Inocência e Caos os Primeiros Passos no Abismo escrita por Garlock


Capítulo 6
Capítulo 6 – A primeira ascensão




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- Protejam a muralha Sul! Vamos!! Eles estão chegando!!!

Era uma noite particularmente raivosa. Os raios riscavam o céu em todas as direções. Todos os soldados se movimentavam. Eu estava na torre principal juntode Thanatos e os outros generais. Observava a movimentação de minha tropa na muralha norte, a que receberia a primeira leva de guerreiros. Meus olhos brilhavam a cada lampejo dos raios. Estava até tremendo de ansiedade. Já havia completado quinze anos e já destacava no grupo.

 - Ansioso Garlock? - Falou foi Rafar, também conhecido como o Leão do Caos ou Sombra de Babel. Ele lutou em muitas batalhas e foi vitorioso em todas elas. Também usava sua forma híbrida para externar melhor seu poder. Sua juba negra caia copiosa sobre seus ombros e seu pêlo espesso era de um tom marrom escuro, usava também uma capa negra que lhe cobria o flanco esquerdo e toda a retaguarda. Eu o olhei nos olhos. Meus olhos de pantera encontraram aqueles olhos leoninos. Sorri. Ele também sorriu e observou o horizonte.

- Sim Lorde Rafar.

- Não precisa ficar. Sei que é sua primeira batalha contra tantos inimigos. Mas sei que se sairá muito bem.

Eu sorri, mas uma voz às minhas costas me fez calar. Uma voz rascante. Mas ao mesmo tempo suave como uma brisa e fria como a morte. Uma sombra se moveu e General Carrau se materializou das sombras ao meu lado. Apenas seus olhos vermelhos e brilhantes podiam ser vistos dentro da capa de sombras.

 - Esse jovem é ousado Rafar. Mas sendo essa sua primeira vez no campo, não sei se vai se sair bem. Fico imaginando como é o sangue de um híbrido de lupinos e vampiros.

- Já chega Carrau! – disse Rafar colocando a mão no punho da espada - Não é necessário que ele fique nervoso! Não agora!

- Só quis ajudar.

- Eu é que não vejo nenhuma utilidade nessas batalhas. – disse uma voz que vinha da parede ao meu lado – Nunca chegamos a lugar algum e a paz sempre fica cada dia mais distante.

Olhei. Loki, o senhor de Lurigard, era também um general das trevas, mas sua armadura era dourada. Eu achei isso estranho, mas como ninguém se importava, eu também não fiz muita questão. Ele não usava capacete e seus cabelos loiros caiam em seus olhos, que eram de um azul claro sinistro.

 - Ora. – disse Carrau – Falou o pacifista. Tem certeza que é um general das trevas Loki?

Carrau começou a rir e Loki lançou um olhar assassino pra cima dele.

 - Pouco me importa o que acha Carrau. Ao menos eu ainda tenho um rosto pra mostrar. E não preciso ficar me escondendo nas sombras pra conseguir pegar meus inimigos.

Carrau estreitou os olhos e puxou o capuz. Pude perceber então que ele tinha sim, um corpo por baixo daquela capa. À medida que o capuz caía sobre seus ombros, pude perceber um rapaz, não muito mais velho que eu na aparência, seus cabelos eram azuis e seus olhos negros, mas carregavam um instinto assassino que dava arrepios. Sua pele era pálida, alva como uma folha de papel. Ele abriu a capa que se portou como uma roupa comum e não como a coisa maldita que era. Pude perceber que havia uma argola de ferro bem grossa em volta de seu pescoço e outras duas em seus punhos. Ele olhou para Loki e sua foice se materializou em sua mão em uma explosão de fumaça negra.

- Isso é questão de gosto Loki. Mas com ou sem minha capa posso dar um jeito em você rapidamente!

Loki sacou sua espada e se colocou em posição de defesa sorrindo. Mas uma voz trovejou na sala. Ao mesmo tempo em que uma poderosa espada foi fincada no chão entre Loki e Carrau, Hades, o senhor do mundo dos mortos estava entre nós. Era um dos generais negros e eu almejava um dia ser como ele. Seus olhos negros como dois túneis refletiam toda a sala. Sua armadura roxa desprendia um brilho sinistro e funesto. A Katana fincada no chão brilhava com a mesma intensidade da armadura. Ambos olharam para ele, que se aproximou da espada, o segurou firmemente pelo punho e puxou lentamente.

