Fé de Mediadora escrita por Persephonne


Capítulo 5
Capítulo 5




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5

        Eu ataquei com as minhas chamas e Jim com as dele. Foi o suficiente pra Viktor se desconcentrar e desfazer o feitiço que estava fazendo.
        Peraí. Mortos podem fazer feitiços?
        Bem, eu não parei pra pensar nisso na hora. O plano era manter ele quieto para eu e Jim fazermos um feitiço de expulsão. O exorcismo em si. Mas a gente não contava com a participação de um portal para o inferno!
        Illyria fez o feitiço (ou poder, seilá) dela que faz a gente se mover muito mais rápido que o normal. Ao olho comum, a pessoa desaparece. É bem útil. Mas adivinhe? Não funcionou. Viktor fez alguma coisa que anulou o feitiço. Então ela simplesmente o jogou longe. (super força e tudo mais)
        Eu ia usar o fogo, mas Vaughn atacou primeiro. E eu nunca vi tanta porrada ao vivo como eu vi nesse dia. Mas aí eu lembrei que Vaughn não poderia estar ali na hora do exorcismo. O feitiço é expansivo, eu seilá qual pode ser o raio de alcance.
        - Vaughn! Cai fora.
        - Mas eu to segurando ele...
        - Não importa. Vá pra casa, você não pode ficar aqui.
        - Mas...
        - É sério. Vai embora, vai pra casa.
        Muitíssimo a contra gosto, ele soltou Viktor e sumiu. Fantasma cabeça dura! Eu ataquei Viktor com uma chama, e fui logo fazer o feitiço enquanto ele estava atordoado. Mas ele tinha que ficar quieto, sorte que Illyria estava com o pé no pescoço dele (hum, ela também toca nos fantasmas...). Mas toda a sala começou a tremer.
        Eu e Jim falamos as palavras, usamos a esfera Espírito, e vimos enquanto uns anéis de fumaça vermelha começaram a envolvê-lo. Estava funcionando. Iria funcionar se ele não tivesse saído do lugar. Ele ficou em pé, não parecendo muito feliz. A sala continuava tremendo.
        Mas não era com qualquer uma que ele estava lutando, afinal, Illyria é uma deusa. Ela o imobilizou de jeito que ele ficou lá parado como uma estátua. Eu e Jim não paramos de recitar o feitiço, e logo os anéis de fumaça vermelha recomeçaram a envolvê-lo. E aí um portal se abriu em cima dele, um portal para um lugar que não parecia muito legal. A Terra das Sombras. Não se pode dizer que Viktor parecia feliz. Num minuto ele estava lá, e no outro não estava mais. Ele foi Embora.
        Mas não antes das telhas da sala começarem a cair na gente.
        ***
        Eu vi o Jim puxando Illyria para fora da sala antes de tudo desabar. Ela ainda não tem consciência que está num corpo mortal. Foi bom pra eles. Depois do momento "salvei a sua vida", foi o momento romântico. Porque, você sabe, Jim gosta de Illyria desde que a conheceu. Só que nunca fez nada a respeito (parece que isso é uma mania dos homens). Aí você pode imaginar: ela agradeceu por ele ter salvado a concha dela, "eu te amo", "também te amo", beijo, etc. eu não estava prestando muita atenção. Só queria ir pra casa e dormir.
        ***
        - Você está sangrando. - foi a primeira coisa que Vaughn me falou quando eu cheguei em casa.
        - Eu tô?
        - Sim, está. - Ele se aproximou de mim e examinou a minha testa. No espelho eu vi que tinha sangue. Muito pouco atraente. Mas aí, ele rasgou um pedaço da camisa e pressionou na ferida. Doeu. Acho que foi uma das telhas que caiu na minha cabeça de raspão, ou seilá. Eu não tinha sentido antes por causa da adrenalina. Mas eu não estava muito mais preocupada com isso do que estava com a barriga de Vaughn que estava à mostra, porque ele tinha rasgado a camisa. Ele não era malhado nem nada, mas era o meu tipo: magro mas forte. E também tinha o fato de que ele estava bem próximo de mim, cuidando do meu corte.
        Porquê o único garoto normal, legal, etc que eu conheço em muito tempo tem que estar morto?
        Ele me botou pra dormir, sorriu pra mim na luz da lua, e ficou lá no canto do quarto, no escuro.
        Eu sou a criatura mais desafortunada na face da Terra.
        ***
        Dia seguinte, eu acordei pelo despertador. Nem sinal de Vaughn. Achei estranho, mas não foi a única vez que ele não estava lá, então não me preocupei.
        Botei meu coturno, a calça preta rasgada e saí. Era o último dia de aula do semestre, e eu só fui porque achava que ia ter prova.
        Hoje também seria a grande festa de piscina na casa da Megan. Eu não ia, mas Sooz me convenceu a ir. Vamos ver. Eu tinha que ir na reunião com as garotas, depois ir na festa, e ver que dia eu vou sair com Brett. Um relativamente cheio. Mas eu mereço um pouco de diversão.
        Na escola, não aconteceu nada. Um certo bafafá porque a sala que ficava perto da biblioteca tinha quase desabado, mas nada demais. Ficamos a aula toda brincando de adedonha e jogo da velha. Realmente, o conceito universal de diversão. Eu até mataria aula, se não estivesse tão frio.
        Tédio mortal. Frio congelante. E 5 horas perdidas que eu poderia estar dormindo.
        ***
        No intervalo, descubro que o Drop tem namorada. E na sala, descubro que fiquei em história. Belo fim de semestre.
        E ainda assim, eu fico a aula toda sem fazer nada. Vendo as pessoas andarem, fico no meu canto.
        Meu Deus, eu realmente odeio a minha vida.
        Mas quando eu estava quase em estado catatônico, Brett apareceu e sentou na minha frente, na minha mesa.
        - Oi, Liz.
        - Oi.
        - O que houve?
        - Nada. - falei no meu tom menos convincente.
        - Nada? O que foi?
        - Só a vida que é uma merda.
        - Qualé. Não pode ser tão ruim. - ele se inclinou e ficou bem perto, olhando pra mim. Não era à toa que ele era o queridinho de todo mundo. Olhos azuis, cabelo preto espetado, ótimo corpo, sorriso lindo... mas não era o meu tipo. Foi aí que percebi que estava com saudades de Vaughn.
        - Você não pode ficar assim. Você merece algo mais... real.
        Eu levantei lentamente o olhar para os olhos azuis dele. Eu tinha lembrado daquilo que Vaughn tinha falado. Mas não era possível.
        - Real?
        - É. Você fica todo dia sozinha, olhando pro nada... Sabe-se lá o que você fica pensando.
        Ah. Ok. Foi besteira minha achar que Brett era qualquer coisa além de um garoto bonito que resolveu gostar de mim.
        - É, bem... Se você quiser conversar comigo qualquer dia... sobre qualquer coisa... eu estarei à disposição.
        - Ahm... tá bom. - Falei, e ele foi embora.
        Definitivamente estranho.
        ***

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