Acreditem: milagres acontecem.

Estou falando isso porque Bruno ainda não me ligou. Andei olhando no site oficial da Neon e eles estão com a agenda de shows lotadas até domingo... Então está explicado! Só que todas essas apresentações são nos arredores de São Paulo, então de segunda-feira essa nossa conversa não passa.

Agora nem estou mais com tanto medo do venha a ser, mas uma coisa é certa: vou ter uma enorme surpresa. É o que eu sempre espero do Bruno, surpresas.

Se pudesse escolher, ficaria em L.A. até o dia da turnê chegar. Apesar da saudade que estou da minha família, confesso que aqui tenho mais sossego. Quando chego lá, minha mãe sempre me enche de perguntas sobre as notícias que saem nos tablóides, além é claro de ficar falando na minha cabeça que mesmo longe eu devo sempre respeitar o Bruno e nunca traí-lo.

Como se eu fosse fazer isso... Não sou dessas!

Ela o idolatra desde o primeiro dia que o viu, e sempre diz que ele foi a melhor coisa que me aconteceu.

Bom, mas isso é assunto para me preocupar depois.

Na minha cabeça agora só tem espaço para a festa de hoje à noite na casa dos Kaulitz. Estou suuuuuper ansiosa, mal posso esperar... Tanto, que essa noite quase não consegui dormir. Confesso que estou com um pouco de receio, já que posso parecer uma intrusa...

São exatamente nove horas da manhã e acabo de levantar da cama, não aguento mais rolar de um lado para o outro! Gabriella não está em casa, com certeza foi à padaria. Assim que escovo os dentes, abro o meu closet pra pensar o que raios eu vestirei hoje.

Ouço o barulho da porta se abrindo. Valentim, que estava deitado no tapete perto do sofá que há no meu quarto, rapidamente foi correndo ver quem era.

– Ah! Ainda bem que você já acordou! – diz Gaby, me vendo em pé dentro do quarto.

– Bom dia, amiga! Você quem madrugou hoje! – ando em sua direção.

– Ai, eu não consegui pregar os olhos... – entra na cozinha e coloca os pães na bancada.

– Tudo por causa da tensão do jantar de hoje, né? – também vou para a cozinha, para arrumar o café da manhã. - Somos duas... Mal consegui dormir também. Mas não se preocupe, vai dar tudo certo! – pego o leite na geladeira.

– Assim espero... Não aguento mais essa vontade de abraçá-lo! – ela sorri timidamente quando percebe o quanto foi sincera.

– Aaaaaaaaah, que lindo! Mas pelo andar das coisas, você vai ser saciada pra sempre! – gargalho.

– Meeeeeeeu sonho! – ela faz uma pausa e fica pensativa. – Nossa Alicia, olha só quanta coisa aconteceu em uma semana... E pensar que tudo começou há cinco dias atrás!

E ela tinha razão. No domingo eu conheci meus ídolos, na quarta encontro com um novamente e na quinta vou numa festa na mansão deles. Ninguém acreditaria que isso poderia acontecer, nem eu mesma. E tudo isso não está acontecendo por um simples acaso, eu tenho certeza.

– É verdade... Acho que nunca aconteceu tanta coisa em uma semana. – coloco o leite no fogo para fazer cappuccino.

– E hoje à noite? Você já sabe com que roupa irá? – pergunta ela, saindo para arrumar a mesa.

– Ainda não... Estou muito, muuuuito nervosa mesmo.

– Não vá me dizer que você está desistindo de ir! O Bill te mata!

Quando iria respondê-la, meu celular toca. E a primeira pessoa que me vem na cabeça é: Bruno. Gabriella corre no quarto para pegá-lo e quando entra na cozinha, está com um imenso sorriso.

– Quem é? – pergunto.

– Atenda e verá! – ela não me deixa ler os nomes na tela e coloca o celular no meu ouvido.

– Alô? – digo, receosa. Se ela sorriu, não deve ser o Bruno...

– Alicia Liecht, você sabe quem está falando? – pergunta a pessoa do outro lado da linha. É claro que eu sei, eu jamais esqueço uma voz.

– Claro que sei! Como vai, Tom Kaulitz? – respondo, fazendo Gaby, que está do meu lado, arregalar os olhos e abre um sorriso.

– Droga! Não consegui pregar uma peça em você... – ele ri. – Espera aí, Bill! Eu já vou te passar o telefone. – diz, com a voz mais distante. Na certa ele deve ter afastado o telefone.

– Então você queria me enganar? Isso não se faz com uma fã! – brinco, tentando não parecer o quão nervosa estou.

– Me desculpe, mas eu não resisti! – ele ri. – Bom, mas a questão é: você vai vir hoje aqui, não é? – pergunta. – Ou você mudou de ideia?

– Não, eu não mudei de idéia... Claro que irei! – respondo, timidamente.

– O Bill está aqui me enchendo, ele quer falar com você também... – diz. – Vou passar o telefone, se não ele não vai me deixar quieto. Te espero aqui então, beijos!

