A Serpente escrita por Laaux


Capítulo 1
luo ri


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura, minhas serpentes



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Luò rì (Pôr do Sol)"

Gwen Pov.

Eu observava o sol se por pela janela do meu quarto.

Eu odiava essa hora do dia. Por que eu só estava acordada para vê-lo quando eu não havia dormido nada. O dia lá fora acabara, e o dia na Academia St. Vladimir começaria em breve, os estudantes moroi e dhampir acordariam para começar suas atividades diárias como outra noite qualquer.

Observei Katherine na cama ao lado da minha, ela dormia tranquilamente. Katherine e eu éramos colegas de quarto esse semestre, nós duas somos dhampir, treinamos para sermos guardiãs dos moroi e protegê-los a todo o custo.

Eu não duvidava de que eles precisassem de proteção, afinal os strigoi – vampiros que se corromperam – estavam sempre em busca de sangue moroi, e eles eram muito fracos para se defenderem sozinhos, ou simplesmente têm preguiça de aprender a lutar... ou de usar seus poderes.

Os moroi são uma raça de vampiros “bons” que não matam para conseguir sangue, vivem sob a monarquia de 12 famílias reais e mais um rei ou rainha e, até alguns dias atrás, foi eleita uma nova rainha, Vasilisa Dragomir, uma rainha muito diferente das suas antecessoras.

Na adolescência, os moroi despertam um poder especial para com um dos 5 elementos: Fogo, Terra, Ar, Água e o recém descoberto Espírito, um elemento muito raro e com capacidades ainda desconhecidas, eu não sou nenhuma especialista no assunto. O que torna a rainha Vasilisa tão especial? Ela é uma usuária de Espírito, isso, e o fato de ter apenas 18 anos. Ela estudou até o ano passado nessa academia.

Mas, isso é história para outro livro. Meu nome é Gwen Wàng, tenho 14 anos e odeio essa escola.

Para começar, odeio o fato de eu ser a única dhampir oriental daqui. Pois é, quando eu cheguei aqui o pessoal nem sabia que existiam dhampir chineses, o mundo moroi é muito focado na linha América-Europa, e há poucos registros da historia dos moroi e guardiões asiáticos.

Eles me chamam de Mulan Hilton. Por que o “Hilton”? Por culpa de minha adorada mãezinha moroi; eu sou loira...

E também não podia ser um loiro qualquer, é um loiro bem amarelo, sabe? Contrasta terrivelmente com meus olhos negros como a noite.

E devo meu lado chinês (98%) a meu pai, um honorário guardião. Origem: Província de Gansu, em um lindo e afastado vilarejo de dhampirs e morois.

Aí vai um breve resumo da história de meu nascimento:

Num belo dia, Lady Dashkov tem sua mão pedida em casamento pelo Lorde Zeklos, encantada, ela aceita se casar com o Lorde, e dentro de um mês aconteceria a cerimônia que uniria essas duas famílias reais. Porém, Lady Dashkov tinha uma natureza indomável, era vibrante e traiçoeira como o fogo, seu elemento, características que despertaram uma grande paixão entre ela e um dhampir asiático, eles tiveram uma relação secreta antes do casamento dela. Inevitavelmente, Lady Dashkov engravidou, e mentiu para o Lorde Zeklos que ele era o pai da criança. Lady Dashkov sabia que a criança seria uma dhampir, e dois morois não poderiam dar a luz a um bebê dessa linhagem, então ela tentou uma coisa que seria contra todos os princípios moroi: abortar! Antes que fosse possível identificar sua espécie.

Ela foi pega. Desde então ela foi vigiada por seu guardião, que por sua vez tinha grande amizade com o guerreiro chinês. Juntos, Lady Dashkov e seu guardião bolaram um plano, ela seguiria as orientações de uma médica chinesa, uma humana, e bebera chás especiais para acelerar a gestação.

Lady Dashkov teve sua filha dhampir com 8 meses, o parto foi realizado em um quarto secreto em sua mansão – ela não conseguiria passar pelos guardiões da família e do noivo – com segurança pela médica, e a criança foi levada por 6 homens e 3 mulheres encapuzados, eles usavam vestes vermelhas com um emblema em mandarim sobre o peito esquerdo: Shé, a Serpente.

