A neurocirurgiã, Dra. Quinn Fabray, olhava para a mão esquerda com uma careta cansada. A loira estava há mais de minutos olhando para aquela aliança, até que se entediou e colocou a mão sobre os olhos, tentando diminuir a claridade do quarto e dormir um pouco. Estava cansada, muito cansada.

            Tinha uma cirurgia importantíssima dali a algumas horas. Era a cirurgia mais importante de toda a sua carreira médica e ela não estava feliz com aquilo. E por que não estava? Porque era noite de Oscar e ela deveria estar há algumas milhas de distância, no Kodak Theatre acompanhando certa ex-diva da Broadway que concorria ao Oscar de Melhor Atriz por um filme que não era um musical.

            Quinn bufou descontente. Rachel estava muito brava com ela. Naquele um ano de união estável e madura, as duas nunca haviam discutido da forma que discutiram, com direito a ameaças de separação e alguns dias separadas. E o que mais irritara a loira foi que, os reflexos egoístas da antiga Rachel Berry tomaram a conversa e a morena sequer pensou nas prioridades da médica... Assim como a antiga Quinn Fabray deixou o orgulho sobressair-se em relação ao amor que sentia pela morena.

            Quinn chegou cansada em casa, era madrugada e seu tradicional plantão de 48 horas acabara. Ela sentia-se um peso morto e sua cama lhe chamava, assim como o corpo quente de Rachel Berry era exigido pelo seu. O apartamento das duas era enorme, muito bem localizado próximo ao Central Park.

            A loira colocou a mochila próxima a mesinha da porta e foi até a cozinha, apanhar alguma coisa para beber. Encontrou uma garrafinha de suco de laranja e a tomou quase de um gole só, depois voltou para a sala e ficou observando a iluminada NYC pela imensa janela de vidro do apartamento.

            Seu relacionamento com Rachel ainda era encoberto, a mídia sabia que as duas tinham uma relação muito próxima, mas desde os acontecimentos envolvendo Finn Hudson e Jesse St. James, os repórteres nada mais perguntavam. Quinn tinha certeza que o agente de Rachel mexera os pauzinhos e abria um sorriso enorme quando via que sua pequena estava lhe protegendo da gana assassina da mídia.

            No hospital, as coisas não podiam estar melhores. Depois que se defendera no Conselho de Ética, Quinn voltou a trabalhar após conseguir nota máxima em sua prova de residência. Como a Dra. Hopkins pedira, as duas estavam trabalhando juntas e Quinn estava cada vez mais próxima do cargo de Chefe do Departamento de Neurologia. Quem sabe, daqui uns cinco anos, seria seu nome na porta do escritório da Dra. Hopkins?

            A loira sorriu colocando as mãos nos bolsos da calça jeans que usava, não podia estar mais feliz, Rachel entrara em sua vida e iluminara tudo, como uma legítima estrela. A SUA estrela.

            - Amor? – Pela voz, Quinn pode entender que sua morena estava dormindo e com certeza, mal abrira os olhos direito, as chances de algo ser acertado pelo caminho eram altas. A loira virou-se e encontrou a pequena diva caminhando a esmo pelo escuro, muito sonolenta. Quinn não pode conter uma gargalhada, ela pegou a morena em seus braços e beijou seus cabelos dizendo:

            - Olá, minha pequena.

            - Achei que nunca mais fosse chegar. O que aconteceu? – Rachel estava despertando aos poucos, ela agarrou-se ao pescoço de Quinn e o contato do hálito quente dela na pele da loira fez com que a médica tremesse. Quinn afastou-se dela e as duas rumaram para a poltrona, Rachel sentou-se em seu colo e fechou os olhos, aninhando-se em seu peito.

            - Tenho certeza que se eu começar a contar, você vai adormecer. – Quinn murmurou no ouvido da sua morena, provocando arrepios na mesma e afagando os cabelos cheirosos da pequena diva. Rachel soltou uma gargalhada rouca e beijou o pescoço da médica para dizer em seguida:

            - Estou muito cansada e a culpa é sua. Sabe muito bem que eu não consigo dormir quando você não está aqui.

            - Então vamos ter que falar com a Dra. Hopkins, porque eu também não consigo descansar quando fico por lá... Ela fica impressionada com a minha capacidade de atender durante a madrugada. – Quinn disse com um biquinho descontente, mania herdada da namorada. Rachel beijou os lábios dela levemente e sorriu, aquele sorriso meigo que ainda derretia o coração de Quinn. As duas ficaram se olhando até que Rachel se aprumou no colo da namorada, ficando de frente para ela.

            A pequena diva estava nervosa e Quinn percebeu, talvez fosse por isso que desceu as mãos levemente para a cintura de Rachel e apertou ali (ou fosse puro desejo sexual contido, nunca se sabe). A morena mordeu o lábio inferior e anunciou:

            - A lista das indicadas ao Oscar de Melhor Atriz saiu ontem.

            - Mas que porra...! – Quinn arregalou os olhos completamente incrédulos. Ela disse para Rachel lhe avisar quando aquela informação vazasse. – Eu disse que queria saber, por que não me avisou?

            - Porque... – Rachel deixou a frase no ar, divertindo-se com a expressão curiosa e ansiosa da namorada. Quinn mordeu seu queixo exigindo que ela falasse, a diva riu. – Porque eu queria que comemorássemos, afinal, eu fui um dos cinco nomes!

            Quinn não soube muito bem o que fez, só que quando deu por si, estava de pé com as pernas de Rachel em sua cintura e a morena em seu colo. Beijava a diva como se não houvesse outro dia. Rachel sorria entre os beijos e gritava extasiada. Sua carreira estava decolando no cinema e o mais importante: Quinn fazia todos os seus dias serem inesquecíveis. Ela não podia estar mais feliz.

