Livre Arbítrio: Eu Escolho Você. escrita por MilaBravomila


Capítulo 24
Capítulo 24




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/127430/chapter/24

- O quê? – perguntei incrédula. Cam só podia estar mentindo.

- Ele logo encontrou você e...

- E o quê? – eu estava ficando meio histérica.

- Bom, ele se apaixonou por você e se recusou a cumprir a missão. – Cam falava de forma clara, mas estava obviamente medindo as palavras, ele percebeu que eu estava alterada. – Quer dizer... ele se recusou a tirar sua vida porque estava apaixonado por você, mas no fim a missão dele foi cumprida porque quando você e ele se envolveram...bom, você sabe o que aconteceu.

Cam se referia ao fato de eu queimar- literalmente – quando Daniel me beijava, em todas as minhas vidas anteriores, com exceção dessa atual, e tudo havia começado assim.

- Então... ele não cumpriu a tarefa, mas eu acabei morta do mesmo jeito. – minha voz era apática era como se nem saísse de mim, eu estava entorpecida.

Cam acenou uma vez.

- É assim que é, Luce, você não poderia sobreviver. Mas a decisão dele implicou em diversas conseqüências, que foram além de você dois.

- O que você quer dizer, Cam?

Ele não respondeu, apenas passou a língua pelos lábios e disse:

- Você me pediu para contar a verdade e eu contei. Mas se você quiser saber mais, você vai ter que perguntar ao Daniel.

Não respondi. Perguntar ao Daniel, como assim? Eu não queria perguntar nada a ele, eu estava tão decepcionada, tão fraca. Ele me escondeu tanta coisa por tanto tempo, mesmo com nosso envolvimento, ele não foi capaz de me dizer a verdade. O quanto mais ainda existia? Quantas mentiras mais ele me contou? Eu não podia acreditar, o meu mundo estava rachando.

- É melhor voltarmos. – Cam falou abrindo os braços para me levar de volta a Shoreline.

Eu dei um passo para trás.

- Espera. Você não me disse como você veio parar aqui.

Ele baixou os braços e me olhou profundamente. Seus olhos verdes me atravessavam, me olhavam na alma.

- Eu vim atrás dele.

Meu queixo caiu.

- Como assim?

- Eu e Daniel éramos muito próximos. Quer dizer, mesmo entre anjos existem relações de afetuosidade em maior e menor grau e eu o considerava como um irmão, por assim dizer. Quando eu soube o que tinha acontecido, não pensei duas vezes e vim atrás dele. – Cam sorriu brevemente, era como se estivesse revivendo os fatos que me contava – Bom, era a primeira vez que eu iria entrar em contato com os humanos diretamente. Quando cheguei aqui eu ouvi a história dele e conheci outros anjos que haviam caído. Conheci outras idéias, outras visões. Eu comecei a questionar coisas e a pensar em coisas que nunca havia pensado. Eu conheci um outro lado, uma nova vida e gostei.

- Você se voltou contra Deus? – perguntei nem sei como, minhas forças tinham sido totalmente drenadas.

- Não é isso, eu só passei a não aceitar certas coisas, Luce. O mal, assim como o bem, é relativo. – depois de uma breve pausa, ele continuou – A verdade é que Daniel, apesar de tudo, nunca deixou de ser... bem, Daniel. Sempre se culpando por tudo, tentando resolver tudo, mas sempre te perdendo. Ele nunca desistiu de você, mas também nunca abandonou o caminho antigo, eu não sei como ele faz isso, mas ele faz. – Cam sorriu, seu tom era leve e descontraído.

Eu o encarei e senti lágrimas escorrerem pelo meu rosto, mesmo sem eu querer.

- Vamos? – ele perguntou novamente me estendendo a mão. – Acho que já defendi Daniel demais por uma tarde. – seu velho tom sarcástico estava de volta.

Dessa vez eu segurei sua mão e perguntei:

- Você pode me levar pro meu quarto? Eu não quero assistir aula nenhuma.

- Seu desejo é uma ordem. – ele respondeu beijando rapidamente minha mão e me trazendo para um abraço quente. Eu nem tinha vontade de brigar com ele por isso.

