Livre Arbítrio: Eu Escolho Você. escrita por MilaBravomila


Capítulo 22
Capítulo 22




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Daniel estava lindo. Ele vestia calças brancas feitas de um tecido que, ao longe, eu não podia identificar. Com suas asas abertas e sua espada dourada em punho, ele andava calmamente pelo campo amplo e verde, onde flores diversas coloriam o ambiente e as mais belas árvores sacudiam levemente com o vento. O céu era de um azul tão lindo e imponente, contrastava harmoniosamente com as aves brancas que dançavam graciosas lá no alto. Quando meus olhos conseguiram desviar dele, eu pude reparar no local em que estávamos. Eu estava razoavelmente distante, sobre uma pedra enorme e morna, e abaixo de mim o mais lindo rio que poderia existir. Ele era estreito e obviamente raso, eu conseguia ver as pedrinhas no fundo e cardumes coloridos passeando entre elas. Esse belo rio era a única coisa que me separava do campo em que Daniel se encontrava. A água era tão cristalina que parecia brilhar e a brisa me trazia seus respingos refrescantes. O ar cheirava tão bem, tão leve e puro, que não pude evitar fechar os olhos e inspirar profundamente. Com os olhos fechado, pude sentir o sol esquentando minha pele. Eu estava tão feliz, que abri os braços e soltei uma gargalhada, meu peito transbordava em êxtase. Algum tempo depois eu me lembrei que Daniel estava por perto, eu precisava falar com ele, saber onde ele tinha me trazido. Eu precisava agradecê-lo por me trazer ao lugar mais lindo e perfeito de todo o universo.

Quando voltei a procurá-lo, ele não estava só, havia um outro anjo ao seu lado, igualmente lindo o glorioso. Era Cam. Eles conversavam tranquilamente e eu pude ver que Cam segurava uma espada prata e brilhante. Era pouco maior que a dourada de Daniel e o prateado tão intenso, que parecia branca, uma visão impressionante. Cam moveu-se para o lado durante a conversa e pude perceber um reflexo diferente em seus olhos, eles possuíam um lindo tom de violeta. Esse fato foi o que me chamou a atenção, pois eu sabia que Cam não tinha esse olhar. Eles conversavam felizes, como velhos amigos, rindo alegremente.  Eu prontamente me movi para frente, para atravessar o rio e encontrá-los, eu queria muito estar com eles e ficar pra sempre naquele lugar maravilhoso.

Apenas dois passos foram necessários para que eu alcançasse a extremidade da pedra. Dei um impulso para descer da pedra e atravessar o rio, mas senti algo em meu pulso me impedir. Alguém agarrou meu pulso e me puxou delicadamente para trás. A mão era quente e suave, a textura da pele, como veludo. Seu toque fez com que eu parasse instantaneamente e um calor agradável subiu por meu braço e tomou meu corpo. Senti-me tranqüila e em paz, era como se esse toque transmitisse de uma só vez todo o amor do mundo pra mim. Então, tudo pareceu transcorrer em câmera lenta. Eu virei para olhar o ser que havia me parado, esperando ver a personificação do amor. Meu corpo inteiro transbordava de paz e felicidade. Mas tudo pareceu ficar ainda mais lento e antes que eu conseguisse ver alguém, ou alguma coisa, senti uma voz distante me chamando. Era Daniel, ele estava tentando me acordar. Tentei com toda minha força enxergar aquele ser divino, mas não consegui. Quando abri os olhos e voltei a mim, estava deitada na cama de Daniel com ele ao meu lado.

...

- Luce? – sua voz suave chamou meu nome, uma de suas mãos acariciando meu rosto.

Eu o encarei, sonolenta. Fragmentos do sonho que acabara de ter rodopiando em minha mente.

- Bom dia. – ele insistiu.

