You Are My Star escrita por Fernanda Redfield


Capítulo 16
Corra!


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!
Como anda esse comecinho de semana?
Espero que esteja tudo correndo muito bem *-*

Estou aqui com mais um capítulo de "You Are My Star".
Foi escrito em uma crise incrível de inspiração, espero que realmente gostem.

Ignore os erros, eu não tive tempo de revisar :/

E escutem Run (Snow Patrol). Entenderam por que no final do capítulo.

Boa leitura!



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            Quinn passara, pelo menos, meia hora sentada no chão do corredor, olhando para a parede branca do hospital, sem saber muito bem o que pensar ou fazer naquele momento. Perdera a conta de quantas vezes seu bip disparara em sua cintura ou de quantas vezes seu nome fora chamado na recepção, ela ignorava qualquer coisa ao seu redor. Porque ainda não se recuperara do que tinha feito.

            Suas mãos ainda tremiam por terem tocado o peito inerte de Rachel e seus olhos ainda ardiam por observar aquela ampola ir esvaziando-se aos poucos enquanto o coágulo era drenado. Quinn respirava com dificuldade ao lembrar-se que perdera Rachel para sempre por pelos menos vinte segundos enquanto o coração dela parara de bater...

            Seu corpo, sua mente e seu coração ainda assimilavam a idéia de que ela tinha salvado uma vida, aliás, melhor... Ainda assimilavam que ela tinha ressuscitado uma pessoa e que aquela pessoa não era outra, senão Rachel Berry. A loira escorou a cabeça na parede e fechou os olhos, esperando que tudo aquilo não tivesse passado de um sonho e que pudesse esquecer-se de toda aquela estranha sensação de vazio que a preenchia.

            - Até que enfim te achei, Fabray!

            A voz zangada de Meg não deixou que Quinn se iludisse por mais alguns minutos, chutando a pobre médica para longe da sua falsa tranquilidade. A loira ficou em pé abruptamente e observou os cabelos lisos de Meg baterem no rosto moreno dela enquanto ela caminhava a passos decididos e obstinados em sua direção. Meg parou diante de Quinn e para a surpresa da loira, tinha os olhos lacrimejando enquanto disparava:

            - Você é maluca, Fabray? Arriscar a sua carreira por causa de uma paciente que a médica cirurgiã e sua superior já tinha dito que morrera?

            - Por favor, Meg... Não fale dessa forma, é ainda mais assustador do que ter visto o coração dela parar. – Quinn retrucou incomodada e emburrando logo em seguida, a expressão de Meg abrandou, mas ela ainda tinha os olhos faiscando em raiva. – E não era qualquer paciente, era Rachel Berry. A idéia de me colocar dentro da cirurgia foi sua! Você tem a sua parcela de culpa!

            - Eu sei que a idéia foi minha, mas você não tinha que se arriscar dessa forma! – Meg tentou insistir debilmente, mas ela estava fraquejando diante da expressão calma de Quinn. Ao observar a amiga naquele momento, Meg pode sentir uma aura apaziguadora que não estava presente ali nas últimas horas. A morena deu mais um passo para frente e abraçou a amiga, imediatamente, Quinn sorriu triste sentindo as mãos de Meg afagarem seu cabelo. – Droga Fabray, por que você tem que ser tão romântica?

            Quinn não pode deixar de gargalhar diante das palavras de Meg, as duas se separaram e a morena carregou Quinn consigo até as escadas. Mas antes que as duas pudesse começar a descer, Quinn parou e perguntou intrigada:

            - Para onde estamos indo?

            - Você salvou uma vida, agora tem que comunicar aqueles malucos na sala de espera... Você não sabe como eles estão agindo nesse momento. Os seguranças já ameaçaram quase todos de expulsão. Inclusive aquele senhor de óculos que parecia ser o mais racional ali...

            Quinn respirou cansada sendo pega em um meio abraço por uma Meg que mesmo diante da expressão agressiva, tinha um brilho orgulhoso nos olhos. As duas desceram as escadas juntas, sem falar palavra alguma, o silêncio não incomodava. Pelo contrário, para Quinn, aquele silêncio era uma brisa calma diante da gritaria de pouco tempo atrás. Diante da confusão e do desespero por quase perder Rachel, o silêncio era uma recompensa.

            No corredor que levava a recepção, eram esperadas pela Dra. Hopkins. Mesmo com a aparência cansada, a doutora olhava autoritariamente para as suas duas internas. Imediatamente, Quinn encolheu os ombros e corou enquanto tentava, a todo custo, esconder-se daquela mulher. Anastasia Hopkins podia ser bastante ameaçadora quando queria e diante de um ato de desobediência médica, Quinn não queria nem pensar em como ela estava.

            - Acho que você me deve uma explicação, Fabray. – A voz enérgica da Dra. Hopkins soou muito fria quando chegou aos ouvidos de Quinn, a loira levantou os olhos para a doutora e mordeu o lábio ao deparar-se com um olhar hostil. Olhou de relance para Meg a procura de apoio, mas inexplicavelmente, ela desaparera dali alegando que tinha exames a pegar.

            Quinn engoliu em seco.

            - Qual explicação, Dra. Hopkins? Porque levando em conta a quantidade de besteira que eu fiz nesses últimos dias, eu tenho muito a explicar...