            Quando as duas se separaram ofegantes, Quinn tornou a se sentar com a morena ainda grudada a ela. Tirou alguns fios castanhos que atormentavam a visão que tinha de sua namorada e beijou-lhe a ponta do nariz, depois perguntou:

            - Quais foram às outras quatro?

            - Keira, Natalie Portman, Marion Cotillard e Saoirse Ronan... – Rachel respondera um pouco desanimada, baixando aos olhos. Quinn conhecia bem aquela expressão, afinal, fora ela que teve que consolar a namorada quando os críticos disseram que ela não ia conseguir se adaptar ao cinema. Mas aquela era Rachel Berry e não havia limites para ela. Agora, ela estava ali, concorrendo ao Oscar com seu primeiro trabalho no cinema contra as quatro maiores atrizes da atualidade.

            - Hey amor, não fique assim ok? Não precisa provar nada a ninguém, você já é uma estrela e mesmo que não ganhe, vai continuar brilhando no meu céu... – Quinn murmurou com um sorriso orgulhoso e puxando a diva para perto de si, num abraço de urso. Rachel acabou rindo enquanto murmurava:

            - Como você consegue soar tão romântica a essa hora da madrugada?

            - Não sei, deve ser toda aquela cafeína que eu tomei. Meg andou falando melações com Puck pelo celular também... – Quinn disse com um ar irônico que provocou ainda mais risos em Rachel. As duas continuaram abraçadas, mas Quinn começou a beijar o pescoço da namorada com um ar altamente voluptuoso. Rachel jogou a cabeça para trás e murmurou com a voz fraca:

            - Amor, temos que nos programar para a festa...

            - Mas nada impede que façamos isso quando resolvemos o problema do meu plantão, não é? – Quinn estava completamente alheia ao que a namorada falava e Rachel percebeu aquilo quando a mão da loira desceu até sua bunda e apertou ali, antes de abocanhar seus lábios com um pouco de desespero e desejo. Rachel gemeu nos lábios de Quinn, levando a loira à loucura, Quinn deitou-a no sofá e continuou a beijá-la. As pernas de Rachel envolveram a cintura de Quinn e ela murmurou:

            - É sério amor, eu quero que você vá comigo.

            - Sou toda ouvidos, pequena... Pode ir falando. – Quinn disse com um sorriso desejoso nos lábios e aquele ar predador que Rachel adorava, a loira ergueu um pouco o corpo da morena e beijou-lhe o abdômen por cima do fino pijama de seda que Rachel usava. A morena apanhou os cabelos de Quinn e gemeu, céus, como aquela loira podia ser tão irresistível?

            - A festa é no próximo final de semana... – Rachel murmurou entre gemidos, nesse momento, o corpo de Quinn enrijeceu e a loira parou o que estava fazendo, Rachel se amaldiçoou, deveriam terminar aquilo e depois falar sobre a festa do Oscar. – O que aconteceu?   

            - Tem certeza que é no próximo final de semana? – Quinn perguntou um pouco temerosa e subindo o corpo, para seus olhos amendoados entrarem em contato com os castanhos de Rachel. A morena fez um biquinho, tinha alguma coisa que não se encaixava ali. Rachel empurrou Quinn levemente e ambas se sentaram no sofá, a diva cruzou os braços e perguntou incisiva:

            - O que aconteceu?

            - Eu acho que... – Quinn estava tendo dificuldades para falar, sabia muito bem que tipo de reação Rachel teria quando soubesse o que lhe atormentava naquele momento. – ... Bem, é...

            - O que está acontecendo Fabray? – Rachel perguntara séria e com um olhar que mesclava a irritação e desagrado, Quinn mordeu o lábio inferior e percorreu a sala com os olhos amendoados, procurando uma forma de sair daquela. Mas nada conseguiu, voltou a olhar para Rachel e ela permanecia impassível como antes, Quinn respirou fundo como se estivesse prestes de assinar a sua redenção e murmurou:

            - Eu tenho uma cirurgia importantíssima no próximo final de semana.      

            - E isso é mais importante do que você estar presente no Oscar, comigo? – Rachel questionou com um ar incisivo que fez Quinn tremer, a morena podia ser muito ameaçadora quando queria. As duas se olharam por alguns minutos e Quinn sequer conseguiu responder porque, ao menos pra ela, a cirurgia era mais importante no momento. Rachel se levantou emburrada e ficou de costas para a namorada, observando as luzes da cidade.

            - Amor, não é isso... – Quinn estava sentindo-se culpada, ela ficou de pé rapidamente e enlaçou a cintura da morena por trás, beijando-lhe o pescoço. Mas Rachel permanecia rígida e distante. – Acontece que essa cirurgia é a mais importante da minha carreira, eu vou estar no comando dessa vez e se eu me sair bem, vou abrir muitos caminhos no Presbyterian...

            - Da mesma forma que se eu ganhar o Oscar, eu vou abrir muitos caminhos em Hollywood além de calar a boca de todos os críticos! – Rachel se virou para Quinn e segurou a face da namorada entre suas mãos, Quinn revirou os olhos, por que Rachel tinha que pensar que só ela tinha uma carreira a zelar ali? – O que foi, Fabray? Acha que o fato de eu te querer ao meu lado numa premiação é pequeno diante da sua tão esperada cirurgia?

            - Não foi isso que eu disse! – Quinn murmurou inconformada e se afastando da namorada, Rachel murmurou “mas revirou os olhos” que a loira ouviu e acabou bufando irritada. – Do que adianta eu ir nessa premiação se não vou poder te dar um beijo quando você receber a estatueta?

