Revestida de Palavras-imersão. escrita por anicullenpaula


Capítulo 4
Capítulo 1-Narrado por THEO


Notas iniciais do capítulo

THEO NARRA ESTE CAPÍTULO.



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Pov  I Theo.

Capítulo I:

A música vinha rápida até minha mente como se eu fosse parte dela.Eu costumava ouvir muita música clássica,até por que toco piano.Mas ultimamente,minha mente anda tão perturbada,que eu ouço música idem.Scorpions no ipod,logo depois Stone Sour,Slipknot...Por incrível que pareça,aquela música me mantinha ocupado.Ocupado de mim mesmo.Me impedia de pensar.

Não funcionou muito tempo.Minha mãe gritou lá de baixo avisando que ‘se eu quisesse carona,era melhor acordar’.Respondi no mesmo tom,devolvendo um cansado ’já..já levantei...eu só,não enche!’

‘Ah,não se preocupe.Eu estou mesmo acordado.’ Pensei com ironia.

Era melhor eu levantar se eu quisesse ajudar a Cat.Mas eu não queria isso,só desejava ficar ali a tarde toda,ou melhor,pra sempre,deitado,ouvindo música pesada ou depressiva,tentando uma só coisa:não lembrar.Mas repreendi esse pensamento:

“Oh,não Theo,você vai acabar virando um emo.’’

Fui tomar banho e ,antes de sair,não pude deixar de me admirar no espelho.Eu nunca me considerei grande coisa e nunca ‘choveu menina na minha horta’ mas tinha muita menina correndo atrás de mim.”Pena que você não quer nenhuma delas” admitia eu.Muitos já haviam dito que meu olhos eram lindos,inclusive Catherinne o que me deixou extremamente orgulhoso.De fato havia os enormes e curvados cílios emoldurando grandes olhos castanho claro.Isso tudo seria feminino até demais se não tivesse grossas sobrancelhas acima,o que em deixava com um’ quê’ mais maduro.Eu gostava disso.Eu  me consideraria bonito se não fosse minha pele muito pálida,e algumas sardas claras também,o que me irritava profundamente.’Catherinne gosta da minha pele.’’-Lembrei eu-“Ela disse que queria que a dela fosse pálida como a minha”Eu lembro de sua expressão e parecia sincera.Eu fiquei praticamente estarrecido,que alguém como ela,bronzeada e tal,quisesse minha cor de leite azedo.Mas ela achava lindíssimo ,e ficava aborrecida se eu dissesse o contrário.

Percebi num momento que todas as minhas opiniões estavam profundamente ligadas às dela.”Catherinne gosta disso,então eu gosto também”,sempre foi minha frase mais dita.Ela era como uma parte de mim,só que menina.Compartilhávamos das mesmas preferências desde sempre e se isso não acontecesse,acabávamos nos adaptando pra gostar daquilo também.Será que poderia chamar isso de relação?me agradou profundamente a idéia e não pude deixar de sorrir pro cara do espelho.Mas ele enrijeceu o rosto quando lembrou-se da hora.E saiu correndo apressado.

Eu saí sem ligar muito pro que estava vestindo.Não importava se eu tivesse com a cueca em cima da calça ou com um traje à rigor.Catherinne nunca iria me notar.

Eu encontrei todos os meus amigos no ponto de ônibus.Cheguei uns 10 minutos mais tarde com esperança que eles viessem sem mim.Todos pareciam meio cansados,considerando que era domingo um dia de preguiça e que havíamos enfrentado uma longa semana de provas.Alguns estavam reclamando do tempo frio,outros do meu atraso ou o da Cat.Só Rosemary pareceu ficar alegre com minha chegada.

Ela abriu um largo sorriso,quase tocando seus olhos,deixando á mostra seu aparelho ortodôntico.Seus olhos de um amarelo líquido,pareciam ouro derretido ao me ver,se tornaram mais brilhantes.Ela parecia querer falar,mas não achava palavras.Por fim ficou calada,mordeu o lábio como que para esconder seu largo sorriso,meio envergonhado,mas seus olhos ainda estavam felizes.Eu sabia que ela gostava de mim,desde a sétima série,e sei que se aproximou da Catherinne pra chegar a mim.Ela se acostumou,e sei que ela até gostava da Cat  mas morria de ciúmes.

