You Are My Star escrita por Fernanda Redfield


Capítulo 14
Estrelas


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!

Aqui estamos nós para mais um capítulo sofrido de You Are My Star HSAUHASUHAUHAUHUAS

Mas seriamente, esse capítulo tem algumas cenas que eu julguei lindas e eu espero que vocês gostem também.

Boa leitura!



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            A cabeça de Quinn girava enquanto ela fazia tudo automaticamente. Após receber o telefonema de Meg, a garota subiu as escadas num misto de pressa e desespero. Praticamente jogou tudo que tinha ali dentro da mala de mão e estava saindo quando Santana e Brittany estacaram na porta, olhando de Quinn para a bagunça do quarto com confusão. Depois de observar a amiga por alguns instantes, foi Santana que deu voz a dúvida as duas:

            - O que aconteceu, Quinn? De quem era aquele telefonema?

            - Era Meg. – Quinn respondeu simplesmente, ainda desnorteada enquanto pegava suas duas malas e descia as escadas com as duas atrás de si. – Rachel... Rachel foi levada ao Presbyterian, ela passou mal nos ensaios.

            - Eu vou reservar as passagens. – Brittany disse solícita enquanto apanhava o telefone e discava o número de uma companhia aérea qualquer. Santana segurou Quinn e disse com o tom de voz calmo e tranqüilo:

            - Eu vou com você.

            - Não precisa, S. Eu tenho que chegar lá o quanto antes... Vocês podem ir depois. – Quinn disse séria e distante, enquanto apanhava o próprio celular e chamava um táxi.

            Quinze minutos depois, o táxi chegava e Brittany avisava que ela estava no próximo vôo da noite. Quinn deu um beijo em cada uma e saiu de casa, só depois que disse ao motorista o seu destino, as lágrimas rolaram pela face da loira. Quinn respirou fundo e apertou suas mãos, senão chegasse a tempo, ela não seria capaz de se perdoar.

            Quinn Fabray não conseguiu dormir durante o vôo e nem ao menos quis dormir. Sua cabeça trabalhava rapidamente e agora, mais calma, ela sabia que tinha uma parcela de culpa naquele mal-estar de Rachel. Como médica, Quinn deveria ter notado que a recuperação da morena estava muito rápida pra quem tinha desenvolvido um pequeno coágulo.

            Quinn fechou os olhos, cansada e sentiu o avião pousar. Era madrugada em NYC e pela primeira vez, as luzes da cidade não conseguiram alegrar a loira. Quinn saiu às pressas do avião, participou de um pequeno tumulto antes de pegar suas malas e suspirou aliviada quando chamou um táxi e foi atendida rapidamente.

            - O Presbyterian, por favor. – Quinn pediu em um misto de desespero e agonia para um motorista chinês que olhou impressionado para ela. O rádio tocava uma música qualquer e Quinn amaldiçoava o trânsito lento de NYC, seu celular vibrou no bolso anunciando que a bateria acabava.

            A loira, num ímpeto de fúria, jogou o celular no painel do carro e o motorista arregalou os olhos para ela. Quinn sequer se importou.

            O dia quase amanhecia quando, finalmente, Quinn Fabray conseguiu chegar ao Presbyterian. Mal chegou a recepção, a loira já apresentou sua identificação e rumava para o setor de emergência quando ouviu Meg gritar-lhe o nome. Quinn apressou o passo, mas Meg correu atrás dela e a empurrou para dentro de uma sala vazia sem muita cerimônia.

            - Calma Quinn! – Meg pediu preocupada enquanto olhava para a amiga que parecia fora de si, a loira revirou os olhos e forçou a passagem, mas Meg a colocou sentada em uma cadeira, sem muito esforço. – Não adianta nada chegar lá nesse estado! Ela está desacordada, temos que esperar!

