Seguindo as Regras escrita por Lolo Cristina


Capítulo 5
Capítulo 5




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Edward

Quem imaginou que esse pequeno problema iria se resolver sozinho?

Tive que conter minha risada quando vi a suspeita nos olhos de Bella. Não toquei no carro ancião, mas considerei várias vezes antes de decidir que não seria justo. Eu já estava determinado a entregar as chaves da Mercedes a ela independente do que acontecesse.

Fui direto para meu quarto – entrando pela janela que estava aberta. Todos estavam em casa – de novo. Alice estava mantendo todo mundo ocupado, apesar de tudo já está em ordem.

Coloquei o cartão de crédito e as chaves do carro no bolso do meu casaco e desci – daria um pouco mais de tempo a ela e Charlie. Ele apreciava o tempo que tinha sozinho com Bella.

- E você nem precisou fazer nada. Está vendo como as coisas finalmente estão se acertando para você? – Alice comentou sarcasticamente enquanto eu descia as escadas.

E então eu vi. A visão foi – por falta de uma palavra melhor – chocante.

Minha testa franziu. Como eu não percebi isso?

O problema não se resolveu sozinho, ele teve uma mãozinha. Ou melhor, dois pares de mãos.

- Por nada – Rosalie disse – Pode considerar isso nosso presente de casamento.

- Ela surtou? – Emmett perguntou sentando-se ao lado dela.

- Você não viu? – perguntei a Alice.

- Não. Mas posso ver ela recebendo as chaves...

Eu tentei não prestar atenção aquela visão em particular. Eu queria poder tentar adivinhar a reação de Bella.

- Você tem estado um pouco desligada – disse sentando-me ao lado de Esme. Seu braço se entrelaçou com o meu. Sempre tão carinhosa.

- Muita coisa para ver... mas eu não estou perdendo as de importância. Apenas as menores, então não se preocupe - Suas mãos, assim como a de Jasper e Esme estavam ocupadas entrelaçando tiras de tecido branco.  Ela tinha a imagem de um grande arco de tecido e flores em sua cabeça. Ela bonito.

É muito bom ser ignorado – Emmett pensou irritado.

- Me desculpe. Ela me acusou de sabotagem – respondi voltando ao assunto anterior – Foi hilário. E agora estou tentando decidir se me sinto culpado ou não.

- Você não fez nada – ele disse.

- Também jurei que não pedi a ninguém...

- E você não pediu – Emmett se divertiu se esgueirando com Rosalie na rua de Bella ontem.

- Ela não precisa saber... você não precisava saber, mas como isso é impossível. Estou surpresa que não tenha percebido antes.

- A pequena o distrai – Emmett disse a ela - Especialmente quando eles vão lá para cima e ficam “sozinhos”.

Revirei meus olhos as suas implicações. Bella sabia que nunca ficávamos sozinhos aqui.

- Queria poder ter percebido isso antes – ele lamentou – Se tivéssemos ido ontem à noite, tenho quase certeza que ele nem sequer nos ouviria chegar... seria um baita susto – Emmett continuou. Ele sempre aproveitava qualquer oportunidade para fazer uma piada.

Todos riram.

Rosalie realmente estava surpreendendo. Seu comportamento mudou depois do... incidente. Era uma questão de tempo para que ela aceitasse Bella, no entanto ainda existia uma barreira entre as duas; uma barreira que eu não estava certo se podia ser retirada. As coisas agora iam além do seu ego. Rose não concordava com a escolha de Bella...

- Decoração de última hora? – perguntei a Alice, mudando o assunto. Eu era incrivelmente sensível a esse tópico e apenas me permitia pensar nele quando estava sozinho.

- Sim, pensei nisso essa manhã, mas não consegui encontrar pronto da forma que queria... então decidi fazer.

- É para proteger os convidados durante a festa – Esme respondeu.

- Não vai chover, mas eu não quero folhas na minha pista de dança.

- Sua pista de dança, Alice? – Esme perguntou gentilmente.