Eu queria gostar dela.Ela era linda,e retribuía o que eu não dava.Ela gostava de mim,e era legal.’Mas não,o boboca tem que gostar da namorada do zagueiro”pensei em seguida.Ela continuava a sorrir e se aproximou rápida,nem um pouco discreta.Não pude deixar de comparar:ela não tinha aquela discrição e leveza de Cat que,mesmo sendo um tanto desastrada,ainda possuía uma terna delicadeza em todos os seus atos.

Rosemary me retirou do meu torpor me dando um beijo rápido na bochecha:

“Oi,T.”

Detestava quando ela tentava imitar a catherinne e me chamava pelo o apelido que ela mais usava.

“É Theo,Rosemary...Theo”

Seu sorriso era inabalável:

“Eu sei...só queria....”-ela fez um gesto rápido com a mão-“Sabe...descontrair”.

Não pude deixar de suspirar e  admirá-la pra ela com um olhar cansado.Ela notou e continuou falando,um tanto histérica:

“Ah,não,essa carinha não...Carinha de sedutor,parece maduro.me mata com isso na testa”

Ela beijou rapidamente o vinco involuntário que se formou na minha testa.Acabei irritado:

“Não Rosemary....não!Não me beije aí”

Ela fez uma carinha sapeca e completou cheia de malícia,mordendo a unha do dedo indicador:

“Quer que seja em outro lugar?Na boca pro exemplo...”

Ela mal terminou de dizer e me deu um beijo,não de verdade,mas foi um beijo.

Eu a afastei desajeitado,tirando delicadamente seu rosto de perto do meu.Eu olhei em volta,meio envergonhado e por sorte meus amigos estavam mais interessados em passar músicas por meio de Bluetooth de um pra outro e ninguém viu.Eu me sentia como se houvesse traído alguém e eu sabia que esse alguém estava vindo em breve.Meu rosto deveria parecer o de um marido traindo sua mulher pois ela pareceu magoada e baixou seus cílios curtos por sobre as faces  coradas,e eu não distingui se por vergonha,tristeza ou se era maquiagem mesmo.(Mais comparações:Catherinne detesta maquiagem,e a acho perfeita com e sem)

Eu tive medo de tê-la magoado e tentei consertar:

-Oh,Rose...Você sabe que eu sou gosto de você...mas como amigo”-Exagerei na Ênfase da palavra amigo-“Sei que já aconteceram...coisas entre nós,nós já ficamos e tal mas...mas...não vai acontecer novamente,você é minha amiga,sempre vai ser.”

Eu tentei ser delicado o máximo possível,não queria vê-la sair disso magoada,já me bastava.Percebi que eu estava repetindo as palavras que Cat  me disse um dia e me segurei pra não chorar.Eu estava fazendo a mesma coisa com Rose.Ela estava sofrendo o mesmo que eu,talvez fosse melhor ficar com ela...

Eu ia falar alguma coisa a ela, mas John foi mais rápido:

“Pessoal,a Catherinne está muito atrasada.”

Rosemary aproveitou pra destilar seu veneno:

“Sei não,mas acho que ela furou com a gente.sabe como é né?ela é sem responsabilidade nenhuma ,cabeça dura e não liga pra nós.Acho que já devíamos nos acostumar com o fato da Catherinne nos esquecer sempre.E  mesmo assim,continuamos correndo atrás dela,sempre,sempre esperançosos e...”

Ela havia destinado as palavras á mim e todos ali sabiam,por isso que o Sammuel cortou o barato da Rose:

“Que tal se fôssemos a casa dela, pra verificar o que houve?”

Concordamos com a idéia de primeira. Quer dizer,só uma pessoa não queria ir procurar a Catherinne.Adivinha quem foi.