            - Eu preciso vê-la... A culpa é minha se ela está internada! – Quinn praticamente gritou enquanto algumas poucas lágrimas jorravam de seus olhos, Meg olhou piedosa para ela e se calou. A outra médica respirou fundo e apertou os ombros da amiga, Quinn olhou sôfrega para ela, mas nada disse. Meg sentou ao lado dela e tentou tranqüilizar:

            - Não foi sua culpa, a primeira pancada não deixou sintomas visíveis que pudessem ser interpretados, você sabe que isso pode acontecer. A conseqüência viria a seguir, Rachel só deu o azar de estar ensaiando quando sentiu as dores.

            - Mas ela está bem? – Quinn perguntou otimista, limpando os olhos esverdeados enquanto olhava séria para Meg. A outra se mexeu incomodada e fez um sinal afirmativo com a cabeça, totalmente insegura. Quinn revirou os olhos, sabendo que a amiga estava mentindo. – Não esconda nada de mim, Meg.

            - Fabray, eu não queria ter que lhe falar isso... Mas Rachel Berry foi colocada em coma induzido após algumas horas, a Dra. Hopkins queria evitar conseqüências mais graves. – Meg respondeu afobada, Quinn olhou incrédula para ela e levantou-se furiosa. A loira deu um soco na parede e respirou fundo, tentando se acalmar.

            Mas o coração de Quinn estava quase saindo pela boca, se Rachel estava sedada, isso quer dizer que o que ela tinha não era um caso dos mais simples. A culpa pesou sob os ombros da futura neurocirurgiã, deveria ter acompanhado o caso com mais profissionalismo e não deixar-se levar pelo sentimento que nutria por Rachel Berry. Quinn andou de um lado para o outro, inconsolável enquanto Meg apenas a observava, dando todo tempo que a outra precisava para se acalmar e também, incapaz de dizer algo naquele momento.

            Só que a calma nunca veio, sempre que tentava pensar em Rachel, o coração de Quinn praticamente consumia-se dentro do seu peito. Não sabia se conseguiria ver Rachel sedada e vivendo através de aparelhos, parecia uma imagem muito distante da sua Rachel. Aquela Rachel com ataques de diva, sorriso contagiante e irritantemente adorável. A Rachel que ela tinha deixado sair de Lima e que agora, estava presa naquela cama.

            Quinn conseguiu voltar ao menos a sua respiração para o normal, mesmo que sua cabeça estivesse uma bagunça. Ela virou-se para Meg que parecia entretida demais nas próprias anotações do prontuário que carregava. A loira revirou os olhos, arrependida, enquanto voltava a se sentar do lado da amiga. Meg permaneceu calada e Quinn apertou-lhe o joelho dizendo mais calma:

            - Me desculpe, eu estou sendo uma idiota.

            - É normal que você fique assim, Fabray... Você era a médica dela e agora, é a namorada dela. – Meg dissera com um sorriso compreensivo enquanto abraçava os ombros de Quinn, a loira agitou a cabeça negativamente e disse irônica:

            - Não sou nenhuma das duas coisas, nem médica e muito menos, namorada. Eu e a Rachel terminamos alguns dias atrás.

            - Tudo por causa daquela foto? – Meg perguntou receosa enquanto sentava-se de lado para encarar Quinn que parecia um pouco sentida com o questionamento. A loira virou-se para ela e Meg viu ali, um arrependimento que ela nunca vira nos olhos castanho-esverdeados antes. Quinn pigarreou visivelmente desconfortável e murmurou:

            - Ela mentiu pra mim... Mas dane-se! Tudo parece tão pequeno agora!

            - Não, não é pequeno Quinn. – Meg disse séria e levantando-se subitamente, parecendo cheia de uma imediata coragem e arrastando a loira que parecia debilitada demais para se mover sozinha. – Eu convivi com você durante a faculdade e a residência. Nesses oito anos, eu pude perceber o quanto você ama essa garota. Você não vai desistir agora que tem um coágulo entre você e ela. Você suportou oito anos, está disposta a perdê-la sem nem ao menos lutar para tê-la de volta?

