Palavras de Heagle escrita por Heagle


Capítulo 56
As histórias cabulosas.


Notas iniciais do capítulo

GEEEEEEEEEEEEEEENTE, o capitulo saiu ENORME. Foi no maior embalo, duas horas sem parar de escrever. Meu ombro tá LATEJANDO, CARA. ANYWAY... ignorem os erros. *---*



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Depois de ajeitarmos todas as malas no carro, eis que chegou o momento difícil de decidir: quem sentaria na frente, quem sentaria atrás? Tá, pode até parecer uma briga inútil e infantil, mas pensem comigo: seria o lugar em que ficaríamos as próximas 5 horas, ou mais, sentados. Tinha que ser confortável, né?

Então eu, que não sou boba nem nada, corri de onde estávamos, e sentei no banco da frente. Ficaria ali por ser mais confortável, e ter um escoro para minha perna, para minhas leituras vorazes.

- Eu sento na frente. – gritei, já pondo o cinto. Mel, estressada, puxou meu braço em violência, com intuito de me tirar do carro.

- Não, eu que vou. Já agüento Syn e Zacky por mais tempo que vocês, não quero ficar esmagada ouvindo os dois falarem merda.

- Por que vocês e não nós? Eu vou na frente, eu prefiro mais... – ia dizendo Syn, até ser interrompido por um tapa de Shadows, na nuca.

- Que putaria é essa? – repreendeu, como se fosse pai de todas aquelas crianças que brigavam por um banco. Patético... mas fato. - Eu já sei, porra. Mel e Mari atrás, e Zacky na frente.

- E eu? – perguntou Syn, agitando a mão, julgando ter sido esquecido. Matt exibiu um sorrisinho maldoso, pegando-o pela gola da camisa (como se fosse um boneco, ou mala).

- Você vai no porta-malas.

Ninguém aguentou, lógico. Rimos alto, vendo aquela cara de “bravo” do Syn. Nem se ele quisesse, ele conseguia. Era naturalmente feliz, e nada, nem mesmo uma brincadeira de Shadows, estragaria seu bom humor natural.

- Eu só não te xingo... porque comi a puta da sua mãe ontem. E ela era gostosa. – disse em resposta, se soltando. Eu já tinha acostumada: o amor dos dois envolviam até mesmo a família (essa, que por acaso, nunca ouvi falar sobre).

- De onde você acha que eu herdei todos meus atributos?

Nota da autora (no caso, eu): e que atributos, ein?

- Tá, tudo lindo, tudo bem, MAS EU VOU NA FRENTE. – continuei, relutante, agarrando-me no banco. Mel insistia em me abordar, com as mãos erguidas.

- NÃO MARIE, NÃO ME DEIXA SOZINHA...

- Você sabe que tenho fobia de... ficar esmagada. Num carro.

- Bem, pensando assim... vocês vão mesmo. O Gordo do Zacky ocupa mais da metade dos três bancos. – concluiu Syn, abrindo a porta de trás do carro. Não preciso nem falar que ele foi atingido por um tapa nas regiões baixas.

- Pau no seu cu, lazarento.

Bem, essa briguinha chula durou, aproximadamente, meia hora. Meia hora de vida perdida, diga-se de passagem. Enfim... quando todos entrarem num consenso, já eram 5:45.

E ficou definido assim: eu sentava na frente, com Shadows. E atrás: Syn, Mel e Zacky.

- Estou me sentindo em um ménage à troi. – resmungou Melissa, com os braços cruzados. E os meninos, como gostavam de irritá-la, deram um beijo bem molhado na bochecha (isso, cada um de um lado, um tipo de sanduíche), fingindo que estavam gemendo:

- ISSO MELISSA, ISSOOO...

- Mariiiieeetta, me ajuuuda, best. – lamentou, se afundando no banco.

Fiquei com dó. Fiquei, mas ela merecia. Eu já tinha entrado em tanta confusão por culpa dela que... estava precisando de uma liçãozinha.  

Que malvada que sou.

E, assim, partimos. GO GO MANCHESTER!

 (...)

