Palavras de Heagle escrita por Heagle


Capítulo 13
O fim.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/130789/chapter/13

Depois de me arrepender amargamente de ser frouxa e não ter coragem de subir de elevador, cheguei ao andar do apartamento de Matthew. Estava tudo vazio, sem qualquer barulho, tanto de dentro ou fora dos quartos.

Olhei instintivamente para chão, certificando que a The Rev não havia fugido novamente. Segura que nada pudesse acontecer, corri para o apartamento de Matthew, e com um pouco de delicadeza, bati na porta.

E bati uma vez. E duas. E três, e nada. Voltei a olhar para os lados... e nada. Bati quatro, cinco, seis vezes. Nada além de nada! Puts... que cara pede para alguém visitá-lo, e depois sai, quando essa pessoa vai fazer o que ele pediu pra fazer (confuso, talvez, mas ignorem)?

Não sei se já contei a vocês (possivelmente já, só que não me lembro)... mas sou formada em Jornalismo, na Universidade Pública de São Paulo (chamamos de UNESP). Logo... antes de viver oficialmente de escrever, eu caçava notícias para os jornais que eu trabalhava. Bem... então dá pra deduzir que eu era danada de teimosa e curiosa. E foi por causa desses meus defeitos-qualidades que, sem qualquer cerimônia, pus a mão no trinco da porta e... pá! Virei lentamente até que conseguisse abrir.

Primeiramente, achei que utilizassem trancas de cartões, digitais, essas coisas frescurentas. Mas não! Lá estava, uma velha maçaneta, que qualquer criança conseguiria arrombar. No caso, eu estava arrombando (risada maléfica de fundo).

- Não, Marietta... você está invadindo a privacidade do Matthew... – murmurei para mim mesma, olhando para dentro do apartamento. O que antes era curiosidade... depois de um tempo se tornou preocupação. Tudo por causa de duas ou três garrafas jogadas no chão, aparentemente de wisky ou vodka, sei lá.

Meu coração disparou. Sempre fui perita em pensar em tragédias, então... na minha mente criativa de escritora, pensei em Matt bebendo o conteúdo daquelas garrafas com drogas. Logo, pensei em uma overdose seguida de uma parada cardiorespiratória... e, por fim, pensei em Matt morto, todos chorando, EU chorando.

- MEU DEUS! – berrei, correndo para dentro do apartamento. Tentei olhar para os lados, mas não havia sinal de vômito ou de qualquer outra coisa. Olhei para as portas, e não sabendo qual delas era a do quarto de Matt, fui abrindo. Primeira não, segunda não... terceira, devia ser essa!

- MATTHEWS! – gritei, ao entrar.

- CARALHO, QUE ACONTECEU? – gritou Matt, caindo da cama.

Juro... se eu não estivesse apavorada, eu riria, muito... muito mesmo. Mas, tempo depois, toda minha preocupação e o misto de todos os sentimentos que eu tinha... foram expulsos pela vergonha. Isso... vergonha. Matthews, ainda sonolento, levantou do chão, acariciando a cabeça (que devia ter batido). ELE ESTAVA SEM ROUPA! SEM ROUPA ALGUMA, NADA, NADA... MEEEEEUUUU DEEEEEUS! Olhei-o por um tempo, em estado de choque. Depois, recuperando-me daquela situação, tapei os olhos, virando-me logo em seguida.

- CARA, CARA, FOI MAL, TE JURO, ACHEI QUE ESTAVA MORTO E QUE... MEU DEUS, VOCÊ TÁ VIVO E SEM ROUPA, MY GOD, NÃO SABIA QUE... AI DEUS, QUE ACONTECEU, OH CEUS, PELO AMOR DA VIRGEM MARIA, PELO AMOR DE TODOS OS SANTOS QUE EU NÃO ACREDITO, MAS TUDO SERVE E...

- Calma, Marietta. – resmungou Matt, esfregando o rosto com as mãos. – Não estou morto. Só peguei um sono bruto... acordei muito cedo pro velório...

- E... e... aquelas garrafas na sala?

- Não são minhas. E mesmo se fosse... não vou morrer por ter um coma alcoólico.

Nessa parte de humor negro sem-graça-alguma-na-hora-do-desespero, Matt era idêntico ao meu marido (ou ex, sei lá).

- Ah... ér... – murmurei, sentindo que meu rosto estava queimando (novamente). Estava num quarto com Matt NU! SEM ROUPA! DEUS, ME ACUDA! – Ér...

- Se você estivesse no mesmo hotel que Jimmy... com certeza ele não teria morrido. – comentou, deixando que a voz sumisse aos poucos. Lógico que Jimmy morreria... qualquer um enfartaria com a minha entrada “nada” triunfal.

Brincadeiras a parte... Momento tenso, parte um. Ainda lá, parada, rezava que Matt fosse vestir, no mínimo, uma cueca, e que falasse logo o que queria comigo. E fiquei ainda mais revoltada por saber que eu queria olhar, mesmo sem nada. O que estava havendo comigo?

- Você... se incomodaria de... vestir... uma roupa? – murmurei, dando alguns passos rápidos em direção a porta.

- Roupa? AH SIM... foi mal, eu tenho costume de dormir assim. – sorriu Matt, fazendo algo que eu não pude ver porque EU ESTAVA DE COSTAS PORRA! Mas devia estar vestindo uma cueca e uma calça, pelo menos. Quanto mais roupa, menos tentação, meu fundamento.

- E... o que... você... queria falar comigo? – perguntei, saindo aos poucos do quarto.

- Ah, lógico, por isso você está aqui... e... cara, não precisa sair, já estou de roupa.

Obrigada senhor!

Virei, joguei os cabelos pro lado e vi, aquele homem, enorme, sem camisa, só com uma calça jeans. Tentei, juro que tentei não olhar... mas não consegui. Cocei minha cabeça sem graça, virei de costas novamente e murmurei:

- Melhor irmos à sala, não? – e antes mesmo de receber resposta, sai disparada.

Matthew seguiu, acompanhando-me, dando a vaga impressão que eu era a dona da situação (e da c asa). Sentei, sem cerimônia, na poltrona, e esperei que ele também sentasse. Mas, ao invés disso, ele pegou as garrafas jogadas no chão e guardou, com cuidado. Parou encostado na parede, de pé, com os braços cruzados.

Diga-se de passagem que me perguntei, muitas vezes na ocasião, se Matt não sentia... frio. Enfim...

- Tudo está mais difícil agora. – começou ele, sério. – Lançamos, ano passado, o álbum Nightmare em dedicação ao Jimmy... já estávamos produzindo quando ele se foi, e prometi que... continuaríamos. Foi difícil... e sempre foi... mas... agora está pior.

- Matt... – murmurei, mas Matt acenou, como se desejasse continuar sem interrupções. Assenti.

- Eu e Syn já havíamos pensado em umas férias... permanente... uma espécie de hiato. Mas, com a turnê “Welcome to the family”, não foi possível acontecer. E... tudo estava ficando bem novamente, mesmo que sem o Jimmy. Mas... chegou o fim. Não vamos prosseguir sem o Johnny.

- COMO ASSIM, CHEGOU AO FIM?

- Não há mais... M. Shadows. Não há mais Avenged.

Tudo bem... alguém poderia dizer qual é a hora propícia para... MORRER!?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Leitoras me abandonando, xingando e matando em três, dois... um.