            - Sem gracinhas, Fabray! Você sabe muito bem o que fez. Eu nunca tive que te dar uma bronca por imaturidade, não me obrigue a fazer isso agora! – A Dra. Hopkins trincou os dentes enquanto murmurava, Quinn olhou ao redor a procura de algo em que se apegar, só que não teve alternativa senão acompanhar a mulher para sua sala.

            A sala da Dra. Hopkins já estava tornando-se um ambiente familiar para Quinn e enquanto ela caminhava até lá, não podia deixar de pensar que aquela talvez fosse a sua última caminhada como médica do Presbyterian. Ela sabia que estava em maus lençóis, sabia que podia ser expulsa do programa de residência às vésperas de sua prova.

            Mas tudo isso parecia tão pequeno diante do que fizera há pouco.

            Quinn ouviu o trinco e a porta fecharem-se atrás de si, em seguida, a Dra. Hopkins voltou ao seu campo de visão e sentou-se em sua bela cadeira acolchoada de couro negro. Quinn permaneceu de pé, amedrontada demais para que pudesse se mover.

            - Agora entende por que eu não te queria naquela cirurgia, não é?  - Anastasia Hopkins questionou preocupada e, ao mesmo tempo, muito severa. Quinn não conseguiu responder, estava imersa demais na culpa que a assolava e também, na vontade maluca de perguntar como Rachel estava. – Eu não queria que você ficasse dessa forma... Começo a acreditar que prefiro a Dra. Fabray que não se envolvia com seus pacientes e os tratava por obrigação e não, devoção.

            - Me desculpe, Dra. Hopkins. – Quinn resmungou ofendida e a contra gosto, porque não faria nada ao contrário se pudesse voltar atrás, o pedido de desculpas era áspero porque o orgulho da loira lhe dizia que aquilo não era necessário diante do salvamento de uma vida, independente de qual fosse. – Mas eu não fiz nada além do que você me pediu antes que eu viajasse para Lima!

            - O problema não foi o que você fez, Fabray e sim, com quem fez. – A Dra. Hopkins estava mais calma, mas Quinn podia sentir aqueles olhos escuros a estudando com astúcia. – Você ama aquela garota e colocou esse sentimento sobre a ordem que eu te dei naquela cirurgia!

            - Ordem? Sentimento? – Quinn estava fora de si naquele momento, toda a paciência e obediência tinham-se esvaído. Ela não ia deixar ninguém falar daquele jeito quando ela estava aos pedaços e perdida. – Você sempre me disse que médicos não ordenam, eles pedem ajuda. Você sempre me disse que eu precisava amar para entender o que era ter a vida das pessoas em minhas mãos... O que você quer de mim agora? Eu sempre fui a melhor da classe, o que mais eu preciso provar?

            A Dra. Hopkins estava atônita, os olhos arregalados e a boca levemente aberta. Ela nunca vira Quinn Fabray demonstrar muita coisa de seus sentimentos, ela sempre fora boa em se esconder atrás de uma postura profissional e de um sorriso caloroso. Os sentimentos expostos de Quinn Fabray, juntamente com seus olhos amendoados que brilhavam e seu tremor só comprovaram uma coisa que a Dra. Hopkins sempre soubera.

            Quinn Fabray era uma batalhadora, era óbvio que ela não desistiria de um paciente e era ainda mais evidente que Quinn não desistiria de Rachel Berry.

            Anastasia Hopkins deu as costas a sua interna, as palavras fugiram de sua boca e pela primeira vez em toda a sua vida de médica e professora, ela não soube como agir. A doutora passou a mão sobre a testa e respirou fundo, ainda impressionada com a fibra de sua aluna.

            - Eu não vou ficar aqui esperando que você me expulse pessoalmente do programa ou que me leve ao Conselho de Ética. Eu vou avisar a todos o que aconteceu naquela cirurgia, eles merecem ao menos saber que Rachel está viva. Quando eu voltar, você pode me expulsar ou até mesmo me tocar daqui... Mas eu não vou deixar de anunciar que ao menos tive coragem o bastante e salvei a vida dela.

            A Dra. Hopkins nem ousou se virar para olhar a sua aluna sair. Mesmo com Quinn Fabray fora da sala, Anastasia ainda conseguia sentir a força dela pairando sobre a sala e inevitavelmente, ela sorriu.

            Quinn Fabray estava tornando-se uma excelente médica.

I'll sing it one last time for you

Then we really have to go

You've been the only thing that's right

In all I've done

***

            Hiram Berry andava de um lado para o outro na sala de espera. O dia já amanhecera e ele fora informado que a cirurgia acabara há algumas horas... Ele só não entendia porque não recebera nenhuma notícia. Estava começando a ficar preocupado, ninguém conseguia falar ou encontrar Quinn e ele sabia que se a loira estava se isolando, talvez o resultado não tivesse sido tão bom assim.

            - Eu juro que se ela não aparecer aqui em menos de uma hora, eu vou arrancar aquela pele pálida com as minhas próprias unhas! – Santana Lopez murmurava furiosa e com os olhos fixos na porta que levava a ala médica do hospital. Brittany beijou o topo da cabeça da noiva enquanto a abraçava, Puck que tinha acabado de chegar com Sam e Kurt, postou-se ao lado de Hiram e perguntou sério:

            - Você não acha que pode ter dado errado, ou acha?