Havia uma densa camada de neve por toda a estrada. Estava difícil andar daquela forma, mas nada que um bom carro com pneus e correntes não fizessem.

Pior ainda estava o clima dentro do carro. Matthew, com aqueles óculos escuros, dirigia atentamente (o que eu acreditei que nunca aconteceria). Zacky e Syn, com briga de dedões, e Mel, massageando a testa, quase dormindo. Porra, tinha que animar aquela bagaça.

- Ér... vamos cantar. – sugeri, pegando da minha bolsa um pen drive.  

- Cantar, o que? – questionou Syn, vencendo Zacky pela décima vez.

- Sua mula, vocês são cantores, meus ídolos, o que espera que cantemos?

- Rebellion?

- Vai se fuder. – resmunguei, virando novamente para frente.

Tá... se aquele carro continuasse naquele tédio nas horas seguintes... eu ia pedir carona no meio da estrada, mas ia vazar. Odeio silêncio, como a boa jornalista que sou. É...

- Cri cri cri... – murmurei, cruzando os braços. Matthew, que até então não havia aberto a boca... sorriu, sem tirar o olhar da estrada.

- Vamos contar histórias. – sugeriu. – Aposto que as meninas têm boas histórias... tanto quanto nós.

- É... boa ideia... – concordamos, um pouco mais animados.

- Okay, eu começo então. Deixe-me ver...

- Conta do dia que você matou o diretor, cara. – riu Zacky, ajeitando-se no banco. Mel olhou assustada para eles, como eu.

- Matou o diretor?

- Ah cara, essa história é foda. Foi assim... eu estudava numa porra de escola. Vocês já devem perceber que eu... sou uma boa pessoa... mas odeio regras. Odeio ser o comportadinho. Então, eu lá, todo poderoso... desci o cacete naquela bosta... pixei, quebrei os vidros, fudi a escola toda cara. Foi do caralho!  Daí quando o diretor soube... teve um ataque do coração e bateu as botas.

- MEU DEUS, MATTHEW!

- Ninguém soube explicar se foi por culpa disso, mas... se foi... que se foda também. O cara era uma peste. – riu, com naturalidade. Juro que, por um tempinho, fiquei com medo. Justo eu... a garota que sempre foi a cdf da sala... e que odiava infringir regras. Que merda, ein?

- Matthew, se orgulha disso? - repreendi, como se eu fosse uma irmão mais velha. Ele voltou a rir, dando uma piscadinha através dos óculos.

- Marie, vai falar que você era do tipo nerd da escola?

Antes que eu pudesse responder, e me gabar de todos meus prêmios e medalhas, Mel interrompeu, dizendo em tom alto:

- No colegial, não sei. Mas na faculdade, Marietta sempre foi NERD. Tirava as melhores notas, e foi a primeira a arranjar emprego no jornal da escola. Era a queridinha da Emilia. Certo dia... – contava, sem se perder no foco. - ... um professor filho da puta deu uma matéria muito fodida. A Marie, como estudava sozinha também, sabia a matéria por si só. E organizou reuniões com todos, porque ninguém entendia o que aquele corno queria dizer. Na prova, foi massa, todos nós tiramos notas boas... e surgiu lá, ele, questionando se todos haviam colado. Sem querer nos ouvir, reprovou geral. E o que a Marie fez? Fez rebeliããão, cara. E pior: pegou o notebook dele e malhou com uma vassoura.

- MELISSA, NÃO FALA ISSO. – gritei, envergonhada. Aquele ato havia trazido tanto problema.

- Não, vou contar! Isso, ela pegou um cabo e pááá no notebook dele. Foi mor confusão! Queriam expulsá-la, os pais ficaram HILÁÁÁÁRIOS com a hipótese, mas ela conseguiu uma reunião pessoal com o reitor, e explicou o que tinha acontecido. Resumindo: Marie teve que pagar outro note pro cara, mas ele foi afastado das nossas aulas... e a nossa amiguinha nerd passou a ser conhecida como “Marie quebra Notebook”, “Marie Rebelião”, entre outros.