Quando percebi, nós já estávamos no alto e em questão de segundos, na janela do meu quarto. Cam a abriu e entrou comigo, fazendo meus pés encostarem suavemente no chão.

- Obrigada. – falei colocando as mãos no bolso, minha voz ainda um sussurro. – Pode me fazer um último favor?

- Depende... – ele respondeu curioso – Se você quiser eu passo a noite com você.

Ignorei seu comentário, ele não perdia uma oportunidade.

- Você pode fazer com que ele não venha aqui hoje?

- O quê?

- Sei lá, inventa alguma desculpa, algum assunto de anjo que ele tenha que resolver... eu só não quero vê-lo essa noite, eu preciso pensar em tudo isso. Eu sei que ele vai querer me ver... por favor. – eu tentei transmitir tudo o que sentia com o olhar que dei a ele. Eu estava confusa sobre tudo, até sobre Cam. Saber o que ele fez e por que ele está aqui, falar sobre a morte de Penn... eu ainda não o perdoava, em meu interior eu ainda o culpava pela morte dela, mas ele era o único a quem eu podia recorrer.

- Sabe... você não é muito justa. – ele falou de forma séria. Não entendi seu comentário.

- Vai me ajudar? – perguntei ainda olhando-o de maneira intensa.

Ele respirou fundo, parecendo em um dilema interno, até que decidiu:

- Não se preocupe, você não verá seu namorado essa noite.

Respirei aliviada.

- Obrigada. – dei um passo para trás, insinuando que ele poderia sair.

Cam entendeu e foi em direção a janela. Antes de sair ele se virou e me disse com um sorriso que não decifrei:

- Você é um problema, Lucinda Price.

Eu fechei a janela logo depois que Cam saiu de vista e fiz a coisa mais sensata de todas: me joguei na cama, abracei meu travesseiro e chorei. Chorei por todas as mentiras, por toda a culpa que eu sentia, pela mágoa que crescia em meu peito. Chorei por Penn, por Miles, por Cam, por mim e sabe-se lá mais quem eu tinha matado ou magoado ou sei lá o que. A mágoa, aos poucos, foi substituída por uma raiva crescente, eu estava me sentindo uma criança que os adultos deixavam de fora da conversa enquanto decidiam pra que escola ela deveria ir ou quais cursos deveria fazer. Eu me senti irritada por que todo mundo sabia mais da minha vida do que eu, por todos saberem de segredos que eu não sabia, por ser excluída como uma incapaz, como alguém cujas opiniões e sentimentos não valem nada. E eu nem conseguia pensar em Daniel, em tudo o que ele me escondeu e ainda me esconde. Como eu poderia confiar nele novamente?

Minha mente borbulhava e minha cabeça parecia que ia explodir. Foi graças a Deus que algumas horas depois, tudo se acalmou, eu finalmente caí no sono.

...

Eu tive uma noite péssima. Quando meu celular despertou, eu já estava no banho. Meus olhos estavam inchados e minha cabeça doía. Eu sentia como se tivesse chorado tanto que minhas lágrimas tinham secado. Mas aquela raiva ainda queimava em mim. A pior parte era que eu não estava com raiva de Daniel exatamente, por mais que eu tentasse, eu não conseguia sentir isso por ele. E era isso que me deixava tão revoltada e enfurecida. Uma parte de mim queria aceitar o lado dele, queria entender que ele estava tentando me proteger – bom, na visão dele! E era esse meu lado que eu odiava. Eu queria sentir raiva dele a ponto de querer xingá-lo de tudo quanto é nome e partir pra cima, mas eu simplesmente não conseguia e isso me cegava. O fato era que eu estava profundamente magoada e mágoa não é raiva.

