Compartilhávamos nossas experiências tristes e alegres, escondendo algo, com certeza, pois além de tudo, algumas coisas ninguém quer compartilhar.

Num desses dias, Hades não apareceu, fomos encontrá-lo com os olhos vagos, longe, uma cara de cachorro que foi atropelado pelo caminhão da mudança. Segurava um lenço. Loki chegou mais perto, mas eu logo percebi o que havia acontecido.

- Hades, o que houve?

Hades se limitou a mostrar o lenço. Compreendi. Perséfone fora finalmente encontrada. Loki fez uma cara de ponto de interrogação e olhou pro lenço. Ia fazer mais uma pergunta, mas eu o segurei pelo braço. Ele me olhou e eu fiz um sinal negativo com a cabeça. Me aproximei dele e o segurei pelos ombros.

- Sinto muito pela sua perda meu amigo.

- Ela... foi morta por Thanatos! Eu sei disso! – disse ele sem sequer olhar pra mim. Seu olhar se encheu de fúria e logo depois ele se ergueu se virou e saiu – Vou treinar. Até a noite.

Loki abriu a boca, mas foi a minha vez de mandá-lo calar-se com um olhar. Segurei o ombro de Loki e comecei a andar.

- Deixa... É melhor mesmo ele se acalmar. Depois a gente fala com ele.

- Como assim?

- Lembra do que eu falei que fiz quando descobri o que Carrau fez?

- Sei.

- Pois é. É melhor espairecer um pouco por aqui. Ninguém quer mais uma daquelas brigas. E se Thanatos e Hades se pegarem de novo, há, nem quero pensar no que Zarana vai fazer.

- Tem razão Garlock! Mas não acha que eu deveria ir com ele?

- Deixa... Depois ele vem conversar com a gente.

Saímos e voltamos a nossos postos. Mas a partir desse incidente, o clima entre Thanatos e Hades ficou ainda mais tenso. Parecia que a tormenta ia desabar novamente a qualquer momento. Eu e Xenarib estávamos sempre juntos, mas a sentença de Carrau estava me preocupando. Dois anos... Isso não era bom. Mas naquela noite... Naquela noite algo aconteceu que varreu da minha mente qualquer preocupação.

Xenarib, para minha surpresa, havia chegado antes de mim no quarto e havia preparado tudo com velas e incensos, deixou uma garrafa de vinho perto da cabeceira da cama e duas taças vermelhas e me esperou deitada com uma camisola comprida vermelha, que acentuava ainda mais sua pele morena. Quando entrei no quarto e percebi para o que ele estava preparado, tranquei a porta e sorri me aproximei da cama.

- Nossa, que pompa é essa? É nosso aniversário de alguma coisa?

- Hm. – ela respondeu mordendo o lábio inferior – Não é aniversário... Mas é uma comemoração sim.

- É? E o que comemoramos? – Me aproximei e a beijei ternamente. Mas ela logo se afastou e, olhando nos meus olhos disse:

- O novo herdeiro dos Galahad.

Eu fiquei meio tonto com essa frase, olhei para ela sem entender e então ela segurou minha mão e a pôs sobre sua barriga. Ela sorria apesar de chorar. E com o maior sorriso que vi na minha vida ela me disse:

- Eu estou grávida Garlock. Eu estou esperando um filho seu.


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Notas finais do capítulo

Um filho! Um filho! Sim, eu, Garlock Galahad estava para ser pai! A alegria tomou conta de mim nos meses que se seguiram e quando finalmente ele nasceu, eu o batizei com o nome de um dos meus mestres: ALBION. Eu não cabia em mim de alegria... Mas não podia entender o sorriso de Carrau e Thanatos, quando o ano findou.

Próximo Capítulo: Alegria e dor, a queda final da pantera.