Narrado or Lílian Evans:

- James Potter e Lílian Evans? Juntos?

- Até parece.

- James Potter comprometido? Não!

- A gata da Evans com o trasgo do Potter?

Foram esses os comentários que ouvimos quando voltamos para a escola. Eu e James andando de mãos dadas ou abraçados pelos corredores, gerou muitas fofocas por todos os lugares. Afinal, não é todo o dia que o casal com menos probabilidade de ter algo, começa a sair.

 - Eu ainda vou partir pro tapa com essas vadias! - reclamei a James no Salão Comunal.

- Nossa, não pensei que viveria para ver Lílian Evans usar esse vocabulário. - brincou Remus.

James riu com vontade. Ele anda muito bem humorado desde o natal.

- Então, porque você quer espancar umas vadias, Lils? - perguntou Marlene sorrindo feito boba, pois estava abraçada com Sirius.

- Por que elas fazem perguntas nada discretas, sabe? - eu disse indignada - Vieram me perguntar se o James beija bem, porque ele preferiu ficar comigo e, a pior pergunta até agora, se aquilo dele tem mais de dez centímetros!

Todos deram gargalhadas ao ouvirem isso. Sirius chegou a se deitar no chão enquanto ria. Demorou uns bons cinco minutos até Sirius e Dorcas se acalmarem e conseguirem respirar direito.

- Como se você fosse saber responder, né Lils? - disse Marlene - Afinal, desde que te conheço, vive dizendo que só vai ir para cama com alguém quando casar.

Todos riram. Eu fiquei fortemente corada e James deu uma tossida desconfortável ao meu lado. Eu não tinha falado à nenhuma das garotas sobre aquela noite nas férias de natal em que eu e James nos deixamos levar e James não contara a nenhum de seus amigos sobre isso tampouco.

Tínhamos discutido sobre isso um dia antes do fim das férias.

Flashback, Lílian Evans. Dois dias atrás:

Eu estava sentada na janela do quarto de hóspedes em que eu estava dormindo, contemplando uma rara noite estrelada em pleno inverno, quando ouvi uma batidinha da porta.

- Entra. - eu pedi.

James entrou no quarto com cara de bom moço; a cara que ele sempre faz quando quer dizer que vai se comportar. Eu ri de sua expressão.

Sentou-se ao meu lado no peitoril da janela e ficou admirando a aliança prateada à luz da lua, sorrindo feito bobo.

- Sabe que eu ainda não consigo acreditar no quão sortudo eu sou? - ele disse me olhando nos olhos.

Eu corei e sorri bobamente. Eu acho que isso é comum quando se está apaixonado: sorrir feito bobo.

- Eu sou sortuda. Afinal, e se você tivesse se cansado de ser menosprezado por mim? Aí ia ser bem difícil. - eu ri.

Ele me deu selinho e sussurrou:

- Eu não me cansei até hoje e não vou cansar até o nosso último dia de vida.

Senti arrepios ao ouvir sua voz sussurrada tão perto da minha pele. Nós começamos a nos beijar. Foi devagar no começo, mas logo foi esquentando. Quando percebi, ele havia me pego no colo e colocado na cama; não paramos de nos beijar.

Mas as coisas estavam indo longe demais. Eu o empurrei gentilmente pra longe de mim e encarei seus olhos castanhos. Havia fogo dentro deles e foi difícil me concentrar para dizer o que queria.

- James... Eu... eu não acho que devemos fazer isso de novo. - eu disse corando - Sabe, aquela vez foi por impulso e... bem, eu não estava pronta, mas... aconteceu. Só que... eu preciso de um tempo, sabe?

Ele me olhou por um tempo como se não tivesse entendido. Por fim ele se afastou e sentou no pé da cama olhando a janela aberta; por um momento pensei que ele havia se zangado e me sentei ao seu lado olhando para ele até que me encarasse.

- Lils... - começou ele se virando para me encarar - Eu não sabia. Eu não queria lhe dar a impressão de que... de que estou te pressionando ou sei lá! Eu vou esperar você estar pronta, ok?

Eu sorri e o abracei com força. Existe namorado melhor?

- Você contou a alguém sobre aquela noite? Para algum dos seus amigos? - perguntei.

- Não. Eu te respeito, Lílian, e sempre vou respeitar.

- Até que a morte nos separe? - eu sorri.

- Nem a morte vai nos separar.

Fim do flashback.

- Que horas são? - perguntei aérea saindo dos meus devaneios.

- Quase quatro horas. - respondeu Petter.

- Ah Merlin! - eu disse pulando do sofá.

- Onde você vai? - perguntou James desconfiado.

- Eu lhe disse, Jay, que ia me encontrar com Severo. - eu falei calma.

- Aé. - ele disse indiferente.

Eu lhe dei um beijo rápido e sai pelo buraco do retrato.

Corri pelos corredores até chegar ao Saguão de Entrada e ver o meu melhor amigo.

- Sev! - gritei pulando nele.

- Lily! - ele exclamou retribuindo o meu abraço esmagador.

- Eu estava com tanta saudade! - eu disse. Senti as lágrimas começarem a aparecer nos meus olhos; o assunto era bem delicado quando se tratava do Sev.

- Pô, Lils, vai começar a chorar? - ele riu.

- Ah, Sev... - eu disse chorosa - É que eu senti sua falta...

Ele riu e me deu um beijo no alto da testa.

- E as novidades? - eu perguntei.

- Nada. Fui passar o natal na casa dos Black, mas eu preferia que tivesse sido com você. - ele deu um sorriso - E você?

Eu hesitei. Como eu iria dizer a ele que estava namorando James, depois do que ele me falou no baile?

- Sev... vamos nos sentar?

Nós fomos até a beira do lago congelado e nos sentamos, abraçados. Tomei fôlego e disse, olhando para um lugar além do lago:

- Eu... eu estou namorando o James, Sev...

Houve um momento de silêncio entre nós dois. Eu não me arrisquei olhar para ele, com medo de sua expressão.

- Com o Potter? - ele sussurrou.

Olhei-o assustada com o seu tom de voz. O seu rosto era pura dor. Assenti, incapaz de falar qualquer coisa.

Ele se levantou de súbito e ficou ali parado de pé, sem saber o que fazer. Levou as mãos aos cabelos como se fosse arrancá-los, mas baixou-as sem fazer nada.

- Sev... me desculpe, eu... eu o amo. Sinto muito. - as lágrimas começaram a cair, mas ele meramente balançou a cabeça e resmungou.

- Eu... dormitório... cansado... até mais.

E correu para dentro do castelo.

O que eu mais queria era correr atrás dele, mas eu parecia estar pregada no chão. Eu magooei o meu melhor amigo. O meu irmão.

Eu senti nojo de mim mesma.