Meu encontro com Daniel seria inevitável, ele estaria ansioso por me ver no treino, já que ontem eu tinha fugido dele – literalmente. Então a idéia mais absurda surgiu em minha mente. Corri para o armário e peguei as roupas de treino. Eu não estava com um pingo de fome, então usei o tempo que seria do café da manhã para dar uma arrumada no meu visual deprimente, o que eu tinha resolvido fazer não combinava com um olho inchado e com olheiras. Usei uma maquiagem super leve, apenas para esconder a noite terrível que tive. Pus um pouco de gloss transparente nos lábios e prendi meu cabelo em um rabo de cavalo bem alto. Eu parecia bem. Pelo menos por fora essa era a impressão que eu dava. Perfeito.

Saí bem em cima da hora em direção ao ginásio, eu não queria falar com ninguém agora. Eu estava com muita raiva pra isso. Cheguei ao ginásio e me dirigi ao tatame principal, onde os nephilins estavam reunidos e Daniel e Ravena estavam prestes a começar a falar. Não encarei Daniel diretamente, eu não poderia, ao invés disso, olhei fixamente para Ravena, mas podia sentir que ele me encarava.

Ele começou a falar no tom de voz normal e impessoal que sempre usava nos treinos.

- Bom, hoje vocês terão um teste muito especial. – os nephilins em volta começaram a se agitar – alguns de vocês, aqueles que serão sorteados aleatoriamente, poderão escolher o adversário que desejam enfrentar para esse exame. – Daniel continuou, indiferente ao alvoroço que se formava – Eu tenho a certeza de que teremos duelos excelentes e que vocês escolherão as adversários da maneira mais sensata e justa.

Todos começaram a falar ao mesmo tempo, até que Taurus, que estava a poucos metros de mim, pediu a palavra. Daniel o encarou e acenou com a cabeça para que falasse.

- Como será o sorteio? – Taurus perguntou claramente excitado com a idéia do desafio. Foi Ravena quem respondeu:

- Temos o nome de cada um de vocês escrito nesse papel – ela disse levantando uma folha para nós com uma lista de nomes – e cada um dos nomes tem um número. Pediremos para um de vocês escolher um número qualquer e a pessoa na lista correspondente ao número poderá escolher seu adversário para o exame.

- Bom, que tal você começar, Taurus? – Daniel perguntou animado. – Diz um número qualquer de um a setenta.

- Trinta e dois. – Taurus respondeu prontamente.

Ravena checou sua lista de nomes e declarou:

- Camille Bronwen.

Camille, a nephilin que eu havia enfrentado no meu primeiro treinamento com esse grupo avançado, levantou-se. Eu torci para que ele não quisesse uma revanche. Pra minha sorte, ela escolheu outro nephilin.

- Bill Carlson. – ela disse com uma determinação e tanta. Eu sabia que Carlson era muito bom guerreiro. Camille havia escolhido um ótimo adversário.

- Muito bem – Daniel falou satisfeito – Podem se preparar.

Camille e Bill, um nephilin alto e loiro e muito forte, se dirigiram a mesa das armas e cada um escolheu a sua preferida. Logo a luta começou e foi uma bela batalha! No fim, Camille venceu Bill e foi aprovada.

Outras lutam se seguiram e todas foram igualmente equilibradas e empolgantes, mas meu coração e minha mente não estavam nas batalhas dos outros, estavam na minha própria decisão.

- Lucinda Price. – Ouvi a voz de Ravena dizer meu nome, logo que outro nephilin escolheu o número quinze.

Levantei-me e fui para o centro do tatame. Até aquele momento, eu não havia encarado Daniel. Meus sentimentos estavam tão estampados na minha cara, que eu não queria olhar pra ele, mas eu tinha a certeza de que ele já tinha percebido que algo não estava certo.

- Então Luce, quem será seu adversário? – Daniel perguntou pra mim e não pude deixar de encará-lo dessa vez. Ele tinha um olhar preocupado-contido, mas cheio de amor pra mim. Meu estômago deu uma cambalhota. Fiquei muito feliz por minha voz ter saído tão firme.

- Você. – respondi olhando-o no fundo de seus olhos violetas que eu tanto amava, mas que agora me traziam dor.

Daniel franziu a testa, claramente confuso.

- O quê? – ele perguntou novamente. Um silêncio terrível caiu sobre o ginásio.

