I Will Be There For You escrita por Junny


Capítulo 1
What the hell is wrong with ya?


Notas iniciais do capítulo

Enfim, estou um pouco (lê-se muito) insegura em relação a essa fic. Eu gosto muito dela, pois abre novos horizontes e novos pontos de vista para mim, toda vez que a leio, e resolvi compartilhar com vocês.
Essa fic é meu xodózinho, pois estou amando escrevê-la.
Espero que vocês gostem dos temas abordados e espero responder muitos reviews.
Aceitarei críticas e sugestões abertamente.
E, se pá, uma parceria.
É isso.
Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/130956/chapter/1

-JUSTIN, JUSTIN, NÃO FAZ MAIS ISSO! NÃO É A MELHOR MANEIRA DE ACABAR COM SEUS PROBLEMAS, DE ARRANJAR UMA SOLUÇÃO PRA ELES.

-O meu único problema agora é você.- Justin trincou seu maxilar, levantando seu olhar furioso para sua mãe.- Me deixa em paz, caralho!- ele disse se levantando, e se desvencilhando das mãos de Pattie que estavam em seu ombro.

-JUSTIN, CHEGA. CHEGA DISSO, PELO AMOR DO PAI.- a voz de Pattie saiu tremida, denunciando o choro que já estava preso em sua traqueia.

-Eu já disse pra você me deixar em paz, porra.- Justin se levantou da cama e empurrou sua mãe contra a parede, fazendo com que ela batesse as costas violentamente. Ele parou a alguns centímetros de mim. Suas narinas se moviam conforme ele respirava, em um ritmo desesperado e descompassado. Seus olhos estavam vermelhos e inchados, emoldurados por olheiras roxas enormes.- E VOCÊ, O QUE QUER?- sua voz alterada gritou. Entreabri meus lábios, esboçando qualquer resposta educada, quando senti meu corpo ir de encontro com o batente da porta, em um baque surdo e dolorido.- SAI DA MINHA FRENTE, INFERNO.- Justin gritou, saindo em passos largos pelo corredor.

Eu tentava me situar no tempo, espaço e absorver a situação. Meu coração batia desritmado e acelerado, dando a impressão de que iria sucumbir dentro do meu peito a qualquer instante. Ouvi o choro de Pattie cortar o silêncio do quarto e meus pensamentos. Larguei minha mala de mão no chão e fui, em passos largos, em sua direção.

-A senhora está bem?- me abaixei, nivelando nossos olhares. Seu olhar estava perdido.

-Eu tentei de tudo. Não sei mais o que eu faço com esse garoto. Ele tá perdido. Eu o perdi.- Pattie tinha a aparência acabada e a fisionomia triste, totalmente diferente das fotos que eu tinha visto.

Eu não sabia quais palavras ela precisava ouvir. Abracei-a, confortando seu rosto em meu ombro. Seus soluços denunciaram que aquele fardo estava pesado demais para sua frágil figura. Eu estava um pouco perdida na situação. Os olhos vermelhos de Justin não pareciam em nada com os olhos cor-de-amêndoas que eu via nas fotos.

-A senhora quer um copo com água, um chá, alguma coisa?- falei nervosa, o que deveria ser feita em tal situação? Me levantei e ajudei-a a se levantar.

-Que bela recepção você teve.- ela soltou uma risada nasalada.- Como você cresceu!- sua voz era orgulhosa, como se aquela frase estivesse presa em sua garganta, pronta pra ser dita, mas guardada por falta de oportunidade. Sorri sem mostrar os dentes. Ela abriu os braços e me abraçou, dando leves tapinhas nas minhas costas.

-O que aconteceu com o Justin?- eu perguntei, temendo a resposta. Pattie respirou fundo.

-Ele se perdeu. Ele não é mais o que já foi um dia.- sua voz saiu chorosa. Amaldiçoei-me mentalmente por ter feito aquela pergunta. Os olhos de Pattie costumavam ter um azul tão claro quanto o azul que tinge o céu num dia de primavera, e agora eles não passavam de dois globos cinzas.