            - Então é esse o problema? Você não quer que nosso relacionamento permaneça em segredo? – Rachel questionou ameaçadora e se aproximando de Quinn com uma fúria incontida nos olhos. Ela pode ver um resquício da antiga Quinn Fabray no sorriso irônico que agora brincava nos lábios de sua namorada. – Porque o meu problema é ter que ficar longe de você durante toda a semana e só te encontrar de madrugada!

            - Não quer que eu trabalhe mais, Berry? Porque sinto muito, eu não vou ser sustentada por você! – Quinn retrucou incrédula com as palavras de Rachel, o fato de ter tantos plantões na semana nunca foi um problema para as duas, já tinham até falado sobre aquilo. Quinn queria saber quando foi que a conversa tomou o rumo da discussão. Rachel cruzou os braços e apoiou-se na perna esquerda enquanto dizia fria:

            - Eu nunca disse que queria te sustentar, só disse que queria você do meu lado nessa noite que pode ser a mais importante da minha vida... Mas tudo bem, se você não quer ficar do meu lado, não vai. Eu vou trazer roupa de cama e seu travesseiro, você dorme no quarto de hóspedes hoje.

            - Rachel, não seja criança, nós não precisamos...! – Quinn começou a questionar, só que Rachel já tinha aprumado os ombros e já estava chegando ao quarto que as duas dividiam. Antes que Quinn pudesse entrar, a morena jogou alguns lençóis e um travesseiro que atingiram o rosto da loira.

            E enquanto tirava a quantidade imensa de tecido de sua face, Quinn ouviu a porta se fechar. Ela revirou os olhos e girou a maçaneta, surpreendendo-se quando sentiu que estava trancada. Quinn ficou assustada, aquilo nunca tinha acontecido. Ela bateu educadamente e disse:

            - Amor, não precisa ser assim... Vamos conversar, como duas adultas, por favor.

            - Você deve estar cansada, Fabray. Melhor ir dormir. – A voz de Rachel saiu abafada e Quinn teve certeza que ela estava segurando algumas lágrimas, mas a raiva que a loira sentiu foi maior que qualquer preocupação que ela pudesse ter no momento. Em um ato impensado, Quinn socou a porta de madeira e foi para o quarto de hóspedes.

            E assim a semana se passou, sem que uma falasse com a outra. Rachel partiu para Los Angeles e nem sequer informou Quinn do horário de seu vôo, a médica ficou sabendo por Meg que disse receber uma ligação de Rachel enquanto a loira estava de plantão.

            Quinn estava deitada naquela cama no Presbyterian, mas sua mente estava em Los Angeles, junto com sua diva. Claro que ela se arrependia, deveria ter pedido dispensa daquela cirurgia e teria o feito se Rachel não tivesse irritado-a a ponto de querer distância da morena. Estava se sentindo péssima, não sabia como sair daquela situação.

            Observou a aliança mais uma vez e beijou a prata fria, esperando que, de alguma forma, aquele beijo atingisse a sua diva...

***

            Há algumas milhas dali, Rachel Berry observava a multidão de admiradores do cinema que tomavam às janelas de sua limusine. Claro que ela estava sorrindo, mas era um sorriso molhado, ela olhou para a aliança de prata em sua mão e por um momento, quase borrou sua maquiagem.

            - Rachel, por favor... Agora não é hora para isso. – Paulie pediu um pouco impaciente para a patroa, afinal, fora ela quem presenciara todos os momentos de fraqueza da diva naquela semana. Quinn estava distante por causa de Rachel e a assistente sabia como sua patroa estava arrependida das palavras que proferira naquela noite. Paulie observou Rachel respirar fundo, com delicadeza, a morena limpou algumas lágrimas no canto dos olhos e disse com aquele sorriso de 1000 watts:

            - Você está certa. Hoje à noite eu não sou a Rachel Berry que é noiva de Quinn Fabray, eu sou a Rachel Berry indicada ao Oscar de Melhor Atriz por “Inevitable”. Tenho que me manter sã, posso me resolver com Quinn em casa.

            - Claro que pode, Miss Berry! – Paulie exclamou satisfeita por conseguir arrancar um sorriso sincero da diva, Rachel revirou os olhos quando ouviu o “Miss Berry” e Paulie só constatou que sua patroa estava cada dia mais parecida com Quinn. – E tenho certeza que, da onde ela estiver, ela vai te ver recebendo o prêmio.

            - Sim, eu também sei disso... Esse é o primeiro das dezenas de Oscars que eu concorrerei! – Rachel dissera com um sorriso brincalhão nos lábios, era o tradicional egocentrismo Berry vindo à tona. Paulie sorriu e a limusine parou, a porta foi aberta e Paulie viu sair por ela, uma diva.

            Rachel jogou os cabelos castanhos e levemente encaracolados ao vendo, ao mesmo tempo em que era recebida por uma série de flashes. A morena saiu no carro revelando a imensa fenda em seu vestido vermelho, ela ergueu-se em cima do salto e respirou fundo, para em seguida, acenar e arrancar gritos dos presentes na recepção do Kodak Theatre.

            Rachel Berry podia até mesmo não ganhar o Oscar, mas o quesito simpatia já pertencia a ela. Paulie teclou rapidamente em seu iPad e sorriu quando viu todos os críticos de moda aprovarem a escolha de sua diva. Rachel estava em um longo vermelho que destacava a cor de sua pele; a fenda já citada passava um pouco a altura de seu joelho e era o mais comentado; o decote discreto e a maquiagem que realçava seus traços faciais marcantes eram elogiados por completo...

            Paulie deu todo o tempo para que sua diva fosse ovacionada e saiu pela porta lateral da limusine, desaparecendo pela entrada dos funcionários.

            No tapete vermelho, Rachel fora imediatamente arrebatada por um repórter que cobria tudo que acontecia ali. Ele era um moreno alto e bonito que lhe sorriu com excitação ao perguntar:

            - Boa noite, Rachel Berry... O que diz do Oscar? Sente mais frio na barriga do que em suas quatro conquistas no Emmy?