 - Se ousarem lutar entre si novamente, eu mesmo degolarei ambos. E espero que se lembre Carrau, que contra minha espada nem mesmo sua capa de sombras é páreo.

Carrau engoliu em seco e recolheu sua foice sorrindo. Loki simplesmente guardou a espada e se recostou novamente em sua parede observando lá fora. Eu me virei. Ouvia um suspiro longo ao meu lado, mas não dei importância. Xenarib estava lá também, afinal era uma generala.

 - Ansiosa, Xenarib Sama?

- Não mais que você Garlock-kun.

Eu a olhei nos e olhos e ela sorriu pra mim. Ela fazia muito disso ultimamente, sempre que eu chegava perto. Não me tratava mais com frieza, mas eu atribuí isso às minhas vitórias em batalha, que já não eram poucas. Sorri de volta e tornei meus olhos para o horizonte. Uma turba se aproximava. Meu coração deu um salto. Eles estavam vindo. Foi quando percebi uma movimentação atrás de mim. Não me virei, mas percebi quando Xenarib se virou e, assustada, se curvou dizendo: 

- Milady Kali! É uma honra! Perdoe a demora em saudá-la.

Gelei na hora, afinal Xenarib não se curvava sequer a Thanatos. Me virei e, quando o fiz, uma mulher de dois metros de altura, alva como a neve, trajando o que parecia o menor biquíni metálico do mundo, com uma longa capa negra sobre suas costas e um olhar de gelar vulcões, olhou para mim. Permaneci estático. Ela olhava bem dentro de meus olhos e eu me sentia ser engolido pela fome e inexpressão deles. Em Thanatos podia perceber escárnio; em Hades, fúria; até mesmo em Carrau eu percebi certo divertimento, mas naqueles olhos eu nada podia ler, eram como duas pedras mortas num lago estagnado, eram olhos de um morto que nada mais podem transmitir. Mas meu olhar se demoraram pouco em seus olhos, pois desceram pelo seu rosto, contemplando o nariz reto e bem centrado, bem feito como uma peça de arte de porcelana. Sua boca era quase normal, não fosse o fato de ser vermelha como sangue, ela sorria e seu sorriso era inquietante. Como o sorriso da morte anunciando que veio lhe buscar.  Seus cabelos lhe caíam como uma seda negra sobre o rosto. Apenas uma tiara negra lhe adornava a cabeça, como uma coroa de opala negra. Desci mais meu olhar, e pude perceber o desenho de seu pescoço, e a suave transição desse para seus ombros. Seus braços bem torneados, nem finos demais, nem musculosos, como os que eu vira no castelo. Engoli seco, mas meu olhar continuava a medi-la, passando por seus seios que pareciam grandes demais para aquele biquíni. Imaginava, que quase podia ver os mamilos escorregando por cima dele. Pude perceber sua respiração no movimento deles. Sua barriga era bem definida, como se, se exercitasse com freqüência. Cheguei à sua pélvis e minha boca secou. Meu corpo não se movia um milímetro e percebi que também era observado. Mas que ela parecia se divertir com o que estava fazendo, ao invés de se zangar. Suas coxas eram bem delineadas, eram divinas, apetitosas. Percebi minha respiração acelerada, voltei a olhá-la nos olhos e percebi que ela sorria. Ela falou, e percebi que sua voz era uma suave melodia, como uma suave brisa soprando sobre mim após uma tormenta devastadora.

 - Oras, um novato entre nós. Qual teu nome meu pequeno guerreiro?

Demorei ainda uns dois segundos para responder, ou antes, para encontrar a voz que tinha sumido um bom tempo atrás. Curvei a cabeça:

- Meu... meu nome éhh... Garlock Mi... milady. G... Garlock Ggggalahad!

- Oh. Então é você o filhote de Wotan. Ouvi falar de você Galahad. – disse ela me observando completamente – Assim como, assim espero, tenha ouvido falar de mim.

Fiz cara de interrogação. Ela percebeu e, sem desgrudar o olhar de mim, disse:

- Carrau, faça as honras e nos introduza.

