Selene escrita por Tamires Vasconcelos


Capítulo 40
Conversa com Zeus




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– Vai ficar tudo bem

Eu disse para mim mesma o que todos me diziam enquanto me olhava no enorme espelho oval com uma moldura antiga. Eu usava um vestido longo de cor champanhe, passei as mãos por meus cabelos que estavam soltos e seguida o colar que Cameron me dera. Cameron, era difícil não pensar nele tudo sempre me redirecionava a pensar em como nunca mais o veria, nunca mais o beijaria sem ouviria sua voz.

Depois que Cameron simplesmente sumiu de meus braços as daninhas foram embora, chorei desesperadamente no salão Zelo me encontrou e tentou me consolar nenhuma palavra naquele momento me faria melhor, quando cheguei ao meu ápice do meu cansaço desmaiei.

Dormi durante dois dias inteiros para recuperar totalmente e quando acordei encontrei a ilha em festa, todos estavam felizes pelo termino da guerra da nossa primeira guerra. Eu tentava demonstrar que também estava feliz, mas todos sabiam que eu não estava.

A breve batalha deixou a ilha devastada, a maioria das arvores estavam queimadas devido ao fogo de Encelado. Ainda encontrávamos as cobras de Tifão que por algum motivo conseguiram enganar as daninhas.

Nenhum dos meus irmãos foi machucado gravemente a não ser Arne, mas ela havia se recuperado muito bem eu não aguentaria perder ela também.

Isso tudo havia ocorrido há duas semanas e agora meus irmãos estavam preparando um tipo de baile para comemorar depois que reconstruíram a maior parte do castelo.

Olhei para uma caixa branca de porcelana em minha penteadeira a minha esquerda, o medalhão estava ali eu não o havia colocado desde quando o recuperei. Eu não queria, não o queria mais.

Respirei fundo e segui para o salão principal onde normalmente aconteciam as festas, eu esfregava minhas mãos constantemente. Quando cheguei ao salão todos olharam para mim o que não me ajudou muito.

Era incrível como o salão estava impecável, era como se nada ali tivesse sido danificado, olhei para chão e imagens das daninhas deslizando por ali e pelas paredes para pegar Cameron vieram como fotogramas em minha mente.

Fechei meus olhos com força tentando expelir aquelas lembranças senti alguém segurar minha mão e abri os olhos devagar. Zelo estava com um sorriso encorajador ele me acompanhou até o trono que ficava em frente às enormes janelas.

Aquele era o lugar onde normalmente meu pai ficava durante as festas e agora ele me pertencia, Zelo me acompanhou até ele e em seguida voltou para onde meus irmãos estavam. Virei-me para eles e os encarei durante um tempo pensando no que dizer.

– Bem, eu quero agradecer e parabenizar todos pela batalha que tivemos. Vocês foram melhores do que eu imaginava. Obrigada.

Todos agradeceram em vozes baixas e então se curvaram demonstrando respeito.

– Ah e, por favor, não façam isso foi legal da primeira vez, mas agora eu não sei se isso... - Deixei a frase morrer ali.

Todos me encaram esperando que eu terminasse.

– Aproveitem a festa - Eu disse sentando-me.

Todos começaram a dançar um tipo de valsa, eu permaneci sentada apenas encarando-os sem realmente olhá-los. Quando não suportei mais ficar ali me levantei e fui para a torre ninguém notou quando sai. Ao chegar à torre fiquei apenas olhando a ilha, a muralha estava quase inteiramente construída, desviei os olhos da nevoa densa que estava em volta da ilha era estranho achar que Circe apareceria ali outra vez. Lagrimas começaram a sem minha permissão sobre meu rosto essa era a primeira vez que eu chorava desde que tudo aconteceu.

– Você esta bem? - Ouvi a voz de Arne atrás de mim.

Limpei as lagrimas rapidamente.

– Estou, Estou sim.

Ela se ficou ao meu lado e olhou a ilha como eu.

– Nós não temos conversado muito esses dias. Eu quero dizer que sinto muito pelo o que aconteceu com o Cameron.

Eu apenas assenti.

– Obrigada por tudo que você fez por mim.

– Sou sua irmã, esse é meu dever - Ela disse sorrindo.

– E eu sou sua irmã mais velha, eu deveria cuidar de você.

Nós duas rimos.

– Sabe percebi que você não está usando seu medalhão. Por quê?

– Não sei por que, só acho que não é certo.

Respirei fundo.

– Não sei o que fazer.

Antes que Arne pudesse dizer alguma coisa, raios começaram a cair do céu, não havia nenhum sinal de chuva o que seria um tanto impossível já que ali não chovia.