            - Não sei se é um frio na barriga, mas eu estou fora do controle, literalmente. – Rachel respondera com aquele sorriso contagiante que fazia seu contingente de fãs aumentar a cada semana. O repórter riu verdadeiramente da diva e tornou a perguntar:

            - Acha que essa noite vai ser sua, de novo?

            - Eu não sei, mas acho que esse ano, a categoria de Melhor Atriz está extremamente disputada... – Rachel estava séria e sendo sincera no que dizia, alguns fãs acenaram para ela e ela respondeu com entusiasmo. – Não pela minha indicação, eu sou a surpresa nisso tudo. Mas Saoirse é uma atriz excelente, já vem mostrando isso desde “Atonement” e Keira, bem, ela é Keira Knightley, não me lembro de tê-la visto fora de uma premiação nos últimos anos... Natalie nos presenciou com uma das melhores atuações da história do cinema em “Black Swan” e Marion, sou fã dela desde “Piaf”... Posso dizer que estou realizando meu sonho ao concorrer com todas elas.

            - Marion! – O repórter acenou para a atriz francesa que imediatamente, abriu um sorriso e colocou-se ao lado de Rachel. A morena engoliu em seco e a atriz mais experiente, ao perceber isso, cumprimentou-a com um beijo no rosto e enganchou os braços de ambas como se fossem amigas há anos. O repórter adorou a interação e perguntou para Marion Cottilard:

            - Rachel acabou de dizer que é fã sua desde “Piaf”... O que tem a dizer sobre isso?

            - Oh... – Marion estava verdadeiramente surpresa, ela sorriu para a diva e Rachel sentiu-se mais leve. – Estou realmente surpresa. Só posso agradecer, Rachel é um achado de Hollywood e eu discordo de todos que disseram que ela não tinha talento para enfrentar um filme. Ela está aqui, no Oscar, acho que isso fala por si só.

            - E você Rachel? O que diz diante disso? – O repórter tinha um sorriso simpático nos lábios, Rachel sorriu sem caber-se em si. A morena respirou fundo e olhou para Marion que lhe sorria encorajadora:

            - Eu não esperava isso, é uma honra concorrer com essas quatro grandes atrizes, ainda mais com Marion que sempre foi uma das minhas preferidas. Só o fato de estar aqui nessa noite já é especial, meu sonho sempre foi a Broadway e o cinema parecia um pedaço distante na minha carreira... Estar aqui é uma surpresa e também, uma conquista. Independente do resultado, estou feliz.

            - Bem, os fotógrafos estão implorando para tê-las por um momento! Agradeço a atenção de vocês, boa sorte para as duas! – O repórter se despediu das duas e Marion não soltou o braço de Rachel durante o pequeno percurso até a sessão de fotos. A francesa sorriu simpática e disse gentil:

            - Eu sei como você está se sentindo, o primeiro Oscar é inesquecível... Aliás, espero que esse seja o primeiro de muitos que você vai concorrer.

            Rachel só conseguiu murmurar um “obrigada” envergonhado e observou a outra atriz se encaminhar para os fotógrafos. A morena respirou fundo e se esqueceu, momentaneamente, o motivo de sua tristeza minutos atrás. Rachel posou para as fotos e em seguida, encontrou Paulie no saguão.

            A assistente sorria orgulhosa para sua diva, Rachel abraçou-a com carinho e agradecimento e murmurou exatasiada:

            - Oh my God, eu falei com Marion Cottilard!

            - Sim, Rachel e devo dizer que vocês duas estavam muito bem na entrevista. – Paulie disse com dificuldade enquanto sentia os braços de Rachel sufocá-la. Paulie entregou a Rachel a programação da noite e mostrou onde a morena se sentaria, em seguida, sorriu e mostrou uma mensagem a ela:

OMG QUERIDAA!!!! VOCÊ FOI ENTREVISTADA JUNTO COM MARION COTTILARD, EU E SEU PAI ESTAMOS QUASE MORRENDO DE ORGULHO AQUI. KURT E SAM ESTÃO CONOSCO, ASSIM COMO TODO O GLEE!!! TORCEMOS POR VOCÊ! GANHE ESSE OSCAR E NOS MATE DE ORGULHO!!! – Leroy e Hiram Berry.

            Rachel riu entre pequenas lágrimas enquanto observava a mensagem cheia de letras maiúsculas e pontos de exclamação. A morena não cabia em si de felicidade e uma última chamada aos atores foi ouvida, Rachel beijou a testa de Paulie e saiu apressada, mas sem perder a pose, até a entrada do teatro.

            Olhando a imensidão de celebridades que ali estavam, Rachel Berry sentiu-se subitamente sozinha. Mas sem perder a aura de diva, rumou para seu lugar. Estava ao lado de um ator britânico que ela se esquecera o nome e um pouco a frente do palco. Ela sentou-se e cruzou as pernas, sabia que era alheia aquilo.

            Ela não era do ramo, pelo menos, não ainda. Colocou as mãos sobre o coloco e torceu-as, rezou uma silenciosa prece e desejou que Quinn estivesse ali com ela. Imediatamente, sentiu suas bochechas esquentarem, como se a médica tivesse lhe beijado. Rachel sorriu, ela fora idiota e sabia muito bem como corrigir aquilo. Quinn tinha prioridades e ela também, mas o que as unia... Era exatamente da mesma importância para as duas e ela não deveria ter duvidado nunca daquilo.

***

            - Tem certeza que não quer dar uma olhadinha na cobertura do Oscar? – Meg perseguia Quinn pelos corredores, a médica carregava o prontuário de seu paciente da cirurgia embaixo do braço e bebericava o café enquanto caminhava pelos corredores da ala de tratamento intensivo. Quinn revirou os olhos e disse irônica:

            - Você não tem nenhuma cirurgia para fazer não?

