Palavras de Heagle escrita por Heagle


Capítulo 22
Trio da perfeição: eu, Mel e Syn.




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Primeira pessoa que vi, quando abri meus olhos (no quarto), foi Melissa, minha melhor amiga e agente literária. Dei um pulo da cama, e deduzindo ter sonhado tudo, comecei a tagarelar, afobada:

- Cara, você não vai acreditar no que sonhei!  - comecei, ficando de pé. A expressão de Melissa denunciava que ela estava a ponto de soltar uma gargalhada, mas fazia de tudo para prendê-la.

- M. Shadows era seu Jonathan, e você a Sophia, e desmaiou logo em seguida, caiu nos braços dele e acordou aqui, é.

- WHAT? - gritei, pondo as mãos na cabeça. – SENHOR, PARA O MUNDO QUE EU QUERO DESCER, CARALHO!

- Marietta, calma. Olha... o produtor e os juízes ficaram louco pela sua atuação. Você é perfeita!

- Mas eu sou escritora, gente! Como vou... e tem Hugo? Hugo, sabe o Hugo? Como vou gravar... ai Deus, e o Shadows? – percebem que eu ainda estava muito confusa, então minhas frases não faziam muito sentido.

- Aceitou fazer o papel. Vocês dois vão ser o casal mais... mais...

- Jonathan e Sophia NÃO FORMAM UM CASAL! – berrei, voltando a deitar, esfregando a teste com os dedos.

- Ai Marietta... lembra-se de quando nos conhecemos, na faculdade? Você vivia dizendo para mim que... era seu sonho. Seria o dia mais feliz da sua vida!

É, de fato, Marietta tinha razão. Era até engraçado, porque eu até esquecia quanto tempo Mel me conhecia, e de como sabia de minha vida. Não adiantava mentir.

Conhecemo-nos na faculdade, exatamente no dia da matrícula e do trote. Ela estava atrás de mim, na fila. Aparentava estar nervosa, torcendo os dedos, e cantarolando uma música clássica do 30stm, The Kill.

Como sempre fui uma bela tagarela, e meu pai estava do lado de fora da faculdade, eu precisava de alguém para conversar, senão ficaria louca!

- Hey, tu curte The Kill? – perguntei, na maior cara de pau. Melissa olhou-me um pouco assustada, mas exibindo um sorriso:

- Adoro, e você?

- Gosto muito! É inspirador... pra escrever meus livros.

- Você escreve? Que foda! Eu quero ser assessora de algum escritor famoso, já que me falta o dom da escrita. – lamentou, abaixando a cabeça. Em seguida, levantou-a novamente, exibindo um sorriso ainda maior. – Escreve sobre o que?

- Literatura fantástica. Sabe o Jared Leto? Ele é minha visão de Magnus!

- NÃO ACREDITO! Ai gente... cara, estamos na mesma sala! – comentou, dando a impressão que ia começar pular. Sempre considerei que eu fosse um pouco extrovertida e social demais... mas Melissa era dez vezes pior que eu. Deve ser por isso que, em menos de cinco minutos de conversa, eu tinha pego muita, mas MUITA simpatia por ela.

- Aparentemente sim. – respondi.

- Olha, então vamos combinar: vamos sentar juntas lá na sala... a menos que você já tenha conhecidos e...

- Estou que nem barata tonta, não conheço NINGUÉM! Só alguma turma da comunidade... mas nada muito íntimo.

- Estamos no mesmo barco então. Ah, meu Deus, que idiota sou, nem sei seu nome, e você o meu... me chamo Melissa, e o você?

- Marietta, mas uso o nome de Heagle, às vezes.

- Heagle? – repetiu, arqueando a sobrancelha.

- Meu pseudônimo.

- QUE FODA! Cara, jura que se você for uma escritora famosa... vai me contratar pra ser sua assessora e agente literária!? Nossa, que tonta... nem te conheço direito e já estou te pondo na parede. Mel, cala a boca, sua escrota. – murmurou para ela mesmo, dando um tapa na testa. Eu ri, da forma divertida que ela falava. De fato, não era uma ideia tão escrota assim.

- Hum... nunca pensei nisso, mas hei de precisar de uma, não é? Ótimo então... você será minha primeira escolha.