-Não precisa continuar.- falei baixo, de um jeito cúmplice.

-E você, querida, está melhor?- Pattie disse tentando mudar de assunto.

Não, ela não perguntava se eu havia melhorado de um resfriado, uma gripe, um caso de amor mal resolvido. Minha vida fora destruída. Por mim mesma, diga-se de passagem.

-Eu estou levando. Eu tento não pensar. Mas, dizem que o tempo apaga tudo. O tempo não está sendo tão bondoso comigo, afinal. A cada dia que passa, a dor aumenta, as crises também. Por isso que o seu convite veio em boa hora.- sorri sincera.

Três anos antes.

-Mas mãe, todas as garotas vão nesses tipos de festas e saem só depois do amanhecer, por que eu não?- falei com a voz chorosa, sentando-me em um dos bancos, tirando os sapatos de salto alto, os quais eu não estava acostumada a usar.

-Você não faz parte de todas as garotas. Para de resmungar, Charice. - minha mãe disse com a voz autoritária e mandona.

-Amanhã todo mundo vai rir de mim. “A única garota da turma que a mãe vai buscar nas festas”- retruquei.

-Charice, para de reclamar. Você não ia ficar até o amanhecer naquela droga de festa e ponto.- minha mãe disse nervosa. Abaixei meu olhar, sentindo minha bochecha esquerda arder em decorrência de uma lágrima. Eu só queria me enturmar, parecer legal, vestir roupas legais. Fiquei encarando meus pés descalços por alguns minutos, eu não conseguia olhar a minha mãe

De repente, um burburinho na plataforma de embarque se formou. Continuei com minha cabeça baixa, mas eu ia absorvendo as vozes.

-Tia, arruma um pra gente?- uma voz masculina falou.

-É tia, você tem cara de quem tem muito dinheiro. Arruma um pra gente.- uma outra voz completou.

-Eu... Eu não tenho nada. Gastei tudo com a passagem.- a voz da minha mãe, receosa, respondeu.

-PASSA A PORRA DA BOLSA, MINHA SENHORA, OU VOCÊ LEVA UM.- uma terceira voz, mais alterada e nervosa ordenou. Levantei meu olhar e analisei a situação. Três rapazes, encapuzados e vestindo roupas escuras saculejavam pedaços de paus e um deles- o mais alto- uma arma. Automaticamente, senti meus orgãos vitais sucumbirem e eu ser tomada por assalto pelo medo, o nervosismo. Eu tinha a certeza de que meu coração não bombeava sangue e sim pura adrenalina. Soltei um grito agudo.

-Deixem ela em paz...- segurei nos braços de um dos garotos que seguravam um pedaço de pau. Ele, em um movimento imensamente forte me lançou contra o chão, fazendo com que o lado esquerdo do meu corpo tombasse com tudo no piso de granito gelado.

E tudo pareceu passar em câmera lenta. Minha mãe segurava a bolsa e o garoto da arma puxava de outro. Minha mãe tinha uma expressão de pânico, medo e insegurança no rosto, e gritava em desespero. Então, um estampido abafado e surdo se fez presente naquela cena, até agora, no modo mudo pra mim. Vi a expressão do rosto da minha mãe se tornar um misto de dor, preocupação e morte. Ela caiu deitada no chão, tingindo o chão da plataforma com seu sangue, que brotava em bicas de sua barriga. Engatinhei até minha mãe, sentindo meus ossos fraquejarem. Olhei para os garotos, que corriam em direção a saída, levando a bolsa da minha mãe e, simbólicamente, a vida dela.

-Eu vou deixar você arrumar suas coisas sozinha.- Pattie dizia enquanto me puxava pela mão para fora de seu quarto, me guiando até a porta do quarto ao lado. Eu observava o pequeno hall detalhadamente, enquanto Pattie dizia algumas bobagens. Haviam alguns quadros de paisagens, umas medalhas emolduradas e também penduradas e uma foto de família, um tanto quanto antiga. A mulher era, claramente, Pattie. A imagem de Pattie que eu alimentava por todos esses anos até aquele dia. Havia uma criança, branquinha, cabelos loiros e cortados, com um sorriso travesso no rosto e um homem, o marido de Pattie.