            - Infelizmente não, Quinn... E como sua amiga, eu estou tentando impedir que você revire ainda mais a merda que você fez. – Meg puxou o braço de Quinn para que ambas se olhassem, a indiana estava irritada e Quinn pode ver nos olhos castanho-escuros dela. Quinn respirou fundo e olhou para o nada enquanto dizia:

            - Eu estou morrendo de vontade de vê-la sim, mas se eu fizer isso, vou me desconcentrar completamente.

            - Céus Fabray, eu odeio seu profissionalismo! – Meg exclamou irritada e erguendo os braços para os céus, Quinn revirou os olhos ao notar que chamaram a atenção de quase todos os profissionais daquela ala do hospital. – É a sua mulher que está naquele Oscar, extremamente linda... E feliz! Como você pode ter sido tão burra ao não acompanhá-la?

            - Meg, você não entende, ok? Então não haja como se entendesse a nossa relação! – Quinn exclamou desconcertada enquanto abria o prontuário e tentava esconder as lágrimas que vinham aos seus olhos, fingindo ler os dados do paciente. Claro que ela era burra, Rachel estava precisando dela, sabia disso. E aquilo lhe matava por dentro. – Eu tenho minhas prioridades e a Rachel tem as dela, apenas concordamos em cada uma seguir seu rumo nessa noite.

Dra. Fabray, sala de cirurgia 5. Repito: Dra. Fabray, sala de cirurgia 5.

            - Quer saber, Fabray? Faça o que quiser da sua noite. – Meg disse derrotada e visivelmente decepcionada com a amiga. Quinn ficou observando a outra médica caminhar pelo corredor sem olhar para trás, a loira sacou seu celular do bolso e digitou o princípio de uma mensagem para Rachel. Até que se lembrou que ela não carregava o celular na premiação.

            Quinn bufou e enquanto caminhava até a sala de cirurgia, apertou o crucifixo em seu pescoço e fez uma prece silenciosa para que Rachel sentisse que estava por perto. Ela fez uma prece para que Rachel não duvidasse de seu amor jamais.

***

            Os principais prêmios da noite iriam ser anunciados, Melhor Atriz era o próximo Oscar a ser entregue e depois de uma apresentação fantástica da banda Snow Patrol que tinha uma das músicas como trilha sonora de um dos grandes filmes da noite, Rachel sentiu suas mãos tremerem.

            As cortinas se fecharam e abriram instantes depois, revelando cinco grandes atrizes que já tinham ganhado aquele Oscar nas edições passadas. Hilary Swank, Sandra Bullock, Kate Winslet, Julia Roberts e Meryl Streep apareceram sobre aplausos. Rachel pegou-se apertando as bordas da cadeira com fervor.

            As atrizes fizeram uma breve introdução sobre o prêmio, citando os grandes nomes do cinema que venceram aquela premiação. Depois, cada uma delas foi indicada para falar de cada uma das atrizes que concorria. Rachel se surpreendeu quando Meryl Streep abriu seu discurso:

            - Rachel Berry foi uma surpresa para todos nós, garanto que pelo menos 70% dessa audiência não acreditavam que ela fosse chegar muito longe no cinema.

            Houve alguns risinhos, a própria Rachel Berry abriu o melhor dos seus sorrisos sabendo que estava sendo focada em todas as emissoras do mundo. A morena aprumou-se na cadeira, revelando toda a elegância que uma legítima futura diva do cinema era capaz de ter.

            - Eu mesma fui uma das que não acreditava nela e hoje, estou feliz em dizer que ela me surpreendeu. A Broadway e Hollywood não são a mesma coisa e Rachel soube aliar o que aprendera nos dois ramos ao nos apresentar a impactante atuação em “Inevitable”. A história da médica que descobre ter em sua mesa de cirurgia um paciente que é, na verdade, seu grande amor podia ser comum se não fosse por dois fatores: a batalha entre a ética da Dra. Sebbrian e o amor que ela ainda sentia pelo seu amado e a atuação de Rachel Berry.

            Rachel sabia que estava fazendo um papelão, mas escutar Meryl Streep falando aquele tipo de coisa de sua atuação não era a melhor coisa do mundo, ela acabou derramando algumas lágrimas. Meryl Streep virou-se para ela e continuou seu discurso com um sorriso:

            - Garota, eu realmente entendo porque seus fãs dizem que você é uma diva nata. Havia tanta emoção transbordando na tela que era impossível não se colocar no lugar da Dra. Sebbrian ou de sentir que cada lágrima que você derramou em cena era real ao mesmo tempo em que, a atuação simples e singela tornou tudo ainda mais verídico. E sabe, Rach? É exatamente isso que as divas fazem: elas pegam algo simples e transformam em um evento cataclísmico, extasiante e impactante.

            Mais aplausos e Rachel continuou a derramar lágrimas contidas. Meryl sorriu e piscou para ela enquanto Kate Winslet começava o discurso sobre Saoirse Ronan.

Rachel não escolhera o roteiro de “Inevitable” à toa, era um romance baseado em um best-seller que narrava a história de uma médica que subitamente, via-se envolvida novamente em um romance do passado. Ela se identificou com aquilo, assim como Quinn. E, de certa forma, a sua noiva foi a sua maior fonte de inspiração.

Rachel se entregou de cabeça no papel, fez trabalho de pesquisa com Quinn no Presbyterian e as duas varavam a noite decorando textos. E no dia do teste, Rachel só precisou se lembrar da expressão de Quinn ao contar o que tinha feito para salvá-la que ela conseguiu arrancar algumas lágrimas dos produtores e diretores.