            - Mas Meg eu não posso fazer nada! – Quinn disparou desesperada no corredor e rompendo em lágrimas novamente, algumas enfermeiras e alguns pacientes olharam complacentes para a garota e ao reconhecer quem era, arregalaram os olhos, surpresos. Meg arrastou Quinn para o elevador e, limpando as lágrimas da amiga, disse severa:

            - Você não pode, mas vai fazer. Você vai até o vestiário, vai tomar um banho e se recompor. Enquanto isso, eu vou colocar o seu nome nesse caso em meu lugar. Você é a futura neurocirurgiã aqui, senão quer fazer por Rachel, faça pela sua carreira.

            - Eu não posso fazer isso! – Quinn exclamou fora de si enquanto o elevador descia para o térreo, Meg bufou impaciente com a amiga e praticamente jogou-a para fora quando o elevador parou. – Eu não tenho emocional pra isso! E ainda tem a ética médica e...!

            - Calada, Fabray! – Meg disse abruptamente e irritada enquanto jogava a amiga dentro do vestiário feminino e trancava a porta. Virando-se completamente fria e severa para Quinn, vendo a loira encolher-se de encontro ao seu armário. – Seu emocional nunca te incomodou, não vai ser agora que ele vai atrapalhar. E quem aqui falou em ética médica? Ninguém precisa saber, a Dra. Hopkins chega daqui a pouco para cirurgia, ela sequer vai olhar o quadro. Só vai saber que é você quando entrar no centro cirúrgico!

            - E se eu fizer alguma coisa errada? E se ela morrer nas minhas mãos? – Quinn questionou furiosa enquanto encarava a amiga, num misto de discordância e raiva. Meg sequer se abateu e revidou:

            - Céus, Fabray! Nossa profissão é cruel, tem dias que temos que lidar com a vida de quem amamos e você é mais indicada a essa cirurgia do que eu, eu não estou com a mínima vontade de ver um cérebro aberto na minha frente!

            Dizendo isso, Meg deixou o vestiário com uma expressão cansada e ao mesmo tempo, compreensiva. Quinn sabia que não devia pisar naquela sala de cirurgia, mas ao mesmo tempo, queria ficar perto de Rachel o máximo que pudesse. E se Rachel acordasse depois e quisesse acabar com tudo, da mesma forma, ela aceitaria aquele fim.

            Ela só não podia deixar Rachel sozinha, já fora burra o bastante para fazer aquilo uma vez.

***

            Meg só conseguiu colocar o nome de Quinn na cirurgia de Rachel (que aconteceria no final do dia) quando já estavam na metade da manhã. As duas esbarraram-se algumas vezes nas chamadas de emergência, mas apenas trocaram olhares de compreensão.

            Quinn tentava manter-se calma, mas acabou desistindo quando estava no seu terceiro paciente. Era melhor se isolar em algum canto do hospital antes de fazer algum diagnóstico errado ou acabar errando algum curativo. Quinn voltou ao vestiário e deitou-se no banco de madeira, fechando os olhos e tentando aliviar qualquer pensamento obscuro que resolvesse passar em sua cabeça, tudo que não precisava agora, era de pessimismo.

            Sabia que estando em uma cirurgia como aquela, deveria estar devorando livros de anatomia em geral... Mas ela sabia praticamente de trás pra frente tudo que existia dentro do crânio de uma pessoa. Mas porra, estamos falando do crânio de Rachel Berry! Quinn suspirou pesadamente enquanto levantava-se do banco e rumava para a UTI.

            A loira percorreu os corredores como se voasse, atropelou alguns enfermeiros pelo caminho, recebendo olhares nada amistosos em troca. Mas Quinn não podia parar, não enquanto ainda tinha um pouco de coragem. Assim que chegou ao setor da UTI, a loira praticamente pulou dentro do quarto. Só não fez isso porque dois brutamontes ladeavam a porta.