– Ok, beijos! – digo e Gaby, parada na minha frente, fica me perguntando o que ele está dizendo. – Oi Bill! A que devo a honra dessa ligação?

– Eu estava ligando, mas o intruso do Tom arrancou o celular da minha mão, sabe... Mas você vem mesmo? – pergunta Bill.

– Sim! Se eu não for incomodar, é claro.

– Incomodar? – ele ri. – Lógico que não, Alicia! Desde quando você incomoda alguém? Deixe de bobagem! Aqui só vão estar eu, os garotos e a equipe da banda... Não estaremos trabalhando!

– Se você está dizendo, então eu acredito! – rio de nervosismo.

– Então o Tom pode passar aí pra te buscar às 9? – ele pergunta, calmamente.

– O Tom virá me buscar? – repito, pasma com o que ele acaba de dizer. Quando me ouve, Gabriella começa a rir. – Obrigada Bill, mas não é preciso... Eu vou de carro.

– E voltar tarde da noite sozinha? Não mesmo, Alicia! Ele vai te buscar. – insiste.

– Sério, Bill... Não há necessidade! Eu não me importo de voltar sozinha e além do mais, não é certo Tom sair no meio da festa para me buscar! – argumento.

– Você é muito cabeça dura! – diz Bill. – Então se você mudar de idéia é só ligar que o Tom vai. Lembra-se do endereço?

– Sim, tenho anotado aqui no meu celular! – respondo. – Lá para as nove eu apareço aí, ok?

– Estaremos à sua espera! Um beijo! – exclama.

– Outro! Até mais tarde. – desligo o celular.

Gabriella pula de alegria na minha frente, e já começa com a falação de sempre.

– Então agora vocês já estão tão íntimos que o Bill quer que o Tom te busque? Se fosse eu no seu lugar, teria respondido com um “claaaaaaaro que ele pode vir me buscar, eu ficaria agradecida já que o meu carro quebrou...”. Você enlouqueceu, devia ter aceitado!

– Eu que enlouqueci? Olha as coisas que você fala! Você deve se lembrar que eu não tenho mais 15 anos e que até onde sabemos entrar sozinha no carro de Tom Kaulitz é um perigo! Não podemos desconsiderar que, além da possibilidade de eu ser agarrada por ele, algum paparazzi, que sempre brota do chão, pode aparecer e nos fotografar! Aí você imagina só o escândalo com o qual essas fotos causariam nos tablóides brasileiros.

– Nem me venha com essa! Eu sei muito bem que você não pensa nada disso a respeito do Tom... – anda para o lado da mesa com os pães em uma vasilha na mão.

– Você está certa, mas ele é homem e se tratando disso não posso descartar essa possibilidade. – sento-me. - Vai saber o que se passa pela cabeça dele.

– Pois é. – ela também se senta à mesa.

Mais tarde, eu e Gaby começamos a nos arrumar e a tensão continuou tomando conta. Ainda estou me sentindo como uma intrusa. Mas eu tenho que ir... Bill não me perdoaria se eu desse um bolo neles, ele fez tanta questão...

Brad marcou com Gabriella agora às oito, então pelo visto ele deve estar quase chegando. Ela já está pronta, sentada na sala assistindo TV com o celular na mão. Deve estar três vezes mais nervosa que eu.

– Está quase na hora! – chego na porta do quarto, avistando-a.

– É... – ela sorri. – Será que ele é pontual?

– Aposto que sim!

O celular toca e ela dá um pulo super engraçado do sofá.

– É ele, é ele! – ela diz, olhando pra mim. – Oi Brad! – atende o celular. – Já estou descendo! – ela desliga, anda em minha direção e me dá um abraço apertado. – Deseje-me sorte!

– Vai dar tudo certo! Vocês foram feitos um para o outro. – lhe dou um beijo na testa. – Desce e arrasa, gata! – gargalho pra ela, que faz o mesmo e em seguida sai.

Depois disso, volto para o banheiro para me maquiar. Agora são oito horas, ainda tenho tempo de sobra... Nem troquei de roupa, estou de roupão ainda.

Entro no closet e pego minha calça preta skiny preferida, um Flannel And Lace Bustier preto da Dolce&Gabanna, um Sam Edelman Renzo Black Boots, por fim uma bolsa azul de tafetá com o fecho de caveira do Alexander McQueen e para finalizar umas pulseiras douradas com strass. Troco de roupa e solto os bobs do cabelo.

Agora sim estou pronta. Só o Bruno não me ligar agora e me atrasar, está ótimo! Olho no relógio que marca 9:05.

Está na hora de ir.

Saio de casa e desço até o estacionamento para pegar meu caro. Eu tenho um Audi A7 prata, que ganhei como cortesia de uma concessionária depois que comprei um carro para meus pais.

Entro no carro, coloco o Tokio Hotel no player para aliviar um pouco a tensão e dou partida, rumo à mansão dos Kaulitz.