No Forgiveness Tonight escrita por Blue Dammerung


Capítulo 1
Capítulo 1: I Wish You Could Forgive Me.




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Não viu quando começou, apenas pareceu que sempre esteve ali. Aquela cidade, aquela noite, tudo numa mescla profunda e melancólica de preto, amarelo, vermelho e azul escuro.

E chovia. Chovia tão pesadamente que todas as suas roupas pesavam e seus óculos embaçavam. Procurou um abrigo, perguntando se aquilo tudo não passaria de um sonho, um estranho e caótico sonho, mas as gotas em seu rosto pareciam reais demais para tal.

E achou, como se sempre houvesse existido ali, um pequeno casebre tão fraco que era surpreendente sua resistência contra a forte chuva, como se não desistisse diante daquela fatalidade que fazia de tudo para derrubar-lhe. O único casebre no meio daqueles prédio altos numa rua alagada de uma cidade desolada e deserta, sem uma multidão de guarda-chuvas nas avenidas.

E entrou, respirando o ar frio da noite, e então veio-lhe à cabeça que, não sabia como, fazia 10 anos que se tornara independente. Um país, uma pessoa, independentes.

Olhou para trás e, como se existissem apenas eles dois ali, abalou-se. O outro, sentado, tremendo, encharcado, vestindo o mesmo uniforme daquele dia quando fora atacado por aquele que mais confiava.

E no canto, chorava tão quanto lá fora chovia, ainda como naquele dia, num doloroso dejavú que teimava em se repetir. Sentiu pena, dor, talvez raiva. Sentiu falta. E como se só agora o caído notasse sua presença, gritou:

“Tudo o que fiz não foi o bastante?!”

Sempre temeu que ele perguntasse aquilo.

“Nada que fiz bastou para você?!”

Porque fora seu desejo egoísta atacar o outro enquanto dormia, apunhalando-lhe pelas costas porque o outro era tão mais forte que ele na época que não encontrara outra solução.

“Eu não quis...”

“Você sempre quis! Eu confiei em você! Eu te criei, derramei meu sangue por você! E para quê?!”

O caído se levantou, a face morta, e de algum lugar tirou um antigo revólver, negro como mau agouro, e apontou para a própria cabeça.

“Só me sobrou isto agora...”

“Não!”

Mas já era tarde demais.

E acordou, vendo que tudo realmente não passara de um sonho ou pesadelo, e imediatamente se levantou, procurando por aquele que sempre cuidara dele, e depois de muito procurar, ofegante, o encontrou sentado numa praça próxima, o olhar triste e face abatida, segurando algo escuro entre as mãos. Parecia querer chorar. Correu até ele, atravessou a rua desesperado para impedir qualquer traço daquele sonho que assombrava-lhe.

Desesperado para abaixar a cabeça diante do outro e implorar perdão e talvez uma segunda chance porque, de todas as coisas que fizera, queria ser perdoado mesmo que a probabilidade daquilo fosse muito pouca.

Não queria que terminasse assim.

Separados. Magoados. Distantes, feridos e todos os demais adjetivos que envolvessem partir dois corações antes unidos em um só novamente em dois. Não, não corações de verdade, agora apenas órgãos comuns cuja única tarefa é bombear sangue. Nenhum outro significado seria mais atribuído a eles.

Mas queria tentar. De novo. Mesmo que acabasse estragando tudo, apenas voltaria e pediria perdão, e com olhos lacrimejantes, o outro lhe daria o perdão porque também queria ser perdoado por não conseguir perdoar ou vice-versa, não importa. Tudo quem sabe ficasse bem no final.

Mas o que corria em direção à praça não viu o ônibus.

E o que estava sentado não viu o que corria, e sem mais esperanças de perdão, de um coração que significasse algo mais que um simples pedaço de carne, sem nada, perdido no erro e mergulhado no arrependimento, levou o objeto negro e antigo até a cabeça e apertou o gatilho.

Ele não queria. O outro também não.

Mas era tarde demais.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Espero que sim.

Este é meu primeiro trabalho com USUK, e mesmo não sendo uma coisa feliz e cheia de arco-íris, quis compartilhar com vocês, já que esta história estava mofando no meu caderno...

Perdoem quaisquer erros, okay?

Ah, mereço reviews?



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