E por causa da sua inspiração e do amor de Quinn, Rachel estava ali, concorrendo ao Oscar. Sem ela ao seu lado e com tudo parecendo tão pequeno diante do clima chato que deixara em NYC. Uma nova salva de aplausos preencheu o ambiente e Rachel saiu de seus devaneios, as cinco atrizes se reuniram no centro do palco. O envelope foi dado a Meryl que era a mais velha, ela sorriu marotamente e anunciou:

- E o Oscar vai para...

Rachel não saberia dizer se passaram segundos ou minutos.

- Rachel Berry por “Inevitable”!

Rachel arregalou os olhos e foi levantada da cadeira por James McAvoy (sim, agora ela lembrou-se do nome do ator britânico ao seu lado). Ele lhe sorriu e parabenizou, uma das meninas do cerimonial apanhou a mão da morena e a conduziu até o palco. Rachel passou por Keira que segurou seu braço e lhe sorriu, depois por Marion que lhe parabenizou com um abraço e Natalie que lhe sorriu contida. Saoirse acenou quando ela subiu no palco.

A ex-diva da Broadway sentia seu coração quase sair pela boca e suas mãos tremerem mais que tudo, as cinco atrizes no palco a parabenizaram e Meryl murmurou algo em seu ouvido enquanto a abraçava. Mas Rachel sequer se lembraria do que era porque nesse instante, a estatueta de ouro veio parar em suas mãos.

Rachel se surpreendeu ao levantar os olhos e deparar-se com toda a platéia do teatro de pé. Dentre aqueles rostos famosos, ela sentiu seu coração saltar pela boca. Ela tentou falar, mas as palavras não saíram, justo naquele momento. A audiência riu dela e ela baixou os olhos, respirou fundo e fechou os olhos. Em seguida, começou:

- Eu realmente não sei o que dizer, eu só tenho que agradecer a toda a produção, a diretora Elizabeth Gregory que acreditou em mim naquele teste, ao Joseph (Gordon-Levitt) por me aturar em cena e a cada membro da parte técnica que nos acompanhou nesse filme... “Inevitable” não seria nada se não tivéssemos trabalho juntos.

Houve aplausos e Rachel encontrou Joseph Gordon-Levitt batendo palmas em êxtase. A morena olhou para todos os rostos e não encontrou Quinn entre eles, aquilo lhe perfurou a alma, ela deu um sorriso triste. Estava na hora de estabelecer a prioridade máxima em sua vida:

- Mas eu quero agradecer especialmente a uma pessoa. Ela que, foi a minha inspiração... Melhor, ela que tem sido a minha inspiração desde que nos reencontramos há um ano. Eu sei que, provavelmente, ela está trancada em uma sala de cirurgia nesse momento, mas... Eu quero agradecer a minha noiva, Dra. Quinn Fabray por todo o amor, paciência e carinho concedidos nesse ano que com certeza, foi o melhor de toda a minha vida. Sem você, eu não seria nada. Obrigada, amor!

Dizendo isso, Rachel saiu do palco sentindo-se subitamente mais leve e despejando uma bomba sobre a audiência que se mesclava entre aplaudir ou ficar confusa. Rachel sorriu diante de sua pequena travessura e sentou-se em seu lugar novamente, nada mais poderia atingi-la agora.    

Ela colocou o Oscar sobre o colo e ele contrastou com a prata de sua aliança, ela não cabia em si de felicidade. Iria voltar naquela noite para NYC.

            Paulie não conseguia parar de rir enquanto checava as manchetes no seu iPad. Era por esses momentos que Rachel Berry era tão querida, divas fazem o que querem e na hora que querem. E uma declaração daquelas em pleno Oscar, era mais um tapa na cara dos milhões de críticos que a odiavam...

***

            Quinn Fabray foi informada que a cirurgia durara 8 horas, mas mesmo que o cansaço a consumisse naquele momento, ela estava feliz por ter dado tudo certo e ter salvado uma vida. Ela retirou a touca cirúrgica e saiu da sala de cirurgia caminhando tranquilamente, os olhos quase se fechavam, mas o sorriso não.

            Recebeu alguns olhares curiosos enquanto caminhava, mas estava cansada demais para perceber aquilo. Caminhou pesadamente até o vestiário e trocou de roupa, a Dra. Hopkins dissera que ela podia descansar depois daquela cirurgia e foi de muito bom grado que, Quinn apanhou as chaves de seu Opalla vermelho e saiu cantando pneus do Presbyterian.

            Chegou em casa minutos depois, o trânsito pela manhã estava tranqüilo e ela abriu a porta do apartamento sentindo-se em um estado de imersa felicidade, sequer pensando na conversa que teria com Rachel quando a morena chegasse.

            Mas assim que abriu a porta, Quinn percebeu que havia alguma coisa muito errada. Um cheiro doce perfumava a sala e ela tinha certeza que se tratava do perfume de Rachel, mas era impossível que ela tivesse chegado tão cedo em casa. Olhou para os próprios pés e deparou-se com pétalas de rosas vermelhas e o apartamento foi tomado por uma iluminação baixa.

            - Rachel? – Quinn perguntou ao vento, mas não obteve resposta. Ela caminhou até a sala, deixando as coisas pelo caminho. Estava tudo tão silencioso e frio, a loira caminhou até a sala à procura do controle do ar-condicionado. Mas encontrou, somente, um bilhete ao lado do controle da TV.

Assista, por favor.

            Claro que era a letra de Rachel. A médica imediatamente obedeceu, ligando a TV. O aparelho transmitiu uma imagem que, ao ver de Quinn, era linda. Rachel estava incrivelmente sexy naquele vestido vermelho (que Quinn dissera para que ela não usasse por causa da fenda) e tinha os olhos brilhando. A imagem estava sem som e Quinn murmurou emocionada:

            - Você conseguiu, minha estrela.

