Palavras de Heagle escrita por Heagle


Capítulo 101
Lembranças.


Notas iniciais do capítulo

Oiee gente, lamento nao ter postado algo digno hoje porque estou gripada... na verdade, não gripada, acho que é a bronquite ¬¬ e... fiz de tudo pra postar algo legal pro ces. Prometo que tentarei fazer algo digno da proxima vez, com o caso da Melissa e se ela vai bater as botas ou nop MAUHAUA *-*
Boa leituuura, lindas.



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Synyster estava cada vez mais descontrolado, dando a louca, brigando com todos do hospital, berrando aos quatro cantos que queria ficar no quarto. Resultado? Doutor Connor aplicou, mesmo com forte resistência e protesto, um sedativo. Aquele filho da puta chapou por horas no banco do hospital. Quem sabe assim sossegava o facho.

Nessa brecha, Matthew e Zacky voltaram para nossa casa, pegando algumas coisas para nossa estada no hospital. E eu, fiquei ali, sentada, com os olhos fechados, lembrando das coisas que haviam acontecido, em uma fração mínima de tempo.

Era automático pensar na minha época universitária. Lembrei do meu primeiro ano da faculdade, em que Melissa parecia uma doida varrida, correndo pela FEB (onde ficavam os Engenheiros da UNESP).

- CARA, CARA, QUANTOS PRATOS A SE PROVAR, QUANTOS CHEIROS PRA SE SENTIR, AI CARA, TO CONFUSA! – gritava, arrastando-me pelo braço.

Eu, a careta e nerd de sempre, tapava minha cara de vergonha, com todos aqueles rapazes olhando pra gente.

- Melissa Prado, cala sua boca, estamos parecendo duas vadias no cio! – murmurei, sentindo meu rosto corar quando um loirinho lá assoviou.

- Você é amarrada, culpa sua, eu sou livre! Vem em mim, seus gaaaatos!

- Eu te odeio infinitamente, Melissa Prado. – praguejei, jogando o cabelo no rosto, para não ser reconhecida.

É... quanta bosta. Recordo-me que nesse dia, Mel conseguiu pegar um carinha bem gatinho da FEB... e veio saber, posteriormente, que ele era gay. Gay e namorado de outro carinha que ela ia pegar, na sexta-feira seguinte.

- Não, Marie, não posso ter pego um gato daqueles... e saber que ele é chegado na banana! – choramingou, batendo a cabeça na carteira. – Por que, Deus, você é tão revoltado comigo?

- Acho pouco pra você. – sorri, tentando resolver uma questão de história geral que a professora havia dado. – Eu disse: vamos ir pra biblioteca terminar a tarefa, mas você não me ouviu.

- Cara, falando em história geral... semana que vem iremos dar uma... olhadinha na aula do cursinho. – sugeriu, voltando a exibir um sorrisão safado no rosto. Ai se eu não conhecesse bem aquela louca...

- Tá, pra quê? – questionei, aparentando duvidar das “boas” intenções daquele convite. Ela, fingindo estar indignada, pôs a mão na boca:

- Está pensando o que de mim? Eu só quero seu bem! Marie, você quer dar aula em cursinho... vai aprender e...

- Mel! – repeti, sorrindo.

- Tá, o professor de lá é uma sedução. – confessou, voltando a bater a cabeça na cadeira. – Fofo que nem o Zacky, gostoso idem... ai gente, essa faculdade é uma tentação. Marie, como você pode pensar em estudar História Geral com esse self-service de delícias aqui?

- Porque eu penso que daqui uns anos estarei em Londres, ganhando rios de dinheiro, e você vai ser mãe de 5 filhos, de preferência com um ano de diferença entre eles, com um marido gordo, com problema de diabetes e colesterol, que vai te deixar viúva antes dos 30.

- Tá... cadê a porra dessa questão?

Mel bem que tentou esquecer... mas depois de um tempinho (um mês, no máximo), voltou a demonstrar interesse pelo cursinho gratuito da UNESP. Como havíamos nos tornado grandes amigas... resolvi acompanhá-la, com intenção de saber mais sobre o tal estágio.

Já ela, estava com a intenção de saber mais do que devia sobre a disposição sexual do professor.

- OIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII FEEEELIPEEEE - berrou, daquela forma escandalosa que só ela era capaz, dando um pulo no colo do rapaz. – Saudades das suas aulas, profe!

- Ah sim, que bom. – respondeu, um pouco envergonhado, diante da sala. Tentando se esquivar dos braços de Melissa, acabou olhando para mim, exibindo um sorrisinho:

- E você, é bixete também?

- Sou. – assenti, olhando para os lados. – É legal dar aula?

- Eu gosto... mas gostaria mais se você fosse minha aluna.

- Porra cara, que cantada barata! – resmungou Mel, agarrando-me novamente pelo braço. Arrastou-me para fora, emburrada, com aquela bundona batendo violentamente a porta. – Você tem namorado, okay?

- Eu sei. – ri, sem conseguir me conter. – Cara, BEM FEITO PRA VOCÊ, EU ACHO POUCO! APRENDA, MELISSA, APRENDA.

- Desisto dessa vida. Vou virar lésbica, bêbada e jogarei truco com os caras tensos no Ubaiano. – esbravejou, gesticulando gestos obscenos para todos os lados.

- Você está brincando, né?

- Não. – resmungou, seguindo o caminho da saída. – Vamos, quero encher a cara.

- Melissa, estamos aqui pra estudar, não pra...

- Tá tá, já sei do discurso todo. Então eu vou sozinha!

- Melissa, vai começar a aula. Olha, já são sete e meia.

- Foda-se, aquele professor de Literatura deseja meu corpo, não tira o olho de mim.

- Deve ser porque você ri da careca dele toda aula.

