Inocência e Caos os Primeiros Passos no Abismo escrita por Garlock


Capítulo 3
Capítulo 3 – A primeira derrota




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/13126/chapter/3

<!-- /* Font Definitions */ @font-face {font-family:"Cambria Math"; panose-1:2 4 5 3 5 4 6 3 2 4; mso-font-charset:1; mso-generic-font-family:roman; mso-font-format:other; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:0 0 0 0 0 0;} @font-face {font-family:Calibri; panose-1:2 15 5 2 2 2 4 3 2 4; mso-font-charset:0; mso-generic-font-family:swiss; mso-font-pitch:variable; mso-font-signature:-1610611985 1073750139 0 0 159 0;} /* Style Definitions */ p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal {mso-style-unhide:no; mso-style-qformat:yes; mso-style-parent:""; margin-top:0cm; margin-right:0cm; margin-bottom:10.0pt; margin-left:0cm; line-height:115%; mso-pagination:widow-orphan; font-size:11.0pt; font-family:"Calibri","sans-serif"; mso-ascii-font-family:Calibri; mso-ascii-theme-font:minor-latin; mso-fareast-font-family:Calibri; mso-fareast-theme-font:minor-latin; mso-hansi-font-family:Calibri; mso-hansi-theme-font:minor-latin; mso-bidi-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-theme-font:minor-bidi; mso-fareast-language:EN-US;} .MsoChpDefault {mso-style-type:export-only; mso-default-props:yes; mso-ascii-font-family:Calibri; mso-ascii-theme-font:minor-latin; mso-fareast-font-family:Calibri; mso-fareast-theme-font:minor-latin; mso-hansi-font-family:Calibri; mso-hansi-theme-font:minor-latin; mso-bidi-font-family:"Times New Roman"; mso-bidi-theme-font:minor-bidi; mso-fareast-language:EN-US;} .MsoPapDefault {mso-style-type:export-only; margin-bottom:10.0pt; line-height:115%;} @page Section1 {size:612.0pt 792.0pt; margin:70.85pt 3.0cm 70.85pt 3.0cm; mso-header-margin:36.0pt; mso-footer-margin:36.0pt; mso-paper-source:0;} div.Section1 {page:Section1;} -->

Estávamos andando pela floresta há mais de três semanas. Sempre evitávamos clareiras e estradas. Quanto à Layla, nos revezávamos para carregá-la. Ainda era muito nova para caminhar por lugares como aquele. Paramos um dia para descansar à beira de um rio. Meu pai se abaixou para tomar água e Hipnus ficou de guarda. ME aproximei de meu pai.

 

— Pra onde vamos pai?

— Ainda não sei filho. Agora cuida de Layla.

— Se tivéssemos caçado aqueles idiotas já teríamos matado todos.

Hipnus se virou e veio em minha direção. Me deu um soco no rosto que me fez cair de joelhos.

— Você não sabe o que fala Garlock! Eles eram muito mais poderosos que nós! Não teríamos a menor chance!!

— É mesmo Hipnus? – eu me ergui. A fúria em meus olhos. Meu pai nos observava – É por isso que fugiu e deixou nossa mãe pra trás? É isso? Que eu me lembre você já havia se escondido quando eu cheguei!!!

— Ela me mandou me esconder! O que eu podia fazer?

—Ela me mandou também! Mas você ACHA QUE EU IA DEIXAR MINHA MÃE PRA TRÁS?!? COVARDE!!!!!

Hipnus finalmente ardeu. A fúria em seu olhar era arrepiante. Mas eu também estava furioso. Em um segundo nos atracamos. Ryu se ergueu, mas meu pai acenou para ele. Nos observava. Eu já estava por cima e despejei logo três socos em Hipnus. Ele tonteou e eu o segurei pelo pescoço. Um brilho vermelho em meu olhar. Foi então que meu pai uivou. Nós dois olhamos para ele. Havia um brilho estranho em seu olhar. Nos levantamos e ficamos de frente pra ele.