- Você sabe o que quis dizer, Esme. Tudo o que quero é fazer esse dia o dia mais importante e mais bonito da vida de nosso Edward – ela piscou para mim.

Eu sorri para minha irmã favorita. Ela sempre foi à pessoa mais solidária a minha situação desde o princípio. A mais companheira. A que sempre acreditou que a felicidade faria parte de meu futuro.

Claro, isso era fácil sendo uma vidente e tudo mais.

Seu objetivo ia além de mim. Ela queria celebrar conosco – era diferente de suas outras Alice queria comemorar o fato de que sua melhor amiga está perto de se tornar sua irmã. Ela estava muito animada.

Esme também era pura alegria. Esse período estava fazendo bem a todos.

- Vai entregar a Mercedes agora? – Carlisle perguntou.

- Em alguns minutos. Ela está jantando com Charlie.

- Achei que fosse trazer ela aqui – Emmett disse desapontado e depois continuou apenas para mim – Você acha que ela vai se importar se aparecer por lá...

- Ela, eu não sei, mas eu vou.

Ele fechou a cara. Emmett gostava das reações de Bella – que para ele que não a conhecia tão bem, eram imprevisíveis.

Estava agradecido por eles terem lidado com meu “problema”, dessa forma minha consciência ficaria... quase limpa. Esperava que Bella não retornasse ao assunto. Não gostava de mentir para ela.

- Você não pretende contar a ela o verdadeiro segredo por trás daquela belíssima máquina, pretende? – era fácil ouvir a veneração nas palavras de Rosalie. Ela ficou impressionada com minha escolha.

- Eu não acho que ela vai gostar. E quanto menos detalhes eu der, menos ela vai questionar o lado financeiro. O importante é que agora ela provavelmente vai estar segura dirigindo sozinha pela cidade.

- Ela vai estar mais segura morando dentro do carro – Jasper comentou.

- E ela deveria se sentir lisonjeada – Rose continuou.

Oh, ela não se sentiria assim. Disso eu tinha certeza.

- Como é apenas um empréstimo, acho que ela não vai reclamar muito – franzi minha testa de novo enquanto considerava isso. Ainda não tinha contado essa parte.

Olhei as horas.

- Vejo vocês amanhã – corri para a garagem.

O motor era silencioso e a aceleração surpreendentemente boa para um carro tão pesado. O revestimento interno era todo em um luxuoso couro bege. Minha pele refletia parte do brilho dos painéis.

Quando estacionei o carro junto ao meio fio, a porta principal estava aberta. Foi bom ter anunciado que voltaria com o carro. Bella era naturalmente difícil e surpreende-la não teria sido uma boa idéia. Além do mais, era bom para mim que Charlie estivesse em casa. Assim ela se controlaria quando contasse sobre a existência de um segundo carro.

Bella apareceu na varanda quando bati a porta do carro. Seus olhos se arregalaram e ela parou ali. Charlie passou direto por ela.

- Wow! – ele exclamou, passando por ela e seguindo em minha direção – É seu? – ele perguntou.

Eu não deveria me sentir surpreso por ela não ter mencionado nada a Charlie.

- É um presente, na realidade – respondi olhando para Bella.

Ele olhou para trás. Ela ainda estava parada na porta.

Senti vontade de rir. Parecia que ela estava com medo. Tão absurda em tudo.

- De verdade? – Charlie perguntou chocado. Isso deve ter custado uma fortuna. – ele pensou – Bem... ela vai ter que se acostumar de qualquer maneira.

Balancei a cabeça respondendo sua pergunta – e confirmando seu último pensamento - e fui até ela.

- Como prometido... – sussurrei em seu ouvido e coloquei as chaves em suas mãos paralizadas. Ela olhou para mim com seus olhos arregalados. Não sabia o que ela estava esperando, mas ficou claro que não era isso.

Ela demorou alguns minutos para poder dizer,

- Obrigada. É... hã... lindo e grande.

Eu ri de novo. Seu rosto estava todo vermelho.

- Vamos dar uma volta?

- Agora?

- Você precisa dirigir isso, imediatamente – Charlie ordenou. Seus olhos ainda no carro – Olha só essa pintura.