Os nove guerreiros partiram com a dhampir nos braços até a terra natal de seu pai; a China.

 Acreditasse que a médica era uma alquimista que prometera esconder a história de seus superiores, não se sabe ao certo por que. Eu, pessoalmente, acho que ela devia favores aos guerreiros.

Então, Lady Dashkov providenciou a adoção de uma menina moroi que tivesse algumas características suas e do noivo: cabelo loiro, olhos azuis, etc. E fingiu ser sua filha.

Enquanto isso, na China, a bebê dhampir foi criada com seu pai e avós... Até que Lorde Zeklos descobrisse, quatro anos depois, quando exigiu um teste de DNA que revelou estar sendo enganado todo aquele tempo. Foi quando o nobre guerreiro foi ameaçado de morte e outras coisas terríveis, que não foram reveladas, se não levasse a criança de volta aos Estados Unidos.

Ele cumpriu o acordo e foi sozinho até um lar de adoção no estado de Montana.

Eu me lembro de seu rosto; ele não chorou, ele não olhou para trás, ele simplesmente me reverenciou e fez o cumprimento do Kung Fu; mão esquerda em palma abraçando a mão direita em punho, e então me deixou um pergaminho – o qual eu não tive coragem de abrir até hoje.

O guerreiro foi honroso, ele cumpriu sua parte por mais dolorosa que ela fosse, mas isso não significava que Lorde Zeklos tivesse os mesmos escrúpulos que ele. O guerreiro foi encurralado pelos guardiões do Lorde, ele lutou bravamente, derrubou a maioria deles.

Ele teve a chance de escapar, mas o guerreiro era orgulhoso, ele não fugiria antes de vencer todos os seus inimigos. O orgulho o matou.

A partir de então a pequena futura guerreira viveu metade da infância no lar de adoção, onde nenhum casal nunca teve interesse nela, talvez pelo simples fato de ela repelir os humanos. A outra metade começou quando um moroi passou por aquelas portas e a viu pela primeira vez, aquele homem sempre procurava por morois ou dhampirs perdidos no mundo humano. Ele a levou para a Academia St. Vladimir.

Onde estou hoje. Sentada na cama do dormitório dhampir feminino – que sempre estava mais vazio que os outros por falta de guardiãs mulheres –, abraçada no edredom, esperando que o dia começasse logo; já perdi minhas esperanças de ter algum sono hoje.

Katherine se remexeu e me olhou.

- Há quanto tempo está acordada? – perguntou sonolenta.

- Não muito.

- Que horas são? – procurou pelo relógio, quando viu as horas bocejou – ah, está cedo ainda. Odeio acordar cedo, depois não consigo voltar a dormir.

- Eu sei.

Encarei o chão pesadamente. Katherine sentou na cama e se inclinou apoiando os braços em seus joelhos para poder encarar meu rosto. – Está tudo bem?

Sinalizei a caixinha em cima do meu criado mudo com os olhos.

- Ah... Você está pensando no que está escrito, não é? – ela respirou fundo.

Levantei-me jogando o cobertor de lado, sem me importar no que ela ia pensar de me ver de calcinha e com a blusa que usei no dia anterior.

Eu odiava deixar os outros saberem o que eu penso ou como eu me sinto, mas Katherine e eu já nos tornamos grandes amigas. Eu confiava nela mais que ninguém.

- Estou quase enlouquecendo! O que ele iria querer me dizer? – peguei a caixa chinesa com as duas mãos e me ajoelhei – tem tanta coisa que eu diria a ele...

- Amiga, se você acha que está na hora, abra.

- Mas eu não sei se está na hora. A escolha de não ler foi minha, agora eu estou com medo de depois de tantos anos... E se não for nada demais? Eu sei que essas coisas parecem tolas, mas essas perguntas pipocam na minha cabeça... Eu tenho medo, Kat.

Senti sua mão reconfortante sobre meu ombro. – Abra. Tire logo a duvida, você não esta ganhando nada pensando no que pode ser.

Segurei o pingente do meu colar, a chave, encaixei ela na fechadura da caixinha. Minhas mãos tremeram.

- Eu não consigo... – tirei.

Eu estava fazendo um drama por causa disso. Mas ninguém entendia o quanto aquilo pesava para mim. O pergaminho que meu pai me deu. Tantas lembranças me vinham e eu não era forte o bastante para encarar.