- Marieeetta, destruindo propriedade de um professooooor? - provocou Zacky, em gargalhadas.

Tá, eu não me arrependia nenhum pouco do que havia feito. Nenhum pouco.

- É, fiz bem até, um favor. Ele só tinha pornô naquela bosta. E também... fui eternamente conhecida por esse ato. Agora, como Deus é bom, o velho tá queimando no inferno. Morreu de ruim.

- Isso lembra uma vez que eu estava com Jimmy. – começou Syn. – Ele era o tipo do cara que ninguém queria como companhia. Encrenqueiro do caralho, sério! Conhecemos umas gatinhas da faculdade, e lá fomos, no campus delas, provar o que tinham de melhor. Demos de cara com o time de baseball inteirinho. O Jimmy, aquele corno, tinha comido a namorada de um deles. Nossa veio, foi muito foda... a gente fugindo correndo... porque nem tinha como, HUSAHSAUSHASUAHS. Naquele dia apanhei tanto que fiquei até triste. E ainda levei esporro do meu pai, quando cheguei em casa: “PORRA CARA, DESCESSE O CACETE NELES TAMBÉM”. Eu tentei explicar que tinha feito isso... mas vai fazer o velho entender.

- Quando eu cursava o ensino médio... – agora era a vez de Zacky contar sua veneta. - ... fui me meter em roubar microfones. PRA QUE, VEIO. ME FUDI LEGAL, FUI PRESO! E pra colaborar, aquele puto enrustido do Jimmy veio me zuando, na cadeia. Filho da puta. Se não fosse a vaquinha da turma pra me safar da história... eu tinha mofado naquela cadeia.

- Que exagero, Zacky. E por que você não correu pra fugir?

- Hello, Marietta... sou o Bolota Man. Se não me fudesse na cadeia, me fudia na parada cardiorrespiratória que eu ia ter.

Não era um assunto tão engraçado, mas eu ri. Ri de todas aquelas histórias, mesmo sinistras, que estavam sendo contadas. E só faltava a Mel, para fechar com chave de ouro o primeiro round de “histórias cabulosas”.

- Vamos ver... AH, LEMBREI. Vou contar uma com a Mel pra ela ficar envergonhada.

Ai, que medo eu tinha da Mel. Ou melhor, da boca da Mel.

- Quando Marie foi morar em Bauru, às vezes, saíamos juntas a noite. Ela não gostava, por causa de Hugo. Sentia-se como se estivesse traindo, o que não era verdade. Mas teve uma vez, que um carinha muito sinistro, em um pub calmo, começou a dar em cima dela. MUUUUUUUUUUUUUUUITO TENSO, ele dava medo, cara! E a Marie, cagona, queria ir embora. Mas o cara ia seguir... então, deixamos que ele chegasse. Perguntou meu nome, o dela, e disse que estava interessado e pá.

- Uiii, Marie seduçaçaçaçaçaaaaaum. – zombou Matt.  

- Então...aí o cara ficou lá cantando a Marie até que ela se enfezou. Mostrou o anel que carregava no dedo, mostrou o mel (que era muito parecido) e disse que éramos NAMORADAS. Lógico, ele não acreditou. Daí, essa demente... me agarrou.

- MELISSA, QUE VERGONHA! – berrei, corando subitamente. – Eu não me orgulho disso, okay? Mas o cara tinha má fama e eu estava com medo.

- Me agarrou e depois disse que íamos nos casar logo que legalizassem o casamento homossexual.

- Eiita, Mel... agora entendo de onde surgiu aquela sua ideia de virar lésbica. – riu Matt, tentando me irritar.

Ai gente, que vergonha. Tá, a Mel contou a verdade... sim, mas foi risco de vida e morte. E depois me arrependi amargamente, mesmo não tendo feito nada demais. Na verdade, nem a beijei, eu só agarrei mesmo.

- Eu vou te matar, vadia. – ameacei, com um punho acirrado. Mel mandou um beijinho, rindo da minha cara.

E foi com esse clima descontraído que seguimos viagem. Longas horas de viagem.


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