            - Olha Noah, Quinn desapareceu e a cirurgia terminou há algum tempo... Eu não queria achar, mas meu lado racional me diz que Quinn não desapareceria assim senão tivesse um motivo. – Hiram respondeu com a voz fraquejando à medida que falava, ao terminar, já chorava e Puck o abraçava tentando conter as próprias lágrimas que teimavam em querer cair de seus olhos castanhos.

            Puck estava frustrado e furioso. Frustrado porque Quinn, depois de tudo que acontecera com eles no ensino médio, tornara-se sua irmãzinha e ele estava mal por ter que vê-la sofrer daquela forma. Furioso porque estava no mesmo recinto que Finn Hudson e seu lado irracional dizia que ele tinha que bater em alguém por isso.

            Leroy Berry chegou da cafeteria com um copo de água e tomou o lugar de Puck com um sorriso agradecido. O rapaz voltou para seu lugar próximo a Sam e Kurt, o estilista estava com uma expressão enojada. Kurt olhou rapidamente para Finn que se isolara em um canto da sala de espera e murmurou frio:

            - Quem ele pensa que é pra vir aqui? Nada disso teria acontecido senão fosse por ele!

            - Eu odeio admitir, mas tenho esperanças de que esse seja um reflexo do velho Finn bondoso e gentil do ensino médio que era nosso amigo e adorava aquelas duas. – Sam disse sério, mas com um ar gentil nos olhos. Recebeu uma expressão indignada de Kurt e uma sequência de xingamentos de Puck, o rapaz de moicano bufou e bronqueou:

            - Você realmente é um idiota, Evans. Finn nunca foi bondoso e gentil, ainda mais quando se tratava de Rachel e Quinn.

            - Então pode ser que ele realmente ame Quinn e esteja preocupado com ela. – Sam insistiu com uma careta, parecia que o que dissera não fazia sentido nem mesmo para ele. Kurt fez uma dramática expressão de surpresa e Sam deu de ombros, constrangido. Puck revirou os olhos e ficou em pé.

            - Eu não sei o que ele quer, o que ele sente ou por que ele existe... Mas ele não vai ficar aqui conosco senão tiver um bom motivo.

            - Puck, isso é um hospital! Você não deve...! – Kurt tentou convencer o amigo de ficar, mas Puck já tinha levantado e caminhava diretamente para Finn. Sam cutucou o namorado e sibilou:

            - Eu estava tentando justamente evitar isso.

            - Da próxima vez, me avise. Eu já estava prestes a terminar com você e te mandar ir agarrar o Finn. – Kurt disse áspero enquanto se levantava e ia ao encontro de Santana, avisá-la para ficar atenta ao movimento daqueles dois. Sam bufou e olhou triste para Kurt, ele sabia o quanto o namorado se importava com Quinn. Aliás, todos ali se importavam.

            O loiro levantou-se e foi beber um pouco de água sem quebrar o contato visual com Finn e Puck. Tudo que Quinn não precisava, era de uma confusão na sala de espera.

And I can barely look at you

But every single time I do

I know we'll make it anywhere

Away from here

            - Me dê um bom motivo para não te bater nesse momento. – Puck disse ameaçador e chamando a atenção de Finn. O mecânico levantou os olhos escuros para o ex melhor amigo, Puck notou, a contragosto, que eles pareciam ser sinceros. Mas também notou os sinais dos hematomas da surra anterior e sentiu-se subitamente melhor, sufocando qualquer sentimento de pena que pudesse sentir por Finn Hudson.

            - Eu não quero brigar, Puck. Eu só vim aqui porque preciso falar com as duas.

            - Você não vai chegar perto das duas e muito menos, falar com uma delas. – Puck rangeu os dentes enquanto dizia, sentou-se ao lado de Finn e apertou o ombro do rapaz com força. Finn remexeu-se dolorosamente enquanto encarava Puck. – Você não acha que já causou sofrimento demais? Se Rachel está lá em cima, desacordada e prestes a morrer... A culpa é sua, se tivesse deixado as duas em paz e se conformado, nada disso estaria acontecendo.

            - Eu sei que a culpa é minha, sei que sou um idiota burro e cretino... – Finn assumiu tudo com uma expressão séria e desviando o olhar, Puck conhecia aquelas atitudes, Finn estava contendo o choro. – Sei que não vai adiantar nada, mas eu quero pedir desculpas, eu PRECISO pedir desculpas. Eu não sou assim, nunca fui.

            Puck ia dizer que Finn sempre fora um filho da mãe... Mas foi interrompido por uma movimentação estranha na sala de espera, olhou para Santana que agora, olhava para as portas que levavam a ala médica. Puck virou-se automaticamente e tão rápido que quase quebrara o pescoço.

            Quinn se aproximava discretamente, com um ar tímido e pedindo para que todos se acalmassem. Tinha uma médica com traços indianos ao seu lado. Puck largou o ombro de Finn e caminhou rapidamente até lá, percebeu que estava tremendo e que sua respiração tornara-se ofegante.

            Céus, se ele estava assim, imaginem os outros?

            - Me desculpem a demora, mas eu precisava ficar sozinha por um tempo. – Quinn estava calma, era um bom sinal. A loira tirou os óculos de grau e massageou as têmporas, respirando fundo. A morena ao lado dela apertou-lhe o ombro, dando-lhe um pouco de força, Quinn sorriu triste para ela. – Rachel está bem, nos deu um susto, mas está bem.