Alguns minutos se passaram, Katherine arrumou sua cama e foi para o banheiro, e eu fiquei brincando com a chave em meu pescoço.

Ouvi o chuveiro ser ligado. Katherine Charmer não era uma das guardiãs mais fortes, mas era uma grande amiga, todos que a conheciam se cativavam por sua gentileza. Ela era boa demais, totalmente contra a violência, e na verdade, acho que ela só está aqui por minha causa. Ou talvez ela tenha algum plano anti-violência para acabar com as aulas de luta na escola, o que não vai acontecer.

Ela também era linda. Tinha cabelos castanhos cacheados que iam até o meio das costas, sua pele era clara, com um leve bronzeado. Mas seus olhos era o que encantavam todo mundo; olhos grandes, verdes azulados penetrantes. Só faltavam as asas e ela seria um anjo.

O oposto de seu irmão, Benjamin. O Outro motivo para Katherine estudar aqui.

Ele era a violência em pessoa; completamente destrutivo, isso fazia dele um ótimo lutador. Mas sempre que ele não estava treinando, estava arranjando briga com alguém.

Ardiloso, presunçoso, irritante, festeiro, mulherengo e meu melhor amigo.

Depois que eu tomei banho, Katherine e eu fomos tomar café da manha, antes de descermos nos olhamos e caímos na gargalhada; nós nos vestíamos igual, calça jeans, camiseta rosa e cabelo preso. Depois do momento melhores amigas passar e o drama de mais cedo ter sido esquecido, seguimos em frente.

Quando passávamos pelo salão do dormitório, algumas garotas estavam acordadas conversando animadas. A garota de cabelos negros em corte Chanel parou na nossa frente.

- Oi, magrela, – Erika Koversk era a garota mais irritante que eu conhecia, outro dia nós fizemos dupla na aula de luta e eu a derrotei, quando o professor foi nos ver ela se arranhou no rosto e se jogou no chão, me acusando de golpe baixo. O professor acreditou nela, que merecia um prêmio de atuação, pois até mesmo chorava, e ele me mandou a sala do diretor idiota Lazar, eu o odiava e acabei falando em voz alta o quanto aquela escola havia ficado ainda pior depois que ele assumiu a diretoria. Levei uma suspensão – Estão indo ao refeitório? Pra que tanta pressa? A comida não vai acabar. Bom, talvez acabe com você lá. – gargalhou. Ela estava provocando a Katherine. Ela tinha um bom apetite, mas era bem magra por causa de seu metabolismo esquisito.

Eu não ia deixar aquela metida falar assim com minha melhor amiga, então me pus a frente dela e encarei Erika.

- Não fale com ela assim, Koversk – falei seu sobrenome como se fosse um palavrão. Acontece que quando eu estava com raiva, não conseguia segurar meu odioso sotaque, que acabou com qualquer tom de ameaça que eu pretendia ter dado. Erika abafou o riso e falou:

- Ou o quê, Mulan? Vai me arranhar de novo? Quer levar outra suspensão?! – ela se aproximou de mim empinando o nariz. Minha vontade era de esmurrar ela.

- Chega, Gwen, ela não vale isso. – Kat me puxou pelo braço e fomos até a saída.

- Odeio aquela garota – murmurei assim que saímos do dormitório. Demos de cara com a Linda St. Vladimir primaveril. A primavera era minha estação favorita, amo as flores e as cores e os cheiros, me fazem me lembrar de casa, o vilarejo.

- Eu também, mas isso não é motivo para arranjar uma briga!

- Kat, pra você nada é motivo pra arranjar briga. Nem se sua vida estiver sendo ameaçada.

- Isso aí – ela disse e eu rolei os olhos.

- Olha – ela apontou para uma figura de uma mulher cambaleando perto das árvores – quem é aquela?

- É a Alice? – o que uma alimentadora estava fazendo aqui fora?

- Vamos ajudar ela! – Ah, Kat e seu coração generoso.

Quando nos aproximamos, Kat a segurou, e eu segurei Kat que tinha tropeçado nos próprios pés.

- Dona Alice? Por que está aqui fora? – perguntei.

- Ah, oi querida – ela me olhou meio zonza, provavelmente tentando decidir quem eu era – eu vim passear... Não está um lindo dia? – seus olhos brilharam fracamente.

