Emanar escrita por Henri


Capítulo 1
Único.




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O sol nascera naquele dia. Não era forte, era apenas brilhante o suficiente para acordar Ichigo quando os primeiros raios atingiram seus olhos. Ele havia passado a noite no hospital, ou melhor dizendo, mais uma noite naquele lugar.

Era cedo. Cedo demais.

Seu estômago roncava, sua cabeça e seus músculos doíam. Seus pulmões ameaçavam sair pela boca quando tossia. Seu rosto estava fervendo, mas não havia uma sequer pessoa para se preocupar com ele naquele momento.

Os médicos não haviam chegado, nem enfermeira alguma. O hospital não estava de plantão, então... Ele só podia esperar. Logo alguém ia trazer o café da manhã dos pacientes do hospital, e ao menos sua fome seria morta.

*****

As portas de seu quarto se abriram, e Yuzu entrou com um sorriso otimista. - Bom dia, irmãozão! Já tomou café? - Era possível ver que, por trás do largo e grande sorriso, ela guardava um pouco de tristeza. - Eu trouxe umas panquecas pra você!

- Ah, não Yuzu, a mulher que deveria me dar comida não fez nada... E eu estou com tanta fome! - Ichigo respondeu com um sorriso para sua irmã. - Maldita mulher. - praguejou baixo.

Ela riu. - Então coma! - Yuzu disse pondo uma bandeja sobre Ichigo. - Eu fiz quase tudo, a Karin que fez o suco.

- Ah, obrigado. - dizia o jovem dos cabelos alaranjados enquanto mordia uma panqueca, e depois tomava um gole do suco. - Está tudo maravilhoso!

Ao pronunciar essas palavras, um brilho pode ser visto nos olhos de sua irmã. Ela era uma criatura tão boa, que o mínimo agradecimento podia deixá-la feliz. Karin logo entrou no quarto. - Hey Ichigo! Melhorou um pouco?

- Ah sim, Karin. Embora eu ainda não esteja em condições de sair daqui. Pelo menos, a inflamação na minha garganta passou. - disse Ichigo antes de terminar todo o café preparado pela sua irmã. - Estava ótimo Yuzu, obrigado.

Ela acenou com a cabeça. - Que bom. Agora, vou me retirar, quem sabe de barriga cheia você dorme! - disse ela sorridente. - Vamos, Karin!

Karin a acompanhou, e tudo voltou à monotonia de sempre. Já era hora pro seu pai ter aparecido e reclamado um pouco do fraco sistema imunológico de Ichigo. Ele pouco ligava pro que o pai falava. Mas estava muito quieto hoje. Nem os pássaros cantavam.

Tudo estava tão triste.

Então, o jovem repousou a cabeça no travesseiro, à espera de alguém que pudesse fazê-lo um pouco mais feliz. - Ah! - suspirou o garoto.

- Bom dia, meu jovem! - nesse momento, um homem entra no quarto tão repentinamente que assustou Ichigo.

- B-bom d-dia. - dizia Ichigo trêmulo, com dificuldade para falar. - E-eu já estou d-doente, queria me matar do c-coração t-também?

O estranho homem de jaleco riu-se. - Além da forte virose, você tem gagueira também, huh?

- Não foi isso. Você me assustou. - retrucou o rapaz com rigidez, fazendo com que o outro homem parasse de rir.

- 'Tá bom, 'tá bom. Segundo isso aqui, seu nome é... Kurosaki Ichigo? - perguntou o homem, que teve certeza disso ao ver Ichigo afirmar isso com a cabeça. - Você está com uma forte virose, nada que não tenha cura... Meu nome é Grimmjow, seu médico.

- Hum, prazer doutor. - disse Ichigo encantado com o tom azulado dos orbes e do cabelo de seu médico. Ele podia sentir que o homem que acabara de entrar no quarto seria a sua cura, só não sabia por quê.

- Vamos ver se está com febre. - falou Grimmjow se aproximando de Ichigo, e encostando sua bochecha na testa do Kurosaki. - Hum, que pena. Está sim. - o dono dos olhos azuis se virou, pegou em sua mala um remédio de tonalidade rosada e deu na boca de Ichigo. - Abra a boca, Moranguinho, o remédio tem gosto de tutti-fruti.

