Points escrita por Juhhjulevisck


Capítulo 1
Capítulo único




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 Thalia conhecia Luke bem, e podia enumerar uma lista enorme de características sobre ele. Naquele domingo ensolarado, ela estava caminhando distraída pela grama úmida do Acampamento, com os olhos perdidos e um sorriso nos lábios, pensando nas coisas que via e sentia quando estava ao lado dele.

L&T

  1. 1.       Luke podia não aparentar, mas era extremamente romântico.

Thalia tomou um gole de suco de laranja e sentiu o líquido descer gelado pela sua garganta. Ainda tentava se livrar dos últimos resquícios de sono antes de ir treinar. Aquela era sua rotina diária; acordava cedo, tomava seu desjejum e passava boa parte do dia treinando.

Estava distraída quando sentiu alguém tombar ao seu lado no banco da mesa. Era um Luke um pouco descabelado e completamente sonolento. Mal conseguia manter os olhos abertos por mais de cinco segundos.

— É seis da manhã, Luke. Você nunca acorda essa hora — Thalia disse rindo. — Caiu da cama, foi?

— Hã? — ele resmungou em meio a um bocejo. — Estou bem, estou bem. Eu... Precisava te mostrar uma coisa. — Aquilo pareceu despertá-lo. Sentou-se ereto no banco e tomou um generoso gole do suco da garota.

— Mostrar o quê? — ela perguntou curiosa. Luke deu um sorriso de canto, o que fez Thalia imediatamente pensar de que algo não muito bom vinha dali.

Ele tomou-a pela mão e a puxou para fora do refeitório. Correram pelo Acampamento de mãos dadas, atraindo os olhares dos poucos campistas acordados àquela hora. Thalia não tinha a mínima idéia de onde Luke pretendia levá-la, até que chegassem ao topo da Colina, ao lado do pinheiro que outrora havia sido a filha de Zeus.

Dali, eles tinham uma linda vista do nascer do sol. Ela nunca havia prestado atenção naquilo; não no fenômeno em si, mas naquele ângulo em especial. Thalia achara aquela vista fenomenal.  Sentiu que Luke entrelaçou seus dedos ao dela, e assim ficaram alguns minutos só prestigiando o brilho do sol.

— É lindo, Luke... Mas por que você me trouxe aqui?   

— Para te mostrar como me sinto toda a manhã, quando acordo e me lembro que tenho você ao meu lado. — Ele disse sorrindo. — É como se eu tivesse um motivo para acordar e iluminar todos os dias. É o melhor sentimento do mundo.

Thalia tentou segurar, mas não evitou o enorme sorriso que se estendeu pelo seu rosto naquele momento. Luke era romântico e ela amava isso. Mesmo que ele negasse.

2. Luke entendia Thalia, mesmo que ela não lhe dissesse nada.

A filha de Zeus sabia que não poderia ter ido atrás da sua mãe. Ela provavelmente lhe diria algo ou faria alguma coisa que a faria se sentir horrível por semanas. Mas ela não resistiu; depois de alguns anos sem vê-la, sentiu-se na obrigação de, pelo menos, aparecer e dar um oi.

Thalia havia se arrependido profundamente.

Sua mãe lhe tratara mal, da mesma maneira que fazia anos atrás. Dissera-lhe que ela não passava de uma delinqüente e que não prestava para nada. Thalia explodiu e, após fazer uma pequena tempestade de raios cair próximo à casa da mãe, voltou ao Acampamento, triste e arrependida.

Luke havia notado a diferença de comportamento na namorada. Ela passara a se comunicar com ele monossilabicamente, mal saía de dentro do seu chalé, se irritava fácil e se tornara incrivelmente sensível.

Ele não agüentou vê-la agir daquele jeito por muito tempo. Em uma noite, dois dias depois de sua volta, ele bateu na porta do Chalé de Zeus, com cautela. Uma Thalia descabelada e irritada apareceu na porta.

— Que foi? — perguntou com impaciência. Só naquele ato, Luke percebeu que seus dedos estavam trêmulos e que ela não conseguia parar quieta no lugar.

— Thalia... — Ele entrou porta adentro e se sentou na cama da garota, apoiando as mãos nos joelhos. — Sente aqui, por favor.

Thalia, contrariada, trancou os dois ali e se acomodou ao lado do namorado, o encarando com uma expressão confusa. Ele apenas pousou a mão no seu ombro, com um brilho compreensivo nos olhos azuis.

— O que está acontecendo, Luke? — Thalia perguntou, preocupada com a atitude dele.

— Eu que pergunto. O que está acontecendo, Thalia? Eu vi como você ficou depois que voltou, acha que eu não notaria? Agora mesmo estou vendo que você está respirando com mais ansiedade do que o normal, você não para de mexer os dedos porque está tensa e na maioria das vezes você evita olhar muito tempo nos olhos de alguém.

— Não é nada, Luke. — Thalia evitou o olhar dele e olhou vacilante para o chão, como se aquilo fosse muito reconfortante. — É só que... Você sabe, minha mãe... — As palavras morreram na sua garganta. Um enorme nó começava a atrapalhar Thalia e as lágrimas já se formavam nos seus olhos.

Luke não disse nada. Apenas a abraçou pelos ombros e deixou que ela acomodasse a cabeça no seu peito. Ele acariciava os fios de cabelo negro de Thalia e murmurava palavras de consolo.

E ali, aninhada nos braços de Luke, Thalia se acalmava, porque sabia que ele a entendia mesmo no silêncio.