Pode parecer uma conversa muito infantil para duas moças de 19 anos... mas estávamos falando sério mesmo. Depois disso, lembro-me bem que nunca mais nos desgrudamos. Se tornou minha melhor amiga... melhor mesmo.

- Será que M. Shadows vai topar ser seu Jow? – perguntou-me certa vez, enquanto terminávamos de editar um vídeo na casa de meus pais, comendo batatas. Já estávamos no segundo semestre da UNESP, varando os 20 anos.

- Eu não sei... tenho minhas dúvidas. Mas se isso ocorrer... será o dia MAIS feliz da minha vida! E você vai estar lá quando ele fizer o teste...

Irônico. Mel me acompanhou em tudo nessa nova vida... e lá estávamos, no meu apartamento, conversando sobre Matt. Infelizmente, não pude sentir que aquele, de fato, era o dia mais feliz da minha vida, porque a raiva ainda era presente.

Olhei para Mel e sorri, depois da vaga lembrança que tive:

- Claro que lembro.Lembro muito bem...

- Então! Ah, Mari... Shadows é seu Jonathan agora. Mesmo que vocês tenham brigado... ele conseguiu fazer tudo certinho!

- É... pode ser. – resmunguei, voltando a me levantar. – Falando nisso... preciso comer... estou faminta.

- Acho que está um “pouquinho” tarde...

- Mas que horas são, afinal? – perguntei, olhando para meu relógio de pulso. – Puta que pariu... três da manhã?

- Yeah! – concordou, olhando para a porta. Lá estava Syn, sem qualquer cerimônia, sorrindo e acenando para nós. – Ah, esqueci... Syn veio saber como você estava. Ficamos conversando por um tempo... e...

- Vamos comer. – convidou, se aproximando. – Estou com uma puta fome depois da preocupação que a senhorita nos deu, okay? E o Matt também estava, quando te socorreu. Não dá um susto assim na gente novamente... já basta aqueles dois filhos da puta que morreram. Enfim... – dando um giro com os pés, Syn virou, dando uma piscadela. – Bora?

- Amanhã não teremos testes... os produtores e os juízes vão discutir quais papéis ainda faltam. A maioria está preenchida. Logo... poderemos amanhecer que não terá problema algum!

- Gente... que loucura se tornou minha vida. Agora... tem uma coisa.

- Hugo, não é? – respondeu Mel, levantando-se. – Você vai ter que avisar pra ele, Marie, que ficará aqui por um bom tempo. Francamente, não entendo porque estão ainda juntos... não se tratam mais como marido e esposa. Hugo era muito foda... mas agora é um otário, e você também mudou, está mais certa do que quer.

- Mel está certo, Marie. Eu não conheço muito bem esse Hugo... mas mew... é seu sonho, saca? Não aparece duas vezes a mesma oportunidade. – concordou Syn, abraçando Mel. Tive a impressão que os dois tinham se conhecido e se tornado amigos... ou mais que isso. Mas não estranhei muito: os dois eram bizarramente sociáveis. E o que eu estou dizendo, eu também sou, aff!

- Não vou voltar pro Brasil até que meu filme esteja gravado. Eu serei minha personagem, e não há Hugo que me impeça disso. – disse em um bom tom, calçando minhas botas. – Beleza Syn, vamos comer. Vamos nós três, como eu costumava fazer no Brasil, com a Mel...

- Verdade. Certa vez, em Bauru, fomos em uma pizzaria, já que morávamos juntas num apartamento. Depois de um tempo, quem chega? O PAI DELA! Caaaaraca, eu ri horrores nessa época, sério. Eles tinham brigado... e lá estavam os dois... gritando um com o outro.

- Não lembra disso, Mel, pelo amor. Que vergonha. – ri, também achando divertida aquela lembrança. Depois de pronta, agarrei Syn com um braço, Mel com o outro, e os abracei. – Beleza, formamos o trio da Perfeição, como no meu livro.

- Falta Matt. – brincou Syn, voltando a dar uma piscadela.

- Não faça eu romper o momento “own” cortando seu saco, okay Syn?

Assustado, ele assentiu. Eu disse... isso SEMPRE funciona!

Imaginem um trio muito tenso, percorrendo as ruas de Londres, atrás de uma Pizzaria. Iguais bêbados, cambaleando, rindo, falando das merdas do passado e dos anseios do futuro. Eramos nós, é.


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