Estou aqui novamente, sentado em uma dessas trinta e cinco carteiras distribuídas proporcionalmente sobre o piso branco. Hoje o dia está bom, nem muito quente e nem muito frio, os pequenos fios de raios solares ultrapassavam as janelas e invadiam o local dando um ar de tranquilidade para quem estava mais interessado em observar a beleza natural do mundo do que qualquer outra coisa. Bom, eu estaria incluso dentre essas pessoas se minha atenção e minha mente não estivesse completamente voltada a uma certa pessoa sentada a três carteiras a minha direita e na fileira da frente. Desde o dia em que o vi me senti diferente, sem explicações. Não conseguia arrumar coragem o suficiente para me aproximar dele, então a única coisa que eu poderia fazer sem envolver ninguém era ficar observando-o a cada movimento.

- Joon. JOON!! – Alguém estava me chamando e nem era necessário fazer muito esforço para adivinhar quem era.

- Hn? Ah! Oi Mir. – curvei meus lábios formando um pequeno sorriso.

- Viajando de novo é? – balançou negativamente a cabeça, me reprovando.

-... – não disse nada – Só assim ele pode ser meu. – suspirei.

- E porque você não tenta falar com ele? – indagou um moreno ao meu lado.

- Pra que? Se duvidar ele só sabe meu nome e se souber isso já vai ser muito ainda! – dei de ombros.

- Pessoa pessimista que vou te contar viu? Custa tentar pelo menos se aproximar dele? Pelo que percebi ele é uma pessoa legal apesar da sua expressão séria que sempre está estampada no rosto dele. E você cala a boca que ainda não terminei. – disse se referindo ao garoto mais alto dali que mal abriu a boca para comentar algo e esta fora fechada em questão de segundos sem dizer nada. – Acho que é por isso que boa parte das garotas vivem atrás dele. Você deveria pelo menos tentar se aproximar dele ou dos amigos dele. – G.O disse analisando o outro agora. E o Mir concordando em tudo que o outro dizia.

- E você acha que eu não sei disso? – o assuntou encerrou por ai, já que eu não estava muito afim de conversar nesse momento, muito menos sobre esse assunto.

Todos os meus amigos já sabiam sobre o sentimento que eu nutria por ele, mas só sabiam superficialmente. Sinceramente, eu demorei para perceber e aceitar o que realmente estava sentindo, porém quando descobri ficou tudo tão claro e ao mesmo tempo tão confuso. Acho que, parando para pensar, eu nunca falei com ele, ou melhor, nunca nos falamos! Ele sempre está lá com os amigos dele brincando ou conversando e eu perto deles sou um desconhecido literalmente, até com os meus amigos ele conversa às vezes, mas comigo não. Por mais que eu tenha aceitado esse sentimento por ele, me sinto confuso... Pois sei que nunca terei alguma chance com ele, é impossível disso acontecer. Mas mesmo assim... Não consigo esquecer! Ele possui algo que me atrai profundamente e o pior de tudo é que eu não sei explicar o que é. É tão... Calmo...Bom! Sabe lidar com as coisas tão tranquilamente sem se sentir intimidado, totalmente o meu oposto. Observando ele, notei também que é uma pessoa bem insistente e não para até conseguir o que quer. Talvez seja isso que me chamou atenção. Ou será que foi pelo fato dele sempre estar sério, mas quando sorri tudo se torna tão alegre [?] Estava completamente perdido nos meus pensamentos que nem notei quando abaixei a minha cabeça e apoiei em minhas mãos. Muito menos quando o professor entrou na sala e começou a citar alguns temas para realização de um trabalho bimestral e menos ainda quando este disse que seria em dupla e mandou a gente escolher nosso parceiro para o trabalho. Para falar a verdade só escutei as palavras “trabalho”... “dupla”... “escolher” nada mais.

- Mais trabalhos... – resmunguei ainda de cabeça baixa. Já esperando pelo grito nada alto do Mir me chamando para fazer com ele. Sempre foi assim, hoje não seria diferente. - ... – Ouvia várias pessoas escolhendo sua dupla, tal pessoa queria fazer com tal e por assim ia. Mas o que achei mais estranho foi pelo fato de ninguém ter me chamado, ou devo dizer pelo Mir não ter berrado meu nome independentemente se ele estava do outro lado da sala ou se eu estivesse dormindo. Ele sempre me acordava, até para falar alguma besteira. Nunca me deixava em paz. Mas eu gostava disso.

-... – alguém se aproximou de mim e colocou levemente sua mão em meu ombro talvez por estar com receio que eu estivesse dormindo e me acordasse. Mas de uma coisa eu tinha certeza! Não era o Mir! Ou melhor, não era nenhuma das pessoas escandalosas que eu chamo de amigos. Então... Quem seria?

- Joon? – meu nome fora proferido. Levantei lentamente minha cabeça com medo que fosse um sonho, muito bom por sinal.

-Seung...Ho. – Não estava acreditando, meus olhos deveriam estar enormes diante daquela pessoa que estava me chamando. Eu não sabia o que fazer as palavras não saiam... meu coração estava a mil e minha mente ainda não processara o que estava acontecendo ali.

- Desculpe, te assustei? – retirou a mão de meu ombro me dirigindo um sorriso gentil. – Eu só queria te perguntar uma coisa...

-N-Não! Pode falar. – Droga, estava gaguejando. Mas, vendo assim de perto ele consegue ser mais perfeito do que é de longe.

- Queria saber... Se você já decidiu com quem vai fazer o trabalho. – disse se sentando ao meu lado. De imediato eu lancei meu olhar para o Mir, mas este fez um sinal como “boa sorte” e abriu um daqueles enormes sorrisos dele.

- Não tenho não! – sorri. “Valeu Mir!” depois iria agradecer ele pessoalmente. – Se quiser eu posso faze com você. – Agradeci todos os deuses por eu não estar gaguejando, estava no céu. Minhas atitudes agora deveriam ser de um completo idiota sem saber como agir aos olhos dos outros.

- Feito então. – disse se levantando e olhando para onde o Mir e G.O estavam. – MIIIR, ROUBEI SEU JOON POR TEMPO ILIMITADO!! – gritou me assustando. – E NÃO TEM DATA DE RETORNO. – Só posso estar sonhando né? Estou sendo roubado e os meus preciosos amigos permitiram.

- LADRÃO!! – Mir berrou do outro lado da sala.

- Fui roubado... – ainda estava surpreso, mas resolvi entrar na brincadeira.

- Sim!! Mas prometo cuidar bem de você. – piscou – Você me pertence a partir de hoje.

- Toma cuidado com as palavras SeungHo... – alertei.

- Eu sei do que estou falando. Entenda como quiser. – disse já se afastando voltando para o seu lugar.

Eu não sabia explicar o que acabou de acontecer nesse exato momento, foi tudo em questão de minutos! Até agora pouco a gente nem se falava... e agora, não sei porque mas temos liberdade para fazer brincadeiras um com o outro, me sinto tão... Feliz! Meu coração está totalmente disparado e parece que quer sair de dentro de mim a qualquer momento. Como se isso fosse possível. Esse pequeno dialogo foi um grande avanço na minha vida...Acredite! Quem sabe futuramente... Nos tornamos mais que amigos não? Por enquanto melhor não me iludir.

Estou feliz assim.