— Vejo que finalmente estão pondo as cartas na mesa e acertando suas diferenças. Mas eu ainda sou o superior aqui e exijo que me respeitem. – olhamos para o chão nessa hora. Ele continuou – Bem. Não posso tirar a razão de Garlock, Hipnus, pois ele está certo. Ficou para defender Anita, sua mãe. – Hipnus olhou para o chão. Eu observava meu pai. Sabia que ainda não havia acabado – Por outro lado Garlock, Hipnus também não estava errado ao obedecer sua mãe. Estavam ambos certos, um pela obediência e o outro pela coragem. Mas ambos agora erraram. Nunca agridam alguém da família. Já estamos fragmentados demais para agüentar mais essa.

Ele se dirigiu para o rio e começou a caminhar. Ryu, carregando Layla, seguiu meu pai. Hipnus olhou pra mim.

— Desculpa pelo soco?

— Sem problemas. Você apanhou mais que eu.

Ele riu.  Recomeçamos a caminhar e meu pai riu baixo. Estava tudo correndo bem. Mas pude notar um olhar de dor para Layla. Não entendi o por que.

 

Uma semana depois, ao acordar, não vi meu pai... nem Layla e nem Ryu. Sem acordar Hipnus, saí procurando-os. Encontrei meu pai sentado em uma pedra. Estava transformado em lobisomem branco. Estranhei. Me aproximei e ele me viu.

— Pai... cadê a Layla e o Ryu?

Ele demorou a responder. Mas olhou o horizonte.

— Enviei Ryu para uma cidade humana. Lá ele deve encontrar Alexander, o arcanjo. E deixar Layla lá para ser cuidada.

— O QUÊ!!??!?! PAI!!!

— Ela não duraria muito mais tempo aqui Garlock. E você sabe disso.

Engoli seco. Sim, eu sabia. Sabia que aquele lugar não fazia bem a ela. Me virei. Me afastei de meu pai e voltei pra junto de Hipnus. Ele já havia acordado e me olhava. Me sentei e falei:

— Ryu se foi com Layla para uma cidade... Não virão mais conosco.

— Já esperava por isso. Ela estava ficando fraca.

— Eu também percebi... Mas achei que ficaríamos sempre juntos.

Ouvimos um barulho. Hipnus se virou e eu me transformei. Um veado apontou a cabeça por cima de um arbusto. Ataquei tão rápido que nem ele nem Hipnus viram o que aconteceu. Quando meu pai voltou, já na forma humana, ele estava sendo assado numa fogueira. Sorriu meio triste.

— Vocês quase não precisam mais de mim.

— Não somos assim tão poderosos. – disse olhando as chamas – Se não fosse você estaríamos mortos agora.

Ele se aproximou e testou a carne. Sorriu.

— Onde acharam temperos?

— Tem uns alhos poros ali atrás. – disse Hipnus apontando para uma árvore – Sal nós trouxemos para os ferimentos lembra?

— Lembro sim... Bem... está quase pronto. Hei! Garlock! Aonde vai?

Havia percebido alguma coisa. Um cheiro estranho, suspeito. Deliciosamente divino, mas que trazia implícito o cheiro da morte. Me levantei e comecei a segui-lo. Meu pai mandou Hipnus ficar lá e cuidar do assado. Ele me seguiu. Eu estava parado atrás de um arbusto observando. Um acampamento se abria para mim. Não eram elfos. Pareciam guerreiros vestidos de negro. Avancei, saindo dos arbusto. Pude escutar um chiado de desaprovação de meu pai. Mas o cheiro era algo maravilhoso pra mim. Me aproximei do guarda perto de uma tenda.

— Ei moço. O que é que vocês estão cozinhando?

Ele me olhou. Parecia que ia rir.

 

— Sai daqui moleque! Não é lugar pra crianças.

