Demon Life escrita por Mirytie


Capítulo 4
Capítulo 4 - A lua cheia


Notas iniciais do capítulo

Enjoy ^^



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Kelly era a mãe humana de Íon e um segredo do mundo negro.

O seu pai, Elius, tinha sido morto por causa dela. Mal Yuan descobrira sobre a humana que Elius tinha engravidado, decidiu que a morte era o passo seguinte.

Com o sangue do próprio filho nas mãos, Yuan dirigira-se a Kelly e dissera: - Só estás viva por causa do bebé que carregas no ventre.

É claro que, depois de Íon nascer, estavam todos demasiado ocupados a procurar o demónio puro-sangue, por isso Yuan tinha-se esquecido de Kelly e, quando as buscas tinham terminado, Íon já tinha mentalidade suficiente para se opor ao avô. Graças ao filho, Kelly tinha sido salva.

Agora, vivia na mansão principal dos anjos caídos, com Íon e Yuan (que poucas vezes saía do seu quarto desde que tinha sido banido como mestre).

- Desconfias dessa rapariga? – perguntou Kelly com aquele sorriso angelical que tinha atraído o seu pai – Porquê?

- Não sei. – respondeu Íon – Ela não parece um demónio normal.

- Estás a julga-la por ela ser um demónio. – avisou Kelly – Tal como te julgam mal, só por teres nascido um anjo negro, Íon.

- Mas o Brian gosta dela… – referiu Íon – Ele nunca gosta de ninguém!

- Será que ele não se apaixonou? – sugeriu a mãe fazendo Íon rir.

- Isso é uma coisa tão humana de se dizer, mãe. – disse Brian parando de rir quando Kelly fez uma cara feia – O Brian não se apaixona…muito menos por um demónio.

- Vieste-me pedir uma opinião, filho. – lembrou Kelly – Mas já tens uma opinião formada, não tens?

- Eu acho que ela é o puro-sangue de quem andaram à procura, há dezasseis anos atrás. – quando ouviu Kelly suspirar, Íon continuou – Ela tem dezasseis anos, mãe.

- Isso não quer dizer nada. – protestou Kelly – O que é que achas que o teu avô faria se te ouvisse a dizer isso?

- Desculpa. – pediu Íon.

Mas já era tarde demais. No segundo andar, escondido atrás da parede que delimitava o corrimão das escadas, Yuan escutava cada palavra que o neto dizia mas, na sua cara, não havia mais nada para além do prazer de finalmente poder destruir a criação de Sylur.

Finalmente ia poder esticar as asas. Já não matava ninguém, desde Elius.

Esperar que os poderes dela despertassem por isso ia esperar. A morte de Sylur iria transformar-se numa tentativa vã para acabar com ele.

Afinal, ele não tinha conseguido matar Sylur. O mestre dos demónios puro-sangue, ao ver que não adiantava nada lutar quando todas as suas tropas tinham sido dizimadas, tinha dado a sua vida para criar a rapariga.

O destino dela estava selado.

Angel acordou com o sol a bater-lhe na cara e a mesma dor de cabeça com que tinha adormecido.

Estava tanto calor…tanto, tanto calor!

Cansada, mesmo sem sequer se ter levantado, Angel deixou-se estar mais um bocado até a mãe ir chamá-la.

- Angel. – disse Lisa com as mãos nas ancas – Se não te levantares agora vais chegar atrasada à escola, filha. Eu sei que ontem estiveste acordada até…

Quando Angel sentou-se na cama e olhou para a mãe, Lisa deixou de falar imediatamente e, só não saiu do quarto porque não queria assustar a filha.

- Sinto-me quente, mãe. – Angel levantou-se mas foi imediatamente parada pela mãe, que a empurrou para a cama outra vez – Os demónios ficam doentes?

- Sim, ficam. – evitando as mãos da filhas, Lisa cobriu Angel até ao pescoço – Vais ficar boa num piscar de olhos.

Era mentira. Os demónios só adoeciam quando estavam velhos e a morrer mas, ao olhar para a íris vermelha da filha, Lisa percebeu que os puro-sangue não deviam ser iguais.

- Vou trazer-te alguma coisa para comeres, está bem? – Lisa saiu do quarto e apressou-se para apanhar William – Querido, tens que ver a Angel. Acho que devias tirar o dia de folga.

