Filosofias de Uma Palmeira escrita por camila-nona
Passados dois dias, os Foster saíram para uma caçada não muito duradoura em companhia dos irmãos Fadyen, enquanto as moças ficavam em casa. Alguns minutos depois que eles saíram, ouviu-se um cavalgar, que cessou em frente à propriedade. A Sra. Foster seguiu em direção à porta e recebeu a visita com distinção.
-Queridas filhas, essa é a costureira da qual lhes falei. –ela lhes apresentou uma moça baixinha e magricela -Ela fará novas vestes para vocês, além dos vestidos de noiva. É melhor apressar-nos, pois o casamento de Jane já está marcado para o mês que vem, e até lá vocês precisam estar lindas, como se já não fossem!
Daya e Jane ficaram surpresas com o comentário de sua mãe e a data do casamento, mas seguiram para o quarto destinado à confecção das roupas. As medidas estavam sendo tiradas e, com o passar dos dias, as novas vestes foram tomando formas.
Apesar da animação de sua mãe, Jane não conseguia se alegrar com a aproximação de seu casamento. Ainda sentia-se desolada por seu noivo ser tão arrogante e por ter que casar-se tão cedo.
A Sra. Foster, por sua vez, devido a empolgação de ver sua filha casada com um homem extremamente rico, não percebia a desolação desta e retomava à toda hora o assunto do matrimônio.
Apesar de ainda estar faltando duas semanas para o casamento, o noivo de Jane não havia aparecido para visitá-la nenhum dia sequer, o que a deixava ainda mais preocupada em relação a sua vida de Sra. Harris.
Daya tentava a todo custo animar a irmã, sem sucesso nessas tentativas. Porém, também estava apreensiva em relação ao seu futuro esposo.
-Ai, Jane –ela suspirou desolada, num dia ensolarado em que passeavam pelo jardim –estou tão preocupado quanto ao Sr. Lucas! Não sei se conseguirei agradar-lhe como esposa. Sou muito jovem e cheia de desejos, e isso poderá incomodá-lo. Acaso acha que ele irá escarnecer de mim se eu cometer alguma falha?
-Não creio nisso, minha irmã. Ele pode até pedir-lhe para tomar algum tipo de postura ou agir de alguma forma. Mas escarnecer de suas esposas é algo próprio de homens estúpidos ou alcoolizados, e não de cavalheiros como o Sr. Lucas.
-Fico aliviada que pense assim. –ela parou para observar uma joaninha que pousava tranqüila em sua mão e prosseguiu -Mas, me diga: o que pensa exatamente sobre o seu pretendente?
-Ele é um homem bonito, mas como disse anteriormente, muito cheio de si. Bem, não vamos falar de mim. Percebi que o seu novo vestido foi muito bem planejado. Está ficando esplêndido!
-Concordo. Porém tenho que acertar as jóias que irei usar com ele. O que acha de pedirmos a um de nossos irmãos para levar-nos à cidade? Quem sabe podemos ver as novidades nas lojas e distrair-nos com o movimento das pessoas?
-Sim. Acho uma ótima idéia.
As irmãs tiveram sua oferta aceita por seus irmãos. Iriam os três, para que pudessem vigiar de perto as moças, agora comprometidas.
Arrumou-se uma bela carruagem para que as damas fossem vistas como pessoas da mais alta sociedade, condizendo com suas posições. Eles seguiram até a cidade, onde entraram numa lojinha que lhes chamou a atenção.
-Daya, veja que belo adorno para o cabelo! –Jane pegou o enfeite da prateleira e entregou-lhe à irmã -Disposto com um colar condizente há de ficar muito belo, principalmente se usado com aquele vestido que prepara.
-Sim. E veja aquele chapéu! –ela apontou maravilhada para o objeto de sua atenção -Ficará maravilhoso em você!
-Caras irmãs, agradam-lhes estes apetrechos? –perguntou um dos Foster, que estava feliz em vê-las tão empolgadas.
-Sim, muito. –responderam as duas.
-Então, lhes presentearei com eles. Venham, experimentem!
Surpresas com a atitude de seu irmão, as damas o seguiram até o interior da loja onde não só compraram os adornos desejados, como também fitas e colares que as deixavam maravilhadas.
O passeio pela cidade durou boa parte da tarde e se seguiu de forma agradável. Os sapatos, porém, começaram a machucar-lhes os pés, e elas viram-se forçadas a interromper o lazer e retornar para a mansão.
Em casa, o Sr. Foster questionou-as sobre seu passeio pela cidade, se este fora ou não agradável. Elas responderam-lhe e mostraram a ele e à sua mãe tudo o que compraram e elogiaram a atitude do irmão.
O jantar foi servido em seguida, e transcorreu diferente dos comuns. Todos conversavam amigavelmente e não só, como era costumeiro, ouviam os dizeres impacientes da Sra. Foster sobre o casamento, que se aproximava.
A noite chegou e, a luz das velas, Daya tocava piano suavemente, enquanto Jane desenhava de forma graciosa.
-Minha irmã –perguntou Daya, que já estava com um laço novo no cabelo –há algum motivo especial para gostares de desenhar à noite?
-Sim. –ela respondeu, enquanto examinava a ponta de sua pena também nova -Eu gosto mais da noite. Ela é calma, silenciosa, traduz a verdadeira paz de espírito. Mas por que me perguntas isso?
-Notei que seus desenhos noturnos são mais leves e calmos. Também gosto do sossego da noite. Ao tocar, o som do piano percorre todos os lados da casa e não se chocam com o cantar dos pássaros, os berros da mamãe, e os sons importunos.
-Gosta que todos possam ouvi-la, como se fosse a única razão para que estivessem vivos.
-Não venha caçoar de mim.
-Não estou caçoando. Mas percebi que quando toca, gosta de ser o centro das atenções, mas se ruboriza quando é elogiada, apesar de isso lhe agradar.
-Isso é inevitável. Eu me ruborizo muito facilmente.
-E quando o Sr. Lucas pega na sua mão?
-Jane... –suas bochechas pegaram fogo, e ela logo as tampou com as mãos.
-Não adianta. Eu já notei suas bochechas corarem.
-Como você tem facilidade em mudar de assunto, não é mesmo? –ela deu-se por vencida -Deixe isso para lá. Não quero falar sobre o Sr. Lucas.
-Tudo bem. –respondeu Jane em meio aos risos -Respeitarei a sua vontade.
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