Depois de muito insistir, acabamos todos indo em direção  aos fundos da casa vermelha.Combinamos com o Sam de ele dar á volta,pra o caso dela sair por lá.Nos aproximávamos da esquina da casa dela e eis que ela surge,vestindo seu suéter fino,e parecendo tremer um pouco “talvez esteja com frio’’ eu disse internamente já passando a mão na minha jaqueta de couro marrom,caso ela precisasse.Ela saía pela porta de tela da casa vermelha e praticamente pulava a cerquinha branca baixa  que delimitava o terreno.Ela baixou a cabeça e algumas mechas de seu cabelo castanho caíram-lhe no rosto.Nós aproximamos reciprocamente  e ela parou,esperando pela nossa aproximação.Rosemary viu-a de longe e ,considerando que ela nunca saía de casa sem maquiagem ou sem o cabelo devidamente e totalmente no lugar,muito liso e escorrido de chapinha,ela considerava o estilo,segundo ela “Desleixado Catherinne de ser” algo asqueroso.Eu gostava de tudo,dos seus cabelos meio bagunçados caindo sobre os olhos,meio jogados de lado no qual Catherinne passava as mãos constantemente,gostava do seu estilo básico,natural,de sua simplicidade e beleza totalmente nata;ela era lindíssima,pelo simples fato de não tentar ser.Olhei-a melhor quando ela levantou a cabeça e ela parecia um milagre divino.Não consegui me conter:

“Eu gosto,ela é linda...muito,muito linda”.

Rosemary respondeu no mesmo tom,com altivez e arrogância:

“Sim,ela é linda...puff,linda é bem relativo.Linda pra você e pra mim ela parece...”

Ela completou com uma alta gargalhada,mas sem tirar os olhos de Cat,como se  quisesse que ela visse que estava falando mal dela.

Envergonhada e com as bochechas em brasa,ela baixou o rosto e pareceu inquieta .Olhou novamente e mordeu o lábio.

‘Mal sinal,isto significa que ela está nervosa.’,penso eu mordendo o lábio também.

Ela sorriu,nos encarando novamente.Abriu o seu sorriso torto de ‘eu finjo que ta tudo legal’.E disse,com um tom de voz no mesmo padrão:

“E aí, gente? Tudo bem com vocês, amigos.Onde está o Sam?”

Eu mal pude respirar .Ela estava lindíssima como sempre,mas aquele jeito meio bobo,meio cínico me deixava completamente maluco.Percebi que eu estava calado,com uma cara de boboca e com todos me encarando,esperando que eu falasse.

“Está... atrasada Catherinne.”-Foi o que consegui balbuciar-“Viemos a sua procura e o Sam ...ahn...foi a porta da frente pra o caso de você sair  e nós nos...sabe, desencontrarmos’’

Ela fez uma carinha de ‘me leva pra casa’ ,como ela própria definia,crescendo aqueles já imensos olhos escuros fazendo um beicinho ingênuo.

Ela me deixa louco.Falou fino e doce,e nós sabíamos que tínhamos de perdoá-la.

“Estou atrasada?”. Disse fingindo olhar o relógio. -“Sim, sim, estou um pouco,me desculpem,esqueci a hora”

Ela bateu na cabeça quando terminou de falar.Não mediu forças e soltou um ‘ai’ involuntário.

Caímos na risada.Sam falou algo,vindo já lá da parte frontal da casa.Não prestei muita atenção,pois ainda estava rindo,só ouvi um ‘’ “HÁ HÁ, muito engraçado” de Cat.

Rosemary riu histericamente,mas eu sabia que havia gostado de Catherinne ter se machucado.Todos nós andamos  mais rápidos,o ônibus já sairia.O silêncio se conservou um pouco,mas Sam apressou-se em quebrá-lo:

“Bom, Cat, o quê estamos procurando exatamente?”

“Ah... bom...acho que meu diário”.

Todos nós assimilamos um pouco.Eu lembro que a única hora que eu me separava da Catherinne era quando ela escrevia naquele diário.Me mandava embora e me dizia que queria ficar sozinha,e eu nunca descobri nem li nada de lá,apesar de tentar roubá-lo algumas vezes.

A propósito,não,não fui eu.Todas minhas tentativas de pegá-lo foram em vão,ou eu desistia ou não conseguia abrir o pesado cadeado.Queria descobrir quem foi,pra dar-lhe os parabéns.Fazer ela se separar daquele diário não é das mais fáceis tarefas.Sam continuou:

“Mas então... como ele sumiu?”

Ela pareceu refletir um pouco,talvez procurando a melhor  resposta.

 “Ahn,não sei,simplesmente ...sumiu”

“Ah,pra ser franca,acho que o roubaram.E eu estou totalmente aflita.”