            Quinn lançou um olhar indignado para os dois homens na porta e fechou a cara. Porém, eles continuaram a olhar para ela com expressões impassíveis, a loira pigarreou e disse séria:

            - Eu sou médica, preciso ver a paciente.

            - Só estão autorizados a entrar nesse quarto aqueles responsáveis pelo caso da Srta. Berry e a Dra. Hopkins. – Um dos brutamontes, um moreno mais ou menos da altura de Finn que parecia ser um armário respondeu automaticamente. Quinn revirou os olhos e tornou a insistir:

            - Ah ótimo, eu sou responsável pelo caso.

            - Não temos informação que a senhorita, Dra... – O outro segurança, um careca com ar meio alemão tirou os óculos escuros para observar o crachá de Quinn e deu um sorrisinho sarcástico quando o leu. – Dra. Fabray não é? Então, não temos informação que a senhorita esteja nesse caso.

            - Ora, você sabe ler? Achei que continuasse contratando gorilas modificados como seguranças! – Quinn retrucou com um ar irônico e um meio sorriso que provocou reações de fúria nos dois seguranças. Eles trincaram os dentes enquanto a loira ria abertamente. Quinn revirou os olhos. – Já que sabem ler, poderiam ir lá embaixo e verem por si quem foi colocada recentemente nesse caso. A Srta. Berry é minha paciente e eu vou entrar para examiná-la!

            Quinn fez menção de retomar seu caminho para o quarto quando os dois homens mexeram-se e fecharam sua passagem. A loira colocou as mãos na cintura impaciente e perguntou cansada:

            - Qual o problema de vocês?   

            - Não tem nenhum problema com eles e sim com a senhorita, Dra. Fabray... – Quinn virou-se sem graça enquanto dava de cara com o mesmo homem que encontrara em Lima quando vira Rachel pela última vez, ele deu um sorriso repleto de escárnio, mas Quinn pode ver pelos olhos dele que ele não era tão inatingível com o estado de saúde da diva. – Você está proibida de entrar nessa sala.

            - E pelo que eu saiba... – Quinn arregalou os olhos quando viu a Dra. Hopkins parar ao lado do homem com uma expressão extremamente decepcionada e descontente. Quinn sentiu-se a pior profissional do mundo. – Quinn não está nesse caso.

            Quinn mordeu o lábio, disfarçadamente, apertou seu Pager, enviando uma mensagem para que Meg aparecesse ali. A loira respirou fundo e disse:

            - Dra. Hopkins, eu sou a sua melhor residente aqui, quero ser neurocirurgiã e a senhora não terá melhor assistência do que eu no caso da Srta. Berry.

            - Sim, você é a minha melhor residente e é uma excelente futura neurocirurgiã, mas você também é envolvida emocionalmente com a paciente. – A Dra. Anastasia Hopkins disse com o tom de voz autoritário enquanto aproximava de Quinn com uma expressão ameaçadora. Quinn engoliu em seco e procurou alguma desculpa, mas estava envolvida demais com Rachel naquela sala, a discussão no corredor e a cirurgia mais tarde. Meg apareceu ao lado do homem como se nada estivesse acontecendo e disse:

            - Desculpa Dra. Hopkins, mas acho melhor continuarmos essa discussão na sua sala.

            - Verdade, nós estamos chamando muita atenção. E foi bom você ter aparecido, Meg. – A Dra. Hopkins anunciou em bom tom enquanto praticamente carregava as duas internas para o lado oposto do corredor com o empresário de Rachel vindo logo atrás. – Vocês duas tem muito a explicar.

              - Muito bem, as duas vão falar por bem ou por mal? – A Dra. Hopkins questionou assim que colocou todos para dentro e trancou a porta de sua sala, Quinn e Meg entreolharam-se, mas nenhuma das duas falou. A Dra. Hopkins bufou com raiva enquanto olhava entediada para o empresário de Rachel. – Meninas, eu não vou castigar nenhuma das duas. Só preciso saber de quem foi essa brilhante idéia de colocar Quinn no caso.

