Ps: I Love You escrita por Jibrille_chan


Capítulo 8
Capítulo 8




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O dia havia amanhecido claro, com algumas nuvens brancas no céu, mas nada que atrapalhasse os planos para aquele dia. Os três estavam sentados no barco, não muito longe do cais, as varas na água. Kai lia um livro sobre as praias havaianas, Ruki lixava as unhas e Uruha epnas olhava para o céu, apreciando o sol.

- Acho que você deveria ir atrás do Shinji – começou Ruki do nada.

- Não, eu saí do bar sem dizer nada, deve estar pensando que sou uma idiota. – Uruha respondeu depois de um tempo, quando entendeu do que o outro estava falando.

- Você é turista, eles esperam que sejamos idiotas.

- Não pressione. – reclamou Kai. – Se ele não está pronto, então não está pronto. Se bem que... se eu bem me lembro, quanto mais tempo sem sexo, você mais cruel e cretino.

- Não enche.

- Desculpe.

Alguns segundos de silêncio.

- Eu estou muito bravo com Aoi.

- Vai ver que é por isso que ele fez assim – comentou Ruki – Você tem que deixar de querê-lo uma hora.

Uruha não respondeu, pensativo. Mesmo que estivesse cm vontade de bater em Aoi, não se imaginava não o querendo. Mas seus pensamentos não foram muito longe, sua vara dando sinais de que fisgara alguma coisa. Uruha deu um pulo no lugar, sem entender direito.

- Pegue a vara!

- Hã?

- Você pegou um peixe!

- Eu peguei um peixe?

- Meu deus, você pegou um peixe!

- Pegue a vara!

Kai levantou-se, indo auxiliar Uruha a tirar a vara do suporte do barco e tentar puxar o peixe pra dentro. Sem querer, Uruha acabou por esbarrar na caixa de unhas de Ruki, que acabou caindo no mar. O menor entrou em desespero, enquanto so outros dois lutavam com a vara e o peixe. Uruha tentava girar a manivela, vez ou outra esbarrando em Kai e derrubando-o, enquanto Ruki tentava salvar sua preciosa caixa de unhas com o remo.

Sem querer, Ruki acionou o seu salva-vidas inflável em volta do seu pescoço, se desequilibrando e derrubando os outros dois dentro do barco. Os três se sentaram, rindo da situação ridícula em que se encontravam... até Uruha dar falta de algo.

- Cadê os nossos remos?

Os três olharam pra um lado do barco, vendo um remo já distante sendo arrastado pela correnteza, e então viraram-se para o outro lado. O outro remo parecia ainda mais distante, deslizando ao sabor da maré. Os três se entreolharam.

- Socorro? – disse Ruki.

Logo os três estavam gritando desesperadamente por socorro, mas não era como se fossem ser ouvidos. O cais estava vazio àquela hora e eles já começavam a se afastar do mesmo, sem remos ou celulares, previamente deixados em casa para não correr o risco de estragá-los. Vendo que não iam ser ouvidos de nenhuma maneira, sentaram-se lado a lado, tentando pensar em alguma coisa. Ficaram quinze minutos em silêncio, apenas pensando.

- Olha... – começou Kai. – Eu acho que um de nós deveria ir nadando até o cais e acho que deveria ser quem está com o colete inflável.

Ruki ergueu uma sobrancelha, entendendo a indireta.

- Okay. – virou-se para Kai, puxando a cordinha do colete do mesmo e fazendo o colete de Kai inflar.

Os dois começaram a discutir sobre a atitude do menor, até Uruha se cansar daquilo.

- Será que dá pra parar, parecem crianças!

Ruki se virou para ele, puxando a corda do colete de Uruha. O loiro apenas lhe lançou um olhar assassino, o silêncio reinando entre eles novamente. Levou mais uns bons minutos antes de alguém dizer alguma coisa.

- Sabe, podemos esperar a maré baixar e ver se a correnteza nos leva de volta pra casa. – comentou Uruha.

- Praia? Isso pode levar meses! – Ruki gesticulou com as mãos, dando ênfase em suas palavras.

- É bom não levar mais que oito, ou vai ter uma criança sem pai.

Ruki arregalou os olhos, virando-se para Kai.

- Ai meu deus, você está grávido?

- Ruki, eu sou homem. É um tanto quanto impossível.