Sophie,até então calada,deu um sorriso malicioso .Ela era a mais quieta e conseqüentemente a mais observadora.Aqueles olhos azuis,pareciam ler tudo que havia na sua alma.Sophie tinha algo de misterioso nela,no seu jeito de só falar quando extremamente necessário,talvez fosse sua fisionomia um tanto cigana,como se ela soubesse os segredos da terra e céu.Ela era mais morena porém mais baixa que Catherinne,cabelo mais curto e liso ,um pouco mais magra e bem mais séria.Ela pareceu se divertir com a afirmação da C.e perguntou divertida:

“Hm ,Cat,o que havia de tão importante naquele diário?”

Cat,ficou irritada com a pergunta dela.Ela já parecia um tanto quanto abatida,e meio doente pra dizer a verdade,talvez muito pálida,e meio frágil.Mas o que ela disse a seguir ,me provouq eu ela não estava tão cansada assim:

“Minha vida. Toda ela. Eu estou lá, completa e inteiramente. Cada segredo mais obscuro, cada pedaço. Cada fração de mim e do que eu mais amo está lá. Se vocês quiserem desistir, ok caiam fora. Eu já estou acostumada a viver sozinha, a cair em encrencas só. Belos amigos vocês são, já me deixaram uma vez, não vai mudar muita coisa se o fizerem de novo.”

Meu corpo eletrizou com essa resposta.Eu sabia ao que ela se referia.E ela jogou essa acusação pra mim.Até pro quê ainda estava me encarando.Eu lembrava de cada coisa acontecida naquele inverno frio.

Seria um dia sombrio em Montreal,o céu estava tão cinza que parecia chegar perto demais,quase como névoa.O ar estava pesado e abafado e tudo isso seria horrivelmente feio não fosse por tudo estar totalmente revestido de branco,a neve formando um manto uniforme e espesso em todas as superfícies.As árvores pareciam dormir tranquilamente junto com os rios,que estavam quase inteiramente congelados.Nós havíamos combinados a semanas esquiar mas no fim das contas,ninguém pode ir,e Catherinne,teimosa feito só ela,depois de muita briga,acabou indo sozinha.Ela disse-nos coisas horríveis,mas nós não éramos muito apegados a tanto frio de Montreal e preferimos ficar em Toronto mesmo.Ela acabou indo só,já havia comprado as tais passagens e como seria uma rápida viagem,ela foi sozinha mesmo.O problema,é que Catherinne sozinha é um imã de confusão e,desastrada,acabou caindo num lago congelado,que era bastante fundo,e quase morreu de frio e afogada se não fosse um casal estrangeiro que a resgatou.Todos nós nos sentimos culpados,já que ela passou por algo grave,pegando pneumonia e sofrendo com uma hipotermia  até,e mesmo ela tendo nos perdoado,ainda nos sentíamos extremamente culpados.

Dá pra imaginar o que eu senti quando soube?quando recebi aquela ligação da menina que eu mais amo e não só isso,a única que amo,melhor amiga,e mais que irmã?Dá pra imaginar como foi sentir sua voz doce num timbre rouco e ouvi-la resfolegar com os pulmões fracos ao me dizer que estava tudo bem quando não estava?Tem noção do que é sentir-se culpado de não acompanhá-la numa viagem tão perigosa,por pura preguiça e mesquinharia,e ter a sensação tão iminente de perde-la?Como eu me sentiria sabendo que a culpa de ter perdido ela era minha?

Não,você não sabe.