3. Luke tinha os olhos mais lindos do mundo.

Thalia percebera isso desde quando o conhecera, quando ainda tinha doze anos e não sabia quase nada sobre sua péssima vida de meio-sangue. No dia que vira Luke pela primeira vez, a primeira coisa que notara nele haviam sido os olhos. Naquele dia, eles estavam de um azul com uma tonalidade puxada para o cinza.

Mas Thalia passou a perceber, com o tempo, que os olhos de Luke mudavam de cor, e certo dia ela decidira contar tal descoberta para Luke.

— Seus olhos mudam de cor, sabia? — Ela disse, enquanto deslizava os dedos pela superfície do lago do Acampamento. Luke estava sentado ao seu lado, abraçando os joelhos e se balançando constantemente para frente e para trás. Olhou para Thalia, que percebeu que quando os raios solares bateram nos olhos de Luke, esses se tornaram de um azul límpido, assim como o azul do céu.

— Mudam, é? — Luke perguntou sorrindo.

— É, mudam. Quando você está triste, eles ficam cinza. Quando você está feliz, eles ficam de um azul que me lembra a água do mar. Quando você está irritado, eles ficam azul escuro...

— E de que cor eles estão agora?

— Azul da cor do céu. 

— E isso significa que eu estou sentindo o quê? — Thalia se sentiu confusa por um tempo. Realmente não sabia o que aquilo significava. Tentou responder várias vezes; abria a boca na tentativa de dar uma resposta convincente, mas nada saía da sua boca.

— Não sei — disse finalmente, dando de ombros e dando um sorriso sem graça em seguida.

— Eu sei. E, quer saber, meus olhos só ficam dessa cor em uma situação. Sabe qual? — Thalia negou com a cabeça em resposta. — Eles ficam assim quando meu coração está em harmonia. Quando ele sabe que esses olhos pertencem a uma só pessoa.

Thalia sorriu.

Definitivamente, Luke tinha os olhos mais belos que já havia visto.

4. Luke era um ladrão nato.

Óbvio que, sendo filho de Hermes, isso estava no seu sangue. Mas Luke tinha alguma coisa que fazia com que ele fosse um ladrão especial. Thalia chegou a essa conclusão quando percebeu que ele havia lhe roubado seu bem mais precioso.

Thalia sempre percebera que havia uma coisa diferente no jeito que Luke lhe olhava, na maneira que sorria para ela; ele havia chegado ao ponto de gaguejar enquanto falava com a filha de Zeus, além de ter corado algumas inúmeras vezes. E Thalia não entendia o porquê de nada daquilo.

Naquela segunda-feira, ela havia cumprido sua rotina diária. Já era quase de noite quando ela parou com o seu treinamento diário, tomou banho e foi jantar com os outros semideuses.

Estava distraída comendo quando viu um vulto se sentar ao seu lado na mesa do Chalé de Zeus. Era Luke. Thalia se sentiu nervosa com a presença dele, como sempre sentia. Seu estômago afundava e o simples ato de respirar era demasiado difícil.

— Thalia, eu... Preciso falar com você — Luke disse aquelas palavras num tom de voz tão baixo que Thalia quase não compreendera.

— Tudo bem, fale. — Ela disse, dando de ombros, fingindo indiferença. O filho de Hermes riu sem graça e abaixou a cabeça, evitando manter contato visual com a garota.

— Quero falar com você em particular. Podemos ir lá fora, sim? — Ele pediu, dando as costas em seguida. Curiosa, Thalia largou a janta comida pela metade e correu atrás de Luke. Ele havia ido na direção da Colina, e, hesitante, ela o seguiu.

— O que foi, Luke? — perguntou preocupada.

— Eu... Eu queria te dizer uma coisa. É só que... Merda, eu estou muito nervoso. — Riu nervoso, engolindo em seco. Passou a língua pelos lábios, num claro sinal de nervosismo. — Thalia, eu te amo. Não sei há quanto tempo percebi isso, só sei que te amo. Eu fico sem ar quando estou ao teu lado, eu... Eu não sei o que é isso. Meu coração bate tão rápido quando você sorri pra mim que eu acho que vou sofrer um ataque cardíaco. Eu só queria entender o que é isso.

Thalia sorriu como nunca havia sorrido antes. Toda a sensação de felicidade que sentia no momento podia ser resumida naquele simples sorriso.

— Quer saber, Luke? Eu sinto o mesmo.  E sabe por que eu sorrio para você? Porque você faz eu me sentir como se a felicidade existisse.

— Thalia... — ele pegou a sua mão com delicadeza e fixou seus olhos azuis nos dela. — Eu sei que você pode achar isso inadequado e qualquer outra coisa, mas... Quer ficar comigo?

O sorriso de Thalia morreu. Toda aquela declaração de amor para um “quer ficar comigo?”. Ela amava Luke. Queria namorar e passar o resto da vida do lado dele, não simplesmente beijá-lo algumas vezes e deixar que ele a abandonasse. Não queria torturar os próprios sentimentos daquele jeito.

Luke percebeu a reação de Thalia e riu.

— Thalia, você não entendeu. — Apertou mais a mão dela contra a sua. — Deixe-me refazer o pedido. Thalia, você quer ficar comigo? Para o resto da vida?

E foi naquele momento que ela percebeu que Luke era um ladrão nato. Havia roubado seu coração.

Mas ela não ligava.

Enquanto houvesse amor, ela estaria bem.

L&T

E, andando pelo Acampamento, Thalia percebia que, na realidade, não havia necessidade de enumerar as características de Luke.

O que importava era que ela o amava, e que aquele amor era recíproco.

Esse era o único ponto que importava. 


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Notas finais do capítulo

Bom, gente, está aí :3 Mereço reviews, pessoas?