Amor que não se perde.

Todas as noites ela vinha vê-lo

Todas as noites ela vinha visitá-lo

 Passava pela janela com passos silenciosos

Delicados e amistosos

Sempre ansiava a chegada da noite

Ansiava o único momento em que podia estar com ele

E mesmo que não percebesse sua presença

Sabia que, de alguma forma, ele a notava

 Não era mais que um espectro

Não era mais que um ser sem matéria

Mas sabia que em algum lugar de sua inexistência

Existia algo que mantinha seus sentimentos por ele

 Toda vez que ele pronunciava seu nome

Suspirava, soltava uma lagrima, suplica...

Sentia como se voltasse a existir

Como se não existisse mais barreiras entre vida e morte

 Só o fato de saber que ele a recordava

Que ele ainda a desejava como quando viva

Seu espírito se enchia de alegria

E ao mesmo tempo de tristeza de o ter deixado

 Por que tinha que ficar assim?

Por que tinha que ter acontecido?

Por acaso fora algo que fizera?

Se for,

Por que ele tinha que sofrer também?

E uma lagrima espectral escorria

Por seu rosto já sem vida

Enquanto o sol no horizonte nascia

E a noite desaparecia

Levando consigo a presença que ali existia

 Mas uma coisa ainda permanecia

 Um amor que nem a morte e nem a vida

Lhe perderia