- Quem você engravidou? Nao sabe disso?

- Não tem ninguém grávido, Ruki. – Kai rolou os olhos. – Eu e Nao... demos entrada no pedido de adoção de uma criança.

- Nossa, que bom, Kai! – comentou Uruha, sorrindo.

- Quando ele chega, já sabem?

- Bom, vamos tentar antes de abril.

- Que bom, - comentou Ruki – vai dar pra ir no meu... "casamento".

Uruha encarou o menor.

- Como é que é?

- Bem, não é bem um casamento, sabem como são as leis... vai ser mais ou menos como Kai e Nao fizeram... só ma festa para os amigos e parentes sem preconceitos... Aki me propôs que fôssemos morar juntos... e eu aceitei. Vamos nos mudar no Ano Novo.

Kai abraçou o menor, parabenizando-o, enquanto Uruha os olhava ainda sorrindo. Aos poucos seu sorriso foi se desfazendo, encarando um ponto qualquer no mar. Não queria que seus amigos percebessem a pontada de dor que sentia por vê-los tão feliz enquanto ele havia perdido a única pessoa que amara.

- Você está bem? – perguntou Kai.

- Estou, estou! – Uruha respondeu rápido. – É só que... é muita informação pra se receber num barco.

- Me desculpe, Uru... eu não ia dizer nada até voltarmos...

- Tudo bem.

- Eu também não ia dizer nada, mas como podemos morrer aqui, eu não queria me afogar como um solteirão.

Uruha apenas riu, negando com a cabeça. Os outros dois ainda conversavam animados sobre as novidades, e mais uma vez Uruha sentiu seu sorriso ir se desfazendo, um nó se formando em sua garganta. Era um pouco difícil ver as pessoas felizes ao seu redor e seguindo com suas vidas, mas não queria de forma alguma estragar a felicidade do amigo.

Pra completar o dia de sorte que estavam tento, uma leve garoa começou a cair. Ficaram ali mais alguns minutos, até avistarem uma luz que vinha rápido na direção deles. Felizmente, uma lancha se aproximava, vindo salvá-los. E Uruha realmente não acreditou no que viu. Amano Shinji vinha com um sorriso quase infantil nos lábios ao vê-los ali.

Nem bem tinha acabado de rebocá-los para terra firme, Kai e Nao já o convidaram para jantar sem direito a recusas. Uruha estava nervoso, encarando firme o prato de macarrão que lhe fora servido, enquanto o mundo pareia desabar em água lá fora. Shinji comia tentando ignorar os olhares fixos de Kai e Ruki, que àquela altura já tinham perdido a vergonha de olhá-lo.

- Estava muito bom, quem cozinhou? – perguntou o moreno, quando terminou.

- Fui eu. – disse Kai.

Ruki apenas lançou um olhar para o outro.

- Kai vai ter um filho, sabia?

Kai fuzilou o menor com o olhar.

- E Ruki vai se casar.

- Puxa, meus parabéns mesmo. E a comida estava realmente ótima.

Kai e Ruki começaram a recolher os pratos apressadamente, Uruha ainda tentando ficar com o seu como desculpa para não falar, mas Kai foi mais forte. Colocaram os pratos na pia, atrás do moreno, que no momento olhava pra Uruha.

- Sabe, escureceu bastante enquanto eu comia.

Os outros dois gesticularam para Uruha atrás de Shinji, pedindo pra ele falar alguma coisa.

- É, de noite escurece mesmo... – comentou Uruha, olhando a janela.

Kai e Ruki se decidiam se espancavam ou matavam o amigo. Continuaram gesticulando, dando idéias para Uruha puxar conversa com Shinji.

- Ah, você... trabalha no mar?

- Dois dias por semana. Sou tipo... patrulheiro. Mas admito que foi a primeira vez que tive que salvar alguém.

Ruki entrou na conversa, servindo mais macarrão a Shinji.

- Fico preocupado de você ter que dirigir assim tão tarde.

- Eu agradeço a preocupação.

- Com essa chuva? Nem pensar. – comentou Kai, servindo mais vinho ao moreno – Sinta-se a vontade para dormir aqui.

- É, temos um sofá-cama.

- Ah, é que... eu preciso de um banho.

- Mas que ótima idéia! – Ruki exclamou, mais alto do que seria normal. – Temos um banheiro lá embaixo que é fantástico.