- Ela está pálida, deve ter fornecido sangue agora pouco – foi Katherine quem falou, ela estava checando o pulso de dona Alice, ela era uma alimentadora da academia há muito tempo, e era completamente viciada nas endorfinas na saliva dos moroi. Eu secretamente tinha nojo dos alimentadores por se rebaixarem, eles eram humanos e ninguém se importava com eles, eles davam seu sangue aos moroi por livre e espontânea vontade, só pelo prazer das endorfinas. Eca.

- E como é que eles deixam uma alimentadora sair nesse estado? – questionei.

Ela me olhou também confusa e então olhou Alice nos olhos, ou tentou pelo menos, ela balançava a cabeça freneticamente e seus olhos rolavam para todas as direções.

- Essa mulher está completamente doida – eu disse – ela precisa se aposentar.

- Aposentar? – ela pareceu voltar a si por um momento – não, não... Eu não posso viver sem as mordidas, querida. Não na minha idade, não sirvo para mais nada! – balançou negativamente a cabeça.

- Me ajude a levá-la aos alimentadores, G. – Katherine apoiou um dos braços da mulher em seus ombros, e eu fiz o mesmo com o outro braço.

Seguimos até onde os morois se alimentavam. Enquanto andávamos, escutei um barulho estranho vindo do meio das árvores floridas, parecia um sussurro ou um sibilar assustador; ssssssá. Desviei os olhos para Kat, mas ela não parecia ter escutado nada. Estranho. Assustador.

Deixamo-la lá, e uma moroi que trabalhava na academia a deixou numa sala para descansar e recuperar o sangue perdido. Ela disse que Alice só forneceu sangue uma vez hoje, para uma moroi chamada Carmen Ciano (não era um nome da realeza), ainda sim foi na dose correta.

- Eu não sei como ela saiu, estava bem até eu tirar os olhos dela por um minuto, e sumiu! – explicava.

Eu e Katherine nos entre olhamos.

- Entendo, então fique de olho nela para que não aconteça de novo, ela estava quase desmaiando – falei e me aproximei de Alice – E você não saia daqui novamente, a não ser que seja sua folga.

- Hum... Aham – murmurou, seus olhos estavam focados em algum ponto atrás de mim. Olhei para trás. Nada. Eu estalei os dedos em frente a seu rosto e ela olhou para mim, então me analisou profundamente, parecendo me reconhecer pela primeira vez. – Oh, Gwen Wàng? Linda, como você está linda! Lembro-me quando você chegou à academia, e você entrou aqui sem querer, oh, como você esta linda! Vou sentir tanto a sua falta, querida.

Essa última parte me chamou atenção.

- O que? Por que você vai sentir minha falta? – olhei para a Kat que nos olhava interrogativamente.

- Quando você for embora, querida. Você fará muita falta...

- Quando eu vou embora? Eu só me formo em quatro anos, senhora – ela estava louca.

- Não, não.

Eu estava ficando muito confusa, era só uma viciada doida falando loucuras.

- Não, eu não vou me formar?

- Não, não. – ela repetia essas palavras e começou a cantarolar.

- Acho melhor irmos, meu irmão deve estar nos esperando – Katherine me chamou.

- Okay, vamos.

Assim que deixamos a ala dos alimentadores, minha amiga começou a perguntar do que Alice estava falando.

- Como assim, G.? Você vai embora? – só faltava ela me chacoalhar.

- Não! Eu não faço idéia do que aquela louca estava falando!

- Não a chame de louca, G. Ela passou por muita coisa – defendeu-a.

Não respondi, pois senti alguma coisa se mexer pela minha visão periférica. Olhei rapidamente para as árvores, mas não vi nada.

Ssssssá!

Escutei aquele sibilar novamente e me virei, um dos galhos da cerejeira tremelicou, deixando cair algumas pétalas. Não havia vento aquela manhã.

- Que foi? Viu alguma coisa? – Katherine me olhava como se eu fosse um alienígena.

- Não... Nada – andei, mas continuei encarando a cerejeira por mais alguns metros.

Chegamos ao dormitório dhampir masculino, que era bem mais cheio que o feminino, já que a maioria das mulheres dhampir engravidava de amantes moroi, e optavam por cuidar dos filhos. Já que é raro mulheres moroi se apaixonarem por homens dhampir e terem filhos dhampir, eles não tinham essa alternativa.

