O mergulho

A escuridão me cerca, a luz vem tremula do alto. Bolhas saem de todos os cantos. Estou em alto mar, mergulhando faz dez minutos. Cardumes coloridos passeiam ao meu redor, observando a estranha. Corais e anêmonas escondem mil e um segredos. Uma enguia passa abaixo de mim, indo para a imensa escuridão. Uma corrente me joga para o lado. Mais um cardume colorido passa; desta vez em frente aos meus olhos. Meu tempo está acabando. Mergulho um pouco mais fundo. A luz tremula ilumina a entrada de uma caverna. Vou em sua direção, meu tempo está mais curto. Vejo pelo canto do olho uma colônia de águas vivas indo em direção a um abismo, tenho só cinco minutos neste paraíso subaquático. Na entrada da caverna há um polvo imenso adormecido. Afasto-me, três minutos. Peixinhos mordem meus pés de pato; dois segundos. Dou uma ultima olhada nesse templo ecológico. Um minuto. Quero começar a chorar e a espernear mas tenho pouquíssimo oxigênio. Dez segundos. Algo brilha em uma pedra e eu vou pegar. Oito segundos. É algo estranho que nunca tinha visto aqui, ele é verde. Tiro as algas dele. Seis segundos. Uma pedra preciosa; um jade verde. Quatro. Dou impulso para cima. Três, dois, um. Meu tempo acabou. Volto à superfície com o jade na mão. Subo no barco e volto para a costa, afastando-me do paraíso. Suspiro. Mas não tem problema, semana que vem eu volto, se Deus quiser.