            Houve comoção instantânea na recepção. Santana esqueceu-se que estava em um hospital e beijou Brittany calorosamente, Leroy e Hiram se abraçaram enquanto choravam, Sam tentava conter um Kurt que agora, pulava e gritava de alívio sob os olhares desgostosos dos demais presentes. E Puck tinha um sorrisinho de lado na face. Ele foi o primeiro a se aproximar de Quinn, a abraçou e murmurou no ouvido dela:

            - Eu sabia que você podia salvá-la.

            - Como sabe que fui eu? – Quinn questionou com a voz abafada, Puck se separou dela e lhe lançou um sorriso charmoso. Aquele sorriso já fizera com que Quinn o amaldiçoasse por ser tão bonito, mas agora... Aquele sorriso era o sorriso do porto seguro da loira. Puck beijou a mão da amiga e disse carinhoso:

            - Muitos acham que eu só sei pensar com as partes de baixo... Mas Q, quando eu vi seus olhos, eu vi o que aconteceu por eles. É claro que você tinha salvado Rachel, seus olhos brilham apesar das lágrimas e você está sorrindo apesar dessa careta de preocupação.

            - Nossa Q, seu amigo é bom mesmo! – Meg disse com um ar malicioso que só Quinn conhecia, a loira deu uma cotovelada na amiga que fez uma careta de dor, Puck não entendeu, mas acabou rindo das duas. Quinn apertou a mão do amigo e continuou a segurá-la enquanto chamava a atenção para si.

            - Gente, eu ainda não terminei...!

            Imediatamente, todos que comemoravam se calaram. Os Berry se sentaram com expressões preocupadas e Santana estava olhando Quinn com fúria. Sam e Kurt permaneceram em pé com expressões confusas e questionadoras. A loira respirou fundo enquanto olhava cada um dos rostos que tanto gostava e começou:

            - Quando eu disse que Rachel nos deu um susto, eu quis dizer que foi um susto realmente grande. Rachel teve uma hemorragia no cérebro e bem, nós a perdemos por vinte segundos...

            A voz de Quinn falhou naquele momento e ela recomeçou a chorar. Puck se aproximou dela e a abraçou novamente, murmurando em seu ouvido o quanto estava orgulhoso e feliz por ela. Mas Quinn desabou em seus braços, ele podia sentir a loira agarrar sua camisa com força e por causa disso, Puck a afastou dali, levando-a para fora do hospital.

            Meg observou o casal de amigos sair silenciosamente dali, as expressões que tinha diante de si eram um misto de choque e silencioso desespero. A morena tentou dar o seu melhor sorriso apaziguador e continuou o que a amiga tinha começado:

            - Realmente perdemos Rachel por vinte segundos, a Dra. Hopkins que era a responsável pela cirurgia, chegou até a anunciar a morte. Porém, Quinn tomou as rédeas a partir daí, mesmo sem o consentimento da sua superior.

            - Você está me dizendo que Quinn Fabray salvou a vida da minha estrelinha? – Leroy deu voz ao seu questionamento e ao do marido, Hiram estava inconsolável demais para perguntar qualquer coisa que fosse. Santana estava sem palavras e agitava a cabeça negativamente, Brittany tinha os olhos fechados e Sam beijava o topo da cabeça de Kurt que agora, chorava. Meg suspirou e sorriu para então, anunciar orgulhosa:

            - Melhor que isso, Sr. Berry... Estou dizendo que Quinn Fabray ressuscitou a sua filha.

            O silêncio pairou no grupo novamente, Quinn voltou do estacionamento abraçada a Puck e já mais calma. O rapaz empurrou a amiga levemente, a encorajando a falar e depois, deu um sorriso agradecido a Meg que corou.

            - Meg já deve ter dito... Mas mesmo assim, vou me explicar. Eu não pude perder Rachel de novo e para sempre, eu acabei realizando um procedimento perigoso e peço desculpas por isso, eu poderia ter piorado ainda mais a situação.

            - Está pedindo desculpas por salvar a nossa filha? – Hiram saiu dos braços de Leroy para questionar confuso, Santana ficou em pé abruptamente    , encarou com Quinn com tanta raiva que fez a pobre médica gaguejar uma resposta que nunca veio. Mas foi Brittany quem surpreendeu a todos e disparou agressiva:

            - Você é burra, Q?! Está pedindo desculpas por ressuscitar Rachel?

            - Não foi bem isso, eu perdi o controle e... – Mas Quinn não pode terminar, porque se viu sufocada pelos braços morenos de Santana Lopez. A latina abraçou a amiga e subitamente, Quinn sentiu-se mais calma e segura. A loira retribuiu o abraço ouvindo Santana murmurar muitos xingamentos em espanhol no seu ouvido. Depois foi Brittany quem se aproximou, seguida por Kurt, Sam e os Berry... O que era um simples abraço maternal de Santana Lopez, passou a ser um abraço coletivo de todos.