Aquele tratamento me irritou. Dei-lhe um chute na canela, que o fez pular. Depois apliquei uma rasteira e passei correndo até o caldeirão no meio do acampamento. Parei perto de um homem que estava deitado num divã. Parecia o líder. Olhei dentro do caldeirão e pude perceber um líquido dourado dentro. O guarda já quase me alcançava quando ouvi o homem dizer:

— Deixe-o Litos. Se ele entrou é por que quer alguma coisa. -Olhei para o homem. Tinha os cabelos castanhos e olhos prateados. Olhou para mim. – O que quer garoto?

— O que vocês tão cozinhando?

— É néctar. Quer um pouco?

— Não! Ele não quer.

Meu pai chegou. Sua imponência voltara. O homem se ergueu sorrindo.

— Ora, ora, ora. Lorde Galahad, que honra. O que o trás aqui?

Meu pai não deu atenção às palavras dele. Se virou pra mim.

— Garlock, vamos!

O homem sorriu.

 

— Oras Wotan. Deixe o menino tomar um pouco. – Ele olhou para meu pai e sorriu estreitando os olhos – Você se lembra de como é bom não é?

Meu pai rosnou.

— Fique longe de minha família Thanatos. Ou eu destroço você.

Nesse instante, Hipnus saiu da mata e olhava para nós. Correu se aproximando. Quando Thanatos nos viu sorriu ainda mais.

— Do que fogem Wotan?

— Não é da sua conta é?

— Ora vamos. O que houve Wotan? – Thanatos riu – O gato comeu sua língua?

Meu pai rosnou de novo. Mas percebi que não havia perigo. Aquele homem só estava curioso. Me adiantei.

— Nossa casa foi invadida por caçadores. Destruíram todos... – Baixei os olhos – Inclusive minha mãe.

Thanatos olhou para mim incrédulo. Olhou para meu pai.

— Isso é verdade Wotan? Anita está...

— Sim! Ela está morta.

A fúria ascendente de Thanatos fez até mesmo seus guerreiros se afastarem. Não entendia o por que dele ter ficado tão nervoso. Mas pensei que ele podia ser um amigo dela. Ele olhou para meu pai.

— Devemos vingar a morte dela! Wotan! Já sabe quem são?

— Se soubesse acha que estaria fugindo?

— Eu os encontrarei! Eu os destruirei Wotan! Junte-se a mim!

Fiquei impressionado pela atitude dele. Mas meu pai me decepcionou.

— Não. Vou seguir meu caminho com meus filhos.

— PAI!!

— Vamos Garlock.

 

Pela primeira vez não obedeci meu pai. Ele se afastava com Hipnus mas eu fiquei ali, parado ao lado do caldeirão. Quando ia sair do acampamento ele deu por minha falta. Se virou.

— Vamos Garlock!

Olhei para o chão.

— Não.

Ele olhou para mim incrédulo.

— O que disse?

— O que ouviu! – não ergui a cabeça, mas lágrimas rolavam por minha face – Não vou fugir mais! QUERO VINGANÇA! finalmente ergui a cabeça e encarei meu pai. Hipnus baixou a cabeça e, se afastando de meu pai, se postou ao meu lado.

— Hipnus!?

— Desculpe pai. Mas Garlock tem razão... Não adianta ficar fugindo.

Ele olhou para nós. Baixou a cabeça. Pela primeira vez na minha vida vi uma lágrima cair da face de meu pai.

— Que seja... É a escolha de vocês... Mas saibam, foi a primeira de muitas derrotas em suas vidas...

Ele se afastou, sumindo na floresta. Nunca me esqueceria desse dia. Finalmente minha família estava totalmente destruída... Nada restara.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Naquele dia não entendi o que meu pai quis dizer. Mas hoje, pensando no assunto, sei que foi realmente ali que fui derrotado. Fui derrotado pelo meu orgulho e pela minha sede de vingança. Sei que meu pai também queria isso... mas ele soube esperar. Eu não.

Próximo Capítulo: O Início da queda