Ele estava impressionado e isso era um elogio a minha escolha.

- Vamos... – peguei sua mão e a conduzi até o carro, abrindo a porta do motorista para ela.

Bella se encaixou perfeitamente no banco do motorista e sua boca se abriu ao olhar o painel.

- Isso... É muita coisa, Edward – ela colocou as duas mãos no volante e encostou no banco.

- Eu não acho que seja – respondi honestamente. Não havia nada que eu pudesse fazer que fosse suficiente. Ela merecia tudo e depois mais.

- Eu devo estar parecendo uma idiota. Eu nem sequer sei o que dizer – sua voz era baixa e embaraçada. Charlie não podia nos ver – os vidros eram escuros demais para quem estava do lado de fora - ou nos escutar, apesar de estar na varanda esperando Bella sair com o carro.

Sorri gentilmente para ela.

Ela não precisava dizer nada, mas nesse caso ela já havia me agradecido. Quando Bella iria entender? Quando ela iria perceber que não há nada nesse mundo que eu não daria a ela e que mesmo assim, ainda não me sentiria satisfeito.

Bella não estava acostumada a receber coisas - ela ainda estava aprendendo a me deixar cuidar dela – então de certa forma posso entender porque ela se sente constrangida. Mas ela não deveria.

- Você não faz idéia como estou feliz por você finalmente aceitar algo meu... e eu não acho que você pareça nada além – de no mínimo – linda.

Ela corou ainda mais... linda.

- Eu tenho aceitado tudo que você me oferece – ela protestou se negando parecer difícil, colocando a chave na ignição e dando vida ao motor. Eu me adiantei e coloquei seu cinto de segurança.

Bella suspirou.

- Verdade. Mas esse é o primeiro que eu comprei especialmente para você. Você não tem idéia de como foi satisfatório finalmente poder sair e escolher algo para minha noiva – usei a palavra sabendo que ela iria encolher ao ouvi-la. E foi exatamente o que aconteceu. Adorava adivinhar suas reações.

Evitava me referir a Bella como minha noiva – apesar de não conseguir esconder o sorriso quando pensava nela assim – porque conhecia bem sua aversão a tudo relacionado a matrimônio – foram mais de quinze anos ouvindo como se casar muito jovem era a coisa errada a se fazer – e eu não esperava que ela mudasse de idéia da noite para o dia. Era apenas uma questão de tempo para que ela pudesse aprender a gostar do título Sra. Edward Cullen. Eu me certificaria disso.

- Ah... mas isso não é verdade. Você me deu isso – ela apontou para o celular que agora estava aparecendo no seu bolso da frente.

Revirei meus olhos. Ela sabia que eu não tinha comprado o telefone.

- Isso não conta. Celular não é presente é uma necessidade. Todo mundo deveria ter um. E você só está tentando me distrair.

Ela riu livremente - todo o embaraço se foi – enquanto dirigia lentamente. Era uma boa idéia ser cuidadosa, blindado ou não, um acidente ainda podia machucá-la.

Minha testa vincou com essa imagem. Enquanto Bella permanecesse humana, ela só estaria segura comigo. Encontrei conforto no fato de que dentro de alguns dias isso seria possível vinte e quatro horas por dia. Eu estaria com minha Bella todo o tempo sem a necessidade de me esgueirar por sua janela toda à noite.

Eu nunca sonhei com nada parecido antes de Bella aparecer e mudar minha vida. Mas sempre acreditei na santidade de uma união matrimonial. Fui criado assim quando humano e tenho mais do que bons exemplos agora. A intimidade da vida a dois sempre pareceu algo que não foi feito para mim. Como eu seu tivesse nascido para viver entre todos e ao mesmo tempo para viver sozinho. Depois de tantos anos sem ter meu coração tocado, como poderia pensar de outra forma?

Sempre me pegava comparando o passado com o presente. Era como se fosse impossível não pensar nisso. Independente de minhas preocupações, dos problemas por qual passamos, e dos possíveis perigos que nosso futuro reservava... apesar de tudo isso, não podia deixar de me sentir feliz, mesmo sabendo que essa felicidade poderia durar pouco tempo...