Sorri. Em parte por acordar ao lado do amor da minha vida – e lembrar muito bem do que tínhamos feito noite passada - e em parte pelo sentimento bom que ainda corria em mim através do sonho. Seria impossível esquecer aquilo, aquele toque divino em meu braço.

Daniel sorriu de volta.

- Você deve querer almoçar antes das aulas. – ele falou enquanto retirava um fio de cabelo que caía sobre meu olho.

- Almoço? Como assim? – perguntei com a voz grogue.

- Eu deixei você descansar. Seu corpo precisava depois de toda aquela batalha com Taurus.

Tudo voltou a minha mente, a batalha, Miles, a conversa com Daniel e sua revelação sobre ser o príncipe das Dominações. Somente agora me dei conta de que meu corpo estava cem por cento saudável, quer dizer, depois de lutar com Taurus e ter uma noite de amor incrível com meu anjo-namorado-amor-da-minha-vida, eu esperava estar bem debilitada, mas não era assim que me sentia. Na verdade, eu estava muito bem, totalmente recuperada.

- Bom, é verdade quando dizem que boas horas de sono recuperam qualquer coisa. – disse a ele sentando-me na cama.

- E... – ele começou – como estamos?

Suspirei profundamente. Eu ainda não sabia como me sentia em relação a tudo o que ele me contou, mas eu teria tempo de descobrir, teria que pensar e processar tudo isso.

- Bem. – respondi.

Ele se aproximou e beijou minha testa.

- Que bom, meu anjo.

Levantei da cama e fui até a luxuosa suíte no fundo do quarto, escovei os dentes – sim, havia uma escova extra - e tomei uma ducha quente e revigorante. Enrolei-me na toalha branca e macia e saí. Ele estava de pé ao lado da cama, sobre a qual estavam uma muda de roupas minhas: roupas íntimas, uma calça jeans skinny, blusa de gola branca e um casaco cáqui com capuz, minha bota rasteira ao lado, no chão. Olhei curiosa para ele, que pôs uma mão na cabeça, fingindo arrumar o cabelo.

- Eu fui buscar pra você... – ele disse meio sem jeito. – Espero que tenha acertado... não sou muito bom com moda.

Eu sorri e me encaminhei para pegar as roupas.

- Está tudo perfeito. Se você não fosse um anjo, podia ser consultor de moda. – eu disse dando uma piscada bem humorada.

Ele retribuiu.

Peguei as roupas íntimas primeiro. Daniel estava parado bom ao meu lado e ficou agradavelmente surpreso quando eu deixei a toalha cair no chão, ficando completamente nua em sua frente. Vesti a calcinha e o sutiã e me virei de costas pra ele.

- Fecha pra mim? – pedi com uma voz mais ousada do que pretendia.

Senti-o se aproximar e logo depois seus dedos quentes tocaram minhas costas na altura do fecho. Daniel prolongou o processo e no fim, deixou suas mãos deslizarem até os meus quadris. Ele me puxou pra ele e me abraçou por trás, beijando suavemente meu pescoço.

- Por que você faz isso ser tão difícil? – ele perguntou aproximando a boca de meu ouvido.

- Isso o quê? – perguntei fechando os meus olhos.

- Ter que deixar você sair daqui. – ele disse enquanto seus braços fortes me envolviam completamente e seu corpo quente e perfeito se moldava contra o meu, nesse abraço invertido. Eu me virei para beijá-lo. Eu o desejava tanto, como isso era possível?

Daniel correspondeu ao meu beijo com muito mais intensidade e eu podia sentir o fogo e o desejo queimando nele, seu corpo chamava pelo meu. Ele começou a me levar para o lado, queria deitar-me na cama, mas eu tinha a certeza de que se isso acontecesse, eu não sairia desse quarto hoje.

- Preciso ir. – falei entre seus lábios, minha respiração ofegante.

Ele levou uns segundos, mas concordou com a cabeça e paramos de nos beijar, nossos lábios ainda se tocavam e eu estava completamente imprensada contra ele.