            - A idéia foi minha, doutora. Quinn nem queria pisar naquela sala de cirurgia. – Meg disse incomodada, tentando passar pelo olhar uma tranqüilidade que Quinn sabia não existir naquele momento. A loira remexeu-se incomodada, estava muito envergonhada e muito desesperada, ela só queria ver Rachel.

            - Mas se a idéia foi sua, Meg... Está na cara que Quinn concordou com isso. – A Dra. Hopkins disse severa, apoiando as mãos na mesa e encarando as duas com firmeza e seriedade, o empresário de Rachel permanecia encolhido nas sombras. Quinn sentiu o olhar de sua professora sobre si e abaixou a cabeça, corando. A Dra. Hopkins suspirou. – Estou decepcionada com você, Quinn. Achei que você tivesse a cabeça no lugar.

            - Dra. Hopkins, eu me desculpo... Realmente, eu não podia ter concordado com essa idéia, estou indo contra todos os meus princípios. – Quinn respondeu envergonhada e ainda assim, firme, enquanto esforçava-se para manter o contato visual com a Dra. Hopkins. A professora balançou a cabeça negativamente e olhou com pena para Quinn, a loira tornou a abaixar a cabeça e Meg suspirou decepcionada ao seu lado.

            Um silêncio pesado pesou na sala. Ninguém se olhava, ninguém falava e parecia que nenhum dos que estavam presentes parecia querer mudar aquela situação incômoda. Quinn sentiu-se culpada de novo, sabendo que estava deixando Rachel sozinha mais uma vez. Esse pensamento fez os olhos da ex-cheerio tornarem a se encher de lágrimas, só que Quinn não chorou e sentiu explodir dentro de si uma força anormal. Quinn limpou as lágrimas e lançou um olhar firme para a Dra. Hopkins que pareceu surpresa, em seguida, a loira perguntou:

            - A senhora lembra o que me falou da última vez que estive aqui?

            - Claro que eu me lembro, Fabray... Eu te disse para pensar melhor sobre a sua carreira médica. – A Dra. Hopkins soou extremamente grosseira, Meg remexeu-se desconcertada, mas Quinn não esboçou reação alguma enquanto o empresário parecia incomodado enquanto pigarreava. Quinn olhou firmemente para a médica a sua frente e disparou:

            - Não, você me disse que eu era uma excelente profissional... Só que não via a necessidade de salvar vidas impressa em meus olhos, você temia que eu fosse infeliz no que eu tinha escolhido para fazer.

            - Que seja, Fabray. O ponto em discussão não é esse. – A Dra. Hopkins respondeu impaciente enquanto travava uma batalha intensa de olhares com sua interna, Meg levantou os olhos pela primeira vez e viu um brilho diferente no olhar exaltado de Quinn Fabray. A loira apontou o dedo para os próprios olhos e disparou:

            - Pois a vontade está aqui, dentro dos meus olhos! Eu parecia infeliz porque ninguém tinha me amado de uma forma que eu pudesse retribuir! Mas Rachel o fez e eu não vou deixá-la agora!

            - Você vai, Srta. Fabray. Você já me causou muitos problemas! – O empresário falou pela primeira vez, sobressaltando as três mulheres que tinham se esquecido de sua presença momentaneamente. Quinn virou-se abruptamente para revidar, quando ouviu a Dra. Hopkins falar:

            - Acalme-se Fabray, você não vai entrar naquela cirurgia e ponto final. É uma decisão minha e do Sr. Antonio.

            - Vocês dois não entendem, não é? – Quinn questionou fora de si, as lágrimas saindo de seus olhos. A loira olhou do homem encostado a parede para a Dra. Hopkins que parecia surpresa com sua explosão emocional. Quinn bateu na mesa de madeira a sua frente quando sentiu Meg tentar acalmá-la. – Eu quebrei o coração daquela garota duas vezes, eu não estou disposta a deixá-la ir embora sem que eu faça alguma coisa!

