[Narrador Mode-On]

Bill estava desconfiado. Tom andava muito estranho de uns tempos pra cá, misterioso. Mais observava do que falava. De certa forma isso o preocupava, pois não era legal ficar sem ter a mínima ideia do que se passava com seu irmão. Ficava meio sem graça de perguntar a ele o que se passava, por causa do clima ruim que estava entre eles devido à briga. E também, pensou que se não veio conversar sobre isso até agora, não falaria a verdade se fosse questionado.

Mas de uma coisa Bill estava certo: todos os dois mudaram muito ao decorrer dos anos e agora, mais velhos, maduros e com a cabeça mais formada, viam as coisas com outros olhos. Diferente de quando tinham dezesseis anos, por exemplo. Mesmo assim, não era por causa disso que Tom estava mudado. Em parte até poderia ser, mas só um pouco.

Por causa de tudo isso, resolveu tentar descobrir o que estava acontecendo sozinho. Vai que de alguma forma poderia ajudar? Ainda mais se Tom estivesse com problemas...

Foi então que uma lembrança brotou em sua cabeça. Poderia ser uma pista de por onde começar.

– É isso, o notebook dele! – estala os dedos.

Como Tom e G’s ainda dormiam, porque ficaram jogando sinuca até altas horas da madrugada, o momento para vasculhar era aquele. Terminou de tomar café da manhã e foi correndo para a sala de jogos. Não tinha muito tempo, afinal algum deles poderia acordar a qualquer momento e pegá-lo no flagra.

Procurou o notebook para todo lado da sala e não encontrou. Só ia faltar Tom tê-lo levado para seu quarto. Quando abriu uma das gavetas da mesa ao fundo da sala, lá estava! Bill suspirou aliviado, sentou-se na poltrona e ligou o notebook.

– Deve ter alguma coisa aqui. – disse, lembrando-se do dia em que Tom estava na sala de jogos mexendo nele e ficou todo estranho com a presença do irmão. – Vejamos agora a senha. – digitou a de sempre, mas não era. – Ai Deus, e agora? Vamos tentar... Sei lá, sexgott. – digita a palavra. – Deu certo! Que senha é essa Tom, seu brega! – gargalha.

O vocalista vai direto ao navegador da internet, afim de ver o histórico de páginas que o irmão andou visitando nesses últimos tempos. Assim que abre tem uma surpresa.

– Então é isso que você anda fazendo, Tom Kaulitz! – exclama, perplexo com o que acaba de ver.

No histórico, mostrava que Tom andou visitando vários sites de fofoca, fã clube, além de ver vídeos, tudo relacionado à Sweet Poison e principalmente à Alicia! Agora sim Bill entendia porque o irmão sabia várias coisas sobre ela, sendo que ela mesma jamais havia se sequer dito a eles.

– Não entendo... Por que ele iria stalkear a Alicia dessa maneira? – Bill se pergunta, pensativo. – Será que... – faz uma pausa. - Não pode ser!

Tom estava apaixonado pela Alicia. Era a única explicação.

Naquele momento, sua ficha havia caído. Era óbvio que quem estava realmente interessado nela era o irmão. Agora sim ele entendia o porquê dele ter provocado a briga de dois dias atrás. Ciúmes. A verdade era que na maioria das vezes Bill não chamava o irmão para ir junto pelo fato dele ter chegado tarde de festas, como foi da última vez, e também porque os programas que fazia com Alicia eram iguais aos que ele costumava fazer com Natalie. E como agora a makeup artist tinha se ausentado por causa de sua gravidez, Alicia passou a ser sua companhia de compras e fofocas.

– Ahh Tom, você não me escapa! Vai ter que explicar direitinho essa história...

***

Bill queria ter provas mais concretas de que Tom estava mesmo interessado em Alicia. Na verdade se sentia um pouco idiota por não ter notado isso antes na fisionomia do irmão, quando ele estava na presença dela. Mas também, essa hipótese jamais passou por sua cabeça.

Tom sempre foi mulherengo e por mais que, de uns tempos pra cá, não tenha saído tanto com várias como no passado, ele não havia mudado completamente. Certamente já teria jogado indiretas ou dado em cima dela descaradamente como sempre fazia, quando estava interessado em alguma garota.

Mas nada disso aconteceu.

– Muita coisa não está batendo... – pensa Bill, em voz alta deitado em sua cama.

A confusão tomava conta de sua mente. Agora, mais do que nunca, ele queria tirar essa história a limpo. Odiava ficar com a mente frita, principalmente quando não estava inteirado dos assuntos que o rodeavam.

E depois de se debater muito, ele teve uma ideia.

Desceu as escadas e lá estavam os garotos sentados tomando café da manhã. Aquele era o momento perfeito para começar a colocar seu plano em prática.

– Bom dia. – cumprimentou, sorridente.

