Nem Todos que Vagam, Estão Perdidos... escrita por emiliepp


Capítulo 33
Capítulo 33


Notas iniciais do capítulo

Ok esse capítulo é grande.
Mas é bonitinho.
Acendam o lado romântico de vocês aí e se joguem, uhul rs.
Giulia(:



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[...] E amanhã era o meu dia.

            - Começando amanhã... é, eu tenho bastante tempo pra te ensinar a dormir como um humano.

            Me aconcheguei em seus braços fechei os olhos. [...]

Giulia’s POV

            -Giulia... Giulia... vamos, é hora... acorde...

            Alguém abrindo minhas cortinas. Senti a luz do sol atravessando minhas pálpebras.

            Outro alguém puxando minhas cobertas, que meus braços insistiam em enrolar em volta de mim no típico casulo inexpugnável que eu fazia com elas. Não tão inexpugnável assim, quando é um elfo que tenta destruí-lo (e infelizmente consegue).

            Alguém cutucando meu ombro insistentemente. Lutei para abrir meus olhos. PO, não acordo tão rápido assim, quem quer que você seja, ó elfo.

            - Giulia, temos muito o que fazer hoje! Levante! É hoje, o seu dia! – a voz soava bem animada. O que é estranho, levando em conta o fato de que ela ARRANCOU MINHAS COBERTAS E ME CUTUCOU ATÉ EU ACORDAR! SAI DE MIM!

            - Ahn... hã?

            Nerdanel me olhava com um sorriso de rainha dos elfos, duas elfas atrás dela, com bandejas de comida, sorriam também. Quantos sorrisos, pra quem não teve piedade nenhuma em me acordar daquele jeito.

            - Giulia, o seu casamento. É hoje. – ela parecia esperar alguma outra resposta minha que não fosse bocejar e coçar a marofa que era meu cabelo, pela expressão que ela fez.

            - Ahhhhhnn... tá certo...

            - Giulia, você precisa... acordar.

            - Ai, calma aí... – bocejo – eu não sou tão élfica nesse negócio de acor...

            Ei, espera aí.

            - MEU DEUS, É HOJE. MEU CASAMENTO. – levantei pulando. – MEU CASAMENTO! SOCORRO!

            Nerdanel me segurou pelos braços.

            - Giulia, querida, não se preocupe, vamos cuidar de tudo e te ajudar. Não se desespere, certo? – ela deu uma risadinha. – Melhor assim... agora tenho certeza de que você está acordada.

POV 3ª pessoa

            Maedhros estava sentado em sua cama, com os lençóis brancos enrolados em volta de suas pernas cruzadas, na penumbra de seu quarto. Olhando fixamente para o nada. Seus cabelos caindo despenteados pelas suas costas nuas, brancas como neve. Se elfos tivessem olheiras, provavelmente as dele estariam tão fundas quanto as do próprio Morgoth, afinal, ele mal dormira durante a noite. Alguém bateu na porta.

            - Primo?

            - Entre, Fingon.

            - Bom dia, senhor noivo, e... – Fingon olhou ao redor do quarto, confuso, e pousou o olhar em Maedhros, sentado e despenteado no meio da cama, com uma cara completamente confusa. – achei que hoje fosse o seu casamento, não a ressaca de depois da festa.

            - Hm. – Maedhros caiu para trás, no travesseiro, sem cerimônia nenhuma. – não dormi nada, só isso. Não consegui.

            Fingon riu, e atirou nele um travesseiro que encontrou jogado no chão.

            - Isso se chama anisedade, primo, e não se preocupe, é normal. – ele deu um suspiro bem audível. – Ah, os apaixonados são tão...

            - Nem quero ouvir o que você vai falar, porque eu vou ter que concordar. – Maedhros tirou o travesseiro da cara. –Esse negócio de eu não poder vê-la hoje é algum tipo de tortura, não é? Justo hoje.

            - Ah, primo, o amor é lindo, mas ele exige paciência, coisa que vocês, fëanorianos, não têm de sobra. Agora ande, levante dessa cama, arrume essa bagunça que está o seu cabelo e vamos descer para o desjejum. E depois vamos pegar os cavalos e vamos correr até você tirar essa cara de espectro, porque nenhuma noiva merece um noivo assim no altar.

            - Hm... certo.