            Quinn quase chorou ao ver Rachel se agarrar com felicidade a estatueta, ela queria estar naquele momento e mais uma vez, sua consciência lhe deu um soco mostrando quão burra era por estar naquela cirurgia. A felicidade que sentia há pouco nem se comparava com o que estava sentindo agora.

            O som voltou para imagem.

             - Mas eu quero agradecer especialmente a uma pessoa. Ela que, foi a minha inspiração... Melhor, ela que tem sido a minha inspiração desde que nos reencontramos há um ano. Eu sei que, provavelmente, ela está trancada em uma sala de cirurgia nesse momento, mas... Eu quero agradecer a minha noiva, Dra. Quinn Fabray por todo o amor, paciência e carinho concedidos nesse ano que com certeza, foi o melhor de toda a minha vida. Sem você, eu não seria nada. Obrigada, amor!

            Quinn estava em lágrimas antes do fim da fala de Rachel. Ela sorria entre as lágrimas e desabou no sofá rindo e querendo que Rachel surgisse do nada ali na sala e ela surgiu, de fato. A TV desligou sozinha e Quinn tornou a se levantar a procura da onde viera aquele impulso.

            Deparou-se com Rachel a observando, olhos cansados, envolta em um macio roupão branco com os longos cabelos castanhos molhados. As duas ficaram se olhando por alguns minutos até que Quinn pulou o encosto do sofá e puxou a morena pela cintura. Ela sorriu e murmurou orgulhosa:

            - Parabéns, meu amor!

            - Obrigada... – Rachel murmurou roucamente, apertando os ombros de Quinn e rompendo a distância que as separava. As duas se beijaram lentamente, estudando os lábios uma da outra até que a língua de Rachel pediu passagem e Quinn cedeu, a médica sentiu a mão da morena abrir os primeiros botões de sua camisa. Quinn separou-se com uma mordidinha no lábio e disse, fingindo irritação:

            - Acha que uma noite de sexo vai te salvar da bronca por ter ficado uma semana sem se falar comigo e ter ido com aquele vestido que eu proibi ao Oscar?

            Rachel deu uma gargalhada rouca, ela deslizou o indicador pelo rosto de Quinn e ficou olhando para a loira com os olhos queimando em desejo. Ela levou a mão de Quinn até o laço de seu roupão e após uma mordida na orelha da médica, murmurou sedutoramente:

            - Não, mas é um começo, não é?

You light the skies, up above me

A star, so bright, you blind me, yeah

Dont't close your eyes

Dont't fade away, dont't fade away-

            - E que começo. – Quinn murmurou tolamente, completamente entorpecida pelas mordidas que agora, Rachel aplicava ao seu pescoço. A morena fez com que ela puxasse o laço do roupão e se Quinn esperava deparar-se com a pele nua, encontrou algo mais. A mão da médica deslizou pela lingerie vermelha que a sua vida usava.

            Rachel deu um sorriso maroto e prensou Quinn no encosto do sofá, escalou o colo da noiva habilmente e rebolou em cima do ventre de Quinn. A loira mordeu o lábio, os olhos tornaram-se mais escuros e ela apertou a cintura da morena.

            Rachel gemeu e disse:

            - Acho que isso ajuda nas desculpas, não é?

You and me we can ride on a star

If you stay with me girl

We can rule the world

You and me we can light up the sky

If you stay by my side

We can rule the world

            Quinn não respondeu, ela apenas levantou carregando o corpo de Rachel entrelaçado ao eu e tirou tudo que se encontrava em cima da mesa de jantar. Ela deitou o corpo de sua diva ali e subiu em cima dela. Quinn começou uma tortura psicológica ao desabotoar-se aos poucos, até que sentiu as unhas de Rachel rasgarem sua camisa e arranharem a pele de seu abdômen. A médica deitou seu corpo sobre Rachel e sibilou próxima aos lábios carnudos:

            - Está com pressa, Berry?

            - Você não sabe como... – Rachel disse ofegante, agarrando o pescoço de Quinn e a puxando para perto, ao mesmo tempo que erguia um pouco o corpo. – De que adianta eu ganhar um Oscar se nós não podemos fazer uma festinha no banheiro depois?

            Quinn sentiu cada pelo do seu corpo arrepiar-se, Rachel gargalhou e arranhou sua barriga para depois, apertar sua bunda e puxar seu corpo para si.

            Quinn caiu sobre ela, beijando cada pedaço que podia alcançar no pescoço e colo dela.

If walls break down, I will comfort you

If angels cry, oh I'll be there for you

You've saved my soul

Don't leave me now, don't leave me now

            Rachel desabotoou a calça de Quinn e deslizou-a lentamente pelas pernas da loira enquanto a observava com um sorriso sexy. Quinn apertou a cintura dela e murmurou:

            - Por favor, Rach.

            - O que você quer, Fabray? – Rachel perguntou ingênua e fazendo o desejo transbordar nos olhos de Quinn, a médica partiu com urgência para cima dela, pegando-a em um beijo atrapalhado e um pouco violento. Rachel ria enquanto brincava com a calcinha de renda branca de Quinn.

            Só que ela perdeu o fôlego quando viu Quinn levantar-se lentamente e olhá-la com desejo. Depois, a loira começou a descrever uma trilha de beijos em seu abdômen que só terminou na sua virilha.

            Rachel viu estrelas.

You and me we can ride on a star

If you stay with me girl

We can rule the world

You and me, we can light up the sky

If you stay by my side

We can rule the world

Quando Rachel fechou os olhos e esperou, Quinn subiu novamente a boca e tirou a porção superior de sua lingerie. Os seios morenos e bem delineados ficaram expostos, Rachel olhou em súplica para Quinn que respondeu lambendo os lábios antes de abocanhá-los.

