Cartas Fechadas escrita por Ana Bela
Noites e mais noites em claro
A lua está cheia como sempre.
Eu descrevo meus dias.
Descrevo a minha própria dor.
Fecho os olhos.
Palavras jogadas fora.
Ninguém as verá, estão escondidas.
Bem escondidas, num lugar muito frio.
Escondidas em meu coração.
Palavras pintadas com escarlate.
Com pitadas salgadas e molhadas.
Eu quero parar.
Recomeçar.
Jogar fora mais uma tentativa frustrada.
Tentar esquecer-se do passado.
Mais uma vez.
Algo tão cansativo,
Mas para mim, meu único deleite.
Todas trancafiadas a sete chaves.
Fortes demais para serem vistas
Difíceis demais para serem compreendidas
Sujas demais para serem tocadas.
Estão todas mortas, dentro mim.
Eu posso sentir gritando dentro de mim.
Elas não querem dormir.
Estão com insônia.
Querem pular para fora de mim.
Não!
Permaneçam aqui.
Dor, angústia e tristeza.
Todas elas dentro da minha mente
Passeiam pelo meu coração.
Quebram minha alma,
Pisam no meu sangue.
Calam minhas palavras,
Motivação a lágrimas.
Feche meus olhos por completo.
Não quero acordar.
É difícil demais se manter acordado.
Estou contraditória,
Elas não querem morrer,
Mas as outras querem sair.
Enquanto umas penetram em minha alma,
Outras correm pelo meu sangue quente e brincam de formas.
Malditas palavras!
Texto imundo, sujo, vermelho.
Papel branco e limpo
Linhas negras somem,
Tudo desconexo, não chega a lugar algum.
Mais uma se encontra.
Não há para onde correr.
Permanecerá aqui
Intocável, meu santuário de dor.
Minha única fonte de dizer a mim mesma
Que já deu hora de partir.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!