- Eu disse que desafio você – respondi firmemente.

- Isso é ridículo. – Ravena interveio. Ela se aproximou de mim tão rápido quanto um raio. Daniel permaneceu calado e com uma expressão confusa. Eu continuei, sem dar tempo dela interferir novamente.

- Vocês disseram que eu poderia desafiar quem eu desejasse, contanto que fosse sorteada. Eu fui sorteada e estou escolhendo Daniel como meu adversário para o exame. – falei olhando diretamente para ela, que parecia não acreditar em minhas palavras. Quando ela abriu a boca para protestar, Daniel interveio:

- Você sabe o que está pedindo? – ele me disse como rosto sério e a voz controlada.

- Sim.

- Então escolha sua arma.

...

Eu me virei de costas pra ele e fui em direção a mesa das armas, onde jaziam os mais variados tipos de espadas, machados de guerra, escudos e lanças. Mas eu não demorei mais que dois segundos para pegar o par de sai que estavam no canto esquerdo da mesa, cruzados em “x”.

Com minhas armas favoritas em punho eu fui até o centro do tatame. Ravena ainda estava lá, parada e sem saber o que fazer. Daniel acenou para que ela se afastasse. As pessoas em volta pareciam esquecer de como respirar. A tensão era quase tangível. Ele sabia que havia algo diferente pela forma que eu estava agindo, mas como eu não conseguia pensar em como falar o que eu sentia, resolvi mostrar. Fiquei de frente para Daniel, minha posição de ataque, meu corpo tenso. Eu não via mais nada, nem as pessoas, nem o ginásio, éramos apenas ele e eu e minha raiva dilacerante.

Daniel juntou as mãos em frente ao corpo, como que segurando uma espada invisível. Então ele fez um movimento com as asas, abrindo-as completamente, e nesse momento a linda espada dourada se materializou em suas mãos, preenchendo o espaço vazio de antes. A visão daquele objeto divino me trouxe recordações vívidas da nossa primeira noite de amor e a mágoa em meu peito se multiplicou por mil. Eu apertei o par de sai bem forte em minhas mãos. Daniel estava em posição de batalha com suas asas estendidas, sempre lindas e impressionantes; seus músculos tensos e sua espada dourada apontada em minha direção. Ele parecia um deus, tamanha sua imponência. Seu rosto era um misto de sentimentos, ele estava sério, mas eu via através de seus olhos violetas que ele estava confuso, que temia alguma coisa, ele não fazia idéia do que estava acontecendo.

- Você tem certeza de que é isso que quer? – ele perguntou com uma voz objetiva.

Eu não respondi, deixei meus sentimentos me controlarem e apenas parti para o ataque, iniciando a luta. Eu possuía plena consciência de que não tinha a menor chance de vencer. Eu nunca poderia vencer um anjo em uma batalha, ainda mais Daniel, com toda sua glória e experiência. Se até mesmo os Arcanjos não o desafiavam, como eu poderia tê-lo feito? Mas eu sabia o que tinha que fazer, sabia que não seria capaz de traduzir em palavras tudo o que sentia, tudo o que as palavras de Cam trouxeram a tona. Eu apenas faria o meu melhor.

Eu queria dar a ele a batalha que ele nunca teve, a batalha que nós deveríamos ter tido no dia em que nos conhecemos, no dia em que ele veio à Terra para tirar minha vida. Eu queria que ele percebesse que eu sabia a verdade e que sentisse tudo o que estava dentro de mim. Eu não me importava com a escola, com notas ou exames. Eu me importava apenas com a verdade.

Daniel deteve meu ataque inicial facilmente. Continuei investindo, sempre com movimentos rápidos e perfeitos. O problema era que ele era muito bom e eu simplesmente não conseguia atingi-lo, por mais que tentasse. Eu parti pra cima com tudo o que tinha, usei toda a força de meu corpo e todo meu conhecimento inato, mas era inútil, nada surtia efeito, ele sempre esquivava e me repelia com perfeição. Meus golpes eram duros, ágeis. Os sai eram parte de mim e, como tal, estavam repletos de mágoa e vontade.

