Warning escrita por Kori Hime


Capítulo 4
Um simples final


Notas iniciais do capítulo

Ops, eu tinha esse final guardado e esqueci de postar. Acredita? Nao? Tudo bem. hehehe
beijos



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Fazia uma semana que Kurosaki Ichigo não aparecia na escola. E mesmo que Ishida batesse na porta de seu quarto com insistência, não tinha resposta alguma. O pai do rapaz também estava preocupado, porém não poderia obrigar Ichigo a sair de seu quarto. Bem, ele até podia socar o ruivo, mas isso não iria trazê-lo de volta o que era antes.

Numa sexta-feira, Ishida estava em casa, lendo um livro importante para uma das provas que teria na próxima semana. Já era noite, e ele aproveitou o tempo frio para fazer um chá e se aconchegar melhor nas cobertas em seu quarto.
Para não dormir enquanto lia o livro, deixou todas as luzes acesas, não só a luminária ao lado da cama, mas mesmo assim, ainda sentia uma sonolência tomar conta de seu corpo. Ele estava bem relaxado depois daquele chá. Talvez, se dormisse mais cedo, poderia acordar mais disposto no outro dia e continuar estudando para a prova. Seria até melhor se fizesse isso.
Fechou o livro então, e se enfiou embaixo do cobertor, encolhendo as pernas, deitando e virando o seu corpo de lado, puxando o outro travesseiro e o colocando entre as pernas. Fechou os olhos, e logo em seguida abriu novamente, sentando-se na cama, para tirar os óculos, que havia esquecido.
Colocou os óculos em cima do criado mudo ao lado da cama, olhou o relógio digital ali do lado, marcava dez horas da noite. Dormiria oito horas tranquilamente, e acordaria cedo no outro dia. Estava perfeito assim.
Ishida caiu no sono rapidamente, aquele chá tinha feito mesmo um efeito e tanto no corpo do moreno que sentiu como se já estivesse sonhando. Era algo perturbador aliás, como se alguém batesse desesperadamente na sua porta, quase que a pondo abaixo.
Alguns segundos depois, ainda sonolento, Ishida sentou-se novamente na cama, aquele sonho parecia real demais. Ele pegou os óculos, colocando-os.
Era como se realmente aquele sonho tivesse acontecendo. As batidas na porta começaram novamente, assustando o rapaz, que com muito cuidado se levantou e foi em direção a sala, procurando algo pelo caminho que pudesse usar como arma para se defender. Embora, o prédio onde morava era bem seguro, e eles não deixavam entrar pessoas estranhas ali sem comunicar o morador que receberia a visita. E uma visita aquela hora da noite significava algo urgente acontecendo.