Eu digo como seria.Catherinne é meu maior incentivo pra levantar todas as manhãs e dormir todas as noites só pra vê-la novamente no dia seguinte.Eu rezo por ela e pra que nada aconteça a quem ela ama,só pra que não sofra.Eu olhos para os raios de sol e lembro do seu sorriso e da sua pele bronzeada,admirar o luar me faz pensar no seu cabelo e no brilho dos seus olhos.Ela é minha maior força e ao mesmo tempo minha maior fraqueza e eu preciso dela como um planeta precisa de suas luas.Ela é meu ponto de equilíbrio,meu lugar de paz,meu maior refúgio e com ela eu só sou eu mesmo.A simples proximidade com ela,só o fato de saber que ela está presente,me faz sorrir involuntariamente,eu procuro Catherinne em cada coisa,em cada gota de orvalho,em cada pingo de chuva,em cada folha de árvore,o perfume do jasmim me lembra ela,Catherinne não está só em tudo ao meu redor,mas também está em cada fração de mim. Não importa o quanto eu fale, não importa  quanto eu corra,não importa o quanto eu grite,nem o que faça,e na verdade não importa o que eu escrevo.Se tudo isso,vai se resumir as 5 principais palavras :"Eu a amo pra sempre" E eu agradeço todo dia,toda hora e cada segundo por ela ser minha escolhida,e  só queria que ela me escolhesse também pra me fazer sentir como o garoto mais especial do mundo,o que afinal eu deveria ser pra merecer ela.Eu amo ela de todas as formas,e nada,nem ninguém tira isso de mim,e eu não vou desistir dela,nem que implorasse por isso um dia,por que eu sei,que tudo,tudo com Catherinne vale a pena no final,sei que sem ela o brilho  dos meus olhos se extingue,meu sorriso se apaga e  só o que sinto é vazio.Eu não a amo mais que a mim mesmo,por que você faz parte de mim.Não importa quem nos criou se o material é o mesmo.Eu a acho linda com ou sem maquiagem e de todas as formas,até com cara de sono na escola,com aquele jeito bobo e fofo dela,com  os gestos desajeitados mas delicados e uma aparência frágil mas uma personalidade incrivelmente forte e marcante,com um semblante destemido e altivo .Ela pode ser muito indelicada as vezes com pessoas que não merecem,e as vezes e realmente comete erros graves,mas eu nunca deixo de perdoá-la  no final rindo das suas trapalhadas e achando graça do seu jeito infantil. O amor que ela sente por mim pode não ser do jeito que eu quero, mas pelo simples fato de eu saber que ela me ama  de algum jeito faz esse sentimento se tornar especial e ajuda-o a  continuar aceso depois de tanto tempo sem correspondência, e que ainda me  maravilhe ao vê-la cantar ou ao ler o que u escrevo.A única coisa ao seu lado da qual me arrependo é de não ter notado o quanto antes a pessoa  linda,inteligente,maravilhosa que ela é.Eu amo cada passo errado dela,cada ato em falso por que a rotina se torna divertida e diferente, por que ela me trouxe a vida de volta,quando as coisas ficaram feias e pesadas e tudo se acendeu de novo como se fosse primavera dentro de mim,e tudo se tornou novo e lindo,e eu literalmente entrei na sua vida abalando as estruturas e eu não vou sair,por que agora,ninguém rouba ela de mim,disso eu estou convicto.

Oh,droga.Estou parecendo o Edward Cullen.Sabia que não deveria ter lido a saga em conjunto com Catherinne.

Ah,havia esquecido que ainda estávamos caminhando em direção ao ponto.Eu deveria parar de ter esses ‘flashbacks’ ou ia acabar numa grande fria.

Eu não havia percebido que essa reflexão estava me levando a vários outros pensamentos loucos,até Catherinne me retirar do meu torpor:

“Mariah não veio?”

Rosemary rebateu com raiva:

“Não, não veio. Teve dentista. Sorte dela. Já que vir aqui só serviria pra você magoar mais uma pessoa.”

Eu pude sentir os ossos de Catherinne ficarem tensos,e quase pude ouvir seus dentes rangendo.Era óbvio que as palavras de Rose a haviam machucado,ela podia ser mandona as vezes,mas mal-educada  ou falsa ela não é,e a pior ofensa que alguém pode jogar sobre ela é dizer que ela não liga pra seus amigos.Cat tentou reverter a situação:

“Olha pessoal... hm. desculpem ta legal? Eu não queria machucar vocês, sinto muito por isso e me odeio por tê-lo feito, mas vocês têm que entender, eu estou magoada também e não muito bem”.

Nos mantivemos calados.Mas como resistir e ficarmos bravos com aqueles brilhantes olhos castanhos?

Aquela expressão dela era do mal.Ela me fazia incendiar.Uma carinha meio sapeca,meio feliz,como se não agüentasse segurar sua euforia por termos perdoado-a.Eu pude sentir-me corar consideravelmente quando ela virou-se pra mim,veio em minha direção e me abraçou forte.

Seu abraço era tão forte, calmo e ao mesmo tempo leve. Tinha aquele ar de familiar, seu cheiro, o brilho dos seus olhos,seus cabelos macios,mas sempre tinha algo novo,uma queimação  excitante,como se eu fosse explodir.Coloquei a mão delicadamente em suas costas,acariciando-a até pousá-la em sua cintura.Ficamos um tempo assim,até Karol gritar histérica:

“O ÔNIBUS!”

