A pequenina menina abriu os olhos bem lentamente ao sentir alguém mexer em seus cabelos. Os olhos dela se arregalaram ao ver grandes olhos castanhos - e muito lindos, por sinal - parados ali, a centímetros de seu rosto. A menininha sentou na cama, olhando agora todo o garoto. Ele parecia ter a idade de seu irmão mais velho - quase 17 anos. Tinha os cabelos lindos, com uma franja que o deixava "angelical", pensou a menina. O garoto sorriu pra ela, tentando passar confiança. Ele se sentou em sua cama, ao seu lado e logo sentiu a pequena Sally o abraçar pela cintura, ato retribuído pelo garoto.

Sally ficou assim, com o rosto escondido no peito do garoto - até então desconhecido -, por um longo tempo, só percebeu que estava quase dormindo quando o mesmo lhe cobriu com seu cobertor.

Ela levantou o rosto, se afastando um pouco dele, pensando como conversar com o garoto. Ele sorriu pra ela, já percebendo sua vontade a esperando falar.

– Qual sua idade? - Foi a primeira pergunta feita pela menina, que segundos depois se ajoelhou na cama, se enrolando com o cobertor, de frente pro menino.

– Desculpe a falta de educação. - A garota riu fraquinho, tímida. - Sou Sally. Mas... Já nos vimos antes?

O garoto fez um breve movimento com a cabeça, arrumando o cabelo. Extremamente gracioso, ela pensou.

– Olá Sally. Sou Justin. Sim, já nos vimos antes. Mas você não precisa saber disso agora. O que precisa é se acalmar e dormir mais um pouco.

– Mas quero ficar falando com você! Posso te mostrar meus brinquedos ou... Ou você pode dizer quantos anos tem!

– Vou estar aqui quando você acordar. Vou estar aqui quando você quiser. - O garoto, Justin, respondeu a pequena menina tentando distraí-la.

– O tempo todo? - A menina soltou rapidamente, segurando a mão dele.

– Se é o que deseja... Sim. Mas agora volte a dormir. Você vai ter um dia cheio quando acordar. - Justin respirou fundo, puxando a menina para seu colo, deixando a menina segura em seus braços.

O sono voltou enquanto Sally sentia o corpo quente do menino a protegendo. O cheiro que vinha do seu corpo, muito parecido com pêssego lhe ajudou a sonhar, quando já estava dormindo.

Sonhar com os olhos castanhos, incrivelmente brilhantes, em meio todas as borboletas coloridas que voavam no incrível jardim em que a pequena Sally corria. Ela estava muito feliz ali. Talvez fosse o momento mais feliz de toda sua vida, caso acontecesse.

A menina acordou, procurando rapidamente Justin. Sua mãe, logo abriu a porta, olhando a menina já acordada.

– Vamos querida. Vamos nos arrumar. Nós vamos visitar a vovó.

– Mas eu... -

– Vamos querida. Venha! Venha, o dia será lindo. Venha comigo, vou ajudar você! - A mãe da garota a interrompeu, esperando a menina vir até ela.

Sally logo se distraiu, vendo a mãe tão feliz, e levantou rapidamente, se esquecendo de qualquer coisa que não fosse um dia maravilhoso ao lado dos pais.

As duas foram para o banheiro no quarto dos pais, onde passaram um longo tempo se arrumando, brincando e se divertindo até ficarem prontas para descerem até a sala onde o pai e irmão da pequena menina esperavam, ansiosos.

– Ant, como estou? - Sally usava um vestido branco, com bordados rosas e um laço rosa no cabelo, nos pés a menina tinha um lindo e delicado sapato todo branco.

Antony, seu irmão mais velho, se abaixou para observar a irmã melhor. Ela girou, fazendo pose e se aproximou do irmão que a puxou para um abraço apertado.

– Você está linda, Sally. É uma princesa.

– Vovó, posso ver o quarto de fotografias?

Todos olharam para a menina, tímida em um dos sofás.

– Você já não viu todas as fotografias, querida?

– Papai. Não vou fazer bagunça.

– Suba querida. Pode subir. - Sally sorriu para a avó, levantando do grande sofá e subindo as escadas até a última porta a direita no grande corredor escuro.

Ela não sabia direito porque, mas precisava estar ali.

A pequena menina passou direto por todas as fotografias, quadros e objetos com as recordações de sua avó. Sentou-se no pequeno banco em frente ao piano, olhando para o mesmo, em silêncio. Não sabia como, mas sabia o que viria a seguir. E aconteceu. Alguns segundos depois viu uma mão seguir em direção ao teclado do lindo piano de sua avó. Uma melodia simples tomou conta do local e Sally não precisou olhar para o lado para ver quem estava ali. Ela passou o pequeno braço pelo corpo do garoto e fechou os olhos, ouvindo a melodia tocar de uma forma extremamente doce.