A face de Ichigo tomou um tom mais avermelhado do que já estava ao ouvir estas palavras. Ele nunca fora chamado de Morango por ninguém do mesmo sexo - ou melhor dizendo, ele não fora chamado de Morango por ninguém em sua vida toda, embora soubesse que era um possível significado para seu nome. E abriu sua boca, enquanto Grimmjow virava o conteúdo da medida nela.

- Muito bem, garotão. Em breve sua febre e a dor de cabeça vão passar. Agora, sobre a dor muscular, pretendo passar algum creme relaxante... - disse o homem com um sorriso malicioso. - Vamos, tire a camisa!

*****

Ichigo já estava sem sua camisa, seu rosto fervia de vergonha a cada toque que os dedos de Grimmjow davam em seu corpo. Era apenas uma massagem. Nada demais. Era confortável e relaxante.

Grimmjow passava a mão por todo o corpo de Ichigo, com um pouco de boas intenções. Se ele pudesse, suas mãos estariam em outro lugar. Ele estava pensando nisso até que Ichigo suspirou.

- Han, Morango, está gostando do carinho que o titio está fazendo em você? - perguntou o maior com seu sorriso malicioso de sempre, que ficou mais largo ao ver que Ichigo estava tão vermelho que desviava o rosto para disfarçar.

- Não - mentiu. - Só está d-doendo muito...

- Sei... - Grimmjow passou a mão pelo pescoço de Ichigo e lambeu o lóbulo de sua orelha. Para Ichigo, foi como se uma corrente elétrica tivesse entrado e percorrido todo o corpo tão rápido que ele nem havia percebido. Foi ótimo.

*****

- Pronto, meu garoto. Como se sente?

- Bem melhor. - respondeu Ichigo com um sorriso. - Obrigado.

- Ah, obrigado não vale. Eu quero é outra coisa. - disse o dono dos cabelos azulados perfeitos, sentando se à cama e vestindo Ichigo - Eu quero é isso. - Grimmjow se abaixou um pouco, e de leve, tomou os lábios do outro sem pressa, com leveza e carinho.

As bochechas de Ichigo estavam muito quentes. Ele estava tão vermelho que parecia que ia explodir. De felicidade, talvez. A verdade é que o homem o agradou desde quando entrou no quarto.

Grimmjow ficou de pé, pegou a sua maleta e escreveu num papel: "Recomendo repouso de algumas horas, à noite ele poderá ter alta. Assinado, Grimmjow."

- Então... meu trabalho aqui está feito. Melhoras para você. - disse sorrindo e caminhou à porta.

- Espera! - Ichigo levantou bruscamente e sentiu uma leve fisgada nas costas.

O médico caminhou até perto da cama, e foi puxado pelo ruivo, para um longo beijo. Era tão gostoso e tão doce quando barras de chocolate, balas e leite condensado. Ele não sabia explicar. E foi estranho como um dia triste ficou tão alegre.

- Grimmjow, por favor, não vá. Fica comigo aqui. Não gosto de ficar sozinho.

Grimmjow tinha pacientes a atender, pessoas para ajudar. Mas, seu coração agora pertencia ao ruivo, e seria somente dele.

- Moranguinho, eu volto. - disse Grimmjow. - Você é meu, a partir de agora. - com os dedos fingiu escrever: "Propriedade de Grimmjow Jeagerjaques." - Se eu pudesse escrever com um pincél atômico, isso ficaria literalmente estampado na sua cara, e nada muda isso.

- Nada mesmo? - questionou Ichigo.

- Nada. Depois eu volto pra te visitar, meu querido.

*****

Grimmjow voltou no quarto de Ichigo umas três vezes depois daquela. Ichigo melhorou consideravelmente após a primeira visita. Parecia que ele nunca teve nada.

Quando recebeu alta foi direto para casa, jantou e escovou os dentes. Foi ver um pouco de televisão quando ouviu a campanhinha tocar. Correu e quando abriu a porta, teve uma supresa: Grimmjow.

- O que faz aqui? Como sabia onde eu moro? - Ichigo não entendia nada.

- No hospital do seu pai qualquer um fala onde você mora. Pensei que soubesse disso.

Grimmjow o beijou rapidamente, e aquela sensação doce e eletrizante voltou.

- Só queria ver se tinhas melhorado. Até qualquer hora.

- Obrigado por tudo, Grimmjow. Até. - Ichigo respondeu com traços leves de uma futura saudade. - Eu te amo.

*****

E no final das contas, o calor que o coração das pessoas emana é uma coisa única e insubstituível.


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