            - Ah... esqueci de mencionar que os barris de vinho ainda estão estrategicamente localizados nos jardins, e não na cozinha, onde eles estariam fora de questão para nós, pobre noivo e padrinho à espera da hora do casamento?

            Fingon puxou Maedhros para fora da cama, ao que ele sorriu, animado.

            - Com certeza nos deixarão fugir com os cavalos e uns odres por um tempo... Giulia, minha pequena, o brinde é para você.

Giulia’s POV

            Certo, aqui estou eu, comendo bolinhos de mel e tortinhas de cereja extremamente quentes, e tangerinas e maçãs e romãs e framboesas e mirtilos, enquanto recebo uma massagem nas costas, a melhor que já tive, por sinal. Com direito a óleos de rosas e tudo o mais. Até que ser noiva é bem legal, rs. Nerdanel sabe o que eu preciso pra relaxar. Mas logo ouvi minha porta abrir, e entraram elfas carregando uma banheira e vários baldes de água fumegando. Hora do banho.

            Este também era diferente. A água, não sei... parecia mágica. Soltava um odor diferente a cada momento, odor de flores, de grama cortada, do vento que vem do mar... a cada hora, eu sentia um cheiro que fazia com que eu me sentisse mais relaxada. Nerdanel falou:

            - Esta água tem propriedades muito especiais... nós a usamos em ocasiões especiais. Ela surte um efeito diferente em cada pessoa, mas sempre com o intuito de limpar o corpo, e também a mente.

            Certo, limpar o corpo e a mente seria possível com todos aqueles cheiros bons e aquela água quentinha em volta de mim, e com as elfas esfregando as minhas costas com esponjas macias, e tudo o mais... mas se a água queria limpar meu corpo e mente, estava com defeito, só pode. Quer dizer, estava tudo maravilhoso, tirando uma coisa que não me deixava ficar em paz, que nunca me deixou em paz desde que eu a conheci: eu não parava de sentir o cheiro dele, no meio de todos os outros cheiros relaxantes. Não dava pra apagar aquela centelha que ficava me espetando de ansiedade por dentro assim. Mas ao mesmo tempo, era tão... bom.

            Paciência. Paciência é a chave. Hoje à noite. Esse cheiro... só de pensar em hoje à noite... ah, deixa pra lá. Melhor não descrever o que eu sentia ao pensar em hoje à noite. Me concentrei no meu banho, afinal, pelo menos limpa eu preciso estar.

            Passei o dia assim, entre banhos, massagens e umas horas em que eu estava tão relaxada que cheguei a cochilar. Só sei que quando eu acordei de meu último cochilo, eu estava em minha cama, e o sol já estava mais baixo. Nerdanel andava pelo quarto, silenciosa, pendurando coisas aqui e ali, provavelmente meu vestido e outras coisas.

            - Nerdanel? Que horas são?

            - Já está perto da hora, Giulia. Ande, precisamos deixá-la pronta até o crepúsculo. Tudo já está aprontado para a festa, lá nos jardins. Emilie poderá assistir, também. Já posicionamo-la em um lugar de honra. Ela já foi avisada da hora de início da cerimônia também, e garanto que ela não irá se atrasar. Agora, temos que nos preocupar com você, querida. – Ela sorriu, e estendeu o braço para eu me levantar. - Venha, vamos começar.

POV 3ª pessoa

            Maedhros andava de um lado para o outro em seu quarto, inquieto, vestido somente com calças largas. Torcia seu cabelo molhado do banho em uma toalha, enquanto Fingon se sentava em sua cama, preguiçoso, comendo um cacho de uvas.

            - Então, que horas são? Meu cabelo precisa secar antes do pôr-do-sol, sabe.

            Fingon rolou os olhos, cansado.

            - Primo, será que você poderia, por favor, parar de perguntar que horas são? Ainda falta muito tempo para a cerimônia, e não é como se você fosse a noiva e precisasse passar o dia se arrumando e se preocupando com o cabelo, não é. Ele seca, você coloca sua roupa e seu diadema e vai esperá-la. Simples assim. – ele suspirou, impaciente. – achei que o vinho e um pouco de ar livre fossem fazê-lo ficar mais normal, sabe.

            - Eu estou completamente normal.

            - Mas é claro.

            - Esqueça.

            - Posso tomar meu banho agora?