Nós só conseguíamos ver a traseira do ônibus avançando cada vez mais.Lógico que corremos pra caramba e pude jurar que meus pulmões iam sair do meu peito.O motorista parou ,ainda bem que antes de eu ter um ataque cardíaco.Ele era conhecido da turma,nós sempre andávamos no ônibus dele.

Subimos rapidamente pelos degraus,não sem Cat dar uma tropeçada antes.Estava cheio,mas uma senhora simpática,apesar de extremamente séria,cedeu seu lugar pra Catherinne,que sentou,esperou um minuto ,e ainda encarando a senhora,levantou-se e segredou algo no ouvido do Lucas.O vi suspirar um pouco,e meio indeciso,estender o braço do violão que carregava sempre consigo,em direção a mão de Cat.Ela pegou-o meio nervosa,e até tremendo um pouco,não sei se pela agitação do ônibus,e começou a mexer nas cordas,delicadamente e quando terminou de fazer isso,começou a tocar.

Algumas pessoas do fundo olharam,depois foram quase todas,a não ser alguns indivíduos que continuavam lendo o jornal,olhando pela janela imersos em seus próprios problemas ou falando ao telefone.

E então,aconteceu algo improvável:Catherinne começou a cantar junto com a melodia.

Eu sabia que conhecia aquela música de algum lugar,era Papa don’t preach e eu gostava dela desde que conheci a  série Glee.

As pessoas se perguntam por quê, nós ficamos tão maravilhados com a voz da Cat.É simples:ela canta muito,mas muito mesmo.Ela é capaz de dar agudos incríveis,e cantar as músicas mais difíceis do tipo ‘Oi América!’ e mesmo assim,mantém a voz suave e um tanto rouca.Aquela voz me encantava profundamente e eu não era  o único:olhei pra os meus amigos e os passageiros do ônibus e todos estavam achando lindo,ou pelo menos estavam gostando daquela ousada quebra do silêncio da tarde.Mas o principal motivo pra gostamos tanto de vê-la cantar era um simples:ela quase nunca cantava.Então é sempre único presenciar.

Catherinne não é tão tímida assim.Ela apresenta trabalhos  muito bem na escola e é extrovertida ,falante e tagarela,ao contrário de mim, tão isolado.Ela até cantava antes em festas,desde que aprendeu a tocar violão aos 10 anos.Ela já participou de um concurso que avalia as melhores vozes e ficou em segundo e olha que competiu com adultos.Ela cantava demais,em todos os cantos,principalmente pra mim,que ela dizia ser o melhor público já que fingia não notar se ela viesse a desafinar em alguma nota.Só que,com o tempo,ela foi enjoando de tudo aquilo,ela foi pensando melhor e vendo que as pessoas estavam se acostumando com a sua voz,o que era ruim segundo ela,já que sempre gostava de surpreender a todos.

Percebi que ela havia terminado de cantar e algumas pessoas comentavam positivamente a apresentação,enquanto umas ou outras se preparavam pra tirar dinheiro do bolso e procuravam  um chapéu ou uma sacola pra por ele.O ônibus parou e as pessoas levantaram algumas só pra falar com Catherinne.Mas ela já havia saído a tempos e nós fomos atrás,meio relutantes.

A senhora que cedeu o lugar a Catherinne lhe disse algo e ambas sorriram.Ela virou devagar pra nós e percebi que seu sorriso havia se desfeito quando viu nossa expressão de ‘Ok, ahn,que diabos foi isso?’mas ela ignorou e continuou a andar  a nossa frente,esperando que nos movêssemos.Era bem perto a sessão de achados e perdidos e  podíamos ver a fachada mal-cuidada do estabelecimento cinza,as vigas um tanto quanto mal pintadas,a tinta na parede descascando revelando outras mãos de tintas verde por baixo e até dava pra ver os tijolos em alguns pontos havia um tapete puído onde estava escrito ‘bem-vindo’,mas não sei porque, tive a impressão que ninguém era bem vindo ali. Entramos lá devagar meio juntos ,meio com medo do que iríamos encontrar naquele lugar pavoroso.