Uryuu então apertou o passo, indo abrir a porta de uma vez. Talvez alguém tenha passado mal e foi ali pedir socorro. É, só poderia ser isso.
O moreno virou a chave e destravou o trinco de segurança, abrindo a porta.
– Ichigo?! – Deu um passo para trás, analisando o outro rapaz a sua frente. Ele estava péssimo. Com o rosto sujo, as roupas amassadas, um pouco rasgadas as mangas da camisa, e fazia frio la fora. Um filete de sangue escorrendo da boca do ruivo, denunciava que ele estava em uma briga, e pelos danos causados talvez a vitoria não tenha sido dele.
– Não vai deixar eu entrar? – Ichigo sorriu, passando a língua no canto da boca, limpando o sangue. Ishida girou os olhos e deixou o ruivo passar para dentro, antes que algum vizinho o visse naquele estado lamentável.
– O que aconteceu?
– Nada.
Ishida parou, assim que fechou a porta, e cruzou os braços esperando por explicações que não vieram. Ele caminhou pela sala seguindo Ichigo que virou-se de uma vez, segurando-o pela cintura, e beijando seu pescoço. Mas antes que eles unissem as bocas, Ishida sentiu o cheiro insuportável de álcool vir do corpo de Ichigo. Mas estava tão forte que ele não conseguia imagina outra coisa, senão o Kurosaki ter tomado um banho de saque.
– Você esta bêbado. – Ele tentou se livrar das mãos de Ichigo, que apertou ainda mais os dedos em volta da cintura do moreno. – Me solte agora, ou...
– Ou o que Uryuu? – Ichigo o segurou pelos pulsos, prevendo que levaria algum tapa ou coisa parecida. Ele riu, ainda tinha força o suficiente para segurar Ishida.
A reposta não veio, então Ichigo avançou mais em cima do moreno, fazendo-o desequilibrar-se e cair em cima do sofá, todo desajeitado. O ruivo ajoelhou-se no chão, ficando entre as pernas de Ishida, que gemeu baixinho sentindo as mãos firmes do Kurosaki apertar suas coxas, puxando o tecido do pijama.
Ichigo deu um sorrisinho, achando graça do pijama do moreno, sempre muito bem arrumadinho para dormir. Isso é, quando estava sozinho. Porque quando Ichigo dormia com ele, não dava nem tempo de se arrumar todo pra deitar. No começo vivia reclamando com o ruivo por causa dos botões arrancados a força, e dependendo da situação as roupas intimas rasgadas. Uryuu sentia-se acuado por vezes, quando Ichigo parecia ficar fora de si, principalmente quando ingeria álcool. Mas ele não podia negar que no fundo gostava de ser dominado daquela forma, não tinha como fugir daquilo. E Ichigo sabia como virar o moreno do avesso.
Ele também tinha plena consciência das coisas erradas que cometia. Mas era um pouco tarde para se arrepender dos últimos meses, pelo menos não naquele momento.
Ichigo puxou a calça do pijama, tirando-a por completo, juntamente com a boxer branca. Uryuu segurou as mãos de Ichigo, quando o ruivo avançou mais sem qualquer emoção. Era tudo tão mecânico, que o rapaz, apesar de excitado, não reconhecia mais a pessoa por quem se apaixonara.
Ishida disse que não queria, e apesar da insistência de Ichigo, ele manteve a palavra. Levantou-se do sofá e vestiu a calça do pijama. Ordenou que Ichigo fosse para o banheiro tomar um banho, antes que toda sua casa cheirasse a saque barato. Ichigo ameaçou ir embora, mas não foi. Ishida o segurou pelas mãos e puxou-o para um abraço.
– Você está se destruindo aos poucos, e porque? – Uryuu disse, afagando os cabelos do Kurosaki. – Sinto falta do Ichigo que eu conheci. Sinto falta de você, quero o antigo Kurosaki e não essa pessoa que parece ter enlouquecido.