            Quinn evitava pensar numa provável morte de Rachel na mesa da cirurgia, aquela idéia era inaceitável. Rachel era cheia de vida, era forte e ela iluminada, não ia deixar que uma simples pancada na cabeça lhe tirasse tudo que ela tinha para viver. E a Dra. Hopkins era a melhor... Tinham mais pontos a favor do que contra, estavam em vantagem.

            Quinn respirava com dificuldade e sentia-se observada por todos naquela cena. A Dra. Hopkins saiu de trás da mesa e ficou ao seu lado, a professora apertou-lhe os ombros e colocou-lhe sentada na cadeira. Convidou os outros dois a se retirarem da sala e sentou-se na mesa, em frente a Quinn. A loira estava quieta diante da súbita explosão emocional, a Dra. Hopkins pareceu cansada de estudá-la e perguntou:

            - Qual a natureza do seu relacionamento com ela?

            - Você não disse que eu tinha que amar para compreender o que a nossa profissão é? – Quinn questionou com os olhos ardendo em uma energia diferente enquanto a voz destilava ironia, a professora fez uma careta diante do tom de voz da aluna. – Eu fiz três atendimentos hoje e em todos eu via ela, ela foi a razão da minha volta ao hospital. Não porque ela está desacordada em algum quarto da emergência e sim, porque ela me fez ver o que eu não conseguia ver há anos. E vocês não vão me tirar isso, eu vou entrar naquela cirurgia, nem que eu tenha que passar por cima de você!

            - Você não tem medo? – A Dra. Hopkins fora incisiva enquanto agitava a cabeça, visivelmente descontente. Quinn ia responder, mas foi interrompida. – E se ela morrer na nossa mesa de cirurgia? O que você vai fazer, Fabray?!

            - Ela não vai morrer na nossa mesa de cirurgia. – Quinn foi tão confiante em sua resposta que nem mesmo lembrava aquela garota insegura e entediada de minutos atrás. – Eu sou a sua melhor interna e você é uma das melhores neurocirurgiãs do país, não vamos deixar isso acontecer.

            - Eu podia te dar uma suspensão do programa, sabia? – A doutora disse com um sorriso triste enquanto afagava os cabelos da sua interna, Quinn sorriu tristemente e suspirou cansada. – Mas você não merece isso, Fabray.

            - Eu só quero estar lá, do lado dela. Você pode até não me deixar auxiliar, mas eu tenho que estar lá, ao menos segurando a mão dela. – Quinn disse suplicante enquanto era observada pelos olhos astutos da doutora. – Depois disso, você pode me suspender, me dar férias forçadas e até me expulsar do programa, mas não me prive disso, por favor.

            - Eu vou ter que salvar a vida dessa garota para descobrir o que ela fez por você, Fabray... Está arriscando sua carreira por ela. – A Dra. Hopkins disse orgulhosa enquanto sorria mais levemente para Quinn, a loira retribuiu o sorriso. – E o que você está esperando? Já era para você estar engolindo um livro de neurocirurgia a essa hora.

            - Me desculpe, eu já estou indo. – Quinn anunciou antes de levantar-se e sair porta a fora. Seu celular vibrou em sua cintura, anunciando que Santana e os Berry já estava na recepção do hospital. Mas Quinn tinha outra coisa a fazer, a loira voltou pelo corredor. Procurando lembrar-se de respirar enquanto caminhava de encontro a Rachel.

***

            Na recepção, uma Santana desesperada tentava tranqüilizar um Leroy Berry que parecia ser capaz de matar qualquer um no hospital com as próprias mãos, colocou o homem sentado pela quarta vez na poltrona acolchoada da recepção e pediu exasperada:

            - Sr. Berry? Será que dá para o senhor se acalmar?