            - Claro, eu já saí, não foi?

            - Você nervoso é insuportável.

            - Vai cuidar das suas tranças, padrinho.

            - Mais fácil do que cuidar de você, noivo.

            - Vá logo!

            - Vou quando eu quiser.

            - Você é irritante ao extremo quando quer.

            - Pelo menos não sou nervosinho.

            - Quem é que você chamou de nervosinho?

            - O senhor aí, Russandol. [N/A: “Russandol” significa “Cabeça-de-cobre”, beijinios.]

            - Mais piadinhas sobre eu ser cabeça-quente e a cor do meu cabelo?

            - Eu já estava indo cuidar das minhas tranças, como você me mandou.

            - Você não tem jeito, não é?

            - Nem você, primo.

            Maedhros atirou a toalha em Fingon, rindo.

            - Ande, vá tomar seu banho, e me deixe com o que restou do vinho. Já que minha noiva está proibida para mim até o crepúsculo.

            - “Oh, pequenininha, não agüento ficar longe de você!” – Fingon ria, enquanto ia para a porta ao lado, onde havia uma banheira com água quente.

            Maedhros deu um gole no vinho, sentando-se na mesa.

            - O pior é que é verdade, pequenininha.

Giulia’s POV

            Ok, depois de umas boas horas de esticar e puxar o cabelo, o resultado era este: meu cabelo curto (sim, eu o mantinha curto, com uma navalha serrilhada que foi presente de Nerdanel) estava arrumado com um diadema prateado com pequenas pérolas que pendiam dele soltas, na minha testa. Meu rosto estava liso como o de uma boneca, livre de espinhas (OREMOS! ALELUIA IRMÃOS!), pois as águas de Valinor eram melhores que qualquer tratamento de pele que eu tivesse em meu velho mundo.

            Meu velho mundo. Minha família. Minhas amigas. Minha vida... minha terra natal. Por mais que eu já estivesse conseguindo lidar com isso, hoje... hoje era diferente. É o meu casamento. Não tem como não sentir... muita falta de todos que eu amo.

            - Giulia, está tudo bem? – O reflexo de Nerdanel me olhava, junto ao meu próprio, no espelho.

            - Sim, é só... são as saudades. Só isso. Já estou melhor, Nerdanel. Obrigada.

            Ela colocou as mãos nos meus ombros.

            - Ah, Giulia... é difícil. Eu entendo. Mas tenho certeza de que os Valar olham por você. E tenho certeza de que sua família também. A família nunca se separa, não importa a distância. Sempre se lembre disso. Eles estão com você, Giulia.

            - Le hannon, Nerdanel.

            - Você está linda. – ela sorriu para mim. – a última coisa que falta é seu vestido.

            Meu vestido. Ah é, ele era... lindo. Todo de seda branca, com uma cauda BEM grande. Naquele estilo esvoaçante dos elfos, sabe? Perfeito. Simples, mas perfeito. Nem curto essas parafernálias todas no vestido. E ele feito especialmente para mim, na minha altura de humana.

            Então, alguns minutos depois, eu estava pronta. Nerdanel salpicou perfume nos meus pulsos, atrás das minhas orelhas, e bem... lá. Isso mesmo, eu preferia ter feito isso sozinha, mas ela insistia na tradição que dizia que a mãe (que no caso era ela, aqui em Valinor) deveria preparar a filha para o casamento em, hã, todos os sentidos. Enfim, passado esse momento, ela prendeu o véu bordado com pérolas (sim, meu véu é bordado com pérolas DE VERDADE, MORRAM DE INVEJA RS RS) na minha cabeça e, dando uns passos para trás, me admirou:

            - Perfeita. – ela sorriu, um sorriso quente, acolhedor. – Giulia... meu filho não poderia ter escolhido noiva melhor. – e me abraçou. – Le hannon.

POV 3ª pessoa

            Fingon terminava de trançar a última mecha de seus cabelos negros com os costumeiros fios dourados, já vestido e pronto na sua túnica azul-petróleo que contrastava com seus olhos azuis. Tinha um diadema igualmente dourado na cabeça. Enquanto isso, Maedhros já estava à porta, impaciente, nervoso e vestido com uma túnica creme e um diadema prateado na testa.

            - Vamos, Fingon. Não temos o dia todo, sabe.