– Isso não é normal - Disse Arne.

– Com certeza não é.

Um cavalo alado feito inteiramente de vento pousou na torre e por ser um cavalo alado eu podia ouvir seus pensamentos.

"Zeus deseja falar com você"

Arne e eu nos entreolhamos e mesmo que hesitando um pouco subi no cavalo e quando estava bem posicionada o cavalo começou a voar.

– Boa sorte - Disse Arne antes de eu ir.

O que será que Zeus queria comigo? Tecnicamente eu matei seu filho e Circe, apesar de que esta não lhe interessava tanto assim. Talvez ele quisesse falar sobre eu ser a nova guardiã, me encontrei com Zeus apenas duas vezes e as coisas não tinham saído tão bem assim.

O cavalo me levou ao Olimpo o mais rápido que eu imaginava, a enorme mansão de mármore e cristais dos deuses ficavam na parte mais alto do Monte Olimpo bem acima das nuvens.

– Obrigada.

Eu disse ao cavalo, ele apenas baixou um pouco a cabeça e foi embora, entrei no castelo e por mais que estivesse ali a muitos anos eu sabia onde ficava a sala dos deus, vir ao Olimpo ninguém esquece.

Cheguei a uma grande porta e a empurrei me deparando com 12 enormes tronos formando um U, assobiei para dentro a o chegar ali. Apenas Zeus estava ali sentando, me aproximei em passos devagar enquanto ele me analisava.

– Deseja falar comigo?

Ele assentiu fiquei esperando que ele dissesse alguma coisa.

– Então...

– Então me diga o que aconteceu.

– Sobre o que?

Ele revirou seus intensos olhos azuis.

– Sobre tudo.

– Tudo?

– Isso, tudo me conte tudo! - Ele gritou.

Assustei-me dando alguns passos para trás e em seguida falei sobre o ocorrido. Contei tudo o mais rápido possível, mesmo o que aconteceu com Cameron eu contei tentei ser forte e não chorar, mas isso era inevitável algumas lagrimas permitiram escorrer. Zeus ouviu tudo atentamente não me interrompeu em nenhum momento, e sua expressão foi seria do começo ao fim.

– Então Apolo está morto - Ele disse coçando sua barba.

– Sim, eu sinto muito.

– Não sinta, ele escolheu esse caminho e essa foi sua consequência.

Ele olhou em meus olhos e pude ver um pequeno sorriso no canto de seus lábios.

– Fico feliz que não tenha seguido esse caminho.

Eu assenti sorrindo.

– Eu achei que torná-lo humano o ajudaria...

Zeus estava com uma expressão séria indiferente e por mais que quisesse demonstrar que não ligava muito para aquilo eu podia ver em seus olhos que estava triste. Fiquei ali parada apenas ouvindo-o consolar as pessoas não era uma das minhas melhores qualidades ainda mais quando se trata do rei dos deuses.

– Também observei seus dias como humana.

Abaixei um pouco minha cabeça.

– Devo dizer que jamais vi um deus ter tanto apresso pelo humanos, pelo menos não nos tempos de hoje.

– Eu sei, cheguei a pensar que poderia viver lá como humana, agora eu não teria nenhum motivo.

Eu suspirei e Zeus mudou de assunto.

– Quero falar com você sobre ser a nova guardiã...

– Não sou mais - Eu o interrompi.

Zeus me olhou com uma cara feia.

– Eu notei quando vi que não estava com o medalhão.

– Posso fazer uma pergunta?

Ele me olhou de modo estranho.

– Quando meu pai me deu o medalhão ele ficou transparente e desapareceu, isso não aconteceu quando Circe o pegou de mim. Porque?

– Porque mesmo que Circe o tenha pegado você continuou sendo a guardiã, não foi escolha sua passar ele para alguém.

Eu assenti e quando ele abriu a boca para falar alguma coisa eu disse.

– E para onde meu pai foi? Ele simplesmente desapareceu ou está em algum lugar?

Ele respirou fundo.

– Isso somente o portador do medalhão sabe. Ele é basicamente mandado para o lugar onde seu subconsciente deseja.

– Então tecnicamente não escolhemos - Conclui

Zeus assentiu impacientemente.

– Se você não tiver mais uma pergunta eu gostaria...

– Na verdade eu tenho.

Eu interrompi novamente e me apressei em falar antes que dissesse alguma coisa.

– E por acaso você sabe onde meus pais estão?

– Como é que vou saber onde o subconsciente do seu pai o levou?! - Disse Zeus impacientemente.

Eu apenas assenti um pouco assustada.