Carrau pareceu divertido com a cena e limpou a garganta. Então se curvou para ela apontado para mim com as mãos abertas e disse:

 - Lady Kali, quero que conheça Garlock Galahad Algueron 3º, filho de Wotan Galahad e Anita Algueron, tornou-se nosso guerreiro há alguns anos quando executou uma vingança contra os assassinos de seu clã.

- Interessante, encantada.

Ela se curvou graciosamente, abrindo os braços numa saudação e estendendo uma das mãos até mim que percebi logo do que se tratava, segurando-lhe delicadamente a mão e beijando-a rapidamente. Em minha mente, sua pele era sedosamente mortal. Carrau sorriu e, virando-se para mim, enquanto ela se endireitava, disse:

- Tenente Garlock, quero que conheça Zarana Kali Alumina Ban. A regente imperial de todo o reino das trevas. 

Meu queixo caiu e, num misto de desespero e temor, me joguei no chão com a cabeça entre as mãos.

- Perdão milady, não a havia reconhecido! Isso jamais acontecerá novamente, eu juro!

Ela riu, aproximou-se de mim e, para minha surpresa, ajoelhou-se ao meu lado e tocou meu ombro e, apenas com uma das mãos, me ergueu. Pude perceber sua força, pois quase quebrou meu ombro no processo. Ela me olhou nos olhos e então olhou para Thanatos. Percebi que os olhares que eles trocaram passavam por mim. Me senti sendo alvejado. Mas então soou a trombeta de guerra. Todos nos voltamos para a planície que se encontrava abarrotada de guerreiros. Meus olhos se inflamaram tanto que pareciam arder com chamas reais. Até mesmo Loki pareceu se agitar ao ver os guerreiros da luz. Podíamos ver uns setecentos, talvez mil guerreiros ali, logo ao alcance de nossas mãos. Nem esperei por ordens ou por consentimento. Apenas materializei minha lança e pulei pela janela. Havia aprendido uma técnica nova e conseguia andar pela parede sem perder o equilíbrio. Ao chegar a certa altura, pulei em um telhado e, pulando assim de telhado a telhado me vi próximo à muralha norte. Ao correr pelas casas, percebia os guerreiros correndo e os vários gritos de guerra se misturando até culminar num geral “RAGNAR ALETORY!” que significava: “Trevas Devastadoras”. Ao chegar ao topo da muralha, alguns guerreiros me saudaram e pude ver vários de nossos guerreiros se atirando contra os da luz. Esperei observando excitado.            De súbito, escutei um grito:

- Terror dos elementos! Tempestade de Fogo!

Um furacão subiu no meio dos guerreiros das trevas. Um furacão nada comum, feito de chamas e magma. Fiquei horrorizado. Confesso que fiquei com medo. Mas ver meus guerreiros sendo destruídos por aquilo foi demais pra mim. Olhei para baixo e vi um homem com as mãos apontadas para o furacão e, para onde ele apontava, o furacão ia. Rangendo os dentes, apoiei uma perna na amurada da muralha, apontei uma de minhas mãos para ele e concentrei ao máximo minha aura.

-  AAHHH!!!!!!!!

Uma torre negra subia ao meu redor. Então concentrei aquela força em meu braço. 

- Ignis Tenebra!