            Quinn acabou rindo enquanto era envolvida por tantos braços carinhosos. Quando se separaram, todos tinham lágrimas nos olhos e sorrisos nos lábios. Porém, Quinn retomou a expressão séria, fazendo com que todos a olhassem questionando o porquê daquilo. A médica foi direta ao dizer:

            - Porém, parece que salvar uma vida não importa muito para o Conselho. Como eu sou uma interna e descumpri a ordem de uma superior, vou ser julgada. Isso é, se a Dra. Hopkins já não me expulsou do programa.

            - Mas eles não podem fazer isso! – Leroy Berry estava indignado, assim como os demais. Quinn sorriu derrotada e deu de ombros, Puck estava olhando por cima do ombro e certificando-se de que Finn estava longe o bastante, ele não ia permitir que Finn estragasse aquele momento. Hiram limpou as lágrimas e perguntou:

            - Nós, como pais da Rachel, podemos testemunhar a seu favor?

            - Claro que podem, Sr. Berry. – Dessa vez, foi Meg quem respondeu com um ar sério e profissional. Olhou de esguelha para Quinn que permanecia impassível ao seu lado. – Mas de pouco vale, eles sabem a natureza do relacionamento que Quinn tinha com sua filha e com vocês... Médicos não podem submeter-se a emoções, ainda mais diante de uma situação de vida e morte, para o Conselho, a ciência deve falar mais alto. Portando, a opinião que mais contará, será a da Dra. Hopkins.

            - Então vamos lá ameaçá-la! – Santana sugeriu com um ar animado e pulando da cadeira com um sorriso ameaçador, Meg arregalou os olhos diante de tal atitude enquanto Quinn só ria ao seu lado. Brittany revirava os olhos, envergonhada da atitude da noiva. – Eu não vou deixar a minha garota prodígio ser expulsa do programa, ainda mais por causa desse amor sem noção dela pela Berry!

            - Ahm, S... – Quinn disse ofegante, tentando parar de rir. Era impressionante o que Santana Lopez conseguia fazer com o humor de Quinn Fabray. O que não era bom, porque podia irritá-la da mesma forma que a animava no momento. – Mas a Dra. Hopkins sabe usar um bisturi da mesma forma que você sabe usar aquele canivete. Será um confronto difícil.

            - Mas eu não sou uma médica com princípios. Sou uma advogada e tudo que me falta, são princípios! Deixe-me ir até lá! Quando ela conhecer a Lopez de Lima Heights, ela vai se arrepender de cogitar te expulsar do programa!

            O grupo explodiu em risos e Brittany puxou a namorada para seu colo, tentando acabar com o show. Santana escondeu o rosto no pescoço da sua loira, gargalhando também. Meg, porém, estava assustada. Quinn abraçou a amiga pelos ombros e disse:

            - Ela sempre faz isso, não ligue.

            - Ela parece ameaçadora, isso sim. Agora entendo porque você disse que era melhor ter uma amizade estranha com Santana Lopez a ser inimiga dela. – Meg disse um pouco atônita enquanto praticamente corria dali ao ser chamada para uma emergência pelo sistema de som. Puck aproximou-se silenciosamente da amiga e cutucou-a enquanto dizia com um sorriso:

            - Você me mata de orgulho, Fabray.

            - Obrigada Puck. – Quinn corou enquanto murmurava sincera e abraçava o amigo pela cintura. Ela e Puck observavam com risos os Berry começarem a discutir sobre quem veria Rachel primeiro, com Kurt que agora, beijava Sam freneticamente e com Brittany e Santana que pareciam ter se trancado dentro de sua própria bolha e conversavam ao pé do ouvido entre risadas e sussurros.

            Puck olhou para trás e pegou Finn vindo em direção a ele e Quinn. O judeu bufou impaciente, fazendo com que Quinn olhasse para trás também, acompanhando-o no movimento. Assim que a médica viu o mecânico vindo em sua direção, murmurou fria para Puck:

            - Por favor, tire-o daqui.

            - Com prazer. – Puck disse com um sorriso maldoso antes de segurar Finn pelos ombros e o empurrar dali. Quinn verificou se alguém mais do grupo tinha percebido a presença do ex-quaterback e suspirou ao notar que não, então, acenou aos demais e voltou à ala médica.

Light up, light up

As if you have a choice

Even if you cannot hear my voice

I'll be right beside you dear

            Instantes depois, Puck voltou à recepção. Kurt olhou com uma expressão sarcástica eu perguntou ao amigo:

            - Onde estava? Atrás de alguma enfermeira gostosona por acaso?

            - Não, na verdade... Estava jogando o lixo fora. – Puck respondeu com um ar maldoso e com um sorriso, deixando todos confusos.

            Finn Hudson pensaria duas vezes antes de entrar no Presbyterian de novo.

Louder louder

And we'll run for our lives

I can hardly speak I understand

Why you can't raise your voice to say

***

            As primeiras coisas que Rachel Berry sentiu quando acordou foi a dor de cabeça intensa e a percepção de que havia algo fora do seu controle. A diva tentou levantar o corpo, mas foi impedida por mãos masculinas fortes que a empurraram delicadamente de volta ao encosto da cama. A vista da diva estava embaçada, ela segurou a cabeça com uma careta de dor, ouviu suspiros pesados seguidos pela voz preocupada de Leroy Berry:

            - Querida, você está bem?