- Não tenho culpa, okay? Tô indo, fui. – e sumiu pelo portão, deixando-me para trás.

Podia amar Mel, mas a aula de sexta, de Literatura, era sagrada! Nada, absolutamente nada, me impediria de assisti-la por completa.

Bem... ou não.

- Marie... fomos no intervalo no boteco e... a Mel tava bebaça jogando truco com os rapazes. – contou Gustavo, no início da terceira aula. Dei um tapa na cabeça, num sinal de desgosto. Impossível, havia me tornado mãe daquela maluca, só podia.

O que me restou fazer? Oras... o que uma best faria?

Largaria o prof extra fodão falando de Machado de Assis, meu autor favorito, pra entrar num boteco tenso, à procura da melhor amiga.

- Melissa Prado! – gritei, ao vê-la em cima da mesa, batendo o pé berrando: TRUCO, TRUCO. – Que putaria é essa?

- Marie, to gostando desses mané, caaaaaaaaaaaaaaara. – gargalhou, tentando descer sem cair. Não conseguiu; esborrachara no chão, junto de um rapazinho muito estranho.

- Olha cara, vou te matar! Mew, não acredito que você faz essas coisas.

- Eu sou feliz, okay? – riu, tentando se levantar, cambaleando.

Sem paciência, agarrei-a pelo colarinho da blusa, ignorando os rapazes que começavam a uivar pra nós.

- VAMOS AGORA! – ordenei, olhando para a saída.

- EPA, PERAÍ... E A CONTA? – gritou o dono do bar, com a notinha em mãos. – Essa daí bebeu 10 latas de cerveja, e perdeu 6 de 7 rodadas de truco.

- PUTA QUE PARIU, MELISSA, ALÉM DE FICAR NESSe ESTADO, VOCÊ PERDE? Inferno, eu não tenho dinheiro.

- Eu também não... – riu, agarrando-me. – Mariiieeee, paga aí vai.

- Só se eu der o cu.

- Ui, gostei dessa ideia. – disse um dos caras, dando uma piscadinha.

SENHOR DAS MENINAS PURAS E SANTIFICADAS COMO EU... ONDE FUI AMARRAR MEU BURRINHO QUANDO CONHECI ESSA MALDITA?

O que acabei fazendo? Joguei truco. Isso, joguei com eles e ganhei, pra conseguir pagar a dívida. Fui sair do tal bar por volta da meia-noite... e foi com pesar que percebi que tinha perdido o ônibus de volta pra casa.

- CARALHO, TO FUDIDA, MEU PAI VAI ME MATAR. – berrei, quase tendo uma crise de choro. – QUE FAÇO AGORA?

- Relaxaaaaa. – ria Melissa, dando pulinhos e voltas. – O Inferno deve ser legal. Dean deve estar lá. CARA, tenho inveja de você... vai poder agarrar aquele...

- Corre, Melissa... corre antes que eu... eu... EU VOU TE MAAAAAAATAR, FILHA DA PUTA!

Caralho, nunca corri tanto na vida. Fiquei meia hora (sem exagero) tentando pegar aquela vadia desgraçada, que mesmo bêbada, tinha fôlego que era uma beleza.

O resumo dessa lembrança é que... fiquei duas semanas sem falar com ela. Por quê? Porque meu pai me deixou de castigo e me proibiu de voltar pra faculdade.

Tá que depois eu resolvi tudo, mas... que deu raiva, deu. Só que... não adiantava. Mesmo querendo pegar uma faca e cortá-la em pedaços resumidos... continuava sendo minha melhor amiga, que carregava a menos de um ano nas costas.

A última cena que veio em minha mente, e talvez a mais importante, foi quando terminei com Hugo, pela primeira vez. Estava um caco, com os olhos inchados, tentando me concentrar no trabalho final de Inglês. Não conseguia.

- Cara, você não deve ficar assim. – tentou me consolar, apresentando um embrulho em  mãos. – Ó, eu sei que não tem que comemorar, mas hoje faz dois anos que você me aguenta... e geralmente as pessoas desistem no primeiro mês. Ou semana, não me recordo ao certo.

Juro gente... que mesmo com um desânimo infernal, não teve como não rir. Qualquer coisa que Melissa dizia... era engraçado, cômico, que melhorava o humor consideravelmente.

- Que dó de você. – sorri, abandonando o notebook de lado.

- Olha, eu sei que eu já pisei na bola com você... muito. Tipo a vez do bar... que seu pai quase te proibiu de vir pra facul... e de falar comigo... mas... sério, você é única pessoa que me entende, e tipo, não tenho ninguém. É estranho porque você age como minha mãe... e eu não tenho mãe... assim... ér... chega de boiolice, abre isso logo e come. – ordenou, virando o rosto, antes que começasse a se emocionar.

Sem questionar, arranquei o laço, abrindo a caixa. Tinha nela um monte de balas, doces e um pacote de batata de cebola e salsa. Mew... que presente original e lindo UHSAHHSHAUSUHS. Tá, é meio estranho pra vocês, mas pra mim significava muito.

- Você não existe.

- Não importa se Hugo está ou não com você. Eu to aqui... contigo... pro que der e vier. Vai ter muitos caras que te farão chorar, e infelizmente não posso matar e cortar a bola de todos eles, mas... farei o possível pra te acompanhar nessa vida. Isso se eu não entrar em outro coma diabético, só pra variar...

- Você não sabe a falta que me faz. – murmurei, abrindo os olhos, percebendo que não estava mais na minha juventude em Bauru. Era só mais uma noite de cão no hospital Saint Barbara... diante do quarto em que Melissa estava.

Ela prometeu que não me deixaria. Por que fazer promessas se não vai poder cumpri-las?


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