Quinn beijou, mordiscou, sugou... Os gemidos de Rachel eram um combustível para seu desejo, ela escorregou a mão para dentro da calcinha da morena e sentiu o corpo da morena arquear-se em seus braços.

Rachel estava úmida, deliciosamente úmida.

All the stars are coming out tonight

They're lighting up the sky tonight

For you, for you

All the stars are coming out tonight

They're lighting up the sky tonight

For you, for you

            Quinn deliciou-se com os seios de Rachel e depois, desceu a boca pela barriga dela, lambendo e mordiscando pelo caminho.

            - Quinn, pelo amor de Deus.

            - Deus é a última pessoa que você vai ver aqui... – Quinn murmurou entre risos e tirando a calcinha lentamente enquanto lambia os lábios. Rachel olhou para a noiva com desespero... Quinn passou o dedo lentamente pela umidade de Rachel e em seguida, inseriu um dedo ali.

            - QUINN!

Yeah you and me we can ride on a star

If you stay with me girl

We can rule the world

Yeah you and me, we can light up the sky

If you stay by my side

We can rule the world

            Quinn bombeou seu dedo lentamente, provocando gemidos ilegíveis de Rachel, depois, aproximou a boca da umidade e aplicou um beijo ali. Rachel tremeu e contorceu-se ainda mais sobre seu dedo.

            E sem menor aviso, Quinn abocanhou o sexo de Rachel enquanto bombeava mais um dedo para dentro da morena. Sentiu Rachel puxar seus cabelos enquanto deliciava-se com o gosto adocicado da morena.

            Lambeu, chupou, mordeu...

            Tudo isso embalada na melhor trilha sonora que podia ter: os gemidos de Rachel.

All the stars, are coming out tonight

They're lighting up the sky tonight

For you, for you

All the stars, are coming out tonight

They're lighting up the sky tonight

For you,for you

            A respiração de Rachel se acelerou, assim como os movimentos dela sobre a boca e dedos de Quinn. Então, os gemidos cessaram-se e o corpo dela tremeu convulsivamente. Quinn se afastou, mas continuou bombeando os dedos em Rachel que gritou quando o orgasmo chegou.

            Eram naqueles momentos que Quinn ficava ainda mais apaixonada pela diva. O peito estava ofegante e Quinn beijou o colo dela carinhosamente, os cabelos estavam desalinhados, Rachel suava e tinha as bochechas ligeiramente morenas. Quando Quinn parou para observá-la, Rachel a puxou para um beijo nervoso e apressado, gemendo ao sentir o próprio gosto na língua de Quinn.

            A loira mordeu o lábio inferior de Rachel e sorriu satisfeita enquanto se distanciava e ficava entre as pernas da morena. Rachel sentou-se na mesa, um pouco tonta com todos as estrelas e fogos de artifício que vira minutos atrás.

            Quinn gargalhou diante da cena e aplicou um selinho no bico emburrado de Rachel, a morena sorriu maliciosa e abraçou Quinn. A loira gemeu ao sentir os seios desnudos da morena tocarem sua pele. Rachel sorriu maliciosamente e murmurou ao pé do ouvido dela:

            - Isso não te redime dos seus pecados, Fabray.

            - O que eu faço para me desculpar, então? – Quinn questionou curiosa e com um ar divertido. Rachel levantou-se e empurrou-a em direção a parede, depois, arrancou o sutiã da loira e murmurou:

            - Eu quero que você argumente mais...

            Quinn ficou sem entender, Rachel arrancou sua calcinha e depois, voltou para seus lábios e próxima a eles, disse sedutora:

            - Quero que você argumente mais, gemendo o meu nome.

            Depois, bombeou um dedo para dentro de Quinn, inevitavelmente, a loira gemeu:

            - Oh Rachel...

            - Continua desse jeito, temos a noite inteira pela frente. – Rachel disse autoritária e tomando conta da situação. Quinn arranhou as costas da morena enquanto rebolava sobre Rachel...

***

            - VOCÊS ESTÃO NO CIO? TRATEM DE ATENDER A PORRA DESSE TELEFONE, QUEREMOS DAR UMA FESTA NO APARTAMENTO DE VOCÊS AGORA! – Santana Lopez berrava na secretária eletrônica, acordando Quinn e Rachel que dormiam de conchinha no chão da sala. As duas gargalharam, mas se assustaram quando ouviram batidas na porta. Rachel segurou o rosto de Quinn e ainda sonolenta, disse:

            - Eu não acredito que eles estão aqui.

            - Eu não acredito que nós fizemos amor em todos os cantos do apartamento. – Quinn murmurou cansada e fechando os olhos, Rachel deitou-se sobre o peito nu da noiva e perguntou:

            - Se ficarmos quietas, eles saem da nossa soleira?

            - ATENDAM ESSA PORRA LOGO, EU SEI QUE VOCÊS ESTÃO AÍ! EU VOU TER QUE ARROMBAR E PEGÁ-LAS NUAS DE NOVO? – A voz de Santana Lopez foi ouvida através da porta agora e Quinn decidiu se levantar enquanto resmungava:

            - Estamos falando de Santana Lopez, ela não desiste.

            Quinn ajudou Rachel a se levantar e as duas procuraram arrumar a sala o melhor que podiam. Subiram ao quarto, ignorando os xingamentos em espanhol de Santana. Ao chegar no quarto que dividiam, Quinn sorriu ao ver o Oscar do lado dos Emmys que Rachel ganhara. Ela apanhou a cintura da morena e murmurou:

            - Estou muito orgulhosa de você. Minha estrela.

            Rachel sorriu e beijou os lábios da noiva com lágrimas nos olhos. Quinn juntou as testas de ambas. Mas foi Rachel quem disse apaixonada:

            - Sim, somente sua.