POV Nico

                Eu estava no shopping sendo arrastado para um monte de lojas de roupas femininas pela Bia, pela Juju e pela Karoline, elas me faziam entrar em tudo quanto é lojas e adivinha? Quem disse que eu pagava muito mico acertou em cheio. Fala sério, agora elas tão me arrastando para uma loja de lingeries!

- SOCORRO!!!!! – gritei quando as três estavam me puxando para a loja, eu arrastava minhas botas (masculinas) no chão e elas me puxavam com grande esforço.

                Peraí, vocês não devem estar entendendo nada não é, bem, é que eu havia prometido levá-las no novo shopping center no fim de semana, só que eu não tinha prometido entrar em todas as lojas e agora tava tentando sair dessa enrascada.

- SOCORRO!!!! EU NÃO VOU ENTRAR NESSA LOJA!!!!! É TORTURA DEMAIS POR UM DIA!!!! – consegui me virar e comecei a puxar com mais força.

- Anda Nico, deixa de cena! – ouvi a Juju falar rindo.

- Isso não tem graça... Eu sou um homem, não vou entrar nessa loja nem que eu esteja sendo ameaçado de morte!!! – falei puxando com mais força.

                Não sei como, mas do nada eu tropecei e acabei levando as meninas junto comigo, antes de cair no chão eu me virei e cai de costas (é melhor do que cair de cara). Acabou que a Ka e a Bia caíram cada uma em um lado meu, só que a Juju acabou caindo em cima de mim, e seu rosto estava bem perto do meu. Vi ela corando levemente e sua respiração ficou um pouco mais pesada.

- MAS O QUE SIGNIFICA ISSO? – ouvi alguém gritar. “Impossível, não pode ser a...” virei meu rosto enquanto pensava.

- Nicole? – falei ao ver minha namorada com um rosto vermelho de raiva nos olhando com o mais puro ódio.

                A Maria Júlia saiu de cima de mim e se levantou, me levantei num pulo. Olhei para Nicole de novo, tinha um cara alto, loiro e forte com aparência de uns 15 ou 16 anos, eu conhecia todos os primos e primas por parte de mãe e pai dela, e ela não tinha irmãos. “Mas quem é esse cara?”.

- Nico di Ângelo acho bom você começar a se explicar... – ela falou irritada.

- Ele não tem nada o que explicar Nicole, somos nós que temos que explicar o que aconteceu. – a Maria Júlia falou confiante.

- Então... explique.

- Nós pedimos para o Nico nos trazer aqui no novo shopping e ele concordou, então nós... – ela ficou um pouco corada.

- Essa parte deixa que eu explico, meninas. – falei e me virei para Nicole. – ela me arrastaram. Literalmente, por todas as lojas de roupas femininas e agora estavam tentando me arrastar para dentro de uma loja de lingeries, e eu não queria entrar, então eu comecei a fazer força para voltar. E depois, de alguma forma eu tropecei e nós caímos e a Juju acabou caindo em cima de mim porque estava logo atrás de mim. Não foi nada demais Nicole. Não precisa ficar assim. – ela pareceu se acalmar.

- Tá bom, eu acredito em você, mas se isso acontecer de novo, tá acabado Nico. – ela avisou. O celular dela tocou, ela atendeu e saiu andando com aquele cara atrás dela.

- Você gosta mesmo dela Nico? – a Juju me perguntou me olhando nos olhos.

- Sinceramente? – ela assentiu. – Acho que não. – falei fazendo cara de indiferença.

- Então porque continua com ela?

- Sei lá. – dei de ombros.

- Hey, você vem ou não? – a Ka perguntou para a Juju.

- To indo. – ela se virou para mim. – Vai entrar com a gente? – perguntou fazendo cara de que ia rir.

- Tá maluca?  É claro que não. – falei. – Vou ficar sentado ali no banco. – me sentei no banco e fiquei olhando-as (lê-se: olhando a Maria Júlia) lá dentro.

                Elas voltaram depois de uns quinze minutos (mentira foram mais só que eu não vou falar, deu tempo até para eu tirar um cochilo).

- Nico acorda garoto! – a Bia falou rindo da minha cara de sono.

- Vocês são fogo hein! – falei dando um gole no meu refrigerante.

- Por quê? – a Juju perguntou.

- Vocês não conseguem ficar sem encher meu saco um segundo! – falei terminando de comer minhas batatas fritas. Elas riram, olhei em volta e parei meu olhar em um casal, uma garota com cabelos castanhos ondulados e um cara de cabelos loiros lisos. De relance percebi quem eram.

- Mais que puta... – falei fechando a cara.

- Quem? – a curiosa da Juju olhou para onde eu olhava e entendeu tudo. – Concordo com você. – ela deu uma mordida no hambúrguer

- Espero que ela gosto de um fim de namoro bem estiloso na frente do shopping. – falei tirando umas fotos dos dois, sim, para usar de provas.

- Como assim? – a Ka e a Bia olharam para eles.

- Depois do showzaço que ela deu lá falando que iria terminar comigo quem vai terminar com ela sou eu. – falei comendo meu hambúrguer.

Nós já estávamos de saída, mas esperamos eles saírem do shopping. Eles saíram depois de uns trezentos anos lá dentro, na hora que o loirinho saiu eu meti um murro na cara dele e ele caiu no chão. Nicole me olhou, tipo: “Porque você fez isso?”. O carinha me olhou do mesmo jeito. Virei-me para Nicole.