Uma torrente de chamas negras saiu de meu braço em direção a ele. Como uma rajada de magma negro. Ele, quando viu isso, largou o furacão, que se desfez imediatamente, e disparou uma rajada de fogo contra mim. Nossas rajadas se chocaram com grande estrondo e nós medimos forças por alguns segundos. Depois disso, paramos nossos poderes e nos encaramos. Ele sacou a espada e ruflou as asas. Eu saquei a minha lança. Mas ele disparou uma esfera de fogo em minha direção. Quando ela estava próxima, me abaixei e ela passou por mim. Mas ao mesmo tempo ouvi um grito de guerra de uma mulher bem atrás de mim e logo depois um grito de dor e uma explosão. Me virei. Xenarib ainda rolava pelo chão quando a vi. Fitei o guerreiro e ele comemorava o tiro, rilhando os dentes. Corri em direção de para ver Xenarib, mas quando cheguei prendi a respiração. O meio de seus seios estava queimado e a parte de cima de sua armadura estava destruída, revelando seus seios fartos e morenos. Ao vê-los, minha boca se encheu de água e minha mente de lascívia. Mas logo me recuperei, percebendo que muitos guerreiros se aproximavam. Então tirei minha jaqueta, que trajava com minhas jeans, e a envolvi nela. Entreguei ela a um de meus guerreiros e lhe disse para procurar um médico rapidamente. Me virei e pulei para cima de uma casa. De lá, para outra maior e assim cheguei novamente ao topo da muralha que tinha bem a altura de um prédio de nove andares. Olhei para o guerreiro e ele se surpreendeu por me ver. Rilhou os dentes e, ruflando novamente as asas, correu e subiu rente à muralha. Eu me atirei bem em cima dele, sacando minha lança. Nos encontramos no meio da muralha e nossas armas explodiram em uma chuva de faíscas. Ele me forçava pra cima e eu sabia que se cedesse estaria perdido, então cravei meus pés na parede da muralha, forçando-o para baixo. No campo, as lâminas ressoavam e os gritos de guerra ecoavam em minha mente. Estava possesso pelo espírito de luta da pantera. Nossas forças se anulavam a tal ponto que sequer nos movíamos. Estávamos estáticos e nossas armas se aqueciam com o atrito. A lâmina da espada dele começava a se tornar amarela e o cabo de minha lança também. Então nos impulsionamos contra a muralha, nos arremessando como dois projéteis para frente. Em meio a uma explosão de fumaça negra, me transformei em uma pantera e comecei a correr como um louco por entre as hordas de guerreiros, até chegar a um descampado e me virar, me transformando novamente em um híbrido numa nuvem negra de sombras. Ele pousava na minha frente e guardava as asas sacando a espada.

- Nunca lutei com alguém como você. É um dos generais?

- Sou o tenente das Trevas Garlock. E você guerreiro? Qual teu nome?

- Sou Rodrigo do Fogo. Feitas as apresentações, que tal se começarmos, hein? – disse ele se pondo em posição de ataque.

- Eu não diria melhores palavras. – disse me preparando para aparar seus golpes.

Em segundos estávamos atracados novamente. Nossas lâminas riscavam o ar com rapidez e precisão. Minha lança parecia uma britadeira, de tantas estocadas que eu direcionava ao peito de Rodrigo e ele parecia um raio vibrando a espada em várias direções, podendo mesmo mudar de direção rapidamente, o que me valeu um corte feio no peito em certo momento. Tive de parar um pouco distante dele para recobrar o fôlego. Ele sorria. Mas não sorriria por muito tempo. Corri em sua direção, meu sangue escorrendo pela ferida aberta e meus olhos brilhando com a fúria de um assassino. Meus golpes redobraram de força e velocidade, e a cada golpe de nossas armas, as faíscas choviam. A espada dele já estava cheia de dentes, assim como a lâmina da minha lança. E por falar nela, estava cheia de cortes. Então ouvi um urro. Um rugido majestoso ecoava no campo de batalha. Olhei e vi Rafar e os outros generais chegando ao campo e varrendo os guerreiros. Rodrigo empalideceu.

- Pelos Deuses da Luz! Thanatos, Hades, Loki, Carrau, Rafar... Só os mais poderosos generais estão aqui!

Minha lança passou pelo seu rosto cortando-o profundamente. Ele olhou para mim e correu em minha direção com um soco armado. Nos confrontamos frente a mano a mano por um longo tempo. Sua armadura amenizava meus golpes, mas logo eu o acertei com meu Rising Moon Wolf e o chutei forçando-o a se ajoelhar em frente a mim. Caminhei até ele e peguei minha lança no caminho. Já apontava minha lança para seu coração:

- E eu, Garlock Galahad! Tenente das Trevas!!! Assuma Rodrigo! Está derrotado!

Uma flecha me atravessou a face de lado a lado, perfurando a pele entre os dentes. Em minha fúria, mordi a flecha e arranquei os restos dela da face e olhei para a mulher que me havia atingido. Senti algo em minha boca, mas julguei que fosse da madeira. Rodrigo gritou:

- Fuja Scyla! Ele ainda está de pé! – ele então olhou em volta e percebeu que o número de guerreiros da luz diminuía drasticamente. Obra dos poderes de Carrau que ceifava guerreiros como se fossem feixes de trigo. Então se ergueu e gritou:

- RETIRADA, AGORAAA!!!!

