Saint Maria escrita por Tai Flores


Capítulo 5
Capítulo 5




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De repente, um deles levantou e chamou um dos gêmeos. Fiquei atenta para ver qual respondia, pois assim matava a charada de uma vez. O nome que ele se dirigiu foi de Tom, e ai matei a curiosidade que praticamente tirava meu sono. Tom era o irmão dele. Bill era seu nome. Olhei para o lado e sorri discretamente para ele. Papai ficou muito aborrecido com a audácia de Bill ao levantar-se e ir cumprimentar-nos em nossa mesa. De suas mãos lisas e estranhas aos olhos das pessoas, saiu uma bela flor, um copo de leite. Ele estendeu o braço em minha direção e me deu a flor.

- Desculpe minha inconveniência, - começou ele. – mas creio que esse copo de leite ficará muito mais bonito nesta mesa, pois na minha só há homens e isso não combina conosco.

- Muito obrigado rapaz. – respondeu mamãe com certo ar de desconfiança, mas sorrindo com o canto da boca.

Na realidade Bill enfureceu meu pai, mas mamãe o convenceu que os quatro eram pessoas boas e gentis. Eu não disse nenhuma palavra depois deste episodio maluco que Bill fez nós passarmos. Ele era totalmente maluco, e se papai o xingasse, ou o agredisse? Realmente não pensou nas conseqüências. Poderíamos armar um tremendo barraco na pizzaria, mas felizmente isso não aconteceu.

Impressionava-me observando as pessoas que passavam e olhavam para Bill. Parecia que estavam diante de um fantasma, ou de alguma criatura estranha. Seu estilo era tão único e exagerado que espantava as pessoas. Mas ele nem dava a mínima para o que os outros falavam, apenas seguia sua moda andrógena e mais nada.

Na mesa ao lado, todos conversavam discretamente e com certa elegância. Vi que não tomaram nada de álcool, apenas refrigerante e café. Notei que Bill pediu chá de alguma coisa que não consigo me lembrar, e isso foi mais uma surpresa para mim. Pela sua imagem, eu pensava que caia na bebedeira, mas pensando melhor nunca tinha o visto com uma cerveja, ou algo parecido na esquina das flores. Na verdade nunca os vi fazendo nada de errado. Mas se bebiam ou fumavam, não haveria problemas, pois todo jovem fazia isto, era completamente normal.

Quando ninguém estava olhando, Bill fazia caretas para eu dar risada. Tinha vezes que eu não conseguia segurar o riso, era muita palhaçada. Meus pais perguntavam o que estava acontecendo, e eu sempre inventava uma desculpa sem noção nenhuma, e eles acreditavam e riam junto. Foi muito divertido, talvez o dia mais legal entre todos que eu já havia passado naquela cidade.

Como já estava ficando muito tarde, decidimos ir embora. Nós não tínhamos nenhum meio de transporte, a não ser o ônibus e ficaria difícil sair de lá mais tarde. Papai pediu a conta ao garçom e Bill percebeu. Na hora em que o homem foi buscar a nossa nota, Bill pediu a deles também. Como havia levado uma bolsinha, peguei a flor de cima da mesa e a coloquei dentro, e isso foi um prato cheio para Bill e até mesmo Tom caírem na risada. Eu fiquei sem reação e saí para fora esperar meus pais que estavam pagando a conta. Depois de papai sair, o amigo dos gêmeos foi pagar a conta. Bill, Tom e o outro saíram para fora. 

Quando olhei para o outro lado da rua, vi os carros dos garotos estacionados. Eram lindos demais, e até parecia aqueles de corrida. Mamãe comentou a respeito de os mesmos terem passado por nós antes. No mesmo momento, os quatro atravessavam a rua e abriam as portas dos carros para entrarem. Como eu já sabia, não fiquei surpresa, mas meus pais ficaram e muito.

Papai achou melhor chamarmos um táxi e Bill vendo a situação, desceu novamente de seu carro importado e foi até nós. Mais uma vez tremi, mas desta vez foi pra valer.

- Desculpe minha intromissão ou até mesmo minha indelicadeza, - disse Bill. – mas estamos indo para o mesmo lugar. Vocês aceitariam uma carona?

Meus pais se olharam e não aceitaram. Eu não poderia insistir, pois realmente Bill tinha passado dos limites. Ele saturou a paciência de meus pais. Mas depois ele se desculpou e voltou para junto de seus amigos. Percebi que Tom o repreendeu, mas não consegui ouvir toda discussão, apenas o final onde ele chamava Bill de egoísta e excêntrico.


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