Eu nunca que iria engravidar de um moroi. Muito menos fornecer meu sangue durante o sexo, quem fazia isso tinham uma péssima reputação e eram chamadas de meretrizes de sangue. Eu não queria me igualar a esse nível.

Nós paramos na entrada do saguão, esperando que Benjamin descesse. Faltavam 10 minutos para nossa primeira aula do dia, “Introdução às técnicas de combate para guardiões”, e ele estava mesmo demorando.

- Onde foi parar meu irmão, Deus? – exclamou Katherine ao meu lado. Assim que ela falou isso, Angus Borislav (do eslavo, significava aquele que fica famoso pela luta, aguento?), colega de quarto e melhor amigo de Benjamin passou por aquelas portas, e ele parecia que tinha levado um soco, pela cara, não dormiu nada. Ele tinha a mesma idade minha e de Katherine, e fazíamos a primeira aula juntos, ele era o preferido do professor e era o “ajudante” dele.

- Hey, gatas, estão procurando por alguma coisa? – piscou – posso ajudá-las com isso.

Mencionei que ele era um idiota?

- Nenhuma ajuda sua, obrigada. Cadê o Ben? – perguntei.

- Tava dormindo a hora que eu desci – respondeu indiferente – rolou maior festa no nosso quarto ontem! – sorriu animado – pena que vocês não foram convidadas – me analisou e pareceu realmente desanimado.

- Para tudo. Ele está dormindo? E por que você não acordou ele?? – eu vou bater nesse cara!

Ele não respondeu, ficou fazendo cara de idiota. Deus, espero que burrice não seja contagiosa.

- TÁ ESPERANDO O QUE? VAI LÁ CHAMAR ELE, ANIMAL! – gritei.

- Hum... Sexy, já te falaram que você fica Gwen irritada? – ele ainda vinha flertar comigo? E que droga de flerte foi esse?

- VAI! – gritei de novo. Dessa vez ele se virou e foi.

- Qualquer dia eu ainda dou um soco nesse idiota – murmurei para Katherine.

- Sei lá... Ele é burro, mas é gatinho... – falou.

- Hein? Tá doida, é? O cara é um porco! Não sei como seu irmão aguenta ele... – eu não parava de falar e de ficar irritada e de falar, e um sorriso sinistro começou a brotar no rosto de Kat – que foi? Você tá me assustando...

Seu sorriso só aumentou.

- Ah! Você gosta dele, você gosta dele! – cantarolou.

- Que? Não invente, garota. Se existe alguém que eu goste nesse mundo (e não tem), o Angus, com certeza, é a ultima pessoa que...

Fui interrompida quando a porta se abriu novamente.

Benjamin entrou no saguão bocejando e passando a mão pelo seu cabelo castanho rebelde. Agora eu sei por que seu cabelo sempre parecia que foi meticulosamente arrumado para parecer bagunçado. Por que ele estava bagunçado. Ben provavelmente levantou e vestiu a primeira coisa que viu, que hoje foi uma calça jeans clara rasgada no joelho amarrotada, uma blusa regata preta, que de alguma forma conseguia deixar seus músculos ainda mais definidos.

Apesar de estar com olheiras nos olhos, ele parecia bonito como sempre. Assim que nos viu, Ben abriu seu sorriso presunçoso habitual.

- Oi, meninas – falou, senti o seu hálito de menta, não soube como ele conseguiu escovar os dentes em tão pouco tempo, mas agradecia por isso, já tive o desprazer de sentir seu mau hálito de manhã.

- Que... o que, G.? – perguntou Kat.

- Huh? – pareceu que eu acabei de sair de algum transe.

- Você falou “Angus é a última pessoa que...”? – insistiu.

- Ah, esquece. Vamos logo para a aula.

Ben colocou um braço em minhas costas numa espécie de meio abraço e o outro na Kat, ficando entre nós duas.

- Então, como foi a festa? – perguntou Katherine.

- Festa? – Ben olhou confuso – não teve festa nenhuma! De onde tiraram isso? Eu nunca faria uma festa sem vocês, meninas! Não acredito que estão me acusando de algo assim! – ele era um péssimo mentiroso.