            - Dor... Eu sinto... – Mas Rachel não conseguiu formular as outras palavras, porque uma pontada intensa atingiu-lhe no crânio. Ouviu passos apressados e o barulho de uma porta abrindo-se, sua vista estava um pouco melhor, mas ela não conseguia discernir as sombras diante de si. Alguém sentou-se na cama ao seu lado.

            - A senhorita sabe quem é? – A voz enérgica e madura de uma mulher perguntou com um ar preocupado enquanto Rachel sentia seu pulso ser examinado por ela. A morena fez mais uma careta de dor e respondeu:

            - Sou Rach... Rachel Ber... Rachel Berry!

            - Muito bem Srta. Berry, lembra-se de algo que tenha ocorrido nas últimas 48 horas? – A voz tornou a perguntar enquanto Rachel piscava os olhos, tentando melhorar o que enxergava. Pelo menos agora, podia ver que a Dra. Hopkins a observava atentamente e que seus pais estavam encolhidos no canto do quarto. Rachel não reconheceu o quarto, a última coisa da qual se lembrava, era ter ido ensaiar no dia anterior.

            - Alguém pode me explicar que tipo de lugar é esse?

            Rachel observou a Dra. Hopkins olhar preocupada para seus pais, aquele ar pesado que instalara-se no quarto acabou por provocar náuseas na diva. A médica desviou os olhos para o monitor que datava a freqüência cardíaca de Rachel e disse profissionalmente:

            - Você está no Presbyterian Hospital, Srta. Berry. Infelizmente, você caiu e bateu a cabeça enquanto ensaiava a sua peça, isso agravou seu estado de saúde e tivemos que intervir.

            - Mas eu não tinha melhorado? – Rachel questionou atônita, sentindo a cabeça latejar novamente. Ela fez uma careta de dor e seus pais aproximaram-se protetoramente da cama. A Dra. Hopkins pediu para que ela mantivesse a calma com um sinal, o que não ocorreu. – Eu tinha melhorado!

            - Você não estava bem, Srta. Berry... Houve um pequeno equívoco na compreensão de seus exames, o seu coágulo se formara em uma região de difícil acesso até mesmo para os exames mais modernos... – A Dra. Hopkins disse com um pouco de receio, tentando a todo custo, não mencionar Quinn Fabray naquela conversa, fora um pedido da própria interna assim que conseguiu convencê-la a se afastar do caso. – Quando você bateu a cabeça novamente, esse coágulo aumentou e só assim conseguimos intervir cirurgicamente.

            - Mas ela tinha dito que...! – Rachel calou-se ao perceber que naquele momento, falaria de Quinn Fabray. Lembranças de dias atrás invadiram sua mente e dessa vez, não houve dor de cabeça e sim, tranqüilidade. A morena remexeu-se incomodada com o fato de que aquelas lembranças ainda lhe faziam feliz, ela desviou o olhar dos demais que estavam no quarto e procurou isolar-se dentro de sua própria bolha.

            A Dra. Hopkins olhou preocupada para os Srs. Berry enquanto massageava as mãos e procurava uma forma de destruir aquele clima tenso instalado com a não-menção ao nome de Quinn. Hiram fez um sinal para que a médica continuasse, a Dra. Hopkins engoliu em seco e disse:

            - Houve um engano, Srta. Berry. O que importa é que conseguimos realizar a sua cirurgia com um relativo sucesso, só precisamos que fique em observação por alguns dias. Já falei com seu agente e ele concorda conosco.

            Rachel apenas acenou debilmente, ainda presa em suas lembranças. Sentiu que a médica saiu de perto de si e ficou mais tranquila quando a porta bateu, naquele momento, Hiram tomou lugar ao lado da filha e disse com a voz embargada:

            - Você nos assustou, Rachel.

            - O que aconteceu? – Rachel tornou a perguntar assim que viu Leroy afundar-se em lágrimas enquanto apertava os ombros de seu marido com alívio, Hiram deu um sorriso triste e respondeu:

            - Quase te perdemos, senão fosse a ousadia da Dra. Hopkins, você nem estaria aqui nesse momento.

            É claro que Hiram odiou esconder o fato de que fora Quinn quem salvara a vida de sua filha, ele e Leroy quase tiveram que ser sedados no momento em que ficaram sabendo, da boca da Dra. Hopkins, o que Quinn fizera, o que Quinn contara na recepção não era nem metade do que ela tinha feito por Rachel. A loira estava prestes a ter “férias obrigatórias” quando todos sabiam que, na verdade, ela seria julgada pelo Conselho de Ética do hospital assim que Rachel se recuperasse completamente.

            Rachel percebeu que os olhos do pai desviaram-se dos seus quando ele disse aquelas palavras, estava na cara que ele mentia, os Berry nunca foram muito bons em mentir. Leroy pareceu entender o que se passava ali e anunciou animado:

            - Mas você voltou pra nós e isso que importa! Rachel Berry comprovou a teoria de que estrelas demoram a parar de brilhar!

            Rachel não pode deixar de rir no momento, ela apanhou a mão de cada um dos pais e beijou-as com lágrimas na face. Não pode evitar a felicidade em seu peito, mesmo diante daquela informação. Estava viva e era isso que importava.

To think I might not see those eyes

Makes it so hard not to cry

And as we say our long goodbye

I nearly do

***

            - Fabray? – Dra. Hopkins entrou um pouco envergonhada dentro do pequeno quarto que era usado para os plantonistas descansarem. Quinn não estava dormindo, ela sentou-se na cama com dificuldade enquanto esfregava os olhos. A doutora olhou para sua interna com uma expressão mais amena. – Ficou sabendo o que aconteceu?