            - Não me chame de Sr. Berry, Santana. – Leroy disse rudemente enquanto varria o hospital com os olhos a procura de Quinn Fabray que parecia ter desaparecido da face da terra. A latina bufou impaciente e procurou Hiram Berry que fez um sinal para que ela desistisse.

            Santana, Brittany e os Berry chegaram no mesmo vôo. Ficaram sabendo que a cirurgia de Rachel seria ao anoitecer e eles estavam próximos ao fim da tarde sem sinal algum de Quinn. Brittany estava ligando insistentemente desde a hora que chegaram, mas a loira parecia estar ignorando tudo e todos no momento.

            Céus Fabray, não faça isso conosco!

***

            Quinn Fabray sequer se anunciou para os dois seguranças na porta do quarto de Rachel. Ela simplesmente entrou e eles não fizeram questão de barrá-la, já haviam recebido a notícia de que ela estava liberada para fazer qualquer coisa naquele quarto.

            A loira estacou na porta ao ver Rachel na cama. Rachel estava na ventilação mecânica, aquele tubo enorme em sua boca. Inevitavelmente, as pernas de Quinn bambearam enquanto ela observava aquela cena e as lágrimas tomavam conta de sua face rapidamente. Quinn aproximou-se com um pouco de receio, se não tivesse aquele tubo, Rachel poderia até estar dormindo.

            A face da morena estava tranqüila, os batimentos cardíacos estavam dentro do normal e ela tinha uma expressão serena. A mesma expressão que Quinn observara ao acordar mais cedo que ela após aquela noite no estúdio. Quinn puxou uma cadeira e sentou-se ao lado da cama, apanhando uma das mãos de Rachel e dedicando-se a observá-la.

            Quinn sentia as lágrimas caindo, mas não sentia vontade de limpá-las. Seus olhos estavam fixos em Rachel que permanecia naquela posição. Imediatamente, Quinn sentiu falta daqueles enormes orbes castanhos a observando como se lessem sua alma e também, daquele sorriso de 1000 watts. O meu sorriso.

            - Sabe, dizem que as pessoas que ficam nesse estado podem escutar. A medicina nunca comprovou nada, mas eu acredito nisso... – Quinn murmurou com um sorriso sem brilho algum e com a voz embargada e falha. – Por isso, eu vou conversar com você. Mesmo que você não queira.

            Quinn deu uma risadinha, sabia que se Rachel estivesse acordada, estaria disparando mil e uma ordens para que ela se mantivesse longe. Mas depois, as duas se olhariam e perceberiam que não podiam lugar contra tudo que traziam dentro de suas almas e enfim, elas resolveriam tudo com um beijo.

            - Eu sei que você está brava comigo, sei que você sequer acredita em mim e também sei que quando acordar... Você nem mesmo vai querer me ver. Mas eu não vou usar esse tempo para pedir desculpas, não é hora e nem momento pra isso. Eu vou te fazer companhia, enquanto aqueles trogloditas não me expulsarem daqui, é claro.

            Quinn deu mais uma risada rouca, erguendo os olhos de novo para Rachel que permanecia na mesma posição. A loira tirou uma mecha de cabelo castanho que estava sobre os olhos da outra e afagou-lhe a mão com o polegar.

            - Falando em troglodita... Lembrei-me do dia em que encontramos Finn em Lima, céus. Eu quase cometi um homicídio quando o vi em cima de você, Santana teria um trabalho enorme em me defender, porque seria um assassinato muito cruel. Eu já estava pronta para apanhar uma peixeira nas gavetas.

            Quinn riu sozinha, da própria piada. Sentindo subitamente a ausência pulsante e latente de Rachel Berry naquele aposento. Queria sua risada contagiante de volta, parecia que naquele momento, nenhuma piada e nenhuma tentativa de remediar e aliviar a situação era certa. A loira deitou a cabeça sobre o colchão da cama enquanto olhava séria para Rachel.

