O Cisne Negro escrita por anonimen_pisate


Capítulo 1
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Gente nao consegui colocar a capa... foi mal pelo incomodo... demorei tanto pra achar as imagens certas... argh.



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P.O.V – Alec Volturi

Contornei todo o espaço do cômodo com os olhos.

Encarando cada detalhe, gravando em minha mente cada objeto em cada lugar. Os móveis cobertos com lençóis brancos, e que eu não teria coragem de tirá-los tão cedo.

Passei meus dedos pela superfície do meu piano, um instrumento tão precioso que eu deixara para trás há três anos. Alisei as teclas brancas e pretas, deixando as notas flutuarem pelo ar.

Subi as escadas para o segundo andar, meus passos ecoando por todo canto, batendo fortemente no piso de madeira. Os degraus rangiam de uma forma pesada.

Abri a porta do primeiro cômodo, entrando em meu quarto. Os mesmos lençóis ainda se esticavam na cama de forma impecável. Sentei na beirada dela deformando a boa arrumação, puxei os panos brancos e afundei meu rosto neles.

O cheiro picante e saboroso estava impregnado entre eles, de um jeito sutil e fraco devido o tempo que deviam estar aqui, intocados, mas eu ainda podia sentir o rastro dela.

Minha garganta pinicou e senti minhas pupilas se dilatarem de um jeito desconfortável, meus dentes doíam, parecia que toda a minha arcada dentaria estava sendo arrancada sem anestesia.

Eu próprio anestesiei meus sentidos, aliviando a dor e tirando aquele cheiro de mim. Ficar sem sentir o ar a minha volta era desconfortável, mas o perfume dela penetrava cada vez mais fundo em meu âmago, e isso era a ultima coisa que eu iria querer agora.

Juntei os panos em minha mão, fechada em um forte e cerrado punho, como se eu quisesse dar um soco em algo ou alguém.

A memória dos anos sem ela eram apagadas e dolorosas. O primeiro dia, a primeira semana, o primeiro mês, e o primeiro ano. Aquela garota havia virado a razão da minha existência.

Eu havia negado a mim mesmo, mas não havia como fugir daquela verdade agora, por menos humana que ela fosse quando estávamos juntos, eu virei um amante de humanos, um simpatizante.

Não adianta negar, eu mal conseguia me alimentar, vendo em todo par de olhos, castanhos ou não, fios de cabelos, marrons ou não, os dela. Só com a possibilidade de ver uma garganta rasgada, eu via a dela.

Sentia em todo canto sua presença, e agora, sua nova e imortal “assinatura”. Meu viver sem ela era mais vazio do que antes.

Sentimentos novos nunca afloram em imortais, e se o fazem, viram permanentes ate que algo os mude de novo. E por mais torturante que parecesse, eu não desejava que ele mudasse.

Talvez nos nunca mais nos víssemos, mas eu não queria esquecer-la.

Meu celular bipou tremendo em meu bolso.

Pelo que pareceu uma eternidade, tirei-o do bolso e olhei a tela digital já sabendo quem possivelmente me ligava. O nome estava gravado em letras verdes.

Depois do quinto toque resolvi atende-la.

-Porque demorou a atender? – Jane começou com suas diárias palavras agressivas e enciumadas.

-Qual o problema Jane? – suspirei cansado.

-A reunião vai ocorrer hoje na catedral, todos já estão lá. – assumiu um costumeiro tom vazio e profissional.

-Já estou a caminho. – disse desligando-o.

Dei uma ultima olhada no quarto e inspirei com força guardando a fragrância única dela em minha mente, povoando meu pulmão. Tinha certeza que um dia eu viria a sentir esse perfume novamente.

Nem que fosse a ultima coisa que eu fizesse.


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