Os guerreiros da luz sumiam em campo em flashes e lampejos. Alguns, acertados por golpes poderosos antes de partir, deixavam braços ou pernas pra trás. Rodrigo olhou para mim e me desafiou com o olhar, sumindo logo em seguida. Já eu, eufórico, corri para o portão comemorando. Rafar bateu em minhas costas e sorriu. Carrau por outro lado pareceu desapontado. Mas eu estava radiante. Foi quando vi Xenarib usando minha jaqueta, ainda sem mais nada que tampasse seu tórax, saindo de dentro da casa médica, que era perto da entrada da cidadela. Ela me olhava sorrindo. Eu sorri e corri.

“Tu-Tum!” - Parei imediatamente após dar alguns passos. Uma dor excruciante no peito me alarmou. Algo estava errado.

“Tu-TUM!! TU-TUM!!” - Meus sentidos se apagavam lentamente, senti minha língua inchar e tomar toda a minha boca, tapando minhas vias aéreas.

“TU-TUM!!! TU-TUM!!! TU-TUM!!! TU-TUM!!! TU-TUM!!!” - Minha mente começou a se turvar, meus olhos desfocaram e parei. Pude ouvir Xenarib gritando meu nome e então... Desmaiei.

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Quando acordei, minhas feridas estavam tratadas e minha boca, ainda estava muito inchada. Percebi que fora vítima de algum veneno na flecha daquela maldita guerreira. Então ouvi uma conversa ao meu lado e fingi estar dormindo. Eram Zarana e Thanatos.

- Com que então, você trás o filho de sua amada para esse castelo e não conta pra ele o que fez? Que maldade Thani.

- Chhh!! Quer que o castelo inteiro saiba Zara?! – disse Thanatos alarmado enquanto Zarana ria.

- É. Mas não foi nada bonito o que fez não é? Abandonando a pobre Anita grávida e a enfeitiçando daquele jeito...

- E daí? E daí se enfeiticei a mãe dele duas vezes? E daí que Hipnus e Layla sejam meus filhos e não daquele cachorro super desenvolvido do Wotan?? Eu a amava! Eu poderia dar a ela uma cura pra sua condição vampírica! Mas ela preferiu aquele... aquele... cão sardento.

Ao ouvir aquelas palavras o sangue me ferveu. Percebi que estava amarrado, o que me salvou de pular em cima de Thanatos. Como se atreveu a fazer isso? Como se atreveu a insultar meu pai?! Zarana riu e continuou a conversa.

- Agora é você quem está gritando meu irmão. Para quem queria guardar segredo...

- Você só sabe me irritar!

- Mas isso não muda o fato de que você a violentou e que, mais dia menos dia, ele descobrirá... E como será quando ele descobrir e vier cobrar a sua cabeça?

- Eu arrancarei a dele primeiro.

Aquela conversa estava me deixando louco! Hipnus?! E até Layla?! Estava explicado o ódio de meu pai por Thanatos. Ele provavelmente descobrira a vileza de Thanatos e o expulsara de Imperia... Isso me deixava pensando... Será que foram mesmo caçadores de vampiros da Terra que aliciaram os Elfos? Ou alguém mais? Nesse momento bateram na porta e Zarana abriu, pude ouvir sua voz dizendo:

- Oh! Entre Xenarib! Que surpresa agradável.

- Obrigada milady... Eu...

- Veio ver o Garlock não foi?

- Sim eu...

- Bem então entre, eu e Thanatos estamos de saída. Adeus.

Ela saiu e fechou a porta. Pude ouvir Xenarib se aproximar com minha jaqueta dobrada em seus braços. Sua armadura estava refeita. E ela estava estonteante. Se aproximou de mim e sorriu ao ver o estado em que estava. Passou a mão em meus cabelos afastando-os da minha testa. Ao sentir seu toque meu coração acelerou tanto que achei que fosse perfurar meu peito.

- Você ta horrível.

Sorri. Fitei-a.

 - Não estou pior do que você estava... Que eu saiba, se não fosse por essa jaqueta todos os homens nesse castelo, há essas horas, já saberiam até a cor de seus mamilos.

Ela corou e, antes que pudesse dizer qualquer coisa, eu segurei sua mão e a beijei. Nunca entendi esse gesto de minha parte. Ali eu já começava a agir por puro instinto. Ela, assustada e impressionada pelo meu gesto, sentou-se na cama ao meu lado, mas não soltou minha mão.

