(Kyo)

Aaaah! Estou mais arrependido do que nunca, mas o que Misao e o maldito de Buzen fizeram comigo, foi inaceitável, cruel e imperdoável! Eu nunca me imaginei fazendo isso, nunca. Doeu mais em mim do que nela, isso eu tinha certeza. Meu coração parecia despedaçado como um cristal que caíra no chão.

-EU TE ODEIOOO! - gritei para o bairro inteiro ouvir. Quebrava o templo que havia atrá de minha casa, estava somente com o Buda gigante inteiro na minha frente. – p-por que eu Buda? Fiz algo de arrado? Eu a forcei muito e ela parou de gostar de mim?

-Kyo-sama, pare de quebrar o templo. Isso é um pecado, sabia? – ouvia atrás de mim uma voz fria e grossa, era Sagami. Ele estava sozinho, com os braços cruzados, esperando minha resposta. Em vez disso me levantei e o abracei. Comecei a chorar feito um bebê indefeso, eu estava destruído por dentro.

-K-Kyo-sama? Está chorando? – Sagami falava meio surpreso, eu estava chorando, sem forças para viver, porque sem Misao, eu sou um nada. – Kyo-sama... – pela primeira vez Sagami me abraçou, me reconfortando, ele era meu antigo e bom amigo.

-Sagami... Será que Misao me odiará para sempre? – eu falei sussurrando em seu ouvido.

-Não sei Kyo-sama... O que ela fez foi errado, mas o que o senhor fez foi pior. – Sagami falava frio como gelo. Ele estava certo. Eu perdi a razão desde que eu pensei no que fiz em Misao, ela não me perdoaria mais, nunca mais.

-Sagami, e a situação do clã? Como ficará? – eu perguntei gélido, estava com medo de perder meu clã também.

-Teríamos que reunir os líderes do nosso clã e resolver a situação de Buzen, que está pior que a de Misao... – Sagami falou já solto pelos meus braços, ele suspirou. Minha testa franziu a partir do momento que ouvi aquele maldito nome, Buzen.

-Se não fosse aquele desgraçado, nada disso teria acontecido... – eu falei bravo, quase em chamas. Sagami colocou suas mãos em meu ombro e me olhou com ternura.

-Kyo-sama, ele se apaixonou, tente imaginar isso do lado dele... – Sagami estava defendendo aquele infeliz. Virei-me de costas a Sagami, afastando suas mãos de meu ombro. Meus punhos fecharam e soquei a parede do templo, que tremeu. Minha mão começou a sangrar.

-Não tente fazê-lo vitima, a única vitima sou e- - falei esbravejando raiva. Sagami me interrompeu.

-É Misao. A única pessoa que é a vitima é ela. – Sagami falava frio. Ele estava certo. Eu e Buzen estávamos errados desde o principio.

-Está certo Sagami. Tenho que agir como um líder. Junte os líderes do clã aqui em casa, ainda hoje. – falei serio, já normal, mas ainda a ira queimava a mim por dentro.

-Huhu, certo Kyo-sama, eu farei isso. – Sagami falou e foi-se embora do templo. Eu fiquei somente ali, paralisado, sem reação depois de tantas emoções juntas num dia só, eu tinha que esfriar a cabeça.

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5 horas depois de minha conversa com Sagami, todos os líderes do clã estavam reunidos na sala, sentados, quietos e em fúria. O réu estava para vir, eu adentrei na sala e fiz minha saudação, todos se abaixaram quando cheguei menos meu pai, com desaprovação.

-Obrigado por todos atenderem meu chamado, acho que Sagami explicou a situação para todos. – eu falei. Eles assentiram, até meus servos, meio paralisados com aquela situação. – um de meus servos se aproveitou de minha ausência e seduziu minha noiva, Misao, que não está aqui no momento. Vocês, os líderes máximos têm o dever de dar uma sentença ao réu, Buzen. – todos começaram a murmurar, fiquei somente observando. Olhei diretamente á Houki e Zenki e eles foram buscar o Buzen.

-Por favor, senhores, silêncio nesse momento, o réu está a vir. – Sagami como um sopro, mandou praticamente todos calarem a boca, mas educadamente. De repente a atenção foi para a porta do corredor, veio Houki e Zenki com um rosto amargurado segurando Buzen pelos dois braços. Nossos olhares se fuzilaram, saiam faíscas de nossas iras juntas, mas ele desviou o olhar. Ele parecia saber de seu destino cruel e merecido.

-Sente-se Buzen. – Sagami falou enquanto Buzen assentia com a cabeça para os líderes. Ele se sentou na outra ponta da mesa, onde todos o olhavam com desprezo e desaprovação, inclusive eu.

-Vamos começar o debate então. – eu falei. – façamos o seguinte, todos receberam papeis e caneta para escreverem seu veredito, vocês darão para meu pai, o líder atual do clã e, ele vai falar a decisão de vocês. Por favor, eu peço que pensem bem, porque o destino dele está nas mãos de vocês. – todos me olharam cientes de sua resposta. Darou, Saburou e Tarou deram os papeis e canetas e os lideres foram escrevendo, eu estava ansioso.

Depois de 10 minutos, todos entregaram os papeis ao meu pai e ele foi lendo, cautelosamente até que ele deu um suspiro, estava tomada a decisão, eu estremeci e olhei para Buzen. Ele estava meio avoado, pensando em algo.

-Bem, todos escreveram e foi dada a decisão. – meu pai falou. Todos olhavam atentamente para ele. A sala ficou num silêncio total. – Buzen terá que lutar contra Kyo para decidir o nosso líder. No caso de Misao, quem ganhar, ficará com ela também.

Nós dois ficamos pasmos com a decisão ridícula dos líderes. Olhamos-nos e assim, saiu a primeira palavra de Buzen.

-Não quero, prefiro morrer. – disse ele. Fiquei um pouco feliz. Mesmo tendo ódio dele agora, eu não queria a morte dele.

-Como? Você vai fazê-lo Buzen. Teve-se coragem de seduzir a noiva dele. – um dos líderes falou. Só vi Buzen voando em seu pescoço. Todos ficaram pasmos.

-Seu maldito, fale isso de novo que eu te matarei em um segundo. – Buzen tinha a ira pura em seus olhos azuis, que se tornaram um preto só.

-Buzen! Pare já! – meu pai falou. Buzen o olhou bravo, mas soltou o líder. – você tem que fazer isso, entende? Sua honra está em jogo.

-Aff... – Buzen bufou. – como se eu tivesse muita agora... Eu faço isso. – ele se virou, olhou de lado para todos e se retirou do recinto.

Isso seria mais duro que eu imaginava? Não importava mais, a decisão foi tomado, nosso destino já foi traçado.