We - Two escrita por guilhermy


Capítulo 1
Capítulo I - Sequestrado


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo da história, espero que gostem, amanhã atualização dessa e primeiro capítulo de "We - Three". Aguardem e boa leitura.



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De repente as luzes se apagaram, porém, ainda havia um clarão que insistia sobre a cabeça dos noivos. Aaron girou suas orbes a procura de algum sinal de movimento, mas, nada. Todos estavam parados, petrificados. Ele se deu conta de que mais uma vez estava em seus pensamento, mais uma vez.

Então a sua frente, acima do altar, duas crianças surgiram envoltas a uma luz branca. Elas se olhavam sorrindo. Eram dois garotos. Houve um pique, e a cena reiniciou. Agora o mais novo estava caído no chão, por um corte em seu rosto o sangue insistia em sair, o loiro chorava estendido no pavimento. Não se podia ver o seu rosto, mas Aaron sabia quem era. O outro, agachado, estava com seus olhos virados para o menor. Ele lacrimejava, sua raiva transparecia.

- Quem te fez isso? - o moreno perguntava.

Ele receava. Ofegante, tossiu uma ou duas vezes antes de devolver:

- Você não tem nada... - e respirou mais uma vez, sentiu-se muito fraco - Não é o seu problema! ME DEIXE EM PAZ! - esforçou-se para gritar.

Aaron se assustou. Seu coração, apertado, batia mais forte. Parou para observar os dois novamente. O moreno já estava levantado à este momento.

- NÃO!  - e deixou escapar uma lágrima - Não, porque quando eu quis me afastar você não deixou. AGORA EU QUERO FICAR DO SEU LADO. Se isso aconteceu com você, eu sei que foi por minha causa, mas eu sou SEU AMIGO, droga!

- Você...

- Eu não mereço perder você também.

- É...

- Eu não mereço perder você também.

- Gay - finalizou.

- EU NÃO MEREÇO PERDER VOCÊ TAMBÉM.

- Mas é inevitável - concluiu ignorando o apelo do próximo.

Aaron pensou em dar um passo para trás, mas não fez. Seu corpo o obrigava a continuar a encarar a imagem daquelas crianças sumindo em fumaça. Suas pernas tremiam, seus olhos vacilavam.

O drama de cena já lhe carregava demais a cabeça, mas, multiplicado a isto estava o fato de aquilo ser um a lembrança. Uma lembrança ainda viva em sua mente, e por viva, isso o incomodava.

Eu não devia ter falado aquilo. Ele pensava se martirizando.

Em seguida, ao seu lado, mais uma representação dançava, ganhando forma. Agora, os dois garotos estavam ali novamente, sentados, num banco de madeira. Os rostos vívidos pareciam mais novos.

- E você se chama como? - o menino de olhos claros indagava ao outro.

Ele por sua vez, enxugou as lágrimas que ainda lhe restavam, e respondeu com a voz embargada:

- James - e emendou - você não precisa ficar aqui, eles...

- Eles não vão fazer nada - cortou-o - não precisa mais ter medo.

- Claro que preciso, eu sou sozinho, e...

- Eu não... - resolveu fitá-lo - Você não está mais sozinho, você tem um amigo agora.

O outro sorriu, pela primeira vez se sentia confortado, seguro. E mais uma vez a imagem sumia, desaparecia, gradando numa fumaça densa que do mesmo modo levou os dois, trouxe-os de volta em outro momento, ao lado oposto da segunda cena, um pouco mais à frente de onde está sua noiva. Ele se desvencilhou da mulher e aproximou-se para observar melhor a imagem que se formar.

Aaron estava estupefato com tudo aquilo que acontecia, com a capacidade de recriação de sua memória, com o mundo que ele criava para si mesmo e com os sentimentos que o envolvia agora. Sentimentos estes que ele simplesmente não sabia explicar.

- Eu preciso fala uma coisa pra você... - começou James - Parece estranho, mas eu...