Quando abrimos a porta um sino acoplado rangeu e fez um barulho preguiçoso que assustou todos nós menos Catherinne que estava a frente e parecia incrivelmente decidida e reflexiva.Os corredores eram mal-iluminados e estreitos e parecíamos elefantinhos amestrados numa seqüencia estranha,em fila.Tive a impressão de ter saído do mundo,como se aquele lugar houvesse se desprendido do planeta,tipo uma realidade alternativa.Cat parou bruscamente em frente ao balcão e todos nós que olhávamos em volta batemos um nos outros quase como uma comédia pastelão.Não pude ver direito quem estava lá,já que era o último da fila,mas pude ver que se tratava de uma senhora de meia-idade.

“Com licença...?”Catherine começou.

A senhora balbuciou algo devagar e as paredes ricochetearam como num eco.

“Eu procuro... procuro... procuro...?”

“Siiiim...?’’

Cat parecia meio irritada,chegou mais perto do balcão e eu pude ver que a senhora lia algo e nem olhava pro rosto dela.

“Procuro saber onde fica a sorveteria, eu e meus amigos estamos perdidos.”

Eu achei estranho,ela parecia tão decidida a procurar seu diário,e desistiu na reta final!?

“Segunda rua à direita, siga em frente e certamente achará”

“Obrigada”

A mulher balbuciou algo de novo e quase fez uma menção pra que saíssemos e deixássemos de incomodá-la.

“Vamos cair fora. ’’

Saímos do mesmo jeito,só que bem mais rápido,como se tivéssemos medo da porta se fechar de repente e nós ficarmos trancados ali.

Credo.

Catherinne queria ir embora e eu me ofereci pra ir com ela.Acho até que percebi uma lágrima em seus olhos,puxa vida,esse diário era mesmo algo importante.

E foi então que eu decidi:eu ia achá-lo de qualquer jeito.Não ia deixar minha pequena chorar.

Meus outros amigos aproveitaram que já estavam no centro e realmente foram tomar sorvete.Ainda vi Rosemary morrer de ódio pro não poder ir com nós dois pra casa quando me ofereci pra levar Cat.

Fomos a pé,rimos e conversamos muito.Eu adorava isso,ficar a sós com ela.Por mais que não pudesse tocá-la ,beijá-la de novo,ainda era bom.

Sim,já havíamos ficado.

Sim,foi o melhor dia da minha vida.

Não,não aconteceu de novo.

Não,não vai mais acontecer.

Ela tem namorado.Quer dizer,não um namorado oficial já que ele pega todas as líderes de torcida quando quer.Eu vejo tudo,todos vêem menos ela,quer dizer,se faz de cega e surda pra comentários.Duvido muito que ela ame aquele idiota,por que ele passa dias a fio sem falar com ela,a maltrata,a trata como lixo,pede pra ela fazer atividades e coisa do tipo e vive pressionando-a pra transar com ele.É só isso que ele quer,ela é tipo um prêmio.Ela é popular,bonita,legal,extrovertida e talentosa mas ele só vê uma coisa:

Ela a acha muito,muito gostosa.

Mas,no fim das contas,não o culpo por isso:Catherinne é linda pro dentro e por fora,e seu corpo é capaz de deixar qualquer homem são ,louco.

Ela gostaria de emagrecer mais,ouço isso dela sempre,mas  eu não concordo.Cat é perfeita pra mim.

Pena que seja pra ele também.

Esse baile idiota,ele só vaI levá-la pra conseguir uma coisa no final.E então,ele via conseguir o troféu máximo que ele nunca conseguiu no futebol.

Minha Catherinne.

Mas,isso eu não vou permitir.

Já podia se ver sua casa ao longe.

”Hm, mamãe chegou. Mau sinal”

Ela suspirou meio pesarosa,certamente não avisou que sairia a sua mãe.

“Tchau, T.Amo você amigo, até depois. E me desculpe.”

Ela me beijou rápida na bochecha e eu estremeci um pouco.Eu sabia que aquele desculpe não era só por hoje,era por muita coisa.

Dei meia-volta quando me certifiquei que ela havia entrado em casa,voltei pensativo pela floresta já escura,com as estrelas apontando no céu.

Cheguei em casa meio apressado,só queria tomar um banho antes de fazer as tarefas.Entrei e saí rapidamente do chuveiro,estava com a cabeça a mil e gostava de escrever o que sentia,sempre melhorava e as vezes,o que parecia tão relevante,escrito me fazia perceber o quão idiota era.Isso ajuda a enfrentar problemas.

Terminei o dever de cálculos que estava extremamente fácil,pelo menos pra mim:o ‘nerd cdf’.A propósito,existe sim uma certa diferença entre os dois:Cdf é um aluno  aplicado na minha opinião (na dos outros  um ‘sem vida social’) já um nerd é um cara que gosta de jogos,tecnologia e computador na minha opinião (na dos outros também um sem vida social,por isso que pessoas sem cultura confundem)e ,geralmente,um nerd também é cdf  e vice e versa como no meu caso.Isso só quer dizer uma coisa:Eu sou um completo e irreparável ’sem vida social’.

Comecei a escrever meio que por acaso.Eu resolvi arrumar as emoções,assim ia ser mais claro.Lembrei da música ‘Nicest Thing’ da Kate Nash uma das minhas favoritas e comecei a escrever:

"Queria que meu sorriso fosse seu favorito,que meu estilo o seu preferido,que minha presença fizesse você suar frio,corar,tremer as pernas.Desejaria que você me amasse ,ansiasse pra ver meu cabelo na luz do sol e que o retirasse devagar dos meus olhos,queria que você sonhasse em me ver ao amanhecer,queria que rezasse por mim ao acordar,que suspirasse ao ver meus olhos sob a luz do luar.

Queria que você tivesse espasmos ao fitar meus olhos,queria ouvir que o som da minha risada o contagia,queria que achasse meus tom de pele o mais bonito, queria que me desse um pedaço do seu coração, queria que gostasse de mim como gosta de seus 5 dedos da mão.

Queria que minha voz fosse seu som mais gostado, queria que me fitasse com admiração, queria nunca te decepcionar, queria me libertar de meu silêncio, pra poder dizer tudo isso.

Queria que você me quisesse.

Queria que você me amasse.

Mas infelizmente, essa é a única coisa que você não quer.”

Acabou.Eu realmente queria poder mostrar isso um dia a Catherinne.

Aham,talvez na próxima encarnação.

Tinha mais coisa.

Eu não sei de onde tirei  esse,ficou até  macabro,mas se vai me ajudar a descongestionar minha mente,tudo bem.

"Esperar por você,foi como esperar pela vida:não sabia se seria escolhida e nem me passava pela cabeça ,pelo fato de eu achar a possibilidade inexistente de você me querer.Não sabia que o que ia acontecer a mim,mas eu queria você pra sempre e existia um modo de conseguir.Na minha nova fase,superior ao que eu era antes,tive receio de cumprir minha missão.Mas,depois de refletir por uma pulsação,Eu não liguei,queria ver o circo pegar fogo,queria jogar gasolina na fogueira,queria ver os corpos voando e as cabeças rolando,eu queria platéia pro nosso "pra sempre" senão não seria um espetáculo,pelo simples fato de seguir impulsos e assustar mesmo,mas pensei melhor,era pra ser um momento nosso,só nosso.

 Sangue.O cheiro do seu doce sangue me atingia como um tapa na cara.Meu estômago rugia guturalmente de fome,mas eu não podia beber mais,ia ceifar sua vida.

 Você ainda estava acordada,consciente, e me olhava assustada.Eu não suportava isso,doeu como ácido pensar que eu te machuquei.

 Mas ia valer a pena,você seria minha.

 Seu coração batia fraquinho,não em comparação ao meu  agora  que não pulsa,mas  em comparação ao meu coração de antes,palpitando enlouquecidamente quando você se aproximava.

 Eu tinha sim um amor platônico por você,precisava de sua aprovação.

 ...

 agora ,a única coisa que preciso

 é de seu sangue;”

Me assustei profundamente com esse texto.Eu estava afirmando que queria beber o sangue da Cat?

Eu não pude evitar rir com escárnio com esse pensamento louco.Mas eu não pude me manter em pé por muito tempo,caí na minha cama e sem cobertor  nem nada mesmo,ainda admirado com meus textos loucos,adormeci,muito cansado.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem.Decidi que ver algumas partes da história por outra visão seria interessante.Se gostarem,ou não gostarem comentem e continuem lendo.Beijos.



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