- Liz, eu não posso fazer isso. – ele pegou na mala e viu que estava atrasado mas decidiu dar mais alguns minutos a Lisa – O que é que a Angel tem?

- Os olhos dela estão vermelhos, Will. – disse Lisa contorcendo as mãos – E está a arder em febre. – as lágrimas apareceram logo a seguir – A nossa filha está a morrer!

- Tem calma, Lisa. – ele aproximou-se dela e abraçou-a com força – Vai correr tudo bem.

- Não! – gritou Lisa empurrando-o – Eu não vou deixá-la morrer! Vou chamar o nosso mestre. Ele deve saber o que fazer.

- Não podes dizer ao Airo. – William pousou a mala – Ele vai matá-la no mesmo instante.

- Eu confio nele. – insistiu Lisa – Por favor, Will. Vai ao quarto dela e vê como é que ela está. Depois diz-me que não achas que devíamos chamar o mestre!

Sem dizer mais nada, William passou por Lisa e dirigiu-se para o quarto da filha, entrando sem sequer bater. Angel estava deitada, com a cara coberta de gotas de suor e a ofegar.

Quando ela olhou para ele, William viu os olhos que só tinha visto um par de vezes, graças a Lisa. – Não precisas de ficar em casa por minha causa, pai. A mãe diz que eu vou ficar melhor, não tarda nada.

Muitas vezes, William via a filha como uma criação de uma maldição e tinha medo dela. Mas, agora, ao ver o sorriso fraco da filha enquanto tentava não preocupar o pai, Will arrependia-se de todas essas vezes.

- A tua mãe tem razão. – disse ele – Mas eu estou preocupado, por isso vou ficar em casa, está bem? Se precisares de alguma coisa, é só dizer. A tua mãe vai sair por um bocado mas eu fico aqui.

Angel anuiu a cabeça e fechou os olhos outra vez. – Obrigada, pai.

Com a consciência pesada, William saiu do quarto e olhou para Lisa.

- Vai chamá-lo.

Brian foi procurar Lisa à sala dela depois de ver que ela não tinha ido almoçar, mas ninguém sabia de nada. A idiota da amiga dela tinha dito que o pai tinha ligado para a escola para avisar que ela estava doente. O que era obviamente uma mentira já que os demónios não ficavam doentes.

Raios! Ainda ontem a tinha visto! Que necessidade era aquela de vê-la todos os dias?

Irritado, Brian decidiu ir a casa dela para encontrar resposta mas o descuido custou-lhe uma queimadura mal pôs um pé fora da escola.

Deu imediatamente a volta, pegou na gabardina preta que tinha deixado na sala-de-aula e entrou na casa de banho para ver a gravidade da queimadura. Virou a face e viu a queimadura negra na bochecha direita. Tivera sorte.

Vestiu a gabardina, tirou uns óculos de sol do bolso, um chapéu da mochila e decidiu que estava um calor danado.

Suspirou fundo e voltou ao seu caminho.

Chegou lá em menos de quinze minutos mas lembrou-se que ao menos um dos progenitores devia estar em casa e ele seria imediatamente reconhecido.

Deu a volta à casa, encostou-se à parede, mesmo ao lado da janela do quarto de Angel e deu uma espreitadela. Ela estava deitada, com as bochechas coradas e os olhos fechados.

Estava mesmo doente? Mas ela era uma puro-sangue logo, não podia estar doente. Só se…

- Os poderes dela já estão a acordar? – murmurou Brian olhando outra vez.

Ela era muito nova. Morreria antes de construir defesas contra as forças que estavam a destruir o seu corpo.

Comida, pensou Brian. Os seus poderes tinham acordado quando ele tinha dez anos e também tinham ameaçado matá-lo. A diferença era que os seus pais tinham disponibilizado bastante sangue para ele beber, nessa altura. Se a sua arma precisava de comida, bem…

Então estava na hora de caçar.

O sol já ia baixo quando Airo entrou na casa dos Limmes e agora, depois de Lisa contar tudo, ele abanava a cabeça lentamente.

- Porque é que não me disseram nada antes? – perguntou Airo suspirando – Foi ela que matou o lobisomem?