Os dois, agora rapazes, estavam sentados num restaurante de esquina. As mesinhas de metal e as decorações em azul-marinho davam ao local um ar descontraído. Aaron estava afobado, seus olhos transbordavam em euforia e seus gestos rápidos deixavam qualquer um tonto.

- Eu a pedi em casamento - atropelou o loiro.

- O QUE?

- Eu pedi a Evelyn em casa... - e finalmente se deu conta - Espere - e pigarreou - o que ia me dizer?

- Como você pode fazer isso? Você conheceu essa garota ontem! ONTEM!

- E o que você ia me contar? - insistiu;

 E não adianta dizer que já a conhecia, pra mim é como se ela NUNCA TIVESSE EXISTIDO! VOCÊ TEM IDEIA DO QUE FEZ? - acrescentou.

- O QUE IA ME CONTAR? - a esta hora todos olhavam para a mesa dos dois. James se levantou:

- Não faz diferença agora.

À medida que o moreno sumia entre as pessoas na rua, Aaron retraía-se calado, triste. Não entendeu aquilo, definitivamente, não entendeu.

E a última cena esvaiu-se assim como as outras. Aaron então voltou ao seu lugar. Os convidados, a noiva, o padre... Todos estavam petrificados. Ele fechou os olhos, já havia tomado uma decisão. Preciso fazer isso. Agora.

E "voltar ao normal", se por normal entendermos "escapar dos próprios pensamentos", parecia fácil, mas uma questão ainda estava lhe atormentando. Eu realmente amo ela? Não havia tempo para reflexões.

- Aceita Aaron Lockheart como seu marido? - a voz branda do padre o despertou e ele pode ouvir a mulher responder o "sim" de imediato.

- Aaron Lockheart, aceita Evelyn Brown como sua legítima esposa?

Hora das decisões. A última chance. É tudo ou nada. Coisas como estas estavam mergulhadas num turbilhão mental que se dava em Aaron.

- Eu... - e olhava para Evelyn - eu... - voltava para o padre - desculpe Evelyn - foi o que fez antes de correr em direção ao portal.

- O que?! O QUE? - ela interpelava.

- Eu não posso.

Aos seus olhos, procurara o padrinho, mas ele não estava lá, e nem estaria. Havia desistido de última hora, porque, nas palavras do próprio "era sarcasmo demais" para ele.

- Quem é? - o moreno atravessou o apartamento, largou a xícara de chá sobre o aparador e correu para o olho mágico.

O rapaz à porta era a última pessoa que ele gostaria de ver naquele dia. Ofegante e desesperado, era assim que o rapaz que batia cada vez mais forte se encontrava. Obrigando, mesmo que relutante, que James a abrisse.

- O que aconteceu? - James puxou o braço, assustado - Por que não está no casamento?

- Não era sarcasmo, Jim, era porque eu queria você perto de mim. Por que eu PRECISO de você perto de mim - e inclinou-se para mais perto dele - Se existe uma pessoa que MERECE o meu amor, é, com toda a certeza do mundo - e o fitou - você.

Os corpos acomodaram-se, os rostos colaram-se. Num súbito ataque, Aaron agarrou o outro homem, apresentando-lhe um beijo gostoso, daqueles que se apreciam devagar, e era assim que James o fazia, ele gostava desses beijos roubados e de quem o dava; seus lábios se encostavam, ele deixava sua boca entreaberta; sentir. Ele sempre esperou por isso. Isso que se resumia a um beijo que se ampliava em quatro letras.

- Promete que nunca mais vai me deixar? - finalmente se pronunciou, interrompendo-o.

- Eu prometo... - e sorriu.

Os dois, em pé, entrelaçados entre os próprios braços. O loiro devagar levantou o outro um pouco acima de sua cintura não deixando de beijá-lo. Os dois ali. Era possível sentir a alegria sincera. Os dois ali. Abaixo da porta.


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Notas finais do capítulo

C2 - Afogado

- Eu não sei se fiz a coisa certa.
- Você está voltando atrás agora? - e apresentou uma feição desaprovadora.
- Não, não é isso.
- Me pareceu exatamente como é.



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