Era noite, alta no céu a lua estava dourada, iluminava tudo naquela noite de lua cheia. Nuvens claras emolduravam a grande esfera dourada, conferindo a noite um tom sobrenatural. Na terra havia muita névoa, tudo parecia estar calmo;

calmaria mais assustadora do que tranqüilizante. Ouvi um uivo à distância, lobos saiam para a caça, a noite era dos caçadores dessa vez.

            Estava frio, eu não tive medo, não essa noite; mesmo que tudo parecesse estranhamente sombrio, aqui na minha terra estava tudo feliz. Era uma grande noite, noite de festas e danças. A noite em que o filho do rei nascera homem e saudável.

            Chamo-me Claire, sou só uma jovem da província de D’aevas, vilarejo de Honspirton, do império de Reeland, meu vilarejo quase faz fronteira com o império Irine. Na parte central de meu pequeno vilarejo ocorria uma festa enorme, eu estava no telhado da minha casa observando a floresta.

            Acho que sou meio anti-social, não, tenho certeza; quando havia festas eu me mantinha mais afastada delas, não gostava do barulho e muito menos dos cidadãos bebendo como cavalos e sendo roubados pelos forasteiros que aproveitavam da festa para conseguir novas mercadorias.

            Havia carne, muitas frutas e vinho, era uma ótima atração para uma jovem como eu, mas não, preferia ficar sozinha em meu canto, era muito melhor estar aqui na mais pura calma do que ir para lá no meio da bagunça.

            Olhei para a festa, lá estava minha irmãzinha Emily brincando com todas as crianças, era bonito ver a felicidade das crianças, elas sim eram puras.

            Minha família era composta por apenas seis integrantes; meu pai David, minha mãe Maria, minha irmã Emily, minha outra irmã Ártemis, meu irmão Lucas e eu. Claro que meu pai raramente estava em casa. Meu pai era um guerreiro, era um general do exercito de Reeland, eu sempre tive orgulho dele, era realmente um grande guerreiro.

            Reeland era o rei, um grande homem, se nosso povo era vitorioso era graças a ele.

            Bem, existem muitas coisas que preciso explicar a vocês, então vamos lá...

            2052 D.C

                Era uma época prospera para a humanidade, tudo parecia perfeito, os avanços tecnológicos já permitiam ao humano uma vida eterna, não havia mais doenças incuráveis, não havia velhice nem morte.Tudo estava ótimo para os humanos. A natureza tinha sofrido muito para chegar onde os humanos se encontravam, já não haviam florestas e muitas espécies haviam sido extintas, mas nossa espécie tinha tudo que precisava...Ate uma noite...

               No dia 24 de agosto de 2052 a noite deveria ser mais uma noite qualquer... Mas algo deu errado.

       As três da manha um abalo sísmico mudou o mundo, tudo tremeu como se o mundo fosse acabar se quebrando em mil pedaços, após o ocorrido a população entrou em desespero. Pessoas mortas, sofrimento e dor inundaram a Terra.

               Depois daquela noite parecia que toda fonte de energia havia sido neutralizada, nada movido à energia funcionava. O povo passou a viver à luz de velas, o caos se estabeleceu em todo o mundo e as pessoas passaram a perceber uma coisa: após aquela noite os continentes pareciam ter mudado.

               Em 2094 a primeira expedição para descobrir o que havia acontecido com o mundo saiu de Florida- EUA, a expedição foi intitulada “Arca de Noé” e seguiu em uma viajem marinha. Passaram-se seis meses ate que os marinheiros ─ nisso muitos já haviam morrido ─ avistassem terra.

             Eles chegaram a noite e foram recebido por outros seres, esses pareciam humanos, tinham corpos humanos, mas eram criaturas que possuíam caninos pontiagudos. Pouco a pouco quase todos morreram com aquelas criaturas grudadas em seus pescoços.

             Um único marinheiro voltou para casa, este estava quase morto, só houve tempo para que ele contasse o que acontecera e a morte veio o buscar.

            Somente em 2112 novas expedições preparadas saíram para descobrir novamente o mundo.

            Em 2240 tudo já estava resolvido e a verdade invadiu nosso mundo: Após o devastador terremoto o mundo havia se dividido em três continentes, dois deles foram misteriosamente habitados por criaturas estranhas, essas que cabiam a uma antiga lenda, Os Vampiros. Cada continente foi nomeado, e assim nasceram Noelle- o continente guiado pelo poderoso vampiro Edward Stuvánia. Irine- o continente comandado inicialmente pelo maldoso e estranho vampiro Dustin. E por fim Saphira- o continente o qual o comandante ia mudando por ser humano.

             Com os anos houve guerras e parcerias, também se soube que era possível sim negociar com vampiros, mas só os de Noelle, por que os de Irine eram tão terríveis quanto o seu imperador.

                   Noelle tinha como capital a grande cidade de Baltazar, Irine tinha Mïglht e Saphira tinha Ilíria. Cada império tinha uma cidade que era república de outros impérios.

            Em 4051 outro desastre explodiu em todo o mundo, era um maremoto de dimensões terríveis. E então todos os continentes passaram a ser só um, um único continente com três impérios que continuavam os mesmos. A partir daí as guerras eram piores, os Irinianos invadiam Saphira em busca de sangue humano e Noelle tentava impedir.

           Somente após muitos milênios de convivência e coexistência as duas espécies e os três impérios puderam controlar-se.

       E aqui estou eu, no ano de 19.022, hoje é fácil conviver com vampiros Irines e Noelles, a maior parte das guerras ocorre entre eles, nós humanos ainda somos presas, mas não somos dizimados pela população vampírica.

            Os reis da Irine e de Saphira mudaram. Hoje o rei Iriniano é Owen, o pior vampiro existente para a função. E em Saphira é nosso amado e clamado Reeland.

            A festa iria varar a noite em felicidade, mas nos portões da fortaleza que era nossa cidade vários soldados guardavam a segurança dos festeiros. Sempre estávamos alertas, a qualquer hora uma guerra entre Owen e Edward poderia ocorrer.

            Por hora tudo estava calmo, eu torcia para permanecer assim, mesmo sabendo que tudo estava bem eu carregava comigo minha adaga de prata e a experiência que tinha com armas, tudo ensinado por meu pai.

            Eu era uma menina de quinze anos e meio que sabia lutar como um guerreiro. Isso na sua época pode parecer estranho, mas é isso que garante a sobrevivência em meu povo.

            Em tempos de sangue só armas e ódio garantem a sobrevivência.