– Madrugou, hein? – disse Georg, passando geleia em sua torrada.

– Sim e cheio de planos! – senta-se na cabeceira da mesa. – Não marquem nada para hoje à noite.

– Por que? – indaga Gustav.

– Já que vocês estão aqui e o Andreas chega agora à tarde, pensei em convidar uns amigos para virem para cá. – faz uma pausa. – Jost, o pessoal da equipe, a Alicia... – olha para o irmão, que continua tomando seu café, calado.

– Por mim está ótimo. – Concorda o baixista.

– Por mim também! Se você precisar de ajuda pode contar comigo.

– Ok, então vou começar a providenciar tudo. – levanta-se. – Precisarei sim, Gustav! Só farei algumas ligações e já volto para irmos comprar as bebidas. – sai da copa em direção ao jardim.

– Enquanto isso vou trocar de roupa.

– Pode aproveitar hoje à noite e dar seu bote! – diz Georg para Tom, assim que Gustav sai.

– Tá maluco? Bill me queima vivo. – faz uma pausa. – Mas bem que eu queria... – ri.

– Leva ela pro corredor canto ou qualquer outro lugar escuro. Pelo menos assim, não verá a sua feiura. – diz, debochado.

– Cala a boca, idiota! – joga uma uva no amigo.

***

– Chegamos! Esse aqui é o condomínio dos Kaulitz! – disse Alicia, parando o carro na frente do portão para que o porteiro liberasse a entrada.

Com ela, estavam as meninas da Sweet Poison. Bill também as tinha convidado, além de Gaby e Brad, que estavam no carro de trás. Mas o intuito principal de tudo isso era observar Tom perto da guitarrista. Só que dessa vez com muito mais atenção. Alguma coisa ele deixaria escapar, não é possível!

– Nossa, que lugar lindo! – diz Bella, olhando pela janela as casas.

– Também achei! Depois quero ver se tem alguma propriedade à venda por aqui. – diz Sophia.

– As festas lá são boas, Alicia? – pergunta Jéssica.

– E como, vocês vão amar! Bill é sempre impecável na preparação das festas. – faz uma pausa, virando a esquina e em seguida estacionando o carro. – Let’s go bitches?

Todos desceram dos carros e Alicia tocou o interfone. Menos de um minuto depois, foi recebida por Andreas, que abriu o portão lateral.

– Sejam muito bem-vindos! – disse ele, cumprimentando a todos em seguida.

Assim que viu Alicia chegando, Bill foi logo ao seu encontro. Ele estava nervoso e tentou ao máximo disfarçar isso. Se ela, Tom ou qualquer outra pessoa percebesse, colocaria seus planos por água a baixo. Respirou fundo e ignorou seu coração acelerado.

– Que bom, vocês vieram! – disse. – Fiquem à vontade, estão em casa!

– Nossa, que mãos geladas Bill Kaulitz! – brincou a guitarrista quando ele a tocou. – Pode ficar tranquilo, estou aqui! – ela ri.

– É porque eu estava mexendo no freezer. – ri de nervosismo.

– Vou lá cumprimentar os meninos. – se afasta fazendo Bill a acompanhar com os olhos.

Alicia foi em direção ao canto onde Tom e Georg conversavam. Assim que a avistaram, ambos abriram um sorriso.

– Chegou quem faltava! – disse o baixista, fazendo Tom corar.

– A festa é outra com a minha presença, podem admitir! – abraça Georg. – Tudo bem com você? Como foi de viagem?

– Tudo ótimo! A viagem foi cansativa, para variar...

– Imagino mesmo... – vira-se para Tom e abre um sorriso largo, fazendo-o sorrir de volta. – Você tá me devendo, lembra? – cutuca seu ombro com o indicador e depois lhe dá um abraço longo.

– Não esqueci, pode ficar tranquila. – diz, se perdendo no perfume dela. Aquele definitivamente passou a ser seu aroma preferido.

– Assim espero! – ergue a sobrancelha. – Vou lá cumprimentar o resto do pessoal. – sai em seguida.

– Devendo o que? – questiona Georg assim que ela se afasta. – Você não tinha dito nada sobre isso!

– Não é nada demais! – diz, acompanhando a guitarrista com os olhos. – E você, quer fazer o favor de parar com essas indiretas? – vira-se de volta para o amigo. – Ela vai perceber alguma coisa, cara!

– Mas eu não falei nada de mais! Você com essa cara de cachorro pedindo carinho denuncia muito mais que eu!

– Até parece que eu fico assim!

De longe, Bill observava tudo. Percebeu que ele mudou sua feição assim que avistou Alicia e o modo como a acompanhou com o olhar quando ela saiu de perto. Depois disso, estava de cochichos com Georg.

As evidências apontavam claramente e Bill não tinha mais dúvidas.

[Narrador Mode-Off]