- Onde quer ir? – ela perguntou e eu forcei minha mente a se concentrar no presente, como deveria estar fazendo.

- Você disse que queria fazer um jantar especial para Charlie e nós não saímos à tarde como planejado – sorri para ela. Nossas atividades vespertinas – ou devo dizer diárias - me faziam esquecer do mundo, como Emmett disse – Então vamos agora – sugeri – Já estamos aqui mesmo.

Seu rosto passou de rosado para carmesim. Ela suspirou.

- Tudo bem. Acho que é melhor fazer isso a noite do que durante o dia quando as “senhoras” de Forks estão fazendo compras.

Oh... eu sabia o que ela queria dizer. Mas quase todos estavam falando – nada de interessante havia acontecido desde a notícia de nosso noivado.

Bella estacionou o carro com muito cuidado – mais cuidado que ela normalmente tinha – e desligou o motor. Ali, em sua quietude, ela parecia tão graciosa.

As poucas pessoas que estava no estacionamento se viraram para olhar. Não era comum ver um carro como esse aqui em Forks, ou em qualquer lugar do país para ser completamente sincero.

Com um suspiro ela saiu do carro sem esperar por minha ajuda.

Eu estava tão determinado a ignorar qualquer tipo de pensamento ofensivo – e com isso deixar Bella mais a vontade – que não percebi de imediato quem estava passando bem atrás de nós com as mãos cheias de sacolas.

- Bella? – Mike Newton chamou. Ele não estava certo se era realmente ela – estava escuro para os olhos humanos. E quando ele realmente a reconheceu... Ela finalmente apareceu e ela está ótima. Bonita. Jéssica me disse que não notícias dela há semanas – tirando aquele convite estranho. Ainda não posso acreditar! Talvez Jéssica esteja certa e Bella esteja grávida... apesar de duvidar muito. Ela sempre me pareceu muito inteligente... a não ser que ela tenha feito de propósito. E claro... ele está aqui também. Inacreditável. Ela perdeu completamente a cabeça. Talvez ele fez alguma lavagem cerebral nela. Não duvido nada. Cullen esquisito.

E foi exatamente como no colegial. Percebi que ainda sentia uma vontade quase que incontrolável de arremessá-lo longe.

Coloquei minhas mãos – que estavam cerradas em punho – no bolso. Bella corou ainda mais, no entanto sorriu para o miserável garoto.

- Hey, Mike.

Ele se aproximou quando ela respondeu. Seus olhos apenas nela. Ele estava decidido a me ignorar.

- Olá, Mike – disse. Até o som de minha voz o irritava.

Muito bom.

- Hey... Edward.

Sua aberração.

- Eu acho que devo te parabenizar. Você está noiva! – ele fingiu estar animado com a notícia e seus olhos desceram rapidamente para o estômago liso de Bella.

Eu particularmente gostei do som de derrota em sua voz.

Ela não parece grávida. Talvez esteja nas primeiras semanas – ele concluiu. A imagem se formou na cabeça de Newton e nela Bella estava muito grávida.

Ela suspirou delicadamente.

- Sim... estou e obrigada. Como você está? – Bella rapidamente mudou de assunto.

- Eu tô bem... aproveitando meus últimos meses de liberdade – diferente de você – Minhas aulas só começam em fevereiro.

- Legal.

- Eu tenho que ir... tem gente me esperando. Noite de videogame – ele levantou as sacolas que estavam em suas mãos.

- Foi bom te ver, Mike.

 Eu não concordava com ela.

- Mmm... vejo vocês depois.

Eu não estava prestando muita atenção no que ele dizia.  A imagem que ele fez de Bella ainda em minha cabeça.

Não demoramos e com menos de dez minutos estávamos na casa de Charlie novamente.

- Me desculpe. Eu sei que não reajo bem... em público. Não consigo controlar. Eu sei que é idiotice... – ela disse quando desligou o carro. Eu não entendi de imediato porque ela estava se justificando, mas então eu percebi que passei todo o caminho de volta em silêncio, perdido em pensamentos. As vezes não conseguia esperar ficar sozinho para considerar as coisas...