-Éramos uma família perfeita.- a voz de Pattie soou baixa, ao meu lado, enquanto ela enlaçava seus braços em meus ombros, ela apoiou sua cabeça na minha.

-Me desculpe.- pedi desculpas sinceramente, após ter atormentado aquela lembrança e/ou sentimento.

-Nada.- Pattie disse tentando fingir uma voz animada. Ela voltou a segurar minhas mãos e a me guiar pelo corredor.- Esse é o seu quarto. Espero que tenha gostado das cores, dos móveis e...

-Tá tudo ótimo.- interrompi-a, sendo sincera. O quarto tinha as paredes em tons de lilás e branco, com prateleiras espalhadas pelas paredes, com ursos de pelúcia, porta retratos vazios, uma escrivania com um notebook e livros. Abracei Pattie pela terceira ou quarta vez naqueles poucos minutos.- Obrigada.

-Não tem por onde.- Pattie deu leves tapinhas em minhas costas.- Eu vou deixar você se instalando, eu tenho que ir trabalhar. A noite a gente pede uma pizza e coloca o papo em dia.- ela separou o abraço e sorriu. Ela saiu do quarto, fechando a porta atrás de si. Me joguei na cama, e fechei os olhos.

Não sei se dormi por alguns minutos, ou algumas horas. Abri os olhos, percebendo aos poucos a atmosfera um pouco mais escura. Levantei na cama, esfregando os olhos com as costas da mão, bocejando logo em seguida. Amarrei meu cabelo em um coque malfeito, prendendo-o com os próprios fios e saí do quarto. A porta em frente ao meu quarto estava entreaberta. Tinha placas de trânsito com avisos de perigo, não ultrapasse e risco de vida espalhadas pela porta. Franzi meu cenho, com tantas interrogações. O que tinha acontecido com o Bieber que eu conheci com cinco anos de idade? Espremi-me pela abertura da porta, sem alterá-la. Tateei a parede, procurando pelo interruptor e acendi a luz. O quarto de Justin tinha tons que mesclavam entre o azul claro e o azul escuro, distribuídos em listras pelas quatro paredes. A cama estava desarrumada, roupas estavam jogadas no chão e tênis estavam espalhados pelo carpete. Me aproximei de uma foto de Justin jogando basquete. O suor fazia com que sua franja, naquele momento completamente desalinhada, grudasse em sua testa, e suas bochechas estavam vermelhas e ele alimentava um sorriso vitorioso no rosto. Não consegui controlar o sorriso que nasceu instantaneamente em meus lábios.

-MAS O QUÊ? QUE DIABOS VOCÊ FAZ AQUI?- uma voz soou no quarto, me tirando das lembranças e de pensamentos dos quais eu tinha mergulhado vendo aquelas fotos.

-Eu...Ér...Só...- tentei dizer algo em minha defesa, mas eu não tinha como explicar o motivo de estar no quarto dele.- Oi, Justin. Sou a Charice, lembra de mim?- estampei um sorriso no rosto e estendi minha mão, esboçando um cumprimento educado e amigável.

-Foda-se quem você é. Sai do meu quarto.- Justin segurou em meu braço e começou a me puxar para fora do quarto. Quando cruzei a porta, Justin me empurrou com força e eu caí no chão. Senti a clócea se desprender do meu ouvido e cair no chão, deixando com que o ambiente, na minha concepção, ficasse completamente sem som. Justin continuava movimentando seus lábios, com seu cenho furioso e gesticulava muito. Tentei ler seus lábios, mas a única frase que compreendi foi “por quê você fica com cara de tonta e não me responde?”. Eu não sabia responder, minha voz falhava e eu comecei a gesticular na língua dos surdos. Me arrastei alguns centímetros pelo carpete do corredor, apalpando-o, procurando o maldito aparelho sonoro. Ergui meu olhar até Justin e o vi bater a porta do quarto, fazendo com que algumas placas balançassem com o impacto. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Mereço algum review?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "I Will Be There For You" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.