            - Rachel acordou, não é? Meg me avisou e eu também notei a movimentação no corredor. – Quinn respondera com um sorriso triste, mas sinceramente satisfeita. O coração da loira acelerara sem que ela percebesse, como sempre acontecia quando ela mencionava Rachel e deixava que a morena entrasse em seus pensamentos. E só de pensar que era uma das causas da sobrevivência da morena, ela se enchia de uma energia muito boa e que ela sequer conseguia denominar.

            - Sim, ela acordou... Os sinais estão estáveis, ela se lembrou quem era e conseguiu falar. – A Dra. Hopkins disse com alívio enquanto sentava-se ao lado de sua interna, Quinn fez uma careta surpresa para a atitude de sua chefe. As duas ficaram em silêncio por breves instantes, até que Quinn deu voz ao questionamento que estava incomodando, mesmo sufocado:

            - Isso quer dizer que vou ter que me afastar do caso, não é?

            - Você não deve se afastar do caso, mas é o mais sensato a ser feito. Se você se afastar da Rachel, vai mostrar para o Conselho que tem plena consciência do que fez e isso pode fazer com que sua punição seja mais leve. – A Dra. Hopkins estava mais séria e observadora ao responder. Quinn estava com os ombros encolhidos ao seu lado, parecendo derrotada e infeliz. – Mas eu não vou deixar você às escuras, Fabray. Você merece, mais do que qualquer um nesse hospital, saber o que acontece com Rachel Berry.

            Quinn sorriu agradecida e algumas lágrimas caíram de seus olhos, ela sentiu como se todo o peso das últimas horas e dias tivesse caído sobre seus ombros. Seus olhos piscaram com dificuldade enquanto ela surpreendia-se ao ser pega em um meio abraço por sua superior. As duas ficaram imersas em seus pensamentos por alguns instantes até que a Dra. Hopkins foi chamada pelo sistema de som.

            - Vá para casa, Quinn. Descanse um pouco e comece a estudar para sua prova da residência, eu te quero no Presbyterian trabalhando comigo daqui alguns meses.

            - Farei o meu melhor, Dra. Hopkins! – Quinn respondeu um pouco mais otimista e sorridente, ela acompanhou a professora até a porta e depois, rumou para o vestiário. Trocou de roupa e apanhou as chaves de seu Opalla vermelho e de seu apartamento.

            Seu coração foi invadido por um vazio quando passou pelas portas de entrada e acenou para as recepcionistas.   

Light up, light up

As if you have a choice

Even if you cannot hear my voice

I'll be right beside you dear

***

            Os dias se passaram, tornando-se semanas e as semanas acabaram tornando-se um mês. Quinn continuava trancada em seu apartamento, recebendo visitas ocasionais de Santana, Brittany, Kurt e Puck e ligações de Meg explicando cada detalhe do estado de recuperação de Rachel.

            A morena recuperara-se estupendamente naquele mês. Já conseguia caminhar sozinha e os Berry estavam tendo dificuldades em mantê-la calada e descansando. Rachel soltou uma nota na imprensa dizendo que deixaria os palcos por alguns meses. Aquela notícia pegou Quinn de surpresa, mas a loira tentava a todo custo, não pensar em Rachel Berry.

            Rachel, por sua vez, não conseguia parar de pensar em Quinn. Ela ainda se assustava pelo fato de Quinn sequer ter aparecido no hospital e mesmo querendo tirá-la da cabeça, não conseguia. Porque Leroy e Hiram faziam questão de agir de forma estranha quando a morena cogitava mencionar Quinn. Sem comentar Santana e Brittany que esquivavam-se de suas perguntas quando elas envolviam a loira.

            Sim, Rachel estava quase se arrependendo. Ela não queria dar o braço a torcer, mas estava em seu limite. Rachel Berry nunca sentira o que sentia por Quinn em relação a ninguém, nem mesmo Finn ou Jesse conseguiram superar toda aquela energia que ardia nela sempre que ela imaginava Quinn ao seu lado.

            E droga, o nome daquilo era amor e Rachel sabia disso.

            Rachel estava trancada em seu quarto, percorrendo os canais a esmo. Sozinha, ela tentava fazer aquela noite passar mais rápido. Era sua última noite no hospital, a Dra. Hopkins lhe dera alta para a manhã seguinte e tudo que ela mais queria, era sair dali, correr um pouco pelo Central Park e pensar em toda a confusão que se enfiara nos últimos meses.

            Sua cabeça latejava um pouco, talvez fosse reflexo da pequena discussão que tivera com os pais. Leroy e Hiram queriam ficar ali, mas ela convenceu-os de ir dormirem em um bom hotel, afinal, o risco já passara.

            Rachel queria dormir, mas o sono não vinha. Por isso ela ainda percorria os canais da TV com desinteresse até que a porta do seu quarto abriu-se subitamente, por ela entrou a última pessoa que Rachel queria ver no momento.

            - Antes de você gritar ou fazer qualquer coisa, eu quero me explicar, por favor. – Finn Hudson pedira com o tom de voz cansado e suplicante enquanto trancava a porta atrás de si e fechava as cortinas do quarto. Rachel apertou os lençóis sobre si e vincou a testa, depois disparou agressiva:

            - Eu não quero falar com você, Hudson!