- Agora você passou do difícil para o praticamente impossível, Srta. Price. – Ele falou num sussurro, dando-me outro beijo envolvente.

Minhas mãos foram para seu peito – Deus, que corpo! – e,muito contrariadas, o empurraram levemente. Ele percebeu, mas fingiu não notar. Eu sorri.

- Daniel...

Ele se afastou sorrindo, suas mãos ainda pressionando meus quadris.

- Se veste logo, por favor – ele pediu se afastando de mim lentamente. Seu tom era como o de alguém que sentia dor. Eu lhe dei um selinho e saí de perto, apressando-me em colocar o máximo de peças possíveis, embora o olhar dele claramente dissesse que elas eram inúteis.

Nós fomos para o restaurante, bem no meio da hora do almoço. As pessoas nos enviavam olhares curiosos de vez em quando, mas a maioria não nos deu muita atenção, eles pareciam ansiosos com outra coisa. A conversa estava mais alta do que de costume e eu conseguia ver a excitação no olhar de muitos nephilins.

- O que está havendo? – perguntei a Daniel enquanto caminhávamos para uma das mesas.

- Eles estão falando sobre o baile de fim de ano. – ele respondeu.

- Baile? – eu perguntei confusa. Eu estava completamente alheia a datas ou a qualquer outra coisa no mundo.

- Uma tradição. É uma espécie de formatura, na verdade, apesar de não ser como as tradicionais. Os nephilins que se formam terão uma missão muito importante que é praticar tudo o que eles aprenderam aqui, por isso comemoramos. – Daniel respondeu tranquilamente enquanto comia seu sanduíche – anjos em geral não tinham um grande apetite, com exceção de Arriane, é claro.

Tomei fôlego para perguntar a ele sobre que tipo de missões os nephilins tinham após a formatura, mas não perguntei, tinha alguém se aproximando de nossa mesa.

Gabbe estava linda, como sempre. Alta, loira, poderosa e impecavelmente vestida para matar. Ela parecia que estava em um desfile de moda e isso era horrível – pra mim.

Ela chegou bem próximo e olhou diretamente pra Daniel. Que droga! Ela tinha que ser tão perfeita? E ainda era um anjo!

- Daniel – ela começou completamente indiferente a minha presença, como sempre – Steven e Francesca têm assuntos importantes a tratar. Eles te esperam antes das aulas do segundo período, no escritório dela. Eu parto agora.

- OK. – ele disse – Boa sorte. Assim que souber de algo nos avise.

Ela não respondeu, apenas olhava fixamente para os olhos ultra-violetas dele. Ela estava lendo nos olhos dele tudo o que ele estava sentindo, tudo o que nós passamos nas últimas horas. Eu amava aquele olhar, mas preciso confessar que às vezes era um pouco inconveniente, afinal, eles ficavam com um brilho inconfundível depois que fazíamos amor. Gabbe escorregou olhar lentamente em minha direção e eu podia quase ouvir seus pensamentos reprovativos. Ela revirou os olhos antes de sair rebolando sensualmente. Merda.

- Qual é o problema dela comigo? – eu perguntei puta da vida. Eu sempre me sentia um lixo perto dela, Gabbe me tratava como um.

Daniel respondeu calmamente:

- Ela não tem problema nenhum com você, meu anjo, é que Gabbe... se preocupa demais, só isso.

- É... ela se preocupa muito com você, disso eu não tenho dúvida. – falei com um tom sarcástico. Eu simplesmente não podia evitar, não tinha como não sentir isso. Ela era a mulher mais linda que eu conhecia e tinha uma admiração absurda por Daniel. Meu coração se apertou quando as palavras que Miles me disse na noite anterior me atingiram: “Como eu poderia competir com um anjo?”.

- Luce – ele me deu um olhar bem expressivo – eu não quero que você sinta ciúmes de Gabbe, ou de ninguém.

