Palavras de Heagle escrita por Heagle


Capítulo 153
O reencontro (aleluia!)


Notas iniciais do capítulo

É PESSOAL, mais de um ano passou e cá estou eu, no penúltimo capitulo do Palavras de Heagle. Eu ainda não acordei porque... tem o último capítulo, mas cara... vai ser foda. Muito foda. Minha primeira fanfic que dura TANTO TEMPO... mas muito mesmo... quase dois anos cara... gente, não sei que dizer, sinceramente, mas peço que comentem hoje... sei que é foda, mas é serio... já estou toda melancólica porque é a penúltima parte da 1ª temporada, e querendo ou não, me apeguei demais. Que raiva. ENFIIIIIIIIM... segue ai. Se preparem para o final... sei que vocês vão amar.
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Seize the Day – Avenged Sevenfold

Quando desci do avião, um filme veio à minha cabeça. Muitas, mas muitas cenas passaram muito rapidamente, e quando dei por mim, havia um porre de pessoas ao meu redor. Muito mais do que eu conseguia imaginar e suportar.

Bateram com um microfone na minha cabeça. Quase que mantei tomar no cu, mas a muvuca de câmeras, microfones, gravadores de voz e gritos, muitos gritos de “HEAGLE, ENTÃO VOCÊ REALMENTE NÃO ESTÁ PRONTA PARA ANDAR?” abafariam minha voz.

Deu uma vontade imensa de dizer: “Não cara, estou de cadeira de rodas porque eu acho legal, seu puto!”.

Na verdade, não pensei em nada mesmo, só no fato de ser uma jovem que conseguiu tudo que almejou: fama, sucesso, reconhecimento e dinheiro. Mas o mais importante que conquistei, em Londres, estava perdido há mais de um ano.

Para ser sincera... eu já nem me lembrava mais de como Matthew sorria ou olhava para mim. Eu juro que tentei procura-lo entre as pessoas, mas diferente de quando o encontrei ali, no Aeroporto de Londres... ele não estava. Mas Syn e Zacky, que berraram como duas bestas anêmicas, acenaram com um sinalizador de S.O.S para mim. O mais gordo ainda carregava um cartão em neon escrito: VEM QUE TE ENCHO DE TALENTO, SUA LINDA!

– Deixem a Marietta passar. – pediu Melissa, tirando alguns repórteres do meio do caminho. Mas o que a motivou em manter a educação, era que havia inúmeros adolescentes e crianças que estavam ali também, com uma camiseta do... AVENGED?

– O AVENGED FEZ UMA HOMENAGEM PARA VOCÊ NO SHOW... E COMO AVENGERS, SOMOS TAMBÉM MURPHYS! VIVA A VOLTA DA HEAGLE! – declarou a presidente do fã clube à um telejornal.

Eu fiquei meia (completa) embasbacada, mas okay... eu estava ainda meio chapada.

Com muita dificuldade, consegui chegar ao saguão. Mais confusão, desta vez porque estava ocorrendo uma manifestação no lado direito de embarque, porque um acidente de avião havia acontecido no Japão.

Juro, nunca fiquei feliz com morte de ninguém... mas adorei que os jornalistas, como um bando de urubus, tenham corrido até o grupo e feito todo aquele sensacionalismo barato digno do programa da Sônia Abrão. Fiquei com o caminho livre, ou quase, já que as fãs ainda estavam lá e pouco se fudendo para os mortos japas.

– Você e o M. Shadows são namorados? – perguntou uma menininha de seis anos, que mal pude vê-la ao lado da minha cadeira. Se bobear, até passei com a rodinha sobre seu pé. Eu apenas acenei, sem poder responder, com pesar, que aquilo não era mais que uma mentira.

Infelizmente uma mentira.

Sei que o caminho para casa todo foi perturbador. Passar pelo lugar onde meu acidente ocorreu não era uma coisa boa. Era como se eu sentisse tudo novamente... o medo, as pernas, a dor...