            - Já estou pronto! Já estou pronto! E já vi que de nada adiantou todo aquele vinho, afinal de contas. E ainda acho que um dos cozinheiros nos viu nos jardins. Nem o risco, valeu.

            - Não tenho tempo para isso. Ande logo!

            - A calma em pessoa...

            Chegando nos jardins, que seriam o costumeiro terraço onde ocorrera a festa de fim-de-ano, encontraram-no sem tendas como na última vez, mas com cadeiras enfileiradas na frente de um altar elevado, embaixo de uma árvore com pequenas lanternas élficas, com sua luz prateada, penduradas em seus galhos, a vista atrás dela era de uma Tirion banhada pelo dourado do crepúsculo de verão. Elfos andavam aqui e ali, arrumando os últimos detalhes da festa para que tudo ficasse perfeito. Até que Fëanor aproximou-se dos dois, e olhando para Maedhros, disse:

            - Meu filho. Estou orgulhoso de você.

            - Suas palavras me honram, pai.

            - Hoje, as honras são todas a você, meu filho. Mas venha. Os convidados estão começando a chegar. Precisa esperar até a hora da cerimônia.

            Assim ele fez, e numa sala próxima ao começo do corredor de cadeiras que levava ao altar, se limitou a esperar, dessa vez em silencio, junto com Fingon, a hora chegar.

Giulia’s POV

            É agora.

            Eu vou me casar em poucos minutos.

            Daqui a alguns momentos eu vou estar andando por aquele corredor, naquele jardim repleto de elfos importantes e altos e bonitos e tudo o mais, sozinha, com um buquê de rosas prateadas e brancas nas mãos e um véu na minha cabeça, e ele me esperando lá, no altar.

            É só essa elfa aqui do lado me dizer que é a hora de entrar.

            Já entrou todo mundo antes que me deixassem descer as escadas, Fingon, Nerdanel e Fëanor, a Emilie e o Legolas, que também eram padrinhos, já estavam lá vida ipod, e o pior de tudo, ELE já estava lá, me esperando, com Mahtan, pai de Nerdanel, esperando para nos fazer os votos que nos uniriam pela eternidade.

            Posso ter um colapso nervoso agora?

            - Giulia, é a sua hora. – A elfa ao meu lado me sinalizou, gentilmente.

            AH.

            ILÚVATAR.

            Me salve.

            Pisei para fora. Todos levantaram.

            Deus, esse corredor é gigante.

            Never mind. Keep walking, keep walking.

            E eu continuei andando.

            Até que eu vi a Emilie e o Legolas ali, pelo ipod, sorrindo para mim, e Fingon do outro lado do corredor, com um sorriso que também me dizia “vai lá e arrasa, PORRA!”

            E eu sorri, levantei a cabeça e continuei andando. Mas aí eu vi ele. Estonteante, mesmo com a minha visão embaçada por causa do véu, em sua túnica creme, só um pouquinho mais escura que a cor do meu vestido, com os cabelos vermelhos presos por um diadema trançado em prata, ali no altar, sorrindo nervoso para mim.

            É agora que eu infarto?

            Subi os degraus do altar, e parei ao lado dele. Silêncio. Mahtan sorriu para nós.

            Respira. Respira fundo.

            Ele começou.

            - Hoje, estamos aqui reunidos para testemunhar um momento que traduz-nos toda a alegria da vida. Hoje, testemunhamos a união de duas almas para toda a eternidade. Uma união feita com juramentos, juramentos baseados no amor que impele estas duas almas a se tornarem uma. Juramentos que até mesmo os Valar poderão garantir que serão inquebráveis: inquebráveis porque traduzem o amor que estas almas estão dispostas a doar uma a outra, incondicionalmente, pois se tornarão uma.

            Mahtan subitamente parou de falar. Uma sombra passou por cima de todos, rápida, e tomou forma em nossa frente como Thorondor, a águia de Manwë, pousando atrás do altar, na altura de nossas cabeças. Mas EY WTF. Era pra isso acontecer?

            Ele começou a falar mentalmente, mas aposto que não era só eu que estava ouvindo.