Daniel não estava me atacando, apena se defendendo. Eu tinha plena consciência de que seria necessário apenas um único ataque de sua parte para me derrotar, mas esse ataque nunca vinha. Ele tinha as sobrancelhas franzidas, como que fazendo cara de mal, mas era apenas a concentração que ele mantinha em nossa luta. Eu me entreguei a toda a raiva e mágoa que estava sentindo e deixei que elas me dominassem, me comandassem.

- Você está deixando a raiva dominar seus movimentos. Assim você nunca me vencerá. – ele falou logo após se defender se uma série de investidas minhas. Suas palavras eram duras. Ele falava como um professor que estava tentando ensinar uma lição, uma lição que eu não queria aprender. Ouvir sua voz fez meu coração se apertar ainda mais.

- Eu nunca vou vencer você. – respondi parando em frente a ele, em posição de defesa. Meu corpo estava ficando cansado e lágrimas mornas escorriam pelos meus olhos. Mas mesmo através das lágrimas eu o ataquei novamente.

Barulhos agudos e altos saíam a cada contato das lâminas dos meus sai com a espada dele. Daniel primorosamente se esquivou de um ataque lateral que investi e logo perguntou:

- Então qual é o seu objetivo com isso?

Eu tentei minha última cartada, meu último movimento. Meu corpo já estava exausto de tanto esforço inútil e as lágrimas que escorriam de meus olhos me cegavam cada vez mais. Fiz um movimento de ataque ousado, aproveitando sua proximidade. Flexionei o corpo a noventa graus e estiquei ambos os braços para frente, um na direção de seu pescoço e outro direto para seu abdômen. Qualquer adversário normal não teria saído deste ataque com vida, pois o ímpeto para defender a parte de cima do corpo, deixaria a parte de baixo vulnerável e vice versa. Mas Daniel não era um adversário normal e eu sabia disso. Com um movimento incrivelmente rápido e astuto com sua espada, ele não só se defendeu dos ataques, como em questão de segundos, arrancou os sai das minhas mãos, me deixando totalmente vulnerável.

O ataque dele me fez perder o equilíbrio e eu cambaleei para trás, minhas armas caíram a muitos metros de nós. Sua espada dourada parou firmemente a milímetros do meu pescoço. Daniel estava me encarando com seu rosto franzido, sério, e a respiração acelerada. Todos os seus movimentos foram calculados para apenas me desarmar, nunca para me ferir. Eu fiquei imaginando como seria se ele tivesse cumprido a missão que recebeu. Eu não duraria nem dez segundos em suas mãos.

- Termina. – eu falei com a voz trêmula, encarando de volta. Era isso o que eu queria, era assim que deveria ter sido. – Termina o que você começou!

Permanecemos naquela posição: ele com a espada quase tocando meu pescoço e eu de pé em sua frente, entregue a raiva que sentia.

- Do que você está falando? – ele exigiu, seu semblante em confusão total.

- Eu disse pra você terminar o que começou. Não era isso que você devia ter feito quando me conheceu?

Ele soltou a respiração. Em seu rosto eu pude ver, finalmente, o entendimento e, junto com ele, o desespero.

Eu dei um passo a frente, devagar, até que senti a ponta afiada de sua espada tocar meu corpo. Ele imediatamente abaixou-a, mas nunca tirou seus olhos dos meus. Dei mais dois pequenos passos em sua direção. Cara a cara com ele, eu falei baixinho:

- Não era isso o que você devia ter feito?

Minha pergunta foi a última chance que dei a ele de me dizer a verdade, mas a esperança de que alguma coisa, por menor que seja, fosse revelada, se esvaiu. Daniel não disse nada, apenas me fitou com uma expressão de espanto e tristeza misturados. Eu pisquei forte, expulsando novas lágrimas que brotavam. Olhei fundo nos seus olhos e caminhei para fora do tatame, deixando-o lá. Eu fui em direção a saída do ginásio sem olhar pra trás. Apenas o silêncio ensurdecedor me seguia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

reviews???



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Livre Arbítrio: Eu Escolho Você." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.