            - Mais uma pro elenco. – Finn disse com um ar irônico e cometendo a ousadia de sentar ao lado de Rachel na cama, a morena quase caiu do outro lado quando sentiu o peso do corpo do rapaz ao seu lado. – Ninguém quer falar comido mesmo, mas ao contrário dos outros, você vai ter que me ouvir. Não pode me bater ou me fazer calar.

            - Eu não sei quem te bateu, mas fez um ótimo trabalho, tenho que mandar flores. – Rachel respondeu no mesmo tom, fazendo Finn revirar os olhos e olhar cansado para ela. Naquele momento, a morena percebeu que seu coração sequer esboçava reação com ele por perto. Finn pigarreou e olhou energicamente para Rachel.

            - Precisamos conversar, eu sei que fui um idiota na maior parte da minha vida, mas eu realmente quero tentar apagar isso.

            - Apagar você não vai conseguir... – Rachel respondeu séria, olhando Finn com frieza e desinteresse. O rapaz abaixou a cabeça e suspirou, provocando uma reação de pena na garota. – Mas ok, talvez você possa se redimir.

            Inesperadamente, Finn envolveu Rachel em seus braços e aquele não era um abraço com segundas intenções, era fraternal. Rachel pegou-se de surpresa, mas permitiu-se abraçar o rapaz que já fora tão importante em sua vida. Ainda abraçados, Finn murmurou em seu ouvido:

            - Eu fui idiota ao dar conversa para o Jesse, mas eu estava cego, cego por ter Quinn de volta na cidade.

            - O que você fez, Finn? – Rachel perguntou afobada e afastando-se de Finn subitamente. O rapaz olhou para a janela que dava para NYC e pelo reflexo dela, Rachel pode ver que ele chorava. Finn limpou as lágrimas disfarçadamente e continuou:

            - Eu fiz tudo, Rachel. Quinn não teve culpa de nada, ela nunca te traiu e nunca sequer mentiu para você. Tudo que ela disse era verdade, caso contrário, ela nunca teria feito o que fez.

            - O que ela fez? – Rachel ainda estava transtornada pela informação que recebera, mas ainda curiosa por querer saber o que Quinn estivera fazendo. Seu coração inchou dentro de seu peito, com uma energia otimista e uma sensação que ela já conhecia e que há muito, não sentia. Céus, como ela amava Quinn Fabray.

            - Eu não acho justo o que estão fazendo com você, Quinn está sendo idiota, talvez esteja agindo assim porque realmente te ama. – Finn disse com aquele sorriso torto que acabou provocando outro sorriso em Rachel, a morena tinha lágrimas nos olhos a espera do que Finn tinha para lhe dizer. – Foi ela que te salvou. A Dra. Hopkins te declarou morta, mas foi Quinn quem chamou a responsabilidade, drenou seu coágulo e te ressuscitou.

            Rachel abriu a boca várias vezes, mas não conseguiu falar. Seu coração parecia querer sair de seu peito, sua respiração estava ofegante e seus olhos pareciam não responder ao comando de piscar. Finn soltou uma sonora gargalhada e quando conseguiu parar, disse simplesmente:

            - Vá atrás da sua garota, Berry.

            Rachel sorriu para ele agradecida, seu coração tomado do alívio de saber que Quinn ainda se importava. Observou Finn sair e antes que ele pudesse fechar a porta, ela murmurou:

            - Obrigada, Finn.

            O rapaz sorriu, enquanto uma lágrima escorria pela sua face. Observando-o dar-lhe as costas, Rachel pode ver aquele Finn pelo qual se apaixonara sair daquela sala.

Louder louder

And we'll run for our lives

I can hardly speak I understand

Why you can't raise your voice to say

            Na manhã seguinte, Leroy e Hiram Berry chegaram com um buquê de margaridas para filha. Subiram até o quarto como se nada tivesse acontecido, mas então foram surpreendidos por um enfermeiro que disse que Rachel Berry já tinha saído há alguns minutos. Essa enfermeira entregou um bilhete que a diva deixara com um sorriso.

“Finn veio aqui na noite passada, eu já estou sabendo de tudo que aconteceu naquela cirurgia... Estou correndo atrás dela, me desejem sorte. Amo vocês. Rach.”

Slower slower

We don't have time for that

All I want is to find an easier way

To get out of our little heads

            Rachel olhou para o prédio com um ar perdido. Suas mãos tremiam e suas pernas não queriam obedecê-la. Ela deu-se por vencida quando seu coração ardeu, avisando que não estava mais disposto a sofrer de novo.

            Ela sorriu, respirou e saiu do táxi.

Have heart my dear

We're bound to be afraid

Even if it's just for a few days

Making up for all this mess


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Notas finais do capítulo

Acho que ninguém esperava que esse tipo de coisa pudesse acontecer :D

Espero que tenham gostado, comentem porque o próximo é o ÚLTIMO capítulo da fanfic. Fora o epílogo, é claro.

E estava me esquecendo, um parabéns e muitas felicidades pra linda da Lea Michele que tá ficando mais velha hoje *-*
HAUASHUASHUASHUASHUAS

Beijos e até a próxima x)