- A Maggie tava lá, né? – falou Katherine entendendo. Maggie Szelsky era uma moroi veterana que fornecia bebidas alcoólicas pras festas, e também encobria a farra, pois por ser da realeza ela tinha seus contatos.

- É, estava – ele lançou um olhar pedindo desculpas.

Todo mundo sabe que ela me odeia, e o sentimento é recíproco. Isso faz de mim uma pessoa menos querida, já que eu amava festas, significa que nós duas nunca frequentávamos as mesmas festas, e quando a vaca da Maggie não está, a gente quase sempre era pego. Por que será?

- Não entendo essa richinha entre vocês duas, G. A moroi é legal...

- Se não se importa, Ben, não preciso ficar escutando você falar o quanto aquela vaca é maravilhosa. Chegamos, vejo você no almoço! – Puxei Katherine comigo e entramos na nossa aula.

- Ela tá de TPM hoje, mano, não esquenta! – falou Kat antes que a porta se fechasse na cara do seu irmão.

Ben é um ano mais velho que Kat, tendo 15 anos ele tinha aulas diferentes das nossas.

- Olá, moças, chegaram a tempo da chamada. – disse o professor de técnicas de combate, Sr. Branko, assim que entramos na sala, onde tinham tatames espalhados no chão, e penduradas nas paredes estava o pior pesadelo de Katherine: armas de combate de todos os tipos; espadas, estacas, bastões de madeira (que era só o que nós podíamos usar), e... luvas de boxe? – Todos já têm seus pares, sinto muito, podem fazer uma com a outra se quiserem... – ele ficou receoso, já que meu nível era bem mais alto que o de Kat. Na verdade, o de todo mundo era mais alto que o de Kat – pensando bem, vou fazer uma troca aqui. Wàng, faça par com o Sr. Borislav, Sta. Charmer, você pode ficar sentada ali, sim?

- Obrigada, professor – ela baixou a cabeça escondendo seu sorriso. Ela ganhou o dia.

- Oi, gata, será um prazer lutar em uma companhia tão bonita hoje – Angus parou a minha frente. Percebi que meu dia ia só piorar.

O Sr. Branko deu uma rápida explicação da aula e nós começamos.

“Eu mal podia esperar para me formar e sair daqui. E talvez eu não aguentasse esperar, vai que dona Alice tem razão? Talvez eu vá embora. Katherine provavelmente iria comigo e nós poderíamos viver escondidas no mundo humano...”

- Que isso, você chuta como uma garota, Gwen. – ele desviou do meu golpe, era minha chance de usar minha aprimoração do Nague-Ai, derrubando Angus no chão facilmente, ele devia estar lento e atordoado da festa de ontem, se não eu não teria o derrubado tão facilmente. Prendi seus braços e pernas no nosso tatame e levantei a mão, indicando que a luta terminara.

- E você defende como uma, Borislav!

“...Mas eu sabia por que isso não iria acontecer. Eu preciso treinar duro, eu preciso ser a melhor e derrotar todos, preciso aprender a matar strigoi. Eu preciso aprender a matar dhampir e morois também...”

Guardião Branko veio até nós e me parabenizou. Ele perguntou à Borislav como ele perdeu para mim, e Angus não é do tipo que mente bem, acabou sendo pego e levado ao idiota do diretor Lazar.

A festinha no dormitório masculino foi pego, incluindo Maggie. O diretor ficou irado quando descobriu que a doce moroi da realeza fornecia bebidas alcoólicas para menores de idade dentro da academia e levou uma longa suspensão. Seu pai foi informado e em breve voltaria de sua viagem a negócios na Turquia. Senti que o castigo de Maggie ainda nem tinha começado.

“...Por que eu preciso vingar a morte de meu pai.”


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Notas finais do capítulo

UIII
Tensoooo KKK
Então, o que acharam? Mereço reviews estrelados? Please, eu sempre comento aquilo que leio, se vocêestá aqui em baixo, é por que você leu o cap acima (avá) então deixe sua opinião, é realmente muito importante ouvir elogios e críticas (quando construtivas) também!
Lembro da primeira vez que criticaram uma fic minha, eu me senti mal, admito, mas aprendi a dar valor a esses reviews também. Se você não gostou de algo, fale.
BEJUUX ;***



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