Ichigo estava com as mãos na cintura de Ishida, e apertou os dedos por debaixo da camisa do pijama, marcando a pele branca de Uryuu. Ele suspirou pesadamente com aquelas palavras tão verdadeiras. Estava mesmo se afundando em uma escuridão, e se continuasse assim, não teria retorno, e para que? Sem qualquer propósito. Essa depressão não poderia ser mais forte do que o desejo dele de viver bem com as pessoas que amava.
O ruivo não disse nada, apenas virou-se e caminhou em direção ao banheiro, se soltar-se das mãos de Ishida, levando-o junto para o banho quente. Precisava mais do que nunca da presença do rapaz.
O banho demorou mais do que necessário, quando Uryuu abriu a porta do banheiro, o vapor quente tomou conta do pequeno corredor. Ichigo passava a toalha azul marinho nos cabelos, enquanto inha uma outra idêntica em volta de sua cintura. Ishida saiu do banheiro, informando que iria preparar algo quente para eles beberem, e assim ir para cama, já que estava muito tarde.
Quando o rapaz retornou, Ichigo já estava deitado na cama dormindo. Ishida deu um pequeno sorriso, deixando a bandeja de chá em cima da escrivaninha do outro lado do quarto, afastando os livros que estavam ali para caber a bandeja.
Ele foi até a cama e puxou o cobertor para cobrir Ichigo, que vestia uma de suas calças de pijama. Ishida deitou ao lado do ruivo, e demorou um pouco para pegar no sono, ele não sabia se aquela era mais uma das promessas mentirosas do Kurosaki, em melhorar de vez, mas sabia que se isso continuasse, Ichigo o perderia de vez.
Foi pensando nisso que Ishida se aconchegou melhor debaixo das cobertas e dormiu, sentindo a mão de Ichigo o puxar para um abraço quentinho, aquilo o deixou mais a vontade e pode enfim relaxar.
Na manhã seguinte, quando Ichigo acordou, ele não encontrou Uryuu em lugar algum, apenas um bilhete informando que ele havia ido para a escola, e achava melhor que Ichigo ficasse em sua casa até se recuperar, já que seu corpo estava cheio de escoriações e arroxeados, seu pai não iria gostar nada de vê-lo chegar em casa daquele jeito, por isso tomou a liberdade de avisar a família do Kurosaki onde ele estava.
Ichigo sentou no sofá da sala, ligando a televisão em um canal qualquer, ele olhou novamente o bilhete de Ishida, jogado em cima da mesinha de centro. Ele era tão certinho que as vezes irritava. Mas o ruivo estava agradecido, porque Ishida parecia pensar em tudo, enquanto ele estava estragando tudo. Quando foi que isso começou?
Ele jogou a cabeça para trás, olhando pro teto da sala. Tudo começou no fim. No fim de uma fase de sua vida.
Sentia-se agora impotente, mas estava completamente errado quanto a isso. Ichigo tinha muito a conquistar e estava se afundando em algo que não tinha mais volta. Isso já era fato concretizado. Era a hora de mudar. Lembrou-se de Ishida, e no que ele lhe dissera, que iria perdê-lo caso não mudasse. Só que Ichigo não estava preocupado apenas em perder Uryuu, mas todas as pessoas que ele amava. Sim ele os amava totalmente. E ninguém tinha culpa do que aconteceu no passado. O passado era para ser deixado lá, e usado como referência.
Onde foi mesmo que ele ouviu isso?

– Ah, quem liga? – Ichigo ainda tinha a cabeça cheia, ele não iria ficar ali na casa de Ishida esperando o moreno chegar, para provavelmente terem uma conversa séria a qual estava fora de questão de acontecer. Não com ele ainda se sentindo mal.
O ruivo precisava conversar, e não era com nenhum de seus amigos, suas irmãs ou o seu pai. Uma pessoa talvez poderia ajudá-lo de verdade. Ou pelo menos saciar um pouco o incomodo que ele sentia no peito.

Ichigo deixou um bilhete para Ishida, dizendo que voltava a noite e que se ele pudesse, confiaria nele.
Só havia um ligar em Karakura onde Ichigo poderia encontrar alguém que pudesse conversar francamente. Ele parou diante da loja de Urahara, e dessa vez Renji não estava ali com uma vassoura na mão, varrendo o chão como da última vez. Aliás, não havia ninguém ali dentro. Ele achou isso estranho, porque a porta estava aberta.
– Oi? Tem alguém ai? – Ichigo entrou na loja e avançou pelo corredor, até alcançar o próximo cômodo, ainda vazio. – Gente? Cade todo mundo?