- Eu não estou com ciúmes! – respondi rápido demais. Nem mesmo meu cachorro acreditaria nessa desculpa esfarrapada. Mas eu me esforcei em mantê-la, fingindo um ar indiferente.

- Mentira. – ele falou com um pequeno sorriso nos lábios.

Eu comecei a tentar inventar várias respostas que mostrariam a ele que eu não ligava pra ela, mas nada surgiu. Limitei-me a desviar de seu olhar violeta.

- Luce, você sabe que eu sou completamente apaixonado por você, isso é ridículo. – a expressão em seu rosto era como se eu tivesse acabado de falar a coisa mais absurda do mundo. Pra mim não era.

Cruzei os braços, ainda olhando para o outro lado do refeitório. Daniel se levantou e andou até mim.

- Vou falar com Steven e Francesca. Te vejo depois. – e se abaixou para me beijar. Eu dei um rápido beijo em seus lábios.

- OK. – respondi contrariada.

Enquanto ele se afastava, olhei para minha bandeja, ainda repleta de comida, de repente eu já não tinha mais fome. Dois segundo depois que Daniel saiu Shelby se jogou na cadeira em que ele estava.

- Até que enfim! Achei que ele não ía sair nunca! – ela falou esticando a mão para minha bandeja – Você vai comer isso? – disse enquanto pegava a maçã que planejei ter como sobremesa.

- Não. – ela nem esperou minha resposta para abocanhar a fruta.

- Onde você esteve? Te procurei a manhã toda. – eu via a maçã rolar de um lado para outro em sua boca.

- Com Daniel.

- Aham. – foi tudo o que ouvi.

- Shelby... você viu Miles essa manhã? – perguntei mudando de assunto, não queria pensar em Gabbe e sua beleza estonteante perto de Daniel. Além disso, eu estava preocupada com Miles.

- Claro. Ele estava na aula... como VOCÊ deveria estar. O ano está acabando, tá tudo uma loucura, você não deveria faltar assim. – ela respondeu tão rápido quanto pode. Eu fiquei aliviada por Miles.

- E... ele estava bem? – perguntei.

- Quem? – Shelby quis saber.

- Miles.

- Claro, por que não estaria?

- Bom... – eu expliquei resumidamente sobre a conversa que eu e ele tínhamos tido. No fim ela estava com uma cara de “eu já sabia que ía dar nisso”.

- Bom, ele podia estar com a aparência de cansado, mas eu não percebi nada além disso... acho que Miles é bom em esconder o que sente. – Shelby completou.

Nós nos encaramos, bem na hora em que a sirene tocou, me fazendo dar um pequeno pulo.

Ela começou a tagarelar sobre o assunto do momento, o baile de fim de ano, mas eu não estava com humor para festas. A coisa toda com Daniel e o que ele me disse ainda rodavam em minha cabeça e eu também não conseguia esquecer o sonho que tive essa noite. Quando nos viramos para o corredor principal eu vi Cam parado a poucos metros.

- Shelby... vai indo pra sala, eu já alcanço você. – falei rapidamente saindo de perto dela, que ficou meio sem saber o que fazer.

Fui na direção de Cam que olhava, aparentemente distraído, para a direção do refeitório, como se estivesse esperando alguém.

Quando ele me viu andando em sua direção, abriu um sorriso largo e afetuoso, como sempre fazia.

- Luce, que bela surpresa. Em que posso te ajudar? – sua voz não conseguia esconder a curiosidade.

- Posso falar com você um minuto? – perguntei.

- Quantos precisar. – ele respondeu dando um passo para o lado para que o pudesse acompanhar. Eu não sabia ao certo como perguntar esse tipo de coisa, mas desde que Daniel me contou sobre suas origens, eu precisava saber mais.


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Notas finais do capítulo

O Q ESTAUM ACHANDO, PESSOAS???

AGUARDO REVIEWS PRA SABER O Q ESTAUM ACHANDO DA FIC... BJS



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