Borboletas. escrita por Christie Bach


Capítulo 1
único.


Notas iniciais do capítulo

título provisório :/



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Sheldon nunca foi bom com as pessoas. Não sabia como a maioria das pessoas abaixo de seu Q.I. funcionavam. Era difícil imaginar como alguém poderia viver sem criar teorias até sobre como presentear alguém. Sem ter fundamentos para tais práticas. Sem hábitos.

Sheldon não só era incapaz de entender as pessoas como também, em toda sua carreira acadêmica como físico teórico, não conseguiu explicar aquela necessidade das pessoas de se tocarem, abraçarem e se relacionarem. Ele não havia encontrado uma equação que pudesse representar tudo aquilo. E ainda assim a conclusão era óbvia: não tem como explicar.

Entretanto, ele conseguia interpretar o sexo através da física. A dor era suportável, e ele sabia que ela se transformaria em prazer de acordo com a sua teoria. Não passava apenas de reações e reflexos, não era preciso ter PhD em física teórica, havia muita lógica naquilo tudo. Só não conseguia explicar os arrepios e as sensações no estômago que qualquer um com um Q.I. abaixo do seu chamaria de "borboletas no estômago". 

Não tinha lógica.

Um par de asas coloridas membranosas cobertas de escamas planando dentro do seu estômago.

Apesar de ser uma expressão no sentido figurado para ilustrar a sensação de leveza dentro de si, Sheldon não conseguia relacionar isso a sentimentos. Só teria nexo se ele tivesse ingerido larvas que entrariam em processo de metamorfose dentro de seu estomago e após o casulo se abrir, ele aceitaria aquilo sem uma teoria prévia. E ele não encontrou nenhum histórico em culturas antigas que ingerissem borboletas.

Não fazia sentido, pelo fato de que Sheldon só via borboletas como simbolos em outras culturas. Por exemplo: A borboleta é considerada um símbolo de ligeireza e de inconstância, de transformação e de um novo começo. A psicanálise moderna vê na borboleta um símbolo de renascimento. Por esse ponto de vista, não podia fazer parte de um quadro de sensações ou sentimentos.

Era difícil aceitar o fato de que aquilo estava fora do seu alcance de compreensão, apesar do elevado Q.I.

"Leonard?" - disse, as mãos cruzadas sobre o próprio peito e os olhos atingindo o teto.

"Sim?" - o outro respondeu preguiçoso.

"Você pode explicar isso?"

"Isso o quê, Sheldon?"

"Essa expressão no sentido figurado: borboletas no estômago."

"Dizem que é isso que você sente quando está apaixonado."

"Mas Leonard, não faz sentido." - estreitou a sobrancelha - "É normal sentir isso? Digo, já sentiu também?"

"Oh, santo Deus." - o outro protestou, virando-se na cama e encontrando a face serena do parceiro encarando o teto. Leonard ignorava o fato de ambos estarem deitados na mesma cama, vestindo apenas roupas intimas de super heróis. - "Apenas aceite que algumas coisas não podem ser explicadas."

"Não sei muito bem, mas a minha teoria é: toda vez que nós deitamos juntos, eu sinto isso. Muito provavelmente seja você quem provoque tal sensação." - e se virou, deitando a cabeça sobre as costas das mãos.

Leornad riu de soslaio, admirando as costas largas do outro.

Uma única vez na vida Sheldon não sabia o que aquilo significava. E se Leonard não estava enganado, provavelmente depois dali ele tiraria um chapa de raio-x para procurar os insetos dentro de si.


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