            - Eu vim te desejar boa sorte, encare essa cirurgia como mais um espetáculo... Eu sei que é difícil com todos esses tubos e agulhas em você, mas pense que esses são os críticos, loucos para levarem sua alma embora.

            Quinn engasgou-se com as próprias palavras, a voz voltou a falhar.

            - Por favor, não deixem que levem sua alma. Se enxergar uma luz branca, por favor, não vá em direção a ela. Eu preciso de você Rachel, mais do que você imagina!

            Quinn abaixou a cabeça e começou a chorar, ela queria que as mãos de Rachel secassem a sua face. A loira respirou fundo e levantou o olhar, os dois seguranças observavam a cena disfarçadamente pela janela. Quinn levantou-se abruptamente e fechou as cortinas, limpando as lágrimas em seguida.

            - Sabe o que eu acho que você quer ouvir em vez do meu choro? Uma música, Mr. Schue sempre nos disse para acreditar na música, acreditar nos nossos sentimentos... Eu acredito em tudo e acredito em você, sei que você vai sair dessa. Porque você é uma estrela, Rach. E estrelas não morrem facilmente.

            Quinn tornou a sentar-se na cadeira e olhou com carinho para Rachel, afagou a bochecha da morena e recuperou o fôlego para cantar.

You fly, with angels' wings

You got my, blood in your veins

And your eyes, see everything

And they shine, like diamond rings

            Realmente, os olhos de Rachel brilhavam e Quinn não pode sorrir diante disso. A loira deu um beijo na bochecha da morena antes de continuar com a voz embargada e os olhos firmes e sérios.

You're my Sunday

You make my Monday, come alive

Just like Tuesday, you're a new day,

That wakes me up

Wednesday's raining

Thursday's yearning,

For Friday nights

Then it all ends at the weekend, you're my star

            Quinn apertou a mão de Rachel entre as duas, olhando profundamente para a garota enquanto repassava na própria cabeça, tudo que sabia sobre coágulos no cérebro propensos a AVC hemorrágico.

At times, I cave right in

But this fight we have to win

And your songs you love to sing

May your dreams, forever live

            Quinn só queria ouvir a voz de Rachel de novo, só queria ver aqueles olhos castanhos novamente... Quinn não se perdoaria se Rachel não voltasse daquela cirurgia.

You're my Sunday

You make my Monday, come alive

Just like Tuesday, you're a new day,

That wakes me up

Wednesday's raining

Thursday's yearning,

For Friday nights

Then it all ends at the weekend, you're my star

            Realmente, Rachel era a sua estrela.

You're my star

Yes you are

            Quinn sorriu para si mesma e para Rachel quando terminou a música, tinha certeza que nunca, sua voz tinha soado tão afinada e tão verdadeira. A loira ficou em pé e deu um beijo na testa da Rachel antes de sair do quarto, não ousou despedir-se, não era necessário. Quinn sabia que Rachel ia sair daquela, seu coração exigia que aquele fosse o desfecho. E ela não se atrevia a pensar no pior.

            Os dois seguranças olharam preocupados para ela, mas ela limpou os últimos resquícios de lágrimas e reassumiu a expressão séria. Respirou fundo e sentiu uma onda de calor preencher seu corpo por inteiro. Era impressionante a influência que Rachel exercia sobre ela, mesmo que desacordada.

            - Dra. Fabray, sala de cirurgia número 5. Repito: Dra. Fabray, sala de cirurgia número 5.

            Quinn respirou fundo e apressou o passo, sua estrela não ia morrer agora.

***


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Notas finais do capítulo

O que acharam? O capítulo ficou lindo mesmo?

Eu fiquei apaixonada pela Quinn na cena com a Dra. Hopkins e na cena final com a Rachel. Lembrando que ela se esqueceu de tudo quando viu a Rach deitada naquela cama, esqueceu o sofrimento, as lágrimas e o sofrimento *-*

Deu para perceber o quanto a Rachel mudou a vida de Quinn, não deu?

Espero que comentem *-*

Beijos e até o capítulo 15!