Filosofias de Uma Palmeira escrita por camila-nona


Capítulo 3
Capítulo 3




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Passados dois dias, os Foster saíram para uma caçada não muito duradoura em companhia dos irmãos Fadyen, enquanto as moças ficavam em casa. Alguns minutos depois que eles saíram, ouviu-se um cavalgar, que cessou em frente à propriedade. A Sra. Foster seguiu em direção à porta e recebeu a visita com distinção.

-Queridas filhas, essa é a costureira da qual lhes falei. –ela lhes apresentou uma moça baixinha e magricela -Ela fará novas vestes para vocês, além dos vestidos de noiva. É melhor apressar-nos, pois o casamento de Jane já está marcado para o mês que vem, e até lá vocês precisam estar lindas, como se já não fossem!

Daya e Jane ficaram surpresas com o comentário de sua mãe e a data do casamento, mas seguiram para o quarto destinado à confecção das roupas. As medidas estavam sendo tiradas e, com o passar dos dias, as novas vestes foram tomando formas.

Apesar da animação de sua mãe, Jane não conseguia se alegrar com a aproximação de seu casamento. Ainda sentia-se desolada por seu noivo ser tão arrogante e por ter que casar-se tão cedo.

A Sra. Foster, por sua vez, devido a empolgação de ver sua filha casada com um homem extremamente rico, não percebia a desolação desta e retomava à toda hora o assunto do matrimônio.

Apesar de ainda estar faltando duas semanas para o casamento, o noivo de Jane não havia aparecido para visitá-la nenhum dia sequer, o que a deixava ainda mais preocupada em relação a sua vida de Sra. Harris.

Daya tentava a todo custo animar a irmã, sem sucesso nessas tentativas. Porém, também estava apreensiva em relação ao seu futuro esposo.

-Ai, Jane –ela suspirou desolada, num dia ensolarado em que passeavam pelo jardim –estou tão preocupado quanto ao Sr. Lucas! Não sei se conseguirei agradar-lhe como esposa. Sou muito jovem e cheia de desejos, e isso poderá incomodá-lo. Acaso acha que ele irá escarnecer de mim se eu cometer alguma falha?

-Não creio nisso, minha irmã. Ele pode até pedir-lhe para tomar algum tipo de postura ou agir de alguma forma. Mas escarnecer de suas esposas é algo próprio de homens estúpidos ou alcoolizados, e não de cavalheiros como o Sr. Lucas.

-Fico aliviada que pense assim. –ela parou para observar uma joaninha que pousava tranqüila em sua mão e prosseguiu -Mas, me diga: o que pensa exatamente sobre o seu pretendente?

-Ele é um homem bonito, mas como disse anteriormente, muito cheio de si. Bem, não vamos falar de mim. Percebi que o seu novo vestido foi muito bem planejado. Está ficando esplêndido!

-Concordo. Porém tenho que acertar as jóias que irei usar com ele. O que acha de pedirmos a um de nossos irmãos para levar-nos à cidade? Quem sabe podemos ver as novidades nas lojas e distrair-nos com o movimento das pessoas?

-Sim. Acho uma ótima idéia.

As irmãs tiveram sua oferta aceita por seus irmãos. Iriam os três, para que pudessem vigiar de perto as moças, agora comprometidas.

Arrumou-se uma bela carruagem para que as damas fossem vistas como pessoas da mais alta sociedade, condizendo com suas posições. Eles seguiram até a cidade, onde entraram numa lojinha que lhes chamou a atenção.

-Daya, veja que belo adorno para o cabelo! –Jane pegou o enfeite da prateleira e entregou-lhe à irmã -Disposto com um colar condizente há de ficar muito belo, principalmente se usado com aquele vestido que prepara.       

-Sim. E veja aquele chapéu! –ela apontou maravilhada para o objeto de sua atenção -Ficará maravilhoso em você!

-Caras irmãs, agradam-lhes estes apetrechos? –perguntou um dos Foster, que estava feliz em vê-las tão empolgadas.

-Sim, muito. –responderam as duas.

-Então, lhes presentearei com eles. Venham, experimentem!

Surpresas com a atitude de seu irmão, as damas o seguiram até o interior da loja onde não só compraram os adornos desejados, como também fitas e colares que as deixavam maravilhadas.

O passeio pela cidade durou boa parte da tarde e se seguiu de forma agradável. Os sapatos, porém, começaram a machucar-lhes os pés, e elas viram-se forçadas a interromper o lazer e retornar para a mansão.

Em casa, o Sr. Foster questionou-as sobre seu passeio pela cidade, se este fora ou não agradável. Elas responderam-lhe e mostraram a ele e à sua mãe tudo o que compraram e elogiaram a atitude do irmão.

O jantar foi servido em seguida, e transcorreu diferente dos comuns. Todos conversavam amigavelmente e não só, como era costumeiro, ouviam os dizeres impacientes da Sra. Foster sobre o casamento, que se aproximava.

A noite chegou e, a luz das velas, Daya tocava piano suavemente, enquanto Jane desenhava de forma graciosa.

-Minha irmã –perguntou Daya, que já estava com um laço novo no cabelo –há algum motivo especial para gostares de desenhar à noite?

-Sim. –ela respondeu, enquanto examinava a ponta de sua pena também nova -Eu gosto mais da noite. Ela é calma, silenciosa, traduz a verdadeira paz de espírito. Mas por que me perguntas isso?

-Notei que seus desenhos noturnos são mais leves e calmos. Também gosto do sossego da noite. Ao tocar, o som do piano percorre todos os lados da casa e não se chocam com o cantar dos pássaros, os berros da mamãe, e os sons importunos.

-Gosta que todos possam ouvi-la, como se fosse a única razão para que estivessem vivos.

-Não venha caçoar de mim.

-Não estou caçoando. Mas percebi que quando toca, gosta de ser o centro das atenções, mas se ruboriza quando é elogiada, apesar de isso lhe agradar.

-Isso é inevitável. Eu me ruborizo muito facilmente.

-E quando o Sr. Lucas pega na sua mão?

-Jane... –suas bochechas pegaram fogo, e ela logo as tampou com as mãos.

-Não adianta. Eu já notei suas bochechas corarem.

-Como você tem facilidade em mudar de assunto, não é mesmo? –ela deu-se por vencida -Deixe isso para lá. Não quero falar sobre o Sr. Lucas.

-Tudo bem. –respondeu Jane em meio aos risos -Respeitarei a sua vontade.


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