-Sua vez de empurrar! – House gritou.

Cameron levantou os olhos por cima do artigo que lia, a brisa suave agitou seus cabelos escuros e ele a achou ainda mais adorável. Ela se levantou, ajeitando a roupa e apanhou o pano que esticara sobre a grama, colocou a bolsa no ombro depois de guardar o artigo e segurou uma outra bolsa azul clara, pelas alças, caminhando até o balanço.

Ela olhou para ele enfezada, já pedira para que não o balançasse com a bengala, ele apenas sorriu como se pudesse ler sua mente, suavizando suas expressões.

-É hora de ir para casa. – Disse colocando a mão no ombro dele, e os dois observaram por um minuto o bebê que gargalhava na cadeirinha do balanço. – Obrigada por ter vindo conosco.

A doutora se abaixou e pegou o pequeno menino com os olhos azuis brilhantes do pai e os cabelos escuros da mãe. Ela o confortou em um braço enquanto levava as bolsas no outro, definitivamente estava pegando o jeito daquilo. O rosto do bebê se contorceu numa careta e ele começou a chorar.

House se aproximou:

- Deixa que eu o carrego.

- Pode nos acompanhar até em casa?

- Posso. -Ele posicionou bem a bengala e o outro braço livre recebeu seu filho inquieto.

Dave parou o choro quase imediatamente, abriu a mãozinha tentando agarrar o ar divertido.

- Acho que ele gosta mais de mim.

Cameron olhou sorrindo e ele viu nos olhos dela o quanto ela estava sendo forte por não quebrar diante de toda a situação. Eles começaram a caminhar pela rua, ela morava a apenas um quarteirão do parque.

- Quando poderei vê-lo de novo?

- Quando quiser, House. Ele é metade seu.

- Então vou querer ficar com a metade esquerda, certamente a contribuição intelectual foi minha.

Ela deu um tapinha no ombro dele, feliz pela aceitação, sabia desde o começo que seria difícil, mas ela estava vencendo essa batalha.

- Só não quero levá-lo ao hospital.

- Nem quando ele ficar doente? – O médico forjou uma cara de preocupado com a possível negligência da mãe.

- House!

- Eu entendo. – Ele completou sem brincadeiras. - Então, posso ir a sua casa?

- Você não me perguntou isso quando ajudou na produção. – Os dois riram.

House olhou para o bebê que bocejou e aconchegou mais a cabeça na curva de seu braço. Eles chegaram mais rápido do que ele desejara ao apartamento da Cameron, House subiu e colocou o menino no berço, o quarto era de bom gosto, ele tinha que acrescentar, tons leves e calmos, se por um lado a criança não tinha sorte dele ser seu pai por outro, ele reconhecia, não podia ter melhor mãe. Ele fugira das responsabilidades até agora, mas ele não queria ser parte da vida de Dave se fosse para ser como seu pai fora.

Cameron colocou a mãe em seu braço pedindo sua atenção:

- Ele é um bom menino.

- São os genes, certamente.

Ela acompanhou-o até a porta do apartamento. House fitou os olhos da jovem e quase como se tivesse hipinotizado se inclinou para frente e colou os lábios aos dela, brevemente, apenas um toque. Ele a olhou uma última vez antes de se virar, um obrigado morreu em sua garganta.

Do outro lado da porta, Cameron deixou uma lágrima percorrer seu rosto em meio a um sorriso, enfim um começo.

FIM