– Não lembre disso, irmã. – implorou Mel, tapando meus olhos com a mão, numa atitude MUITO infantil. – Isso é passado.

– Matthew não veio por que, Brian? – acabei soltando, do nada, olhando rapidamente para Syn, que um pouco assustado, deu um pulo do banco.

– Hein? – perguntou, tentando conferir se eu havia perguntado aquilo mesmo. ÉÉÉ, SEU IDIOTA, EU PERGUNTEI DAQUELA MEIA TONELADA DE MASSA ENGIBIZADA, PORRA!

– Matthew, MATTHEW, AQUELA PRAGA MALDITA! – repeti, um pouco mais alto. – Por que ele não está aqui?

– Sabe Marie... – começou ele, gaguejando. Avá, um marmanjo daquelas não possuía uma boa desculpa para dar? Melissa deve ter sugado até as ideias do garoto no beijo que deram no Aeroporto. Fiquei constrangida com tanto assédio sexual, vixe! – Acho que você já sabe, mas o Avenged voltou... e estamos numa correria e... ele está bem envolvido nos nossos projetos...

– Não creio que cinco minutos que gaste em Londres para rever uma antiga amiga vá interferir em algo. – retruquei.

Meio constrangido, ele coçou a cabeça, confessando:

– Ele... não quis vir.

Pronto, PRONTO, era melhor ter dito isso desde o começo! Não precisava mentir para mim... eu sempre soube que não era mais nada para aquele PUTO MORFÉTICO, EU VOU CORTAR AS BOLAS DAQUELE DESGRAÇADO QUE... Ah merda, que estou falando? Como cortar o saco de alguém se nem me equilibrar estou conseguindo ultimamente?

– Legal. – limitei-me a resmungar, voltando a olhar pela janela, mudando completamente de assunto. – Havia me esquecido de como Londres é linda. Olha Syn... ali... a loja que você soltou fumaça na minha cara! E olha a pizzaria que quase matamos o Matt e... ér...

Droga. Por que tudo que eu falo faz referência com esse gordo inútil? Deve ser porque as melhores coisas que aconteceram na minha vida, bem como as piores, ele estava presente. Mas que bosta, porra.

– Tim no celular. – anunciou Mel, jogando na minha mão um celular. Caramba, eu nem tinha ouvido barulho de celular tocando. – Ele quer falar contigo.

– Tim? – perguntei, meio abobada. Do outro lado, ouvi aquela voz anormal e enlouquecida de meu querido diretor, um dos únicos que teve a coragem de investir em uma história minha. Ele era perfeito... eu o amava como um pai.

– MINHA QUERIDA! Não quero não à minha proposta. – interpelou-me, sem permitir que eu o respondesse (ou questionasse, era bem mais minha cara). – Nesse final de semana, sua première. Lançamento oficial de Os Murphy 1, o filme! Convidei seus pais, seus amigos, o elenco, os loucos do Avenged... SE PREPARA, eu quero ver você descendo as escadas andando. E não diga não, NÃO OUSE DIZER NÃO.

– RESPIRA, TIM! – pedi. – Como assim première, está muito em cima da hora, veja... SERIA AMANHÃ, COMO QUER QUE EU ME APRONTE PARA...

– Fica calma, irmã... nós organizamos tudo. Feliz aniversário atrasado. – vibrou Mel, me abraçando. Pelo visto Syn e Zacky participaram de toda putaria. Malditos... fizeram com que eu chorasse de emoção.

Como eu tinha amigos maravilhosos.

***

Uma das partes mais difíceis dessa história toda foi rever meus pais. Eles estavam sentados no Lar em Londres, a mansão que mudara tanto a minha vida durante aqueles anos. Eles olharam para mim assustados, afinal... eu mudei muito desde a última vez que me viram.

Não era mais aquela Mariettinha que tinha o sonho de ser escritora. Era Heagle, a escritora tatuada que acabava de chegar de uma longa viagem... uma viagem que lhe arrancou alguns bons quilos. De cadeira de rodas, só para ressalvar.