– Ichigo?
Ichigo deu um passo para o lado, levando a mão ate o peito com o susto que Renji lhe dera.
– Mas que porra, como você aparece assim atrás de mim?
– Desculpa, eu acabei de chegar aqui. – Renji estava usando a gigai, obviamente, porque sem ela Ichigo não poderia vê-lo. – Onde esta o Urahara-san?
– Não sei, cheguei agora também. O que está acontecendo?
– Nada. – Renji coçou o pescoço, com a mão, e deu um sorriso tentando aliviar suas feições. Mas Ichigo não era burro, ele só perdera seus poderes de Shinigami.
– Você mente tão mal. – Ichigo balançou a cabeça e procurou um lugar para se sentar na sala de chá.
– Não posso te contar essas coisas, não é por mal, mas não é mais...
– Eu sei Renji. – ele balançou a mão conformado, e pediu pro ruivo se sentar ao lado dele. Renji sentou-se, mas não parava de olhar para a porta, como se a qualquer instante alguma coisa fosse atacá-los. Mas Ichigo não estava tão apreensivo. Porque confiava no ruivo. Simplesmente isso. Ele confiava em Renji, Sado, Orihime, Ishida. Em seu pai. Em todas as pessoas ao seu redor.
– Porque veio aqui? Não tem aula não?
– Tenho, mas não fui. Eu precisava resolver umas coisas.
Renji deu uma boa olhada em Ichigo, claro que ele viu os machucados em seu roso e braço, mas não disse nada, porque Ishida já havia contado a ele o que aconteceu. Eles se encontraram mais cedo na verdade, quando receberam um chamado para averiguar um problema próximo ao centro de Karakura. Só que Ishida disse que Ichigo estava pra baixo. Ele não parecia assim tao deprimido.
– Entendi, você esta aqui fazendo uma visita ao Urahara-san. Veio comprar algo? – Perguntou debochando e logo viu o verdadeiro Ichigo por debaixo daquela cara séria.
– Idiota. Não é da sua conta o que eu vim fazer. – Ichigo reclamou, mas ele precisava conversar, e Renji era um bom ouvinte. Não acreditava que estava falando aquilo. – Estou confuso, as coisas aconteceram rápido demais e eu não consegui me acostumar.
– Relaxa Ichigo. Quem disse que você deve salvar o mundo para sempre?
– Não brinca, eu estou falando sério aqui.
Renji se ajeitou melhor em cima da almofada e pôs as mãos em cima da mesa, pediu para que Ichigo continuasse a falar, que não iria interrompê-lo mais. Só que estava mentindo, ou não conseguia manter uma promessa dessas. – Ichigo, você salvou muitas pessoas. Não esta satisfeito com isso? Trocou seu poder pela vida de toda essa gente. Isso que você fez é honroso. Saber que nunca mais vamos poder lutar novamente é ruim eu sei – ele deu uma risadinha, e Ichigo girou os olhos –, mas, veja o lado bom. As pessoas que você ama estão vivas. E confiaram suas vidas nas suas mãos, agora é a vez de você confiar a sua nas mãos dele.
Renji tombou a cabeça para o lado, abrindo um sorriso energizante.
– Você tem razão. – Ichigo ficou um pouco vermelho, mas logo ouviu barulho de passos, e finalmente as vozes conhecidas de todos que moravam ali, além de Ishida e Sado.
– Ichigo? O que você esta fazendo aqui? – Uryuu perguntou, passando o olhar de Ichigo para Renji, como se quisesse uma explicação.
– Eu vim conversar com o Renji, só isso. Preciso ir para casa, vem comigo?
Ichigo se despediu de todos, e por último de Renji. Não sabia bem o que falar, e talvez nem precisasse de muitas palavras. Eles trocaram olhares que poderiam significar muitas coisas.
– Vai confiar em mim para cuidar tudo?
– Acho que não tenho outra alternativa não é?
Eles riram, e Uryuu fingiu não ter ciúmes naquele instante.
– O que o Renji quis dizer com aquilo? – Ishida perguntou muito tempo depois, quando já estava no quarto de Ichigo, ajudando-o a arrumar aquela bagunça que estava a dias sem organização.
– Nada demais. – Ele dobrou uma camiseta amarela, e pegou um par de t^nis, guardando-o corretamente dentro do guarda roupa. – Tive uma ideia, podemos passar esse final de semana estudando? Preciso recuperar o tempo perdido.
Ishida estreitou os olhos, e ajeitou as lentes por cima do nariz. O que aconteceu naquela tarde para que ele mudasse completante? Poderia ter sido o que disse a ele na noite passada? Ou o Renji era o pivô da mudança.
Se é que valia a pena ficar remoendo esse assunto.
– Claro que sim, eu quero te ajudar.
Ichigo ficou aliviado. Agora a próxima pessoa a quem devia desculpas eram suas irmãs e seu pai, mas isso poderia fazer mais tarde.
– Mas já que não tem ninguém em casa. – O Kurosaki de um sorriso espertinho, fazendo Uryuu ficar totalmente vermelho e envergonhado com as intenções dele.
– Eu senti sua falta. Do verdadeiro Ichigo.
– É, eu também senti. – Ichigo o abraçou, beijando-o na curva do pescoço, causando arrepios no corpo de Ishida. Ele também sentia falta daquilo. E não iria abrir mão do que tinha.


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