            - Por decreto de Manwë, Senhor dos Valar, e de Varda, Senhora dos Valar, venho até esta casa, neste momento de alegria, para transmitir a bênção de meu Senhor e dos Valar, e por intermédio destes, e de mim, a bêncão de Eru Ilúvatar, a estas duas pessoas que aqui se apresentam diante de nós, cientes de seu amor um pelo outro, um amor que os impele a unir-se eternamente, pois o amor não mede idades, nem distâncias. – ele abriu as asas, uma se estendia atrás de mim, outra, atrás de Maedhros. – Porém, o amor não pode vencer as barreiras do tempo. Tempo este, que para os da raça dos eldar, não representa ameaça, pois eles passam por ele intocados. Porém, não assim o tempo avança para todos aqui presentes hoje, pois o amor também não vê raças.

            “Entre nós, temos uma da raça dos Filhos Mais Novos, que, quer seja pelo destino, quer seja por mera coincidência, descobriu-se em nosso mundo e Era de maneira inesperada. E parte de nosso mundo tornou-se, mostrando fidelidade aos Valar, à Aman e às tradições dos noldor, às quais abraçou com tanto afinco como um deles. E a bênção de Ilúvatar se estende, principalmente, a ela: Giulia, da raça dos edain, mortal, enamorada de Maedhros Nelyafinwë, futura esposa deste.”

            “A você, Giulia, Ilúvatar concede, por intermédio e aprovação de Maedhros Nelyafinwë, a vida imortal do povo ao qual passou a amar e a fazer parte. A partir de Maedhros, por meio de seus juramentos, ele unirá sua alma à dele, e juntos, se tornarão um, e a imortalidade a alcançará.”

            Meu Deus.

            “Sob a Graça e intecessão dos Valar, eu questiono-lhe, Maedhros Nelyafinwë: estarás disposto a alojar em tua alma, a alma de quem tu amas? Estarás disposto a tornar-se Um?”

            Maedhros pegou minha mão, e, me lançando um último olhar antes de responder, virou-se para Thorondor e Mahtan:

            - Em minha alma estarei disposto a alojar a alma daquela a quem amo, e sempre amarei, Giulia, através das Eras, eternamente, sob a Graça dos Valar e de Eru Ilúvatar. Eu aceito.

            Ok. Ok. Agora é minha hora.

            Pare de tremer, pelo amor de Deus.

            Não sei como aconteceu, mas as palavras saíram da minha boca, sem eu me engasgar, nem nada, como que por milagre:

            - Na alma daquele a quem amo, e sempre amarei, Maedhros Nelyafinwë, estarei disposta a alojar-me, através das Eras, eternamente, sob a Graça dos Valar e de Eru Ilúvatar. – parei, porque precisava muito respirar fundo antes de dizer isso. – Eu aceito.

            Thorondor olhou para todos, e, finalmente, para nós.

            - Assim sendo, pela Graça dos Valar e de Eru Ilúvatar, considero seus juramentos legítimos, e legítimos permanecerão. A partir de agora, Giulia e Maedhros deixam de ser almas separadas para tornarem-se Uma, no amor que os une, e passam a ser marido e mulher.

            Dizendo isso, ele avançou e tocou a testa de Maedhros com a ponta do bico, e logo depois, fez isso comigo. E nessa hora, eu senti uma vertigem tão grande que eu achei que eu não tivesse mais ossos. Mas foi uma sensação boa, como se o vento estivesse me atravessando inteira.

            Ouvi aplausos. Mahtan sorria para nós, e também aplaudia.

            A mão de Maedhros apertou a minha, e eu olhei para ele, sorrindo. Ele sorria para mim.

            E de repente, ele me tirou do meu torpor, afastando meu véu. Senti meu corpo de novo, e principalmente, senti ele ao meu lado. E passei minhas mãos pela nuca dele e o beijei.

            Os aplausos aumentaram, e eu senti pequenas coisinhas caindo em mim. Mas danem-se os aplausos, danem-se as coisas caindo, o que importava naquele momento era o calor de Maedhros me abraçando pela cintura, as pontas dos meus pés se esticando, os cabelos dele nas minhas mãos.Importava o  beijo, delicado e doce. Ele importava. Só isso.

            Eram pétalas de rosas que caíam. Prateadas e brancas, como meu buquê.

            Nos viramos para todos, sorrindo como idiotas, e começamos a descer o altar, de mãos dadas, e atravessamos o corredor, que não parecia mais tão grande assim, se você quer saber.

            EU CASEI, PORRA!

            


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