Mas juro que a sensação mais foda, foda mesmo, eu senti no sábado, por volta das 19 horas. Anne ajeitava arrumar meu cabelo, e Mel, numa pacificidade que não reconheci a primeiro momento, terminava a maquiagem. E meu vestido, um lindo vermelho longo, estava pendurado perto da cama.

Estávamos na parte superior de um grande salão de festas, e o barulho das pessoas tornava-se cada vez mais alto.

Aquele seria um dos dias mais importantes da minha vida. Eu lançaria meu primeiro filme... e voltaria a andar em público depois de um ano e meio de luta. Não estava confiante, tinha medo de cair... mas uma bengala ajudaria. Só para detalhe, a bengala tinha uma caveira na ponta e foi presente de Johnny Depp, aquele outro lindo.

– Mel... responda-me com sinceridade. – pedi, minutos antes de descer as escadarias. – Ele está ai?

– Matthew?

– É.

– Não... ele não veio.

A conversa foi seca dessa forma. Nem eu e nem ela exibimos qualquer reação. Eu tentei não chorar e ela tentou NÃO xingar. Não ia adiantar muita coisa... Matthew realmente havia se esquecido de mim.

– Esquece ele. Hoje é seu dia...

É... era meu dia. Era o dia que eu sairia do meu quarto, devidamente apresentável, e desceria pouco a pouco, degrau por degrau, as escadarias. Subiu um arrepio na espinha, porque lembrei da vez que rolei em uma parecida, quando Matthew me empurrou. E lembrei também que foi por causa disso que todo meu acidente ocorreu.

Por um tempo, hesitei.

– Você consegue... vai. – incentivou Mel, mas eu continuei ali, parada, com todas aquelas pessoas olhando, procurando em mim uma força do que talvez nunca tenha existido.

“Não vou conseguir, não vou, não...”

– Olhe para frente, Mari. – disseram no meu ouvido. – Ele está bem ali. Aquele corno manso pode ser um filho da puta... mas ele não é mal. Ele ama você.

Virei o rosto, mas não encontrei ninguém. Mas a voz era reconhecível de longe: era Jimmy.

E olhei para frente, como ele havia pedido. E lá estava ele... oh meu Deus... era ele mesmo. Era Matthew, quase que escondido atrás de um arranjo, olhando para mim. E estava tão lindo... com aquele terno preto... com aquele cabelo... sem óculos.

Não, não era ele, não podia, Mel disse que...

– Vem... você consegue.

JURO, JURO POR TUDO QUE É MAIS SAGRADO NESSE MUNDO, TIPO AS BATATINHAS E AS PAÇOCAS, QUE EU O VI DIZER ISSO, ACENANDO LENTAMENTE COM A MÃO. A BOCA DELE DISSE ISSO, EU TENHO CERTEZA, NÃO SOU LOOOOUCA!

Não, não resisto aos seus olhos verdes, SEU PUTO! NÃO MESMO! NÃO FOGE DE MIM QUE TO CHEGANDO PRA TE PEGAR LOUCAMENTE, PAU NO CU!

E motivada ao máximo (pegar Matt parece uma boa motivação, não?), comecei a minha longa jornada. Nunca pensei que um dia, o ato de descer as escadas se tornaria tão cansativo e perigoso. Eu fui bem, não vou dizer que não... mas eu senti que as pessoas prenderam a respiração na hora que fiz isso. Elas torciam as mãos ou pairavam a taça de vinho no ar, sem aproximá-la da boca.

Apenas quando desci o último degrau, que aquele silêncio fúnebre se desfez. Recebi uma salva de palmas de todos que estavam lá, inclusive Hugo e meus pais, que por algum motivo muito especial, aceitaram fazer parte da festa (bem, digamos que os três são antissociais e antifestas cheia de caras loucos, tatuados, drogados, bêbados, etc).

Minha primeira reação? Nem pensei no que estava fazendo, só pensei em andar o mais rápido possível atrás de Matt... mas quando cheguei perto, ele se afastou.

PUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUTOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!

VAI TOMAR NO CU.

NO CU!

FODA-SE ESSA MERDA, EU TENTO ME APROXIMAR, E ESSE PORRA LOUCA FAZ ISSO COMIGO? FOOOODA-SE, PAU NO SEU CU, PAU NO CUUUUUUUUUUUU! CADÊ A PORRA DO ABSINTO PARA EU ME EMBEBEDAR, HUM?

Ah droga, meus pais estavam presentes, se eu me embebedasse ouviria sermão a vida ever. Deixa... eu me drogo com os salgadinhos fritos. Já é o suficiente.

***

Quando exibiram o trailer oficial e as datas de lançamento do filme, chorei feito cabrita. Nem vou descrever isso aqui porque é realmente vergonhoso uma marmanja como eu... soluçar e pedir emprestado um guardanapo ao Depp (CARA, ESSE HOMEM RONDA MINHA VIDA) para limpar o borrado do rímel. Foda-se, eu estava parecendo um panda, isso porque nem era meia-noite.

No meio da festa, senti-me muito cansada. Não estava acostumada ficar tanto tempo de pé, então fui para a varanda respirar um pouco, sentar em uma daquelas cadeirinhas desconfortáveis de enfeite. Tirei os sapatos, dispensei a presença de qualquer pessoa e fui.

Que vista linda eu tinha dali. O céu de Londres era incrivelmente belo, e bem ao longe, via-se o grande relógio. Como eu sonhei estar em um lugar daqueles... como eu sonhei poder estar de pé novamente...

Não resisti. Levantei-me e aproximei da mureta, sorrindo. Fechei os olhos e tive a sensação de estar sentindo um perfume familiar. Não liguei muito... era só impressão mesmo.

– Eu encontrei você aqui, agora. Por favor, fique por um tempo. – acabei murmurando, sentindo que... não era impressão minha. Eu não estava enganada.

Virei a cabeça lentamente e abri os olhos. Eu os senti brilharem quando vi que Matthew, daquele mesmo jeitinho que havia enxergado quando estava nas escadas, estava ali paradinho na porta, olhando para mim.

Não fui abraça-lo, ele tão pouco. Sério, ele cruzou os braços, desviando o olhar de mim. Eu também virei o rosto, voltando a admirar o céu.

– Eu sabia que você iria conseguir. – murmurou, sem se aproximar. – Um ano e meio de tratamento é uma luta e tanto.

– Não foi essa a pior luta que tive que enfrentar, isso te garanto. – suspirei. – Por que... você... me ignora? Você realmente me odeia?

– Eu te odeio? – riu, dando as costas para ir embora. - Eu faria qualquer coisa por um sorriso, seguraria você até nosso tempo acabar. Desculpa... mas meu lugar não é mais aqui. Até mais.

“I beg don't leave me”, murmurei, caindo sentada no chão. Não sabia se ele já havia partido ou não, mas não me envergonharia se ele me visse chorar.

Senti meu coração quebrar por mais uma vez, e por mais que eu quisesse viver o dia da melhor forma possível, faltava algo em mim. Algo que jamais eu teria...



Matthew

“Não sabe quanto doeu em mim deixar aquela festa. Deixei Marie para trás depois de... sei lá, ter dito algo que deixasse completamente a mostra meus sentimentos por ela. Sei que fiz cagada... mas essa minha mania de bancar o herói fala mais alto. ELA NÃO PRECISA DE MIM”, escreveu Matthew desesperado, enquanto suas mãos tremiam.

Sabia que não podia fazer aquilo com Marie, mas... e as dúvidas? E todas as culpas? Onde, onde as enfiaria? A cena de Marie morrendo ainda era viva em sua mente, bem como seu sorriso. E foi por causa desse último que, pegando o celular, ligou inúmeras vezes para ela.

Na sexta chamada, ela atendeu.

– Me desculpe por tudo isso, mas... mas eu amo você.

TU, TU, TU...



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