- Eu vou buscar lençóis e tolhas, e já te mostro onde é. – Kai se pontificou, puxando o moreno.

Uruha respirou fundo, se sentindo um pouco mais aliviado sem o olhar do moreno em si. Parecia que ele tinha esquecido aquela sensação. Olhou pra Ruki, que ainda permanecia ali.

- Ficaram doidos?

- Ele vai ficar a noite toda aqui. – sorriu, diabólico. – A noite todinha aqui. Ele vai dormir aqui.

E sem dizer mais nada foi saindo, ainda com aquele sorriso diabólico. Uruha suspirou, levantando-se da cadeira e indo lavar a louça. Pelo menos ocupava sua cabeça com alguma coisa. Quando terminou, pensou em subir as escadas e se esconder no quarto, mas desistiu da idéia quando ouviu as vozes animadas dos dois lá em cima, comentando os fatos recentes de um Ruki casado e um Kai sendo pai. Mordeu o lábio inferior, desistindo. Voltou para a cozinha, notando que dali via a porta da sala e a cama já armada para o moreno.

Suspioru mais uma vez, indo pegar uma garrafa de gim e um copo. Colocou o copo sobre a pia, começando a se servir, e por instinto talvez, acabou por olhar novamente pela porta. Em direção à sala. E só o que viu foi o traseiro nu de Shinji passando, o gim se espalhando pelo balcão e seus olhos do tamanho de pratos. Ficou ali, incapaz de desviar os olhos daquele traseiro, o gim escorrendo para o chão. O moreno virou o rosto para trás, assustando-se.

- Ah meu deus, me desculpe! Achei que você estava lá em cima. – escondeu-se atrás da porta, tentando se trocar na velocidade da luz. – Eu preciso pegar minhas roupas.

Uruha pegou o copo de gim, bebendo-o num gole só, ainda sentindo os olhos arregalados. Shinji vinha terminando de colocar a camisa, sem jeito.

- Ah... me desculpe por isso.

- Você... você quer gim? – Uruha apontava para o balcão ensopado e a garrafa sobre ele.

- Devo lamber o balcão?

O loiro finalmente se virou para o balcão, vendo a sujeira que tinha feito. Pegou um pano, tentando concertar.

- Não não, desculpe é que... faz muito tempo que não vejo um homem nu e você tem um... que tal uma bebida?

Amano riu, aceitando.

- Você é muito gentil.

- Da última vez que me disseram isso, completaram a frase dizendo "não namoro garotos de 13 anos".

- Bom, sorte a sua, eu também não. Pelo menos não com 13 anos.

Sorriu para o loiro, que prontamente entendeu o sentido da frase. Brindaram, Uruha tomando um longo gole e no instante seguinte estava se atirando nos braços do outro, roubando-lhe um beijo. Amano se segurou na mesa, tentando não cair com o outro, ainda um pouco chocado com a iniciativa do outro. Afastou um pouco o loiro, rindo baixo.

- Me desculpe – pediu Uruha – Eu não posso fazer isso, sinto muito. Olha pra mim, estou tremendo, não sei o que fazer, eu nem sei se eu quero... esquece, eu sou complicado, sou problema.

- Gosto de problemas.

- Ah não, eu não sou do tipo problema bom qe vai te fazer chegar e algum lugar. Eu sou doido mesmo. Pirado. Eu to completamente deslocado aqui, eu não transo com um cara novo há dez anos... só com antigo. Digo, ele não era velho, era só mais velho que eu, e eu fiquei muito tempo com ele, era meu companheiro. Mas ele morreu.

- Se beijava ele assim, não me surpreende, coitado.

Os dos riram, e Shinji aproveitou-se pra se aproximar, roubando um beijo mais suave do loiro. Depois de alguns segundos, Uruha se afastou ligeiramente.

- Não, isso não vai dar certo. É como se eu estivesse tentando experimentar um sapato que não me serve mas que eu quero muito comprar. Desculpe.

- Tá legal, então... que tal ficar um pouco descalço? Hm?

Uruha acenou timidamente com a cabeça, sentindo os lábios serem tomados mais uma vez. Deixou ser guiado até a sala, apenas ouvindo a porta ser fechada. Talvez ele realmente só devesse... ficar descalço, sem tentar achar algo que se moldasse a ele novamente.









Continua...


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