- Primeiro: Tá acabado. – antes que ela falasse alguma coisa eu continuei. – Segundo: não tente se explicar beleza. Terceiro: não tenta falar que eu não sei o que eu e as garotas vimos porque eu sei muito bem o que eu vi. – tirei o celular do bolso e mostrei as fotos.

- Mas porque você bateu em mim, cara? – o cara me perguntou passando a mão no rosto.

- Primeiro porque um homem batendo em uma mulher é muita falta de educação, segundo eu já tava com vontade de bater em alguém e tinha um motivo.

- Você tá brincando comigo né Nico? – a Nicole me olhou incrédula.

- Brincando por quê? Você acha mesmo que eu vou querer namorar alguém que seja infiel comigo e minta dizendo que me ama? Ah por favor Nicole, pensei que você fosse mais esperta!

- E você acha que eu não sei que você me trai também?

- Eu te traí? – olhei-a incrédulo. – Nicole, de uma coisa você pode ter certeza de uma coisa, infiel é uma coisa que eu não sou, aprendi isso cedo. Vi vários casais caindo por causa de infidelidade, mas eu nunca, em hipótese alguma, traí alguém.

- Aposto que não é só por isso que você tá terminando comigo... – ela se virou para a Juju. – Aposto que essa criaturinha aqui, seja o motivo real para você estar terminando comigo.

                A Maria Júlia a olhou como se a Nicole tivesse acabado de dar um tapa na cara dela.

- Eu? Garota, se liga, ele tá fazendo isso porque ele quer. – a Juju falou irritada. “Deuses, aqui vai pegar fogo!” pensei olhando espantado para as duas.

- Duvido, sempre tem um motivo real que acontecem as coisas, e aposto que esse motivo é você, sua Loira falsificada. – Nicole provocou.

- Como é que é? Você me chamou de quê? – Juju perguntou olhando-a incrédula.

- Você ouviu muito bem, te chamei de Loira Falsificada. – Nicole se aproximou mais da Maria Júlia. Engoli seco.

- Olha aqui o sua indiazinha de quinta categoria, não ouse me chamar assim. – dava para ver a raiva delas saindo pelos olhos.

- Como é que é?! – as duas começaram a brigar.

                Para quem acha que briga de mulher é só uns tapinha tá muito enganado, cara, elas começaram a puxar o cabelo uma da outra, se estapear, se arranhar e até mesmo se socarem. Eu preocupado com a situação das duas resolvi apartar a briga, já tinha um círculo envolta de nós.

- Parem as duas agora. –Falei justo quando eu ouvi um TLEC, entrei no meio e afastei-as. – Nicole, qual é o seu problema, a Maria Júlia não tem nada a ver com isso, eu já ia terminar com você mesmo.

- Mentiroso. – ela falou. Segurei seus ombros e olhei bem no fundo de seus olhos.

- Você acha mesmo que eu estou mentindo? Estou falando tão sério quanto já falei em qualquer dia da minha vida. Eu nunca pensei que um dia eu ia ver você nesse estado deplorável.

- Mas foi a Maria que começou. E olha eu quebrei o meu salto! Vagabunda, sua loira de quinta...

- NÃO FALE BESTEIRAS!!! – gritei. Larguei os seus ombros. – Você que começou falando besteiras aqui Nicole. – bufei. – Não acredito que só agora eu fui perceber o monstro que você é. Vamos meninas, vamos embora. Não quero ficar mais nenhum segundo aqui.

-A espere só um momento gente. - Disse Juju se virando para trás - Vagabunda e loira de 5ª categoria é a SUA vovozinha ta.

                Peguei as sacolas da Maria Júlia e saímos com a Juju correndo para conseguir nos alcançar, paramos no parque para eu ver os machucados dela. Ela tava cheia de arranhões, sentei-a no banco.

- Não quero nem pensar no que os meus pais vão pensar de mim. – falou. – Eu não posso aparecer assim lá em casa. – olhei para seu rosto. Seu cabelo estava bagunçado e tinha algumas esfoliações.

- Você tem sorte que eu carrego um kit de pronto socorro comigo. – falei tirando o kit de dentro da minha mochila.

- Meninas, tem como vocês verem se tem alguma drogaria aqui por perto, se tiver, tragam para mim, um daqueles potinhos de álcool em gel para mim.

- Pode deixar. – as duas saíram e eu fiquei cuidando dos ferimentos dela, comecei pelas pernas.

                Quando eu fui perceber só faltava o rosto dela. Sentei-me no banco e levantei um pouco o seu rosto com as pontas dos dedos.

- Você deu sorte, seu rosto não está tão machucado. – falei pegando um pedacinho da gaze, passando o álcool em gel, que estava para acabar, e depois passando em seu rosto. – Prontinho.

- Obrigada.

- Não há de que. – procurei uma escova de cabelo que minha irmã sempre enfiava na minha mochila, achei e dei para ela. – toma.

                Ela escovou o cabelo com bastante rapidez e facilidade, me entregou a escova mais rápido do que eu imaginei. Me olhou nos olhos, e, como muitas poucas vezes acontecia, me perdi no verde dos seus olhos. Sem perceber fui me aproximando até ficar, mais ou menos, menos de um centímetro. E acabei beijando-a.

[continua...]