Tive que reorganizar meus pensamentos e voltar a me concentrar no presente... de novo.

- E eu não reajo bem a Mike Newton – disse e depois completei, tentando me distrair – Mas gostei saber que ele finalmente se sente derrotado.

Era verdade.

Ela fez careta.

Não havia ninguém por perto e Charlie estava sentado confortavelmente em sua poltrona, quase cochilando – ele não nos ouviu chegar. Saí rapidamente do carro e abri sua porta. A chuva era muito fina.

- Qual o veredicto? – perguntei.

- E muito fácil de dirigir...

- Eu tenho outra coisa para você... – disse rapidamente e peguei o cartão de crédito que havia mandado fazer para ela em minha carteira. Assim que ela viu o nome...

- Oh, Edward...

- Antes que você diga qualquer coisa, me deixe explicar – comecei a falar rápido para não dar oportunidade para que ela me interrompesse - Tudo que está em meu nome, muito em breve estaria no seu também, então pensei, por que esperar? Você vai ter mais gastos agora, o carro queima muita gasolina, mais do que sua picape. Ele não foi feito para ser econômico e sim seguro...

- Não houve uma época que você se preocupava com o uso indiscriminado de recursos naturais não renováveis? – ela perguntou sarcasticamente, apoiando seu corpo no carro em frente a mim.

- Sim... – me aproximei, aproveitando que ela se viu distraída por uma lembrança - Mas no momento sua segurança e conforto são algumas de minhas principais prioridades – toquei a ponta de seu nariz com meu indicador - Eu quero que se sinta a vontade.

Sua testa franziu delicadamente.

- Espera um segundo... quando você colocou suas coisas em meu nome? – ela demandou.

- Não tem muito tempo...

- Você não precisava fazer isso – ela murmurou muito baixo.

- Eu sei que não precisava, mas eu queria.

- Por que você não me conta essas coisas na hora que faz?

- Porque normalmente você se altera e tem algum tipo de acesso irracional – sabia que ela não ia gostar de ouvir isso. E estava certo. Bella fez careta – Na realidade estou surpreso com a forma que está reagindo até agora.

Ela respirou fundo.

- Eu estou tentando me comportar de outra forma. Não é fácil colocar de lado meus costumes, mesmo que eles sejam “irracionais” para você. Eu estou tentando.

- E eu agradeço isso.

- Mas você tem que fazer sua parte... nada de ficar fazendo as coisas nas minhas costas. Eu prometo tentar não ter mais “ataques”.

Ela demandou honestidade imediata. Acho que isso significava que eu teria que contar tudo... ela iria saber da verdade eventualmente. Vamos ver se ela conseguiria manter sua promessa de “não ter mais ataques”.

- Sobre isso... escolher um carro requer uma certa quantidade de tempo e para aproveitar o tempo que já havia destinado a isso – porque eu nunca deixaria de passar meu tempo com você para fazer outra coisa – escolhi outro...

Não terminei de falar. Precisei cerrar meus lábios para não sorrir. Isso era divertido.

Bella pareceu confusa.

- Você comprou outro carro para você?

- Eu não comprei outro carro... para mim.

Observei seu rosto enquanto ela processava minhas palavras. Ela pareceu mortificada.

E o ataque finalmente veio...

- Você comprou outro carro para mim?! – sua voz subiu alguns oitavos e ela não me esperou responder – Você enlouqueceu? Eu não posso dirigir dois carros!

Eu esperei que ela colocasse tudo para fora de seu sistema. Ela não estava gritando – ela não fazia isso - apesar de alterada, então os vizinhos não podiam ouvir. Charlie já estava cochilando no sofá.

Toda aquela cena era engraçada. Estávamos praticamente no meio da rua. Emmett iria amar tudo isso.

- Sério, Edward. No que tava pensando?!

