Fé de Mediadora escrita por Persephonne


Capítulo 7
Capítulo 7




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Eu tinha acabado de ser atacada, e tudo que eu conseguia me preocupar era no tempo que eu levaria lavando e penteando o cabelo pra tirar toda a grama e terra que ficaram.
        Eu fui no banco de trás do Camaro de Jim, Vaughn ao meu lado, com o braço nas minhas costas. Ele era quente, bastante quente para um fantasma. Era tão bom...
        Eu não fiquei querendo chorar. Eu fiquei é querendo queimar Brett até as cinzas. Parte dos meus distúrbios psicológicos é ser um pouco psicopata.
        Eu não falei nada a Jim. Desde a festa até em casa, eu só falei obrigada. Entrei em casa, minha mãe perguntou como foi a festa.
        - Foi legal. - menti, e fui pro quarto.
        Vaughn me acompanhou por todo o caminho, como se eu fosse feita de vidro. Me sentei na cama, ele do meu lado.
        Ele não estava com uma cara boa. Na verdade, ele estava absolutamente furioso, tanto que o meu espelho começou a tremer.
        - Eu te proíbo de fazer qualquer coisa contra ele. - falei.
        - Quê? - ele pareceu surpreso. - Mas...
        - Ele é apenas doido. Talvez seja por causa da mediação. Ás vezes enlouquece as pessoas, ver fantasmas em todo lugar.
        - Você não quer que ele pague?
        - Quero. Mas não quero pensar nisso agora.
        - Ah. Entendo. - eu sabia que ele queria perguntar porquê eu não simplesmente usei as minhas chamas, porque eu também estava me perguntando isso. Acho que fiquei paralisada. Não lembrava do fogo, ou da magia, ou de qualquer outra coisa.
        Eu não sei como arrumei coragem, mas eu abracei Vaughn como nunca tinha abraçado nenhum outro garoto. E era tão bom. Não sei direito por quanto tempo a gente ficou assim. Bastante, eu acho.
        - Eu vou estar aqui com você. - ele falou num tom tão carinhoso, tão amável, que eu só consegui ficar olhando pra ele. Para o garoto que eu amo.
        Ele também olhou pra mim, sorrindo. Acho que o meu olhar devia ser bem significativo, porquê ele segurou a minha mão, se aproximou do meu rosto o suficiente para sentir a minha respiração (eu não podia sentir a dele, né?), e me beijou.
        Foi uma sensação realmente boa. Tipo, quando você passa um tempão fazendo alguma coisa, dá tudo de si, e aí você finalmente acaba, e fica do jeito que você queria que ficasse. (tipo fazer o download do MSN Messenger num modem de 56K.) Foi muito bom.
        Só não foi legal quando ele se afastou de mim como se eu tivesse a Peste.
        - Eu não devia. - ele falou. Eu tinha esquecido que ele era antiquado. - Você acabou de passar por uma provação, eu...
        - Vaughn, não faça isso. - eu segurei a mão dele. - A única coisa que poderia me fazer sentir melhor hoje é você. Você é a única pessoa que alivia o vazio dentro de mim.
        - Mas e o Drop, e o Felipe?
        - Você é tão incrivelmente melhor que os dois juntos que nem tem comparação. - Só é um pouco mais... morto. Mas eu não falei essa parte em voz alta.
        Ele sorriu e me beijou de novo. Ele beijava bem. Aí me botou pra dormir e ficou lá na janela. Odeio garotos antiquados.
        ***
        Mas é claro que nada na minha vida poderia ar certo.
        Dia seguinte. Acordei, Vaughn estava me olhando com aquele olhar de gato.
        - Há quanto tempo você tá acordado? - perguntei.
        - Eu não durmo. - ele estava sorrindo. Eu não pude evitar a sorrir também.
        - Não vá na escola hoje. - falei. - Eu vou voltar cedo pra casa, e também não quero que você faça alguma coisa... psicótica.
        O olhar dele mudou. Vaughn levantou da janela de repente, parecendo furioso.
        - Agora que você me lembrou...
        - Vaughn, deixe a parte psicótica pra mim, ok? Eu posso fazer mais estrago que você.
        Ele olhou desconfiado pra mim, aí falou:
        - Você pode cuidar dele?
        - Claro. - falei. Ele cedeu e se aproximou. Eu só conseguia sorrir.
        Ai ai, beijá-lo é tão bom que eu poderia até esquecer da quantidade de problemas da minha vida.
        Eu vi que iria me atrasar, então (a muito contra gosto) me desgrudei dele e fui pra escola. E por alguma razão, o dia estava melhor que os outros.
        Cheguei na escola mais sorridente que o normal. Fui andando pelo corredor, falando com todo mundo que eu conhecia, e aí entrei na minha sala.
        E qual não foi a minha surpresa (sarcasmo) quando eu vi Brett-a-cria-do- diabo sentado do lado do lugar aonde eu sentava.
        No momento fiquei com tanta raiva que saíram faíscas das minhas mãos. Mas eu me controlei e falei:
        - Vaza, aí é o meu lugar.
        - Não, na verdade é do James (James = Jimmi, entenderam?). - ele falou com um sorrisinho estúpido estampado na cara (que era bonita demais para alguém tão diabólico). Eu fiquei parada no meio da sala, olhando pra ele. Aí andei até o meu lugar, no fundo, e botei a mochila na certeira.
        - Eu quero que você vá a um lugar comigo. - ele disse, se levantando.
        Eu só consegui rir na cara dele.
        - Ah é? - falei, séria de novo. E aí usei o meu cruzado de direita. Mas ele só virou a cabeça, pelo impacto, e voltou a olhar pra mim. Que garoto resiste!
        - Certo, talvez você não confie muito em mim depois de ontem...
        - Você acha?
        - Mas ontem eu estava meio doido, hoje eu estou normal de novo.
        - Que bom saber. - falei.
        - Então você vem comigo?
        - Não. - eu ainda estava de pé, com ele na minha frente, e se aproximando.
        - Está bem. - ele passou por mim pra sair do lugar de Jim, e nisso aproveitou pra me beijar. E nessa hora eu senti o pior calafrio na espinha que já tinha sentido. Chutei Brett no saco e ele se afastou, rindo como se aquilo tudo fosse muito engraçado.
        ***

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