– Muito bem, deixe-me falar agora. Você é a guardiã agora e acho que deve saber do poder que tem em mãos.

– Eu sei... E é por isso que eu não o quero mais.

Zeus me encarou durante um tempo.

– Não quer?

– Não. Eu sei que passei apenas algumas horas com eles e sei que isso não é para mim.

Ele assentiu e endireitou-se em seu trono.

– Você tem que decidir logo o que vai fazer, o equilíbrio dos ventos está um caus.

– Eu já sei o que vou fazer.

Zeus me analisou durante um tempo.

– Você sabe o que vai acontecer, não é?

– Sei... Eu confio no meu subconsciente - Acrescentei a ultima parte sorrindo.

Zeus continuou com sua expressão séria.

– Gostaria de recompensar você de alguma forma.

Um sorriso surgiu em meus lábios, Zeus estava querendo me dar uma recompensa? Isso era realmente incrível, mas não adiantaria nada agora estava prestes a ficar transparente e ir para um lugar do qual meu subconsciente deseja.

– Eu agradeço mais, eu não posso aceitar não vejo motivo agora já que...

Deixei minha frase morrer no ar.

– Eu entendo.

– Mas se por um acaso você quiser me contar o que era.

– Não acho que seja necessário.

Eu apenas dei de ombros.

– Nossa conversa termina aqui - Ele anunciou.

– Só isso?

Ele me olhou de modo que mordi minha língua não desejando ter dito aquilo, então apenas fiz uma breve reverencia e fui embora, enquanto caminhava pelos corredores mesmo que não estivesse correndo minha respiração estava ofegante, quando cheguei a entrada do castelo o cavalo de vento já estava ali a minha espera.

Subi no cavalo automaticamente, não prestei nenhuma atenção na viajem de volta minha cabeça revirava com o que estava prestes a acontecer comigo, o cavalo me levou até a entrada do castelo e o agradeci formalmente.

Andei depressa pelos corredores indo direto para meu quarto o baile ainda estava acontecendo e com certeza não estavam sentindo minha falta, isso era bom.

Quando cheguei ao meu quarto passei as mãos sobre meu cabelo respirando fundo e tentando me concentrar. Depois de alguns minutos consegui me acalmar sussurrei para os ventos.

"Preciso falar com Arne. Obrigada"

Depois que sussurrei isso aos ventos não demorou muito para Arne aparecer.

– Queria falar comigo?

– Eu queria sim. Atrapalhei alguma coisa?

Ela balançou a cabeça negativamente.

– Tem a ver com a conversa de Zeus?

– Na verdade uma conclusão que cheguei na minha conversa com ele.

Respirei fundo.

– Eu não sei como falar isso. Bem, eu... Eu vou passar o medalhão para você - Disse simplesmente.

Arne regalou os olhos e deu alguns passos para trás.

– Não, eu não posso.

Lembro que essas foram as minhas palavras e de como estava assustada, parecia que eu tinha dito aquelas palavras a tanto tempo.

– Pode sim. Você sabe que pode, você é mil vezes melhor que eu em tudo e tem muito mais juízo do que eu.

Ela sorriu, mas seus olhos continuaram assustados, foi até minha caixa de porcelana branca e retirei o medalhão.

– Eu estou com medo, o que vai acontecer com você?

Dei o meu melhor sorriso despreocupado.

– Com certeza para um lugar ótimo, meu subconsciente é muito bom.

– O que? Não entendi.

– Você vai entender.

Fiquei em sua frente segurando firme o medalhão em minhas mãos.

– Você sabe a importância disso, não é? Deve protegê-lo muito melhor do que eu fiz e é melhor colocá-lo logo em ação pois Zeus já esta zangado com o desequilíbrio dos ventos.

Ela sorriu então com as mãos tremulas coloquei o medalhão em seu pescoço, Arne fechou os olhos sentindo o seu poder enquanto eu sentia que minha alma estava sendo puxada do meu corpo.

– Você está transparente.

– Eu sei, vai ficar tudo bem.

Continuei sendo puxada daquele lugar, meus pés estavam cravados no chão e mesmo assim me sentia cada vez mais leve e tudo em minha volta também começou a desaparecer Arne começou a chorar e dizer alguma coisa, mas era impossível ouvir. Então sem nenhum aviso prévio eu cai na escuridão era como se eu estivesse afundando na agua como uma ancora tentava subir de volta mais era impossível, eu afundava mais a cada tentativa fracassada então me deixei levar.



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Notas finais do capítulo

Eia gostaram? Sim, não, talvez? kkkkk Pois é capitulo que vem será o ultimo e terão fortes emoções kkkkk. Bem então até lá beijos!!!