- Eu posso ter usado o verbo errado quando disse que comprei esse carro – coloquei minha mão no teto do Mercedes. Eu não sei por que, mas ela ficava ainda mais atraente quando se irritava. Provavelmente tinha alguma coisa haver com a cor que seu rosto assumia, ou a forma como seus lábios ficavam. Bella tinha a tendência a morder o lábio inferior e aquela imagem... – Na realidade eu o arrendei. Peguei emprestado, se preferir.

- O que? - ela perguntou confusa.

- Eu não comprei a Mercedes. Estava pensando no futuro... esse carro é para agora. O outro é para depois.

Ela definitivamente iria amar um carro mais rápido – como todos nós - e ele teria que ser à altura dela.

Existia uma pequena possibilidade dela ser diferente de todo mundo depois, exatamente como ela já é diferente de todo mundo agora. Mas não queria pensar muito nisso agora... normalmente eu viajava nas possibilidades – quando não me permitia pensar no possível desastre.

- Oh.

- Fez sentido agora? – perguntei.

- Não. Por que não posso ficar com esse depois?

- Acredite, você vai querer uma coisa mais rápida.

- E você vai devolver esse? – ela estava se certificando.

- Sim, eu juro. Você não vai ter dois carros... nunca!

Ri de novo da promessa ridícula.

A puxei para meu lado antes que o assunto se prolongasse e começamos a andar para a casa. Ela notou que eu não conseguia esconder um sorriso. Esse dia estava sendo interessante, no mínimo.

- O que foi agora?

- Você parece muito... – não sabia como colocar – confusa, diferente... hoje.

- Pareço?

- Sim... pela manhã praticamente me acusou de destruir propriedade privada, ou de mandar alguém fazer isso..

O que era verdade, mas pela manhã eu não sabia disso. Pensei.

- Depois disse que precisava sair a tarde e mudou de idéia. Eu entreguei as chaves e você agradeceu de forma apropriada, sem ataques. E agora, acabou de fazer uma cena no meio da rua.

Eu ri.

- Oh, não exagera. Eu não faço cena, não em público – eu ri de novo - E se alguém estivesse escutando você teria me avisado.

- Verdade.

- E se eu estou agindo diferente hoje, você está estranho. Uma pessoa normal não deveria estar se divertindo com esse tipo de coisa. Tudo que você disse, com certeza chatearia alguém.

- Pessoa normal?

- Eu sei...percebi o absurdo assim que falei – ela riu.

Estávamos na varanda agora.

- Acho que já está na hora de chegarmos a uma conclusão... somos ambos estranhos – era uma piada que não estava muito longe de ser verdade.

- Deve ser por isso que nos damos tão bem – ela concluiu sarcasticamente.

Eu ri de nosso assunto sem sentido e toquei seus lábios com os meus.

- Te espero no quarto.

Escalei a janela em silêncio. O cheiro de Bella era mais concentrado na cama – deitei sobre o cobertor e fechei meus olhos. Bella sabia que não precisava se apresar, mesmo assim ela não demorou para se retirar pela noite.

O tempo passava muito rápido quando estava com ela. Gostaria de poder ficar aqui o tempo todo e não dar espaço para meu pessimismo.

Faltava um pouco mais de uma semana. Eu já tinha feito tudo que podia e agora bastava esperar.

Nunca fui muito bom nisso e normalmente não esconderia de ninguém, mas agora eu não queria parecer impaciente. Bella já estava passando por um momento delicado – com muitas mudanças radicais à frente- e minha família já me achava um louco sem realmente parecer um. Até hoje Emmett não entendia o que eu fazia aqui no quarto de Bella todas as noites. Não que ele precisasse...

As vezes ela parecia esquecer de nosso acordo. Suas mãos subiam e desciam em meu peito. O calor era tão agradável...

A afastei gentilmente quando percebi que as coisas – mais uma vez – estavam saindo do controle. Precisava manter a cabeça no lugar. Ela tornava isso muito difícil.

Imaginei, mais uma vez e por um curto momento, como seria quando cuidado não fosse mais necessário... Esse tipo de pensamento era perigoso.

- Não estamos fazendo nada – ela reclamou.