- Por favor, poupe-a mestre. – implorou Lisa, ajoelhada em frente de Airo – Ela não sabia o que estava a fazer.

- Nós não temos tanta necessidade de nos alimentar, mas os puro-sangue precisam de grandes quantidades de energia. – informou Airo calmamente – Se me tivessem dito antes nada disto teria acontecido.

- Por favor…

- Mostrem-ma. – ordenou Airo interrompendo os pedidos de Lisa – Quero ver o estado da vossa filha.

Fazendo o que Airo tinha ordenado, William levantou-se do chão e encaminhou-o até ao quarto de Angel onde ela continuava no mesmo sítio.

- Oh, criança. – disse Airo abando a cabeça novamente quando Angel abriu os olhos – O que te foi acontecer. O Sylur fez uma coisa muito cruel.

Com cuidado, Airo passou a mão pela cara dela e sentiu a pele a escaldar.

- Ela deve estar a sofrer. – murmurou Airo afastando-se – Muito bem, já vi tudo o que tinha a ver. – disse ele olhando para William – Tenho uma proposta.

William fez uma vénia e acompanhou Airo até à sala onde Lisa esperava, sentada no sofá.

- Os poderes da vossa filha estão a acordar, agora. – disse Airo sentando-se em frente ao casal – Ela devia ter sido preparada física e mentalmente para este dia.

- O que podemos fazer? – perguntou Lisa com as lágrimas nos olhos.

- Se o acordo não tivesse sido feito? Podiam ir caçar dez humanos para alimentá-la. – respondeu Airo – Infelizmente, isso não é possível e ela não é uma puro-sangue normal. Os poderes dela são muito mais primitivos. Muito mais puros e poderosos do que o próprio Sylur.

- O que é que está a dizer? – perguntou Lisa temendo o pior.

- Desta vez não posso fazer nada. – lamentou-se Airo – Mas os poderes dela vão acordar por fases. – Airo apontou para a janela onde a lua-cheia começava a aparecer no céu – Em cada noite de lua-cheia, uma parte do poder dela vai acordar. Desde agora até ela fazer dezoito, ela vai precisar de ser treinada, se não, quando o poder dela estiver completamente desbloqueado, vai libertar-se como um animal selvagem e matar-nos a todos, tal como Sylur queria.

- Há alguma solução, mestre? – perguntou William baixando a cabeça.

- Se ela sobreviver a esta noite, transfiram-na para as turmas noturnas. – ao ver a preocupação dos pais William, Airo continuou – Eu vou fazê-la minha discípula e garantir que ninguém lhe toca. – agora sorria – Afinal, já estou farto de ouvir o meu filho a queixar-se e a vossa filha é um doce.

Airo levantou-se e olhou uma última vez para o quarto de Angel antes de se despedir. – Espero ver a vossa filha nas turmas noturnas, amanhã. Em caso contrário, entrego-vos já as minhas condolências.

Depois de Airo sair, Lisa abraçou William e começou a chorar desesperadamente. – Ela nunca vai sobreviver! A nossa pequenina vai morrer, William!

- Tem calma, Lisa. – pediu William – A Angel vai-te ouvir. E a única coisa que podemos fazer agora é esperar e ter confiança na nossa menina.

Enquanto eles esperavam e tinham confiança, a febre de Angel continuava a aumentar.

Ao sentir uma dor nas costas, ela sentou-se na cama mas, quando ia pôr um pé no chão, sentiu a garganta a fechar-se e caiu no chão.

Tentou rastejar ou pedir ajuda mas as palavras não saiam…e o ar não entrava.

Estava prestes a desistir quando ouviu a janela a abrir-se e viu…Brian? O que é que Brian estava ali a fazer?

- Serve-te. – disse ele atirando um humano inconsciente para a frente de Angel – Pareces estar com fome.

Ela nem pensou duas vezes. O instinto animal de que Airo falara tomou conta levando-a a devorar o humano rapidamente. Depois olhou para Brian, como se estivesse a pedir mais.

Ele estendeu a mão e fez sinal com a cabeça em direção às catorze pessoas deitadas na relva salpicada de sangue.

- Não faças fitas. – pediu Brian sorrindo maliciosamente quando ela lhe deu a mão – Não queremos que passes fome, pois não?


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Notas finais do capítulo

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