 - Obrigada pelo que fez... Eu... Fui muito tola pulando por cima de você.

- Não foi não, apenas precipitada. – disse eu rindo. Olhei para os olhos dela e percebi, pela primeira vez, que eram divinamente lindos. Secretamente, usava meu próprio poder vampiro pra curar minhas feridas e, em poucos segundos, estava curado e em minha forma humana. Ela olhou em meus olhos. E sorriu.

- Tem olhos lindos. Aliás...  – Ela baixou os olhos e disse corando – Você é lindo Garlock.

- E você também Lady Xenarib. – disse eu corando tanto quanto ela, nem ao menos sabia o por quê de estar agindo daquele jeito – Posso garantir isso. - Ela olhou para mim, tirou o capacete e pude perceber que suas orelhas eram pontudas. Estranhei. – É uma elfa? – Ela sorriu.

- Uma híbrida de elfos negros e humanos. Por quê? Algum problema?

Acariciei seu rosto. Sorri e acariciei aqueles sedosos cabelo platinados. A puxei lentamente para mim.

 - Nenhum.

Nossas línguas dançavam dentro de nossas bocas. Foi um beijo longo e carinhoso de ambas as partes. Sorri e lhe acariciei o rosto novamente. Naquela noite nos separamos e logo adormeci. Passei o dia todo na enfermaria e ela fez questão de me “supervisionar” pessoalmente. À noite eu saí do hospital e voltei a meu quarto no castelo. E lá estava ela me esperando. Não mais com uma armadura negra cobrindo seu corpo, mas com uma camiseta negra e uma jeans. Estava descalça, mas pude perceber um par de saltos no canto do quarto. Percebi Também que ela usava uma meia calça negra. Sorri. Era já tarde da noite e, mesmo para Darkoron, onde o sol nunca nasce, era costume todos já estarem dormindo.

- Posso saber o que faz aqui há essa hora?

- Hmmm, esperando alguém para me fazer companhia.

Eu ri e fechei a porta passando a chave.

 - Será que a minha companhia lhe agrada? – perguntei chegando perto dela e sentando-me na cama ao lado dela. Ela por sua vez passou a mão pelo meu ombro direito e sorriu, segurando-me a nuca.

- Era justamente essa companhia que eu queria.

Nos beijamos lascivamente. Ela logo se impôs, me deitando na cama e ficando com seu corpo em cima do meu. Mordia meu pescoço levemente, me provocava delírios e arrepios. Ela olhou bem dentro de meus olhos e disse:

 - Quando você veio, nem pensei que pudesse chegar a isso! Era apenas um fedelho na época e achei que seria mais um soldadinho. Mas aí vi sua luta com Hipnus. Naquele dia eu vi que você tinha potencial, apesar de ser o menininho de Thanatos. – ela sorriu e acariciou meus cabelos. Senti-la sobre mim estava me deixando louco. Meu membro, já quase explodia, mas ela continuava falando – Eu fiquei reparando em você esse tempo todo. Mas você esteve sempre tão ocupado que nunca percebeu. Realmente foi um choque pra mim, receber seu beijo hoje. – Ela me olhava nos olhos. Me deu mais um beijo e escorreu sua boca pelo meu pescoço. Deu uma leve mordida em minha orelha e disse:

- Eu te amo Garlock.

Eu a apertei num abraço apertado e a beijei, carinhosamente. Então fitei aqueles olhos azuis turquesa. Sorri. Percebi naquele instante que eu também a amava.

- Eu também te amo Xenarib. E muito.

Ela sorriu. E se deitando novamente por cima de mim, me deu outro beijo, mas dessa vez suas mãos desceram por meu tórax, chegando à minha calça. Ela me olhou nos olhos com uma expressão de malícia no olhar. Confesso que me assustei com aquele olhar.

Nada poderia me preparar para aquela noite, e nem para as noites que se seguiriam, e cada vez mais eu e Xenarib nos aproximaríamos. E até hoje não sei o que nos uniu tanto...


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Notas finais do capítulo

Uma nova fase da minha vida se iniciava. E eu ainda não podia definir exatamente o que queria fazer. Só sabia que queria ficar perto de Xenarib... pela eternidade.

Próximo Capítulo – Primeiros acordes de uma marcha fúnebre



NdA: Se não postar review não tem mais capítulo. Vou apelar agora Ò.Ó