- Isso é o seu “nada”? – fechei os botões de minha camisa enquanto tentava controlar minha respiração.

- Isso é perfeitamente normal. Conseguimos conciliar antes, então podemos conciliar agora.

- Conciliar, de novo? – perguntei franzindo o testa. Não sabia onde ela queria chegar com isso. Bella se aninhou ao lado de meu corpo. Automaticamente passei meu braço ao seu redor.

Ela continuou a pressionar seu ponto de vista.

- Eu estou fazendo o que você quer, da forma que você quer, da forma que você foi criado em mil novecentos e alguma coisa. E eu quero fazer isso. De verdade. Estou feliz com nosso acordo. Eu não aceitei bem tudo até agora? Não precisa responder – ela disse rapidamente quando abri a boca para falar – O que quero dizer é... precisamos misturar nossas culturas, entende? Passado com presente. Mil e novecentos com Dois mil.

Ela quase sempre tinha argumento para tudo, mas nessa questão ela estava atrasada.

- Não é o que estamos fazendo agora? Por que no meu tempo, isso seria um escândalo. Um completo ultraje. Nós só poderíamos dividir uma cama depois de casados, mesmo não fazendo “nada” como agora. Então nossas culturas já se misturaram. E a sua é a predominante.

Estava feliz pelos tempos terem mudado.

Pouco recordo de meu tempo como humano, mas de acordo com a época, isso era definitivamente proibido e poderia acabar com a boa reputação de uma família.

- Acho que o problema aqui é que você é relutante em expandir suas... fronteiras, por assim dizer.

- Eu não sabia que tínhamos um problema – brinquei. Ela não desistiu. Claro que não.

- Não é um problema, mais uma forma de colocar as coisas. Como com os beijos no começo. Era difícil para você, agora não é mais.

- Não é a mesma coisa, Bella.

Não era mesmo.

- Tudo bem, mas o princípio se aplica... – ela beijou meu pescoço e eu tive que contê-la antes que ela pudesse derrubar minha resolução. Eu não era forte como ela imaginava. Ela não sabia o que fazia comigo. Era fisicamente doloroso ter que parar...

- Eu te dou razão nisso. Mas por hoje, você precisa dormir – essa era a única coisa que realmente poderia colocar um ponto final em seus ataques.

- Isso quer dizer que amanhã... não precisamos quebrar nosso acordo nem nada...

Eu ri de suas implicações. Eu simplesmente adorava quando ela colocava sua timidez de lado.

- Vou pensar no assunto. Prometo.

Ela suspirou e bocejou.

- E você diz que eu sou difícil.

Bella adormeceu rapidamente e tudo ficou em silêncio. Charlie não estava sonhando.

Era em momentos como esse que eu me permitia pensar; pensar nas ramificações de minhas decisões, das decisões de Bella. E hoje eu percebi que ainda havia muito ser considerado. Coisas que passaram despercebidas a mim e provavelmente a ela.

Bella tinha tanto medo que as pessoas associassem nosso casamento – repentino aos olhos do mundo – com uma gravidez inesperada, que passei a olhar a maternidade através dos olhos dela, como algo indesejado. Mas não era, de forma alguma. Meu lado humano demorou para perceber que isso era esperado, que filhos faziam parte da vida humana e que ela poderia mudar de idéia no futuro... Também queria poder ter uma família convencional... a perfeita mistura de nós dois em um pequeno rosto. Pensei em Rosalie e em como ela não consegue encontrar a felicidade completa nos braços de Emmett porque essa parte não é possível...

Será que Bella conseguia ver tudo de que estava abrindo mão?


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Notas finais do capítulo

Comentem, ok?

E perdoem meus errinhos de português... não tenho corrigido essa FIC por falta de tempo.

Essa semana vou estar fazendo um cursinho de aperfeiçoamento e por isso não sei se vou conseguir colocar os próximos capítulos. Pretendo escrever um pouquinho mais neles e acrescentar dois capítulos de Amanhecer no ponto de vista do Edward...

Qualquer dúvida é só "levantar o dedo" rs

Beijos,

Lorena