Tensão. Assim que adentrou o enorme salão que vinha a sua frente, suas perninhas tremeram por si só. Aquilo era fora do comum, e Tom sabia que poucos acreditariam se contasse.

Ele era um bruxo, e estava em Hogwarts.

Demorou algum tempo para se acostumar com a ideia, uma vez que sempre achara ser o menino mais infortunado do mundo. Engraçado, achava ele, descobrir de uma hora para outra o motivo de tanta discórdia, o porquê de ser tão diferente. Ele não era diferente ali. Ele era Tom Riddle.

Aproximou-se da fila de meninos e meninas praticamente do mesmo tamanho que ele. Um rapazinho loiro sorriu assim que o olhou. Tinha um "M" ornamentado com esmeraldas preso em seu uniforme. Devia ser alguém importante.

- Senhorita Killew, pode olhar para o teto mais tarde. - reclamou um dos monitores ali presentes, guiando os primeiranistas. Tom observou o brasão do mais velho e seus olhos brilharam arduosamente.

Ele era alguém importante.

Formaram uma fila, colocando-o praticamente no final. Algumas garotas olharam curiosas para ele, outras riram. Exatamente como faziam no orfanato, estavam fazendo ali. Mas não. Ali era diferente, Tom sabia.

Ali as coisas iriam mudar por completo.

O professor que viera entregar sua carta chamava os alunos, um por um. Estes sentavam-se num banco alto, individual, e recebiam em suas cabeças um chapéu alto e pontiagudo. Tom sorriu ao ver que o chapéu parecia conversar, sussurrar coisas, encantar. E, por fim, dizia em alto e bom tom a casa que o aluno deveria ir, e o mesmo seguia aos pulos para ser recebido com abraços e palmas de todos os outros estudantes.

Levantou um pouco a cabeça para ver o proximo aluno a ser classificado. Lá estava, sentado no banco, o menino que lhe sorrira assim que chegara, o mesmo que tinha o "M" preso em sua roupa. O chapéu grunhiu praticamente frustado antes de gritar:

- Sonserina!

Todos aplaudiram, uma mesa inteira. Uma mesa cheia de alunos vestindo preto e verde, com um belíssimo emblema de serpente. Os olhos de Tom brilharam mais uma vez naquela noite.

- Senhor...ah. - parou Dumbledore por um momento. - Tom Riddle. - chamou.

Segurança, Tom, segurança. Não havia motivo para medo, havia?

Sim, haviam vários. Medo de não ser bem recebido, medo de ser enviado à casa errada, medo de não ser aplaudido, medo que o chapéu seletor lhe dissesse algo ruim, medo que soubesse que Tom era um órfão, abandonado pelo pai...

Sentou-se e ajeito-se, brigando mentalmente consigo mesmo, porém por fora aparentava calma. Dumbledore sorriu, pousando o chapéu delicadamente em sua cabeça. Tom suspirou, esperando pela jornada de palavras.

- Vejo muito potencial aqui, - começou o chapéu. - sinto que você será bem dedicado, e colherá muitas consequências. Vejo também o quanto é persistente, e isso é bom. Será necessário, será líder. E todos verão, posso apostar.

O chapéu parou um pouco, deixando Tom visivelmente aflito. O menino suspirava, buscando acalmar seu pequeno coraçãozinho. Tinha que ser forte, tinha que ser persistente.

- SONSERINA. - anunciou mais uma vez, em um tom mais alto do que o comum.

Aplausos, gritos